— Só tenho o meu pai, por enquanto. — disse ele por entre os dentes, provavelmente pensando na irmã na cama de hospital. — E bom... Não nos damos muito bem; e eu já deixei de me importar com isso a muito tempo atrás. — sorriu áspero.
— Aposto que ele te ama. — Alana disse com certeza e convicção, olhando para ele ternamente, pois a seu ver Ian pensava o total oposto do que acabara de dizer. Ela estava certa a final.
— Eu não teria tanta certeza. — disse ele com aquele mesmo brilho nos olhos que ficava quando parecia mergulhado em lembranças. Lembranças que ele definitivamente não compartilharia.
Ele aumentou o volume do radio enquanto acelerava, cortando os carros com agilidade e rapidez, e Alana soube então que o assunto havia se encerrado. Quando assunto era a família Norton,
David nada disse. E não porque não se lembrava; se lembrava perfeitamente; mas era embaraçoso dizer em voz alta.— Você disse... “Como eu posso não ficar animado por ter sonhado com a minha futura esposa?” — a, agora senhora Shane Clowfield sorriu largamente para o irmão de olhos fincados nos seus. — Lembra o que eu disse depois de sorrir feito boba pelo o que você dissera?Novamente, Antonia viu David engolir em seco.— Você disse; “Seja merecedor dela”. — repetiu contra vontade.— Exatamente. — Antonia suspirou. — Uma semana depois do ocorrido, você entrou em casa muito irritado, dizendo que odiava Lisandra. O motivo? Ela havia dito que você era o melhor amigo dela quando estavam no playground. Você não gostou daquilo nem um pouco; eu ainda tentei te
O vento suave passava pela janela aberta, balançando levemente a cortina escarlate. Pelo carpete fofo daquele luxuoso quarto de hotel, podia-se ver várias peças de roupa largadas. Camisas brancas de diferentes tamanhos e modelos, uma calça, uma saia, paletó e mesmo uma gravata. Havia também os sapatos, mas estes haviam todos ido parar embaixo da cama king size.Leves risadas seguidas por leves suspiros ecoavam pelo quarto, e mesmo quem passasse apenas pela porta deste, não poderia ouvir os sons, mas poderia sentir que havia uma bolha romântica ali dentro. Uma bolha prestes a ser estourada.— Isso é bom. — murmurou Cassandra com os olhos fechados, sentindo os lábios dele subindo por sua barriga em beijos suaves e lentos. Uma leve risada lhe escapou dos lábios. — Mas faz cócegas. — concluiu.Divertindo-s
— É claro que fui eu. E a ideia maluca? Não é nenhuma idéia maluca. Eu estou tentando ajudá-lo. Coisa que você deveria tentar fazer também! — acusou Antonia, e vendo que o irmão mais velho pretendia erguer o timbre da voz, tratou logo de dizer: — É melhor conversarmos sobre isso lá fora. Há pessoas em tratamento aqui dentro.Karl bufou, assentindo então e caminhando para fora com a irmã. Enquanto caminhavam Antonia não pode deixar de notar que ele não havia mudado tanto assim nos últimos cinco anos, pelo menos não fisicamente. O rosto permanecia o mesmo, branco, quadrado, com olhos que pareciam de águia e lábios finos. O cabelo permanecia castanho, porém diferente de cinco anos atrás onde o corte era mais despojado e com fios soltos para todas as direções, agora ele parecia ter adotado u
Seus olhos seguiam cada um dos movimentos que ela fazia com extrema atenção, quase como olhos de águia sobrevoando uma presa. Crispou as sobrancelhas quando ela o encarou por um curto segundo, para então lhe virar a cara rapidamente. Um suspiro cansado lhe escapou em meio a um sorriso cínico. Quantas vezes ela já havia lhe virado a cara naquela semana; naquela primeira semana em que estavam juntos? Não sabia mais, foram tantas! E o porque dessa atitude dela? Ciúmes. Bom, ou era isso ou era insegurança. Ele preferia acreditar na primeira opção.Preferia pois, se fosse insegurança, iria se irritar, se irritar muito com ela. Que motivos ela teria para ser insegura em relação a ele? Nenhum ao seu ver, pois estava sendo perfeito. Não, perfeito não. Perfeito era uma palavra que não se adequava a si de nenhuma maneira! Continuava um cretino; um bastard
