— O amigo de vocês, David, aconteceu. — respondeu Simon, tomando a frente. Havia acompanhado Alana até ali, não saindo de seu lado, como que para ampará-la – e era exatamente o que faria – caso acontecesse algo novamente.
— É David Deeper, pra você. — disse Ian, com uma rispidez que ele próprio estranhou um pouco. Quase crispou as sobrancelhas também ao ver quão incomodado estava com a aproximação de Simon a Alana.
O Norton suspirou cansado, então saltando da mesa e parando frente a Alana.
— O que houve? — perguntou a ela com uma preocupação tão intensa que o deixou levemente preocupado por isso.
Alana tentou, tentou mesmo mas não conseguiu se controlar. Um soluço irrompeu de seu peito, de sua garganta pelos lábios e lançou-se contra o corpo de Ian, afundando o rosto em sua camisa, enquanto como que em uma reação automática ele a envolveu de imediato em seus braços, enlaçando sua cintura, enquanto ela chorava em seu peito.
— O que está acontecendo? — Vincent que se aproximava juntamente com Cassandra perguntou; a rosada olhava aflita para Lisandra e então para Alana que chorava nos braços de Ian. — Quem é esse aí? — fitou Simon com frieza.
— David apareceu. — Ian disse, ganhando para si a atenção não só do Bennie como também de Cassandra. Em seus braços, Alana soluçou um pouco mais alto, fazendo com que ele a abraçasse com mais força, reconfortando-a.
O abraço de Ian era bom, era reconfortante. Ele era quente, e Alana sentia em seu íntimo que estava exatamente onde deveria estar; nos braços dele.
— O que aconteceu? — Cassandra perguntou, impaciente com o silêncio que se formou. Ela olhou diretamente para Alana, que só então descolou a cabeça do peito de Ian para fitá-la. — Alana... O que... O que ele fez a você?
E lá estava a pergunta, a pergunta que Ian mais que todos ansiava a resposta. A Steawart suspirou, ela deu um pequeno passo para longe dos braços de Ian apenas para conseguir mover as mãos e secar o rastro de lágrimas, mas ficou feliz por Ian não se afastar ou afastá-la por completo, mantendo uma mão em sua cintura, como que pronto para trazê-la novamente para mais perto de si.
Alana puxou o ar com força, na tentativa inútil de se acalmar, de afastar o medo com suas seguintes palavras:
— Ele vai tirar Eva de mim.
As palavras mal lhe escaparam os lábios e ela já estava novamente envolta dos braços de Ian, tentando em vão controlar as lágrimas que lhe saltavam os olhos silenciosas.
— Ele não vai. — Ian garantiu, trocando um rápido olhar com Vincent que assentiu, sacando o telefone celular do bolso.
— Como você pode ter certeza? — ela perguntou baixo em meio a um soluço, num sussurro que apenas Ian foi capaz de ouvir.
— Porque é uma promessa. — ele lhe respondeu em igual tom baixo, enxugando-lhe as lágrimas. Ian piscou para ela, que sorriu fracamente.
— Como ele entrou na escola sem ser visto? — perguntou Cassandra e Ian suspirou, olhando para Vincent que deu de ombros.
— Ele tem chaves para isso. — o Bennie respondeu, ainda fuçando no celular. Cassandra o encarou surpresa, e como que sentindo o olhar sob si, Vincent a fitou. — O que? Ele não é o único que tem. — o Bennie fitou Ian que, com um sorriso cínico nos lábios, puxou um molho de chaves dos bolso, dando de ombros.
— Não pareça tão surpresa Cassandra, já fizemos coisas muito piores do que tirar cópias clandestinas das chaves da escola. — disse o Norton.
— Como ele estava? — Lisandra que, a todo o tempo se mantivera calada, perguntou. Ela fitou Alana que, mais calma, enxugou as lágrimas com as costas das mãos.
— Perdido. — a Steawart respondeu com pesar, alternando seu olhar entre Ian, Lisandra e Vincent que trocaram olhares entre si. — Ele estava... estava perdido... Quero dizer, ele sempre foi um pouco assustador, mas além disso, dessa vez ele me pareceu perdido. Parece mais magro, mais frágil, mais...
— Violento. — Simon a interrompeu com os punhos fechados.
— Ah, você ainda está aqui. — Ian rolou os olhos, e Vincent baixou a cabeça, disfarçando o riso que queria lhe escapar. Cassandra e Lisandra suspiraram, Ian sabia como ser rude quando queria, e Alana balançou a cabeça negativamente, pedindo desculpas silenciosas com o olhar para o amigo.
