— Você não deveria ter dito nada a Ian. — ele falou com os lábios crispados, como que tentando conter o máximo de fúria possível. Mediante ao nome do amigo, David viu um brilho de esperança se passar pelos olhos de Alana. Ele estreitou os olhos levemente, então dando um passo para trás, para longe da Steawart e caindo no riso.
Não era um riso seco ou falso, mas nem por isso fora menos assustador. Era um riso mesmo, como se alguém tivesse acabado de contar a piada mais engraçada de todos os tempos. Alana não entendeu o porque daquela atitude dele, mas estava mais que aliviada de não ter mais as mãos do jovem Deeper lhe apertando os ombros.
Ela esperou, com medo demais até mesmo para tentar correr, sair dali. Estava completamente sem ação, não sabia o que fazer ou o que dizer. Enquanto isso, David continuava a rir. Ele estava rindo tanto que até apoiara as mãos, cada qual em um joelho, curvando levemente o corpo e seus olhos fundos e rodeados por olheiras profundos até lacrimejaram pelo o ataque de riso.
Tão rápido quanto veio o ataque de riso morreu, deixando Alana ainda mais apavorada. Apavorada e com realmente muita pena dele. Ela estava vendo ali o que o efeito do álcool e drogas, em junção com uma pessoa de personalidade instável podia causar. Era doloroso, não só de presenciar aquilo como também por saber que doía mais nele. Ela podia ver, qualquer um poderia o nítido pedido de socorro nos olhos de David, camuflados pela crueldade do momento e pela falsa ilusão de felicidade que o vício lhe causava.
— Você realmente acha que Ian vai ajudá-la, caso eu tire, e eu vou tirar, sua irmã de você? — David prensava os lábios, como que na tentativa de conter um novo ataque de risos; porém; diante do silêncio de Alana que lhe serviu como uma afirmativa a pergunta, foi impossível para ele não rir dela novamente. — Você é patética, garota!... — ele riu e meio cambaleante aproximou-se dela novamente, o que provocou em Alana a ação automática de encolher os ombros.
— ... Sabe quantas vezes Ian já jogou o joguinho que está jogando com você? Com quantas garotas? — sussurrou, o cheiro de álcool que bateu contra a face de Alana não foi mais incômodo do que as palavras que ela acabara de ouvir. — É um jogo pra ele. Você é apenas mais uma com a qual ele está brincando...
— Está errado... — as palavras simplesmente escaparam, desesperadas, sôfregas, com raiva e ainda sim baixas. David sorriu levemente, um sorriso pequeno, que não passava apenas de um fino esticar de seus lábios, mas que era claramente um deboche contra ela.
— Não, não estou. Eu o conheço há muito mais tempo do que você garota, sei o que falo. Por acaso ele ficou com você na frente de outras pessoas? Pessoas significantes, da escola ou da empresa... — Alana engoliu em seco com a pergunta, as lágrimas rolando silenciosas por sua face o soluço esganiçado preso na garganta. A resposta era não, e ainda que ela não tenha respondido em voz, David deduziu certo pelo silencio. — Foi o que eu pensei. — ele sorriu. — É só um jogo pra ele, e você é apenas uma nova fase, e ainda que não fosse, o que não é o caso, nem mesmo Ian vai ser capaz de me impedir.
Alana sentiu seu estômago embrulhar, como se algo dentro dela estivesse sendo triturado. Por um momento, esqueceu a pena que apesar do medo nutria por David, e apenas o detestou. Já não bastava ele lhe querer tirar a irmã, ainda fazia o grandessíssimo favor de plantar em sua mente mais e mais duvidas, medos e receios sobre Ian?! E o pior de tudo era que, por mais que não quisesse, uma parte sua acreditava nele, no que ele dissera.
Seria possível? Apenas um jogo? Apenas mais uma fase? Alana não queria acreditar naquilo, mas ainda sim a idéia não lhe saiu da cabeça.
