Assim que a Ferrari grafite entrou no estacionamento, o local pareceu parar apenas para observá-lo. Já era algo costumeiro, porém, diferente das outras noites, Ian não deu atenção a ninguém quando saltou do carro, o que deixou algumas garotas particularmente entristecidas. Ele caminhou até onde Cassandra e Ino estavam, ajeitando a jaqueta escura de couro no corpo.
— Tá gostoso hein? — Ian revirou os olhos para Lisandra.
— Não finja que não está louca para saber se o encontramos ou não. — ele disse, e Lisandra baixou os olhos, mordendo os lábios.
— Parece que eu não sou tão boa em esconder as coisas como você. — murmurou Lisandra, entristecida. Ian sorriu para ela, piscando e como meio para animá-la, disse de maneira despreocupada e cínica:
— É. Eu sou o Obi wan e você o Anakin ainda. — Lisandra soltou uma leve risada com aquilo. Era fã de Star Wars.
— Ian, onde está Vincent? — Cassandra perguntou, metendo-se entre os dois. — Ele pediu que eu o encontrasse aqui mas...
— Vincent está... ocupado. — ele olhou para os lados, fazendo um mistério que deixou ambas garotas nervosas, e diante dos olhares dela, Ian suspirou e disse: — Ele está ocupado ok? Foi buscar uma pessoa.
— Pessoa? — Cassandra franziu o cenho, os braços até então cruzados foram parar na cintura em uma pose de quem exigia respostas.
— Nada que é da sua conta. — Ian sorriu sarcástico, apenas para irritá-la. Cassandra estava pronta para confrontá-lo, porém, ele não lhe deu tempo, indagando-as. — Onde está a amiga de vocês?
Elas sabiam bem a quem ele se referia, e por isso trocaram um olhar que não passou despercebido a Ian que franziu o cenho.
— Ela está realmente agradecida por tudo o que você tem feito para ela Ian, mesmo... Mas, ela não quer te ver.
Ian rolou os olhos.
— Ainda aquele papinho “O que somos Ian?”, “Acredita em amor?” — ele rolou os olhos.
— Não é nenhum "papinho", Ian. — Cassandra deu-lhe um tapa no braço, ganhando um erguer de sobrancelha como resposta.
— Cassandra está certa. E você não pode querer culpar Alana por estar se protegendo, Ian.
— Se protegendo? De que? De mim? — ele perguntou, de repente notando que aquilo era realmente sério.
Cassandra suspirou, tocando o ombro dele com uma das mãos, e olhando firme nos olhos azuis celestes, disse com certeza:
— Ela está se protegendo de ter o coração partido por você. — Lisandra assentiu, concordando com aquelas palavras, enquanto os olhos de Ian estreitavam-se cada vez, e sua expressão pouco a pouco era tomada por uma agonia quase não vista.
— Tem que admitir Ian, é isso o que ela vai ganhar no fim se ficar com você. E não é por que você partiria o coração dela de propósito, é apenas por você ser... você. — disse Lisandra, soltando um leve suspiro.
— E o que há de errado em eu ser eu? — ele as desafiou, a máscara indecifrável pouco a pouco cobrindo-lhe sua face, não deixando-as saber todas as sensações entranhas que o acercavam, dentre elas o temor. Temor de perdê-la.
Ian quase riu de si mesmo. Como poderia perder algo que não era seu? Algo que ele não fazia seu?
— Não há nada de errado em ser você, Ian. Certo que você não é a pessoa mais bondosa do mundo, tampouco o mais simpático ou gentil com os outros, mas... — Cassandra suspirou, tentando buscar as palavras certas. Por fim sorriu. Tristemente. — ... É só que, é como se Alana esperasse o Romeu, e todos nós sabemos que você está longe, muito mesmo, sem ofensas, de ser um.
Ele não se ofendeu, mas as palavras de Cassandra repercutiram em sua mente de uma maneira intensa. Durante todo o dia que se passou, onde estivera procurando por David incansavelmente, a imagem daquela garota de olhos pérolas lhe povoou a mente, assim como a ultima “conversa” que haviam tido naquele dia.
Ian realmente não entendia. Simples assim. Não era que ele fosse um insensível... Bom, talvez fosse um pouco, mas não em relação a ela. Ao contrário, em relação a Alana tudo o que Ian sentia era sempre o contrário do que costumava sentir por qualquer outra garota, isso mentindo que ele já viera a sentir algo por outra garota. Elas não tinham importância para ele, eram apenas sexo fácil, e horas uma conquista divertida. Mas com aquela garota, com Alana era diferente. E ele simplesmente não entendia isso.
Não entendia as emoções conflitantes que tinha sempre que estava com ela. A queria longe ao mesmo tempo em que a queria perto. Era confuso. Ridículo. Bipolar. Era algo que ele não tinha controle, e isso o irritava. Sempre tivera muito controle sobre si, sobre tudo e em relação a todos. Mas não em relação a ela. Com ela, ele simplesmente não tinha controle sobre si. Não importasse o quanto pela manhã ordenasse a si mesmo que não a procuraria, bastava entrar no estacionamento escolar e vê-la de longe que ele sabia que sua promessa seria quebrada, e sempre era.