— Estou. — o Simpson tentou não ligar para a ofensa, e com olhos firmes finalizou: — E ainda bem, pois se não fosse por mim o amiguinho de vocês a teria machucado a sério.
Os olhos de Ian e Lisandra fincaram-se em Alana de maneira que mostrava que eles esperavam uma confirmação dela, diante daquilo. O que ela diria? Que era mentira de Simon? Não podia fazer isso, não apenas por aí sim estar mentindo, como também não iria prejudicar Simon em nada. Seria ingrata depois de ele a tê-lo salvo. Ainda sim, diante dos olhares de Ian e Lisandra, por um instante ela considerou a hipótese de mentir. A verdade os decepcionaria muito com o Deeper, os entristeceria demais. Porém, ainda que não quisesse isso, também não podia mentir.
— Ele não queria me machucar de verdade, eu acho. — ela disse, não desmerecendo Simon, mas também tentando não plantar uma decepção ainda maior em Lisandra e Ian, e mesmo que Vincent que ainda que estivesse a fuçar no aparelho celular, estava mais que atento à conversa.
Porém a decepção foi inevitável, Alana viu nos olhos de Lisandra o quanto aquilo a castigou por dentro. Ian, diferente de Lisandra, não demonstrou nenhuma emoção que não leve raiva, ele cerrou os punhos com o maxilar travado, baixando os olhos para o chão.
Alana suspirou, pondo dois dedos embaixo do queixo dele fazendo-o assim voltar a fitá-la.
— Não era ele de verdade. — ela disse como que tentando reconfortá-lo; em seguida fitou Lisandra. — David pode ser estranho, esquisito e algumas vezes assustador mas... não era ele, entendem?
— Pode falar que eram as drogas Alana, ninguém vai te condenar por isso. — Ian disse como que entediado com todo o tato que ela tinha com as palavras, e Alana rolou os olhos.
— Não sou indelicada como você.
— Tem razão, você é boa demais. — Ian sorriu malicioso, e Alana corou imediatamente com o duplo sentido da frase, enquanto Vincent balançava a cabeça com um sorrisinho sacana quase invisível nos lábios, e as garotas fingiam não ter ouvido nada.
— Precisamos encontrá-lo. — disse o Bennie, sua habitual frieza o fazia parecer quase como se não se importasse com o amigo, mas se importava. — Ele precisa de ajuda, da nossa ajuda. — quebrou o contato visual com Ian para olhar diretamente para Lisandra, que virou os olhos para outra direção.
— Tem razão. Agora que ele voltou para Amsterdã, ficará mais fácil encontrá-lo. — concordou Ian e Vincent assentiu.
— Voltou pra... Amsterdã? — confusa, Cassandra questionou. — Ele não estava na cidade?
— Não, ele a deixou logo depois de falar com Lisandra, achamos. Por isso não o encontramos... Ele pode ter estado em qualquer lugar.
— Eu pensei que...
— O que? — se pronunciou Ian, quase que sorrindo debochado. — Achou que não o tínhamos encontrado na nossa cidade? — ele riu levemente. — David é bom em se esconder, mas nem mesmo ele conseguiria isso.
— Pensei que ele fosse tão influente quanto vocês dois são. — comentou Cassandra, não deixando de mostrar sua aversão ao fato deles se sentirem os donos do mundo.
— E ele é... — admitiu Ian.
— Mas são dois contra um aqui. — completou Vincent, com frieza e orgulho nítidos.
Fez-se silêncio por alguns segundos até que, Ian juntou as mãos numa palma, então dizendo:
— Então... Tenho umas ligações pra fazer, vejo vocês depois...
— Ian, não vá machucá-lo quando o encontrar. — Lisandra lhe disse, segurando-lhe o braço. Ela não participaria da busca, havia prometido a si mesma não se envolver enquanto David não resolvesse se ajudar, por mais que isso lhe doesse. Ainda sim, não podia controlar a preocupação. — Ele precisa de ajuda.
— Relaxa Lisandra. — o Norton sorriu largamente, o que, vindo de Ian, nunca era um bom sinal. — E eu vou ajudá-lo... Mas isso não quer dizer que não posso dar uns socos nele antes por estar nos dando tanto trabalho.
Lisandra suspirou derrotada e Ian piscou. Ele voltou-se para Alana, aproximando os lábios do ouvido da garota.