Ela soluçou então, não conseguindo mais prender o soluço na garganta. Lágrimas ainda mais grossas transbordaram de seus olhos, e em meio ao medo, raiva, sofrimento e dor, Alana tentou afastar David com a mão, empurrando-o e gritando para ele se afastar. Inútil. Mesmo no estado em que estava ele ainda era mais forte que ela. Ele empurrou-a novamente contra a parede, dessa vez Alana não conseguiu segurar o gemido de dor que veio, mas assim que o gemido foi proferido, ela sentiu a mão de David deixar seu ombro quando o mesmo foi empurrado com força para o lado, caindo sob uma mesa que com seu peso tombou para o lado, a pouco não caindo por cima dele.
Ian. Foi o que Alana desejou enquanto livre do aperto de David, deslizava as costas pela parede fria até estar sentada no chão; porém, não era Ian que lhe salvava. Não daquela vez.
— Você está bem? — perguntou Simon, colocando-se à frente da garota de olhos pérolas de maneira protetora, porém sem desviar os olhos de David que erguia-se do chão, parecendo pronto para rir deles a qualquer instante.
Alana não conseguiu responder, não com palavras, fazendo apenas um aceno positivo com a cabeça que Simon não viu. A voz lhe faltava, e seu coração batia tão rápido e alto que ela própria o podia ouvir pulsando sob sua a pele. Desejou sim que fosse Ian, ainda mais depois das palavras cruéis de David, porém estava mais que aliviada por ter sido salva por seu amigo.
Já totalmente em pé, David olhou para Alana no chão e então para o rapaz que fazia escudo frente a ela, erguendo uma sobrancelha para o mesmo. Simon não se mostrou intimidado, por mais que em seu intimo o olhar daquele ruivo esquisito lhe embrulhasse o estomago. Por mais que seu porte físico fosse, e naquele momento, devido às circunstâncias, um pouco maior que o de David, o Simpson não pode evitar sentir aquela sensação de brisa gelada na nuca, encarando o Deeper. David tinha de fato um olhar que era capaz de intimidar qualquer um; mas apesar disso, Simon não recuou, o que fez o outro soltar uma leve risada seca.
— Parece que o Ian terá concorrência. — falou com zombaria, dividindo seu olhar entre o rapaz e a garota no chão, ambos completamente imóveis, não por suas palavras, mas por não saberem mesmo o que fazer a não ser esperar. David riu. — Isso vai ser divertido.
Sem mais o Deeper deu um passo a frente e imediatamente Simon fechou as mãos em punho. David parou, encarando-o com uma frieza tão grande que Alana lamentou pelo o amigo ser alvo daquele olhar. Era uma frieza tão grande, tão repleta de desprezo, que parecia capaz de congelar até o mais bravo dos homens. Mas ainda sim Simon se manteve firme, ainda que por dentro seu estomago estivesse a se embrulhar com toda aquela tensão e ele se sentisse como se estivesse a suar frio.
— Relaxe; não vou perder meu tempo com você. Não vale a pena. — David disse com descaso, então lançando um longo e significativo olhar para Alana que estremeceu. — Diga um “olá” para sua irmã por mim, isto é, enquanto você ainda pode vê-la.
Alana engoliu em seco, sentindo como se seu coração fosse uma pequena ervilha que estava sendo esmagada pela mão de um gigante.
Com um último olhar para ambos, David deixou a sala e tanto Simon quanto Alana soltaram o ar, como se acabasse se subir de um mergulho em busca de fôlego. Simon virou-se para a Steawart, que, embora feliz por David ter ido embora, não conseguia parar de chorar devido a situação. O que faria? Ele ia tirar Eva de si, iria afastá-las.
— Eu te ajudo. — Simon lhe estendeu a mão, ajudando-a a levantar-se. — Você está bem? — preocupado, perguntou. Alana assentiu, logo em seguida fungando para então esconder o rosto nas pequenas mãos e chorar.
Vendo seu estado, Simon a puxou para seus braços em um abraço que nem mesmo se estivesse em condições Alana recusaria. Ela precisava de um ombro pra chorar, e descobriu ali o seu. O seu ombro amigo; e quando enfim seu choro desesperado cessou, ela sorriu fracamente para Simon.
