Sophie Montenegro. Eu não sabia o que fazer. Aaron não estava bem, e eu tinha certeza disso. Mas droga, eu não podia ligar para a emergência. Olhei para ele, caído e respirando com dificuldade, e sabia que aquilo ia ferrar com o futuro dele na universidade, na liga… e eu sinceramente não estava pronta para ser essa pessoa. Ele estava tão fora de si que mal conseguia se manter em pé, e o pânico crescia dentro de mim. Não posso ligar para Zack. Ele viria com um milhão de perguntas e essa definitivamente não era a hora. Não posso fazer isso com ele, não agora. Meu coração b**e mais rápido enquanto olho para Aaron, pálido e sem reação. O que ele fez? O que ele usou? A confusão toma conta de mim. Mesmo assim, o instinto de ajudar ainda é maior. Pego meu celular com mãos trêmulas e disco o número de Stormy, sem pensar duas vezes. O telefone demora alguns segundos a mais para ser atendido, e o silêncio do outro lado só aumenta meu desespero. — Graças aos céus você atendeu. — minha voz sa
Luke ajuda a levantar Aaron, mas ele quase desaba nos braços dele. Nós o sustentamos enquanto ele balança e mal consegue andar. A imagem de Aaron em tal estado não sai da minha mente. O caminho até o apartamento de Aaron parece uma eternidade. Quando finamente estacionamos em frente ao estacionamento dos alojamentos da faculdade, desço do carro de Aaron e sigo até o de Sophie que estava ajudando Luke e move-lo. Subimos as escadas até o terceiro andar com toda a dificuldade do mundo, tenho de lembrar de agradecer a Luke e a Stormy pois eu sozinha não conseguiria fazer tudo isso. porta se abre e, antes que eu possa dizer algo, Luke e Stormy o conduzem para o banheiro. — Coloca ele no chuveiro, água fria ou morna, Luke. — Stormy sugere com urgência. Luke abre o chuveiro rapidamente e, enquanto a água começa a correr, ele começa a despir Aaron, com cuidado para não fazer movimentos bruscos demais. O som da água caindo no piso de azulejos ecoa pelo banheiro enquanto ele o coloca deba
Sophie Montenegro. Abro os olhos devagar, piscando contra a claridade que invade o cômodo. Minha cabeça parece mais pesada do que o habitual, e meu corpo protesta a cada movimento enquanto me viro no minúsculo sofá. A falta da minha cama, combinada com o espaço limitado, não ajudou em nada a evitar as dores que agora percorrem cada parte de mim. Me espreguiço, tentando espantar o mal-estar e o humor ruim que ameaça se instalar. Pegando o celular, verifico as horas: 09h47. Maravilha. Perdi a primeira aula. Imagino Zack surtando por minha ausência. Não, ele não deve estar surtando; ele com certeza já está, como indicam as inúmeras mensagens e ligações dele no meu celular. E, claro, não é só Zack — Kiara e Rick também parecem ter entrado no grupo de "perturbar a Sophie". Suspiro, guardando o celular no bolso, e começo a andar pelo apartamento. Para um cara, Aaron é surpreendentemente organizado. Sobre o rack da sala, há alguns retratos. Me aproximo, reconhecendo semelhanças nos rostos
Suas mãos vão automaticamente ao rosto, pressionando as têmporas, como quem tenta organizar pensamentos que simplesmente não fazem sentido. — Sophie... Eu não queria... Eu não sei como... Me perdoa, tá? Eu só... — Ele murmura, a voz entrecortada, oscilando entre culpa e confusão. — Como... Como você... Eu... Nós... O que aconteceu? Nós... Nós fizemos... — Pode parar. — Interrompo, meu tom afiado cortando sua divagação. — Nós não fizemos nada. E, honestamente, para alguém que acabou de acordar, você raciocina rápido demais. — Acrescento com ironia, enquanto me sento ao lado dele no colchão, tentando me recompor. Ele me encara, a expressão ainda confusa, antes de desviar o olhar para o chão. — O que você tá fazendo aqui? — Ele pergunta, a voz baixa, quase um sussurro. Solto um suspiro, passando as mãos pelos cabelos desgrenhados, prendendo-os em um coque frouxo. — Resumo da noite passada? Você fez merda. Misturou comprimidos e álcool, foi parar na lanchonete onde trabalho e depois