— Sua irmã ficara bem. Ninguém vai tirá-la de você, nem mesmo David. — sussurrou a ela. Alana sorriu, e antes que ele se afastasse, sussurrou de volta:
— Obrigada. — ela já quase se sentia tola por tantos agradecimentos que estava a lhe fazer naquelas últimas semanas; mas não podia evitar. Ele a estava ajudando, e embora lhe intrigasse muito o porque de tudo aquilo, o real motivo, pois os que ele lhe alegava não a convenciam; ela estava mais que grata por tê-lo por perto. Sentia-se segura e capaz de tudo quando estava perto dele, o que em parte era de grande alivio, outra era demasiado assustador. Assustava-lhe a dependência que parecia crescer em seu corpo por ele. Dependência de Ian.
O Norton nada disse, apenas sorriu de lado dando de ombros e então se afastando para fora do refeitório, com Vincent ao seu lado. Ambos discutindo a melhor maneira de encontrar David.
— Você está bem? — Lisandra perguntou, aproximando-se mais de Alana. A Steawart suspirou.
— Você está? — devolveu a pergunta no mesmo tom baixo em que a recebera.
Lisandra suspirou e Alana abraçou-a e logo Cassandra juntou-se ao abraço.
— Eu estou ótima. — disse com a voz embargada pelo choro que continha.
— Mentirosa. — murmuraram Alana e Cassandra ao mesmo tempo, e Lisandra fungou, deixando poucas lágrimas lhe escaparem silenciosas dos olhos, enquanto as amigas apertavam ainda mais no abraço acolhedor.
Ela sorriu minimamente; elas estavam certa, era uma mentirosa. Estava mentindo para si mesma, tentando convencer a si própria de que em seu peito seu coração não batia doído, quando a verdade era que estava. Mentindo para si mesma quando todo dia, durante aquelas semanas cercadas de agonia interna, olhava no espelho e sorria para seu reflexo dizendo que estava ótima, quando na verdade estava péssima e tudo o que queria era quebrar o espelho, deixá-lo em cacos... Exatamente do jeito como seu coração estava.
Estava tão inquieta na cadeira que já era a quarta vez que recebia um olhar severo do professor, fazendo-a encolher os ombros levemente. Os olhos fincaram-se no relógio na sala, acima do quadro, observando os ponteiros moverem-se com grande expectativa. Estava nervosa, os pés mexiam-se inquietos debaixo da mesa, as mãos tremiam sobre o livro aberto em sua mesa, seu coração pulsava. Queria sair logo dali, queria que a aula terminasse logo. Queria ver Eva, checar se sua irmã estava bem, saindo da escola e sendo pega pela senhora Loren, como combinado. Queria se certificar de que ninguém havia tirado sua irmã de si ainda, a levado para longe.Suspirou. Precisava se acalmar. Mas como? Pensou em Ian e Vincent. Como eles eram capazes de agir de maneira tão despreocupada, quase fria numa situação como aquelas? O amigo deles estava preso a um vicio que o podia levar à morte
Assim que a Ferrari grafite entrou no estacionamento, o local pareceu parar apenas para observá-lo. Já era algo costumeiro, porém, diferente das outras noites, Ian não deu atenção a ninguém quando saltou do carro, o que deixou algumas garotas particularmente entristecidas. Ele caminhou até onde Cassandra e Ino estavam, ajeitando a jaqueta escura de couro no corpo.— Tá gostoso hein? — Ian revirou os olhos para Lisandra.— Não finja que não está louca para saber se o encontramos ou não. — ele disse, e Lisandra baixou os olhos, mordendo os lábios.— Parece que eu não sou tão boa em esconder as coisas como você. — murmurou Lisandra, entristecida. Ian sorriu para ela, piscando e como meio para animá-la, disse de maneira despreocupada e cínica:
... Ian deu-lhes as costas, ignorando as garotas que tentavam chegar a ele, voltando ao carro e saindo cantando pneu com o mesmo. As pessoas do local ficaram atônitas, havia algo acontecendo, elas sabiam, e se corroíam por dentro por não saber exatamente oque, mas tinham a certeza que David estava no meio. O ruivo havia simplesmente desaparecido dali, e de todas as boates e clubes que costumava freqüentar, e assim como na escola o sumiço de David era um assunto que ainda rendia, mesmo passado algumas semanas; e enquanto algumas pessoas discutiam sobre as possibilidades do que estava havendo, Ian acelerava mais e mais.Suas mãos apertavam com força o volante, o pé pisando fundo no acelerador enquanto cortava por entre os vários carros na estrada numa velocidade impressionante. A janela aberta fazia com que o vento forte e gélido da noite entrasse no carro, agitando os fios de seu cabelo sempre t&a