— Arigatou, Simon. — disse com a voz baixa, fraca, desgastada. Simon sorriu com um dar de ombros, enxugando as lágrimas que escorriam pela face de porcelana perfeita dela com as mãos.
— Está tudo bem. — ele disse, ficando em silêncio por um segundo antes de num suspiro dizer: — Agora, você vai me dizer o que está acontecendo ou não? — e embora fosse uma pergunta, os olhos de Simon deixaram claro que ele não desistira até que ela lhe revelasse o que estava acontecendo.
[...]
Seu olhar sempre tão cobiçado e desejado de atenção pelas garotas, vagavam sem interesse algum pelo refeitório; como se observar as pessoas ali presente fosse algo de tamanho esforço que o deixava cansado. Suspirou, ignorando por completo a garota ao seu lado que tentava inutilmente ganhar sua atenção, ora oferecendo-o algo para comer, outras simplesmente falando mais do Ian estava disposto a agüentar.
— Escuta, — a garota que ele sequer sabia o nome prendeu a respiração diante de seu olhar e do tom arrastado, sedutor, de sua voz. — você pode, por favor, me deixar sozinho?
Imediatamente o sorriso contente que a garota sustentava nos lábios por ele estar falando com ela, morreu por completo. Não queria deixá-lo. Queria ficar com ele. Todas queriam, na verdade. Vendo a decepção nos olhos da garota, Ian suspirou. Essa, era uma das razões para não dar atenção para muitas garotas da BHS. Eram, em sua grande maioria, loucas. Pensando que por ele lançar um olhar cobiçoso em sua direção, iriam passar o resto da vida juntos. Ele teve vontade de rir do pensamento.
Mas, ainda que em alguns casos fosse demasiado cansativo aturá-las, ele gostava de se divertir um pouco com isso, gostava do efeito que causava nelas. “Eu não presto”, ele pensou quase com um sorriso desdenhoso no canto dos lábios, soltando um leve suspiro em seguida. A garota ainda o olhava suplicante, como que pedindo para ele voltar atrás. Ian obrigou-se a não rolar os olhos para ela, como era de sua vontade; e então sorriu. Um sorriso puramente sedutor, enquanto ele encaixou o fino rosto da japonesa, uma típica japonesa mesmo, em suas mãos. A garota engoliu em seco, e Ian só sorriu ainda mais com isso. Era realmente uma canalha, como Vincent tinha o costume de dizer. Ele a fitou seriamente, o azul celeste de seus olhos deixando a pobre cada vez mais extasiada. Ian não entendia o porquê daquela reação da maioria das garotas, porém, era um bastardo cretino que não poderia deixar de tirar proveito da situação.
— Vai. Agora. — ele soprou as palavras em um tom baixo, mas não menos firme por isso. E então, afastou por completo as mãos do rosto da garota que suspirou tristemente. Quando ela se afastou, muito contra gosto, Ian soltou um leve riso. Ridícula, foi o que pensou. A garota pensou mesmo que ele iria beijá-la... Não que ela não fosse atraente, ao contrário, mas assim como se a tivesse beijado teria sido por capricho, não a beijou pelo mesmo motivo... e por algo mais, admitiu a si mesmo. A garota não era... ela. Ela que ainda não havia aparecido no local.
— Você é realmente um canalha sabia disso? — A voz familiar lhe chegou aos ouvidos e Ian sorriu, dando espaço para Lisandra juntar-se a si na mesa. — Viu o estado que deixou a garota, Ian? — os olhos de ambos se focaram na garota, ainda cambaleante e que suspirava apaixonada e melancolicamente. — Você é muito malvado, usando seu poder de sedução contra elas, sabia?
Ele riu, assentindo.
— O problema, minha cara Lisandra é que elas querem ser seduzidas por mim, é ridículo para elas, divertido para mim... É um fato. — sorriu convencido e Lisandra rolou os olhos, pois mesmo sendo a mais pura e cristalina verdade, era revoltante.
