Sophie Montenegro Uma semana depois. — Eu não vou. — digo calmamente, tomando um gole de água enquanto observo o campus à minha frente. — Nem adianta, Stormy. Não vou. — Por favor, Sophie, vai ser aniversário do Luke. Ele pediu para te chamar. — Ela faz uma cara de suplica, e eu reviro os olhos. — Você fez o que ele pediu, está me chamando, e eu me reservo ao direito de não comparecer. — Dou de ombros. — Tenho compromisso, você sabe disso. — Onde vai ser? — Ela pergunta, com uma mistura de acusação e curiosidade na voz. — Onde vai ser o quê? — me faço de desentendida. — A corrida, onde vai ser? — Não sei do que você está falando. — Dou de ombros novamente, tentando desviar. — Vamos lá, eu vou com você quando acabar a festa. — Ela diz, como se fosse a melhor troca do mundo. — Nem em sonho. — Riu, sem esconder a diversão. — Ainda não enlouqueci ao ponto de colocar você nesse meio. — Se você não me contar, eu descubro com o Alex. — Ela dá de ombros, desafiadora. — Como se um
— Cara***! — Ele levou a mão ao peito, o susto claro em seus olhos. — Que p*** você tá fazendo aqui, sua maluca? — Por que essa reação, Aaron? Achei que você ia gostar de me ver. — Um sorriso surgiu nos meus lábios enquanto eu avançava em passos lentos, quase dançando. — Me diga, estrela em ascensão... Isso é saudade ou só uma curiosidade doentia sobre minha vida? — parei bem à sua frente, obrigando-o a recuar até se encurralar no fim do corredor. — O que você quer aqui? — ele tentou soar firme, mas sua voz tremia. — Eu... Eu vou chamar a segurança! Você... você não pode estar aqui! — Engraçado. — Ri suavemente. — Seus amigos não acham o mesmo. Na verdade, eles dariam qualquer coisa para estarem sozinhos comigo. — Inclinei a cabeça, avaliando a reação dele. — Mas, claro, você foi o escolhido. Então... vamos jogar um jogo, pode ser? Minhas unhas deslizaram pelo peitoral dele, sentindo os músculos tensos enquanto sua respiração acelerava. — Verdade ou consequência. — Minha voz saiu
Sophie Montenegro. Ressaca. Era a palavra que mais se encaixava em mim naquele momento, enquanto estacionava minha moto no estacionamento da faculdade, já perto da segunda aula. Cheguei em casa praticamente ao amanhecer, por volta das 5h40, e caí direto na cama, como um saco de batatas. Perdi a hora, e com ela, a primeira aula, o que, para ser sincera, não era nem um pouco surpreendente, mas era também um desastre. Retirei o capacete, respirando fundo. Quando acordei, minha primeira ação foi pegar a primeira coisa que encontrei no guarda-roupa e vesti-la, engolir uma torrada seca e pegar meu capacete, as chaves da moto e a mochila, tudo em um só movimento. Eu não queria estar ali. Na verdade, minha cama me parecia muito mais convidativa, mas o teste da terceira aula estava me esperando. Um teste do qual eu não fazia a menor ideia de como iria me sair, já que o único plano que eu tinha para o dia era não cair de cara no chão por conta da ressaca. Desci da moto e me arrastei em dire
Reviro os olhos e acelero a moto, alcançando-o rapidamente. Ele dá um sorriso divertido, provavelmente achando graça da minha insistência. - Não vai não. - digo, firme, enquanto o observo. Tyler sorri para mim, prestes a sair do estacionamento, quando uma picape preta entra no local. Não é uma manobra brusca, mas definitivamente rápida demais para o horário. Reconheceria aquele carro em qualquer lugar. - Ei... Oh, ei, cara. - Tyler diz, aproximando-se da picape enquanto o vidro desce, confirmando minhas suspeitas. - Estamos fechados, cara. - Droga. - ouço Aaron murmurar de dentro do carro, a voz carregada de cansaço. - Eu só preciso de um café, desenrola essa pra mim. - Sinto muito, irmão. Já passa da meia-noite. Ficamos além do horário e as chaves nem estão conosco. - Tyler responde com sua calma habitual, apontando para nós. - Mas tem um posto de gasolina com loja de conveniência 24 horas a algumas quadras daqui. Eles vendem café. Tyler se aproxima mais do carro e começa a dar