Atração. Era isso o que ele disse a si mesmo por algum tempo, porém, aquilo além de ser uma clara enganação para si mesmo, estava ficando ridículo. Sim, havia atração. Mas não era apenas isso. E o irritava não saber o que era, e pior do que isso, temer descobrir.
Ian não era amigo de sentimentos, nunca foi, nunca havia pretendido ser. No entanto, mais cedo, quando Alana lhe perguntara o que havia entre os dois, o que eram, ele sentiu que ela lhe pedia algo. Algo que ele pensava não poder dar, não apenas a ela, como a ninguém mais.
Se considerava morto para sentimentos; para sensações não, mas para sentimentos sim. Ainda sim, sentia algo... diferente em relação aquela garota. Algo que ele lutava tanto quanto parecia lutar a favor. Era confuso. Era conturbado. E tudo isso porque quando o assunto era sentimento, Ian se tornava defensivo.
Sentimentos eram perigosos, segundo ele, os considerava assim. No fundo, sentimentos o assustavam, e por isso ele os repelia. Os ignorava, tanto quanto fosse possível. Mas uma vez um sentimento dentro, é realmente difícil tirá-lo. Ian apenas não se dera conta disso ainda, assim como não se dera conta de que havia sentimentos em uma pequena parte de si.
Seus devaneios foram interrompidos por Sheron, que chegou afoita até ele, ignorando por completo Cassandra e Lisandra que rolaram os olhos e fizeram caretas as costas da loira.
— Eu sei onde David está. — os olhos de Ian imediatamente tornaram a ter foco, e ele encarou Sheron com seriedade.
— Espera; oque?... Como você pode saber onde ele está? — perguntou Lisandra, em parte confusa, outra alegre e outra quebrada.
— Contatos. — Sheron respondeu sem fitá-la. Lisandra sabia exatamente o tipo de contatos aos quais ela se referia... Sheron era apenas uma menina rica, que conhecia gente viciada. Gente como David.
— Onde ele está?
— Um amigo meu acabou de vê-lo nessa nova boate, essa tal de RED. Rola muita droga naquele lugar, Ian.
— Tenho certeza que você sabe bem do assunto. — ele a provocou, logo então suspirando ao ver que a devia um favor. Havia pedido para que Sheron o informasse se ela ou alguém visse David em algum ponto da cidade, mas não pensou de fato que ela fosse encontrá-lo. — De qualquer maneira, obrigado. Eu preciso ir agora...
Sheron sorriu maliciosa, deixando claro que o favor prestado não sairia de graça, mas Ian não lhe deu a atenção desejada pois seu celular tocara.
— Está com ela? — perguntou ao levar o aparelho ao ouvido.
— Estou. E então, alguma coisa?
— David está nessa boate nova, chamada RED...
— Eu sei qual é, estou próximo a ela...
— Ok. Estou a caminho. — e desligou.
— Era o Vincent? — Ian assentiu. — Nós vamos com você.
— Não, vocês vão ficar aqui e esperar. — ele disse sem delongas, o tom firme que usou fez com que nem Cassandra e nem mesmo Lisandra ousassem tentar contestá-lo. (...)
... Ian deu-lhes as costas, ignorando as garotas que tentavam chegar a ele, voltando ao carro e saindo cantando pneu com o mesmo. As pessoas do local ficaram atônitas, havia algo acontecendo, elas sabiam, e se corroíam por dentro por não saber exatamente oque, mas tinham a certeza que David estava no meio. O ruivo havia simplesmente desaparecido dali, e de todas as boates e clubes que costumava freqüentar, e assim como na escola o sumiço de David era um assunto que ainda rendia, mesmo passado algumas semanas; e enquanto algumas pessoas discutiam sobre as possibilidades do que estava havendo, Ian acelerava mais e mais.Suas mãos apertavam com força o volante, o pé pisando fundo no acelerador enquanto cortava por entre os vários carros na estrada numa velocidade impressionante. A janela aberta fazia com que o vento forte e gélido da noite entrasse no carro, agitando os fios de seu cabelo sempre t&a
— Não. — discordou David, meio grogue, forçando os olhos a manterem-se abertos, tanto quando a consciência ativa por mais alguns segundos. — É por que vocês são minha família. — concluiu, fitando Ian. O loiro reconheceu as palavras, fora o que ele lhe dissera no refeitório naquele desastroso dia para o Deeper.— Engraçado você falar em família agora... — com frieza e visível cansaço, Vincent disse, lançado seus olhos sobre seu Supra, parado atrás do carro de David.David forçou os olhos a focarem-se no carro azul, quando então a porta do passageiro foi aberta. Os olhos do Deeper se arregalaram e a respiração ficou presa em sua garganta por alguns instantes. Seria outra alucinação? Não. Não pois pelo modo como o olhavam, Ian e Vincent também a v