— E desde quando isso lhe dá o direito de ficar brincando com elas? — perguntou a Sheroman, os olhos focados na face do amigo que continuava a observar o refeitório como que procurando algo, alguém. — Você sabe, Ian, que algumas delas sonham com você a noite, algumas mais tolas até idealizam o sonham de estar com você, casar com você, essas besteiras... E, sabendo que não vai respondê-las, porque brinca com elas desse jeito?
— Porque é divertido. — respondeu de maneira muito simples, quase banal. Lisandra lhe deu um peteleco na cabeça. — Au. Ficou louca é?... — resmungou, falsamente.
— Você é muito cretino sabia disso? Destruidor de corações. — Lisandra lhe acusou, logo em seguida juntando-se a ele numa risada divertida.
— Eu não tenho culpa se algumas delas idealizam seus sonhos românticos comigo. — Ian rolou os olhos, para logo em seguida mostrar a Lisandra um sorriso prepotente. — Além disso, eu não fiz as regras, elas já estavam aí quando eu nasci. — piscou. — Eu apenas conduzo o jogo...
— A seu favor, seu bastardo. — Lisandra lhe deu um leve empurrão no ombro, sorrindo, assim como Ian.
Ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas degustando a companhia um do outro em pleno silêncio. Aquilo quase chegava a ser estranho, pois tanto um quanto o outro tendiam a ser extremamente barulhentos na companhia um do outro. Eram como irmãos. Ou brigavam muito, ou riam muito. Porém, não queriam rir, tampouco brigar um com outro no momento. Quando o sol que, havia se escondido por entre as nuvens densas, resolveu surgir um pouco, seus raios atravessando as janelas grandes de vidros e iluminando particularmente o ponto em que Ian e Lisandra se encontrava com mais atenção, quase como se tivesse sido pago para isso, ambos olharam para o céu lá fora, e não era preciso ser um gênio para se perguntar o que os dois pensaram naquele momento.
Onde você está David? – fora a pergunta que cada um fez a si próprio.
— Então, como você está? — questionou Ian, ganhando novamente o olhar Lisandra para si.
— Estou ótima. — ela percebeu seu erro assim que o respondeu. Se estivesse mesmo ótima não teria respondido de maneira tão apressada, tão afoita, como se desesperada não apenas em convencê-lo como também a si mesma de que aquilo era verdade.
— Estou vendo. — irônico, Ian debochou e Lisandra lhe rolou os olhos, soltando um longo e sôfrego suspiro depois.
Ian ergueu uma sobrancelha para o gesto, então, fazendo algo que de certo surpreendeu Lisandra. Abraçou-lhe pelos ombros, permitindo que ela descansasse a cabeça então no seu. Lisandra sorriu levemente, Ian nunca que a consolava daquela maneira, não na frente de outros. Não que ele se importar-se com a opinião alheia, ele era Norton Norton Ian afinal, as opiniões alheias ali eram insignificantes comparadas a quem ele era. Ele não era apenas dado a demonstrações efetivas, só isso. Não era acostumado com elas, e por muito pensava que nem as queria.
— Não se acostume com isso, me ouviu? — ele disse em um tom divertido, muito embora houvesse um tom de seriedade em sua fala. Lisandra apenas sorriu, aconchegando-se mais nos braços do amigo, quase como irmão. Quase não, ele era seu irmão. O considerava dessa maneira.
Lisandra era para Ian como uma irmã caçula, daquelas pirracentas das quais são capazes de lhe tirar do sério por mínimas coisas, assim como lhe alegrar por elas. Ele estava preocupado com ela, tanto quanto estava preocupado com David. Mas, diferente de Lisandra que mesmo tentando muito não demonstrar, era nítido em seu olhar o desolamento de toda aquela situação, Ian era... Bom, Ian. Ele sabia como não deixar transparecer nada. A verdade era que, todos sempre achavam Vincent e David os mais frios, os menos dispostos a sentir qualquer tipo de emoção, porém era Ian o verdadeiro mestre nisso. A diferença era que Ian era um excelente ator, um enganador. Seus sorrisos eram as maiores fontes de seu teatro, os que mais pareciam verdadeiros na verdade eram falsos. Ele não gostava de sorrir, mas ainda sim sorria. Sorria porque foi o que lhe haviam ensinado a fazer. Não sorrir, mas sim a manter as aparências, e não se permitir sentir algo, pois sentimentos eram cruéis. Segundo ele, uma fraqueza que os tolos pensavam ser força. Pobre Ian, ele não sabia o quão errado estava. Não sabia que, ao contrario do que pensava, não podia controlar sentimentos. Mas descobriria isso em breve.