Sophie Montenegro. Eu não sabia o que fazer. Aaron não estava bem, e eu tinha certeza disso. Mas droga, eu não podia ligar para a emergência. Olhei para ele, caído e respirando com dificuldade, e sabia que aquilo ia ferrar com o futuro dele na universidade, na liga… e eu sinceramente não estava pronta para ser essa pessoa. Ele estava tão fora de si que mal conseguia se manter em pé, e o pânico crescia dentro de mim. Não posso ligar para Zack. Ele viria com um milhão de perguntas e essa definitivamente não era a hora. Não posso fazer isso com ele, não agora. Meu coração b**e mais rápido enquanto olho para Aaron, pálido e sem reação. O que ele fez? O que ele usou? A confusão toma conta de mim. Mesmo assim, o instinto de ajudar ainda é maior. Pego meu celular com mãos trêmulas e disco o número de Stormy, sem pensar duas vezes. O telefone demora alguns segundos a mais para ser atendido, e o silêncio do outro lado só aumenta meu desespero. — Graças aos céus você atendeu. — minha voz sa
Luke ajuda a levantar Aaron, mas ele quase desaba nos braços dele. Nós o sustentamos enquanto ele balança e mal consegue andar. A imagem de Aaron em tal estado não sai da minha mente. O caminho até o apartamento de Aaron parece uma eternidade. Quando finamente estacionamos em frente ao estacionamento dos alojamentos da faculdade, desço do carro de Aaron e sigo até o de Sophie que estava ajudando Luke e move-lo. Subimos as escadas até o terceiro andar com toda a dificuldade do mundo, tenho de lembrar de agradecer a Luke e a Stormy pois eu sozinha não conseguiria fazer tudo isso. porta se abre e, antes que eu possa dizer algo, Luke e Stormy o conduzem para o banheiro. — Coloca ele no chuveiro, água fria ou morna, Luke. — Stormy sugere com urgência. Luke abre o chuveiro rapidamente e, enquanto a água começa a correr, ele começa a despir Aaron, com cuidado para não fazer movimentos bruscos demais. O som da água caindo no piso de azulejos ecoa pelo banheiro enquanto ele o coloca deba
Sophie Montenegro. Abro os olhos devagar, piscando contra a claridade que invade o cômodo. Minha cabeça parece mais pesada do que o habitual, e meu corpo protesta a cada movimento enquanto me viro no minúsculo sofá. A falta da minha cama, combinada com o espaço limitado, não ajudou em nada a evitar as dores que agora percorrem cada parte de mim. Me espreguiço, tentando espantar o mal-estar e o humor ruim que ameaça se instalar. Pegando o celular, verifico as horas: 09h47. Maravilha. Perdi a primeira aula. Imagino Zack surtando por minha ausência. Não, ele não deve estar surtando; ele com certeza já está, como indicam as inúmeras mensagens e ligações dele no meu celular. E, claro, não é só Zack — Kiara e Rick também parecem ter entrado no grupo de "perturbar a Sophie". Suspiro, guardando o celular no bolso, e começo a andar pelo apartamento. Para um cara, Aaron é surpreendentemente organizado. Sobre o rack da sala, há alguns retratos. Me aproximo, reconhecendo semelhanças nos rostos
Suas mãos vão automaticamente ao rosto, pressionando as têmporas, como quem tenta organizar pensamentos que simplesmente não fazem sentido. — Sophie... Eu não queria... Eu não sei como... Me perdoa, tá? Eu só... — Ele murmura, a voz entrecortada, oscilando entre culpa e confusão. — Como... Como você... Eu... Nós... O que aconteceu? Nós... Nós fizemos... — Pode parar. — Interrompo, meu tom afiado cortando sua divagação. — Nós não fizemos nada. E, honestamente, para alguém que acabou de acordar, você raciocina rápido demais. — Acrescento com ironia, enquanto me sento ao lado dele no colchão, tentando me recompor. Ele me encara, a expressão ainda confusa, antes de desviar o olhar para o chão. — O que você tá fazendo aqui? — Ele pergunta, a voz baixa, quase um sussurro. Solto um suspiro, passando as mãos pelos cabelos desgrenhados, prendendo-os em um coque frouxo. — Resumo da noite passada? Você fez merda. Misturou comprimidos e álcool, foi parar na lanchonete onde trabalho e depois