— Não. — discordou David, meio grogue, forçando os olhos a manterem-se abertos, tanto quando a consciência ativa por mais alguns segundos. — É por que vocês são minha família. — concluiu, fitando Ian. O loiro reconheceu as palavras, fora o que ele lhe dissera no refeitório naquele desastroso dia para o Deeper.— Engraçado você falar em família agora... — com frieza e visível cansaço, Vincent disse, lançado seus olhos sobre seu Supra, parado atrás do carro de David.David forçou os olhos a focarem-se no carro azul, quando então a porta do passageiro foi aberta. Os olhos do Deeper se arregalaram e a respiração ficou presa em sua garganta por alguns instantes. Seria outra alucinação? Não. Não pois pelo modo como o olhavam, Ian e Vincent também a v
— David e... Garotas da escola? — ela ouviu Ian repetir baixo, como se aquela tivesse sido a única parte a qual ele realmente dera atenção. Ele soltou um leve riso, que disfarçava muito bem a agonia que Alana não podia ver em seus olhos naquele momento. — Sério que você vai ouvir conselhos de um cara que está psicologicamente perturbado e de garotas que sonham em serem as futuras senhoras Norton? Está mal hein, Steawart.— Os estados ou motivos deles não importam Ian. O que importa é que estão certos. — disse com melancolia. — Eu sei disso e você também.Ela pode ouvi-lo soltar um suspiro, um suspiro que lhe pareceu muito com um suspiro de derrota, vencido. Pensou que ele desistiria, e embora fosse isso que seu lado racional torcesse pra que acontecesse, o coração em seu peito, seu lado emocional,
Um gemido baixo, quase sussurrante escapou dos lábios de Alana, quando Ian fez um trajeto com a boca de seu pescoço até os ombros, em distribuições de molhados, beijos a leves mordidas no local. Ela arfou, o coração batia tão frenético em seu peito, mas ficou feliz em constar que o de Ian também. Sim, ela podia ouvi-lo devido à proximidade de seu corpo.Tímidas, trêmulas, as delicadas mãos de Alana foram para o final da camisa dele, e vendo o que ela queria, Ian afastou-se minimamente, apenas para ajudá-la a retirar-lhe a blusa. Ela prendeu o fôlego diante da visão do peitoral esculpido dele ali, nu, a sua frente; e para Ian foi impossível não sorrir diante da coloração vermelha que tingiu as bochechas dela.As mãos firmes dele pousaram em sua cintura, os corpos tão próximos qua
Seus olhos estavam envoltos de pequenas olheiras, e mantê-los abertos estava sendo um trabalho muito difícil. Ainda sim, não os fecharia. Não se permitiria dormir ainda. Não queria perder nada; queria continuar a observá-lo. Observar o ressonar suave, o jeito como o tórax dele subia e descia ou como alguns fios ruivos de seu cabelo lhe caiam a testa. Suspirou baixo, havia tantos pensamentos passando por sua cabeça naquele momento que nem mesmo ela conseguia ouvi-los com clareza.Permaneceu sentada na poltrona confortável, local de onde não saiu durante toda a longa noite que se passou. Os olhos que, devido ao cansaço e sono estavam pequenos, permaneceram grudados no corpo do irmão caçula todo o tempo. E, embora o rosto de David estivesse sereno, Antonia sabia que ele estava tendo um pesadelo. Soube no instante em que ele comprimiu os lábios numa linha reta; uma rea&c
Havia errado feio ao pensar que as palavras gentis de Simon no intervalo serviriam de consolo pelo resto do dia. A verdade era que assim que voltou a classe, as dúvidas e inseguranças voltaram junto, fazendo assim companhia a ela até que o sinal de término das aulas tocou. Ela poderia ter dito algo a Cassandra ou a Lisandra sobre o ocorrido, sobre suas incertezas, medos e sobre aquela sensação de coração prestes a ser partido. Ainda sim, sabia ser inútil. Quando perguntou a Cassandra pela manhã de Ian, a rosada apenas franziu o cenho, visivelmente confusa com a pergunta, dizendo que só o havia visto no ponto de corridas na noite anterior; para logo em seguida bufar e começar a murmurar resmungos e reclamações por Vincent a tê-la feito esperar por ele por um longo período, para depois ligar e avisá-la que não poderia encontrá-la naquela mesma noite. E Li