— David e... Garotas da escola? — ela ouviu Ian repetir baixo, como se aquela tivesse sido a única parte a qual ele realmente dera atenção. Ele soltou um leve riso, que disfarçava muito bem a agonia que Alana não podia ver em seus olhos naquele momento. — Sério que você vai ouvir conselhos de um cara que está psicologicamente perturbado e de garotas que sonham em serem as futuras senhoras Norton? Está mal hein, Steawart.— Os estados ou motivos deles não importam Ian. O que importa é que estão certos. — disse com melancolia. — Eu sei disso e você também.Ela pode ouvi-lo soltar um suspiro, um suspiro que lhe pareceu muito com um suspiro de derrota, vencido. Pensou que ele desistiria, e embora fosse isso que seu lado racional torcesse pra que acontecesse, o coração em seu peito, seu lado emocional,
Um gemido baixo, quase sussurrante escapou dos lábios de Alana, quando Ian fez um trajeto com a boca de seu pescoço até os ombros, em distribuições de molhados, beijos a leves mordidas no local. Ela arfou, o coração batia tão frenético em seu peito, mas ficou feliz em constar que o de Ian também. Sim, ela podia ouvi-lo devido à proximidade de seu corpo.Tímidas, trêmulas, as delicadas mãos de Alana foram para o final da camisa dele, e vendo o que ela queria, Ian afastou-se minimamente, apenas para ajudá-la a retirar-lhe a blusa. Ela prendeu o fôlego diante da visão do peitoral esculpido dele ali, nu, a sua frente; e para Ian foi impossível não sorrir diante da coloração vermelha que tingiu as bochechas dela.As mãos firmes dele pousaram em sua cintura, os corpos tão próximos qua
Seus olhos estavam envoltos de pequenas olheiras, e mantê-los abertos estava sendo um trabalho muito difícil. Ainda sim, não os fecharia. Não se permitiria dormir ainda. Não queria perder nada; queria continuar a observá-lo. Observar o ressonar suave, o jeito como o tórax dele subia e descia ou como alguns fios ruivos de seu cabelo lhe caiam a testa. Suspirou baixo, havia tantos pensamentos passando por sua cabeça naquele momento que nem mesmo ela conseguia ouvi-los com clareza.Permaneceu sentada na poltrona confortável, local de onde não saiu durante toda a longa noite que se passou. Os olhos que, devido ao cansaço e sono estavam pequenos, permaneceram grudados no corpo do irmão caçula todo o tempo. E, embora o rosto de David estivesse sereno, Antonia sabia que ele estava tendo um pesadelo. Soube no instante em que ele comprimiu os lábios numa linha reta; uma rea&c
Havia errado feio ao pensar que as palavras gentis de Simon no intervalo serviriam de consolo pelo resto do dia. A verdade era que assim que voltou a classe, as dúvidas e inseguranças voltaram junto, fazendo assim companhia a ela até que o sinal de término das aulas tocou. Ela poderia ter dito algo a Cassandra ou a Lisandra sobre o ocorrido, sobre suas incertezas, medos e sobre aquela sensação de coração prestes a ser partido. Ainda sim, sabia ser inútil. Quando perguntou a Cassandra pela manhã de Ian, a rosada apenas franziu o cenho, visivelmente confusa com a pergunta, dizendo que só o havia visto no ponto de corridas na noite anterior; para logo em seguida bufar e começar a murmurar resmungos e reclamações por Vincent a tê-la feito esperar por ele por um longo período, para depois ligar e avisá-la que não poderia encontrá-la naquela mesma noite. E Li
Seus olhos desviaram-se dos dele apenas para fitar a boca tentadora, e vê-la então esticar-se levemente para o lado naquele sorriso maroto e convencido que só Ian sabia dar e tornar ainda mais tentador do que já era. Um leve suspiro escapou pelos lábios de Alana quando estes foram cobertos pelos de Ian.O corpo inteiro relaxou, e sentiu como se só existissem os dois ali, tanto que sequer ouviu os sons de protestos e burburinhos que ecoaram pelo estacionamento com a cena. Tudo no qual ela conseguia se concentrar era na sensação que lhe acercava por estar nos braços de Ian, em como a boca dele movia-se sobre a sua de uma maneira lenta e sedutora; provando-lhe o sabor de seus lábios como se fossem o mais doce mel existente.Nas escadas, uma única pessoa soltou um leve som de comemoração ao tempo que sorria animada. Cassandra. Vincent que se aproximava nova
— Só tenho o meu pai, por enquanto. — disse ele por entre os dentes, provavelmente pensando na irmã na cama de hospital. — E bom... Não nos damos muito bem; e eu já deixei de me importar com isso a muito tempo atrás. — sorriu áspero.— Aposto que ele te ama. — Alana disse com certeza e convicção, olhando para ele ternamente, pois a seu ver Ian pensava o total oposto do que acabara de dizer. Ela estava certa a final.— Eu não teria tanta certeza. — disse ele com aquele mesmo brilho nos olhos que ficava quando parecia mergulhado em lembranças. Lembranças que ele definitivamente não compartilharia.Ele aumentou o volume do radio enquanto acelerava, cortando os carros com agilidade e rapidez, e Alana soube então que o assunto havia se encerrado. Quando assunto era a família Norton,