Sophie Montenegro. Estaciono minha moto na vaga habitual, desligo o motor e desço, sentindo uma leve tensão nos ombros. Sigo em direção ao elevador, o silêncio do prédio contrastando com o turbilhão de pensamentos que ainda rondam minha mente. Assim que sai do prédio de alojamento da universidade, e coincidentemente o mesmo onde Aaron mora. Há pouco menos de duas horas, eu sentia como se pudesse explodir a qualquer momento. A raiva me consumia por completo sinceramente eu estava me sentindo uma idiota por isso. Peguei um táxi de volta até o posto, onde, sem pensar direito, deixei minha moto na pressa e na euforia daquele momento. E, honestamente, não vou mentir para mim mesma: dirigi pela cidade por quase uma hora antes de decidir que precisava voltar para casa. A raiva ainda me consome por dentro, e aquele beijo maldito não significou nada. No entanto, lá no fundo, uma sensação amarga me diz que fui uma tremenda idiota por tê-lo ajudado. Ao entrar em meu apartamento, sou envolvi
Ele tem esse jeito de transformar qualquer problema em uma oportunidade de diversão. Mesmo quando eu tento me afastar, quando tudo o que quero é ficar sozinha, Zack insiste em puxar a luz para dentro da escuridão. É irritante, mas, às vezes, exatamente o que eu preciso. ~~~°~~~ A cidade de Los Angeles vista do topo da placa de Hollywood é um espetáculo que poucos têm o privilégio de presenciar. Durante a noite, o céu estrelado se mistura perfeitamente com as luzes vibrantes da cidade abaixo, criando uma paisagem que é ao mesmo tempo caótica e serena. O ar tem aquele cheiro único de grama fresca misturado com a fumaça da fogueira recém-acesa, enquanto as risadas dos meus amigos ecoam pelo espaço aberto. Zack, Kiara, e Rick apareceram como sempre, sem aviso, mas com a energia contagiante que os define. Desta vez, eles trouxeram reforços: Maya e Jason que vieram com Kiara e Rick. O grupo parecia maior, mais animado, e o clima era de descontração completa. A cena era digna de um piquen
Sophie Montenegro. Não foi até a segunda aula que a realidade me atingiu em cheio – para não dizer o contrário. Eu mal havia dormido, e, embora o sono não estivesse tão presente, meu corpo ainda implorava pela minha cama. Hoje não é meu dia de folga. Na verdade, foi ontem. E, para ser sincera, passei boa parte dele remoendo os acontecimentos das últimas 48 horas, até que Zack me convenceu de que um piquenique nos faria bem. E ele não estava errado. Foi bom esquecer do mundo por um momento. Mas, como sempre, a manhã chegou, trazendo a rotina de volta com força total. E, claro, meu sono não desapareceu junto com a noite anterior. Tento me concentrar na aula enquanto a nova professora de artes caminha entre nós, observando atentamente cada um dos alunos. — Quero que vocês se expressem através da pintura. Não apenas desenhem o que veem, mas o que sentem — ela diz, sua voz carregada de entusiasmo. — Permitam que a arte seja a ponte entre o que está guardado dentro de vocês e o mundo ex
Apressei os passos em direção ao estacionamento, a mente sobrecarregada de pensamentos. Ouvi meu nome ser chamado ao longe. Ignorei, mantendo o ritmo. Mas os passos se tornaram mais rápidos, até que uma mão segurou meu pulso com força. Sem pensar, virei-me e golpeei com a mão livre. Meu punho acertou o rosto de Aaron, que recuou com a mão no rosto, atordoado. — Não precisava disso. — Ele disse, irritado, ainda segurando a bochecha. — Teve sorte de não ter sido o capacete. — estreitei os olhos. — Ainda não percebeu que não quero falar com você? Se eu quisesse, já teria parado e me virado. Pode parar de me seguir como um lunático e gritando meu nome, atraindo toda essa atenção? — Meu tom saiu ríspido. — Se você gosta de ser o centro das atenções, faça isso sozinho. Não me arraste para esse circo. — Não precisa de tudo isso... — Ele parecia genuinamente ofendido. — SIM, PRECISA SIM. — Minha voz ecoou, e seus olhos se arregalaram. — Olhe ao redor, Aaron. São poucas as pessoas que se a