Sorriu cínico.— Ah, está falando comigo agora?O tom cínico e sarcástico no modo como ele fez a pergunta a irritou. A irritou demais. E a irritou mais ainda por ela, apesar de ao mesmo tempo em que detestar, amar aquilo nele. Enfureceu-se consigo mesma. Enfureceu-se com ele. As palavras encorajadoras, os conselhos de Lisandra sumiram por completo de sua mente e tudo o que borbulhou dentro de si ao ver aquela pose e irresistibilidade que Ian exalava foi sua insegurança e medo, que em junção com a leve raiva a fez começar a dizer coisas que não queria e impensadas.— O que te faz pensar que pode agredir as pessoas? Você ficou completamente maluco?...— Alana... — Lisandra e Cassandra, que ajudava Simon a dar um jeito no sangue que escorria de seu nariz lhe manchando a blusa, tentaram pará-la.&nb
Alana olhava para Simon sem saber o que dizer. Estava com raiva dele. Raiva por ele ter se metido, se envolvido em algo que não lhe era respeito. Mas ele também era seu amigo, não queria magoá-lo. Encruzilhada cruel!Fitou Lisandra, numa esperança muda de que ela lhe dissesse o que fazer, como agir. Mas, o que a amiga disse só lhe serviu para fazer o estômago se embrulhar mais em culpa e remorso.— Está explicado por que o Ian bateu no seu melhor amigo, Alana. — disse a loira com melancolia; pois ainda podia pressentir muitos problemas vindos disso. — É por que ele viu aquilo que todos vêem, e que você fingi não ver. Viu que seu melhor amigo está apaixonado por você!Cassandra baixou os olhos, Vincent rolou os dele; Alana manteve os olhos em Lisandra e vice-versa, enquanto Simon mantinha os olhos nas costas de
— E? — o Bennie retorquiu, arrogante. Ian piscou desentendido, e o outro lhe deu um empurrão no ombro, como que o mandando recuar. O que, obviamente, não aconteceu. — De repente você se importa com a Cassandra? Ah, qual é Ian. Você não é amigo de ninguém além de nós.— Amigo da Cassandra? — o loiro repetiu, parecendo considerar a idéia. — É, pode se dizer que sim, afinal eu admiro a capacidade que ela tem de suportar você. Acredite, não é para qualquer um! — sorriu desdenhoso.— Ora, seu... E é muito fácil agüentar você, não é?... Essa garota, Alana, está apenas uma semana com você e deixou bem claro hoje que você não é uma figura muito fácil também. Logo ela te dá um chute!Ian cer
...Por que eu te amo. Foi o que pensou, mas não disse em voz. Já fora suficientemente ruim dizer que o amava e nada ouvir em troca – o que só acentuava ainda mais sua insegurança. Não iria fazê-lo de novo precocemente.Alana estava envergonhada. Estava ali, expondo a ele um de seus medos, e o modo com o qual Ian a olhava naquele segundo, como se estivesse lendo cada pensamento seu, só a envergonhava ainda mais. Baixou os olhos para as mãos arranhando levemente os joelhos por cima do moletom, querendo que aquela tortura silenciosa dele acabasse logo.A brisa gélida passava por eles, balançando levemente os fios longos e negros do cabelo dela. Quando ouviu um suspiro pesado, Alana tornou os olhos para cima, os seus chocando-se com aquele azul límpido. Olhar para os olhos de Ian a noite, era como ver um céu azul de dia claro numa noite negra.<