— Alana! — o grito de Lisandra quase o deixou surdo, mas pelo menos serviu para despertá-lo de seus pensamentos e preocupações e focar seus olhos para onde a Sheroman acenava freneticamente.
Um sorriso torto ameaçou surgir no canto de seus lábios quando a avistou, porém este foi firmemente contido. Achava levemente incômodo como as coisas pareciam ficar mais calmas sempre que a via, fosse de longe ou perto. Era como se ela injetasse um pouco de paz nele, apenas por existir e isso o incomodava. Não era algo que já tivesse sentido antes, e justamente por não ter sentido, ficava com o pé atrás com as sensações e emoções que o dominavam sempre que a via.
ㅤMas Ian não teve tempo para continuar a divagar com seus pensamentos pois, mesmo que de longe, enxergou em Alana um pânico que o fez soltar um leve suspiro cansado. Algo havia acontecido. Teve ainda mais certeza quando a Steawart começou a caminhar até onde se encontravam em passos apressados, afoitos, quase desesperados.
— Alana! Está tudo bem?... O que houve?... — preocupada com o estado choroso ao qual Alana se encontrava, Lisandra perguntou aflita.
— O amigo de vocês, David, aconteceu. — respondeu Simon, tomando a frente. Havia acompanhado Alana até ali, não saindo de seu lado, como que para ampará-la – e era exatamente o que faria – caso acontecesse algo novamente.— É David Deeper, pra você. — disse Ian, com uma rispidez que ele próprio estranhou um pouco. Quase crispou as sobrancelhas também ao ver quão incomodado estava com a aproximação de Simon a Alana.O Norton suspirou cansado, então saltando da mesa e parando frente a Alana.— O que houve? — perguntou a ela com uma preocupação tão intensa que o deixou levemente preocupado por isso.Alana tentou, tentou mesmo mas não conseguiu se controlar. Um soluço irrompeu de seu peito, de sua garganta pelos lábios e lançou-
Estava tão inquieta na cadeira que já era a quarta vez que recebia um olhar severo do professor, fazendo-a encolher os ombros levemente. Os olhos fincaram-se no relógio na sala, acima do quadro, observando os ponteiros moverem-se com grande expectativa. Estava nervosa, os pés mexiam-se inquietos debaixo da mesa, as mãos tremiam sobre o livro aberto em sua mesa, seu coração pulsava. Queria sair logo dali, queria que a aula terminasse logo. Queria ver Eva, checar se sua irmã estava bem, saindo da escola e sendo pega pela senhora Loren, como combinado. Queria se certificar de que ninguém havia tirado sua irmã de si ainda, a levado para longe.Suspirou. Precisava se acalmar. Mas como? Pensou em Ian e Vincent. Como eles eram capazes de agir de maneira tão despreocupada, quase fria numa situação como aquelas? O amigo deles estava preso a um vicio que o podia levar à morte
Assim que a Ferrari grafite entrou no estacionamento, o local pareceu parar apenas para observá-lo. Já era algo costumeiro, porém, diferente das outras noites, Ian não deu atenção a ninguém quando saltou do carro, o que deixou algumas garotas particularmente entristecidas. Ele caminhou até onde Cassandra e Ino estavam, ajeitando a jaqueta escura de couro no corpo.— Tá gostoso hein? — Ian revirou os olhos para Lisandra.— Não finja que não está louca para saber se o encontramos ou não. — ele disse, e Lisandra baixou os olhos, mordendo os lábios.— Parece que eu não sou tão boa em esconder as coisas como você. — murmurou Lisandra, entristecida. Ian sorriu para ela, piscando e como meio para animá-la, disse de maneira despreocupada e cínica:
... Ian deu-lhes as costas, ignorando as garotas que tentavam chegar a ele, voltando ao carro e saindo cantando pneu com o mesmo. As pessoas do local ficaram atônitas, havia algo acontecendo, elas sabiam, e se corroíam por dentro por não saber exatamente oque, mas tinham a certeza que David estava no meio. O ruivo havia simplesmente desaparecido dali, e de todas as boates e clubes que costumava freqüentar, e assim como na escola o sumiço de David era um assunto que ainda rendia, mesmo passado algumas semanas; e enquanto algumas pessoas discutiam sobre as possibilidades do que estava havendo, Ian acelerava mais e mais.Suas mãos apertavam com força o volante, o pé pisando fundo no acelerador enquanto cortava por entre os vários carros na estrada numa velocidade impressionante. A janela aberta fazia com que o vento forte e gélido da noite entrasse no carro, agitando os fios de seu cabelo sempre t&a
— Não. — discordou David, meio grogue, forçando os olhos a manterem-se abertos, tanto quando a consciência ativa por mais alguns segundos. — É por que vocês são minha família. — concluiu, fitando Ian. O loiro reconheceu as palavras, fora o que ele lhe dissera no refeitório naquele desastroso dia para o Deeper.— Engraçado você falar em família agora... — com frieza e visível cansaço, Vincent disse, lançado seus olhos sobre seu Supra, parado atrás do carro de David.David forçou os olhos a focarem-se no carro azul, quando então a porta do passageiro foi aberta. Os olhos do Deeper se arregalaram e a respiração ficou presa em sua garganta por alguns instantes. Seria outra alucinação? Não. Não pois pelo modo como o olhavam, Ian e Vincent também a v
— David e... Garotas da escola? — ela ouviu Ian repetir baixo, como se aquela tivesse sido a única parte a qual ele realmente dera atenção. Ele soltou um leve riso, que disfarçava muito bem a agonia que Alana não podia ver em seus olhos naquele momento. — Sério que você vai ouvir conselhos de um cara que está psicologicamente perturbado e de garotas que sonham em serem as futuras senhoras Norton? Está mal hein, Steawart.— Os estados ou motivos deles não importam Ian. O que importa é que estão certos. — disse com melancolia. — Eu sei disso e você também.Ela pode ouvi-lo soltar um suspiro, um suspiro que lhe pareceu muito com um suspiro de derrota, vencido. Pensou que ele desistiria, e embora fosse isso que seu lado racional torcesse pra que acontecesse, o coração em seu peito, seu lado emocional,
Um gemido baixo, quase sussurrante escapou dos lábios de Alana, quando Ian fez um trajeto com a boca de seu pescoço até os ombros, em distribuições de molhados, beijos a leves mordidas no local. Ela arfou, o coração batia tão frenético em seu peito, mas ficou feliz em constar que o de Ian também. Sim, ela podia ouvi-lo devido à proximidade de seu corpo.Tímidas, trêmulas, as delicadas mãos de Alana foram para o final da camisa dele, e vendo o que ela queria, Ian afastou-se minimamente, apenas para ajudá-la a retirar-lhe a blusa. Ela prendeu o fôlego diante da visão do peitoral esculpido dele ali, nu, a sua frente; e para Ian foi impossível não sorrir diante da coloração vermelha que tingiu as bochechas dela.As mãos firmes dele pousaram em sua cintura, os corpos tão próximos qua
Seus olhos estavam envoltos de pequenas olheiras, e mantê-los abertos estava sendo um trabalho muito difícil. Ainda sim, não os fecharia. Não se permitiria dormir ainda. Não queria perder nada; queria continuar a observá-lo. Observar o ressonar suave, o jeito como o tórax dele subia e descia ou como alguns fios ruivos de seu cabelo lhe caiam a testa. Suspirou baixo, havia tantos pensamentos passando por sua cabeça naquele momento que nem mesmo ela conseguia ouvi-los com clareza.Permaneceu sentada na poltrona confortável, local de onde não saiu durante toda a longa noite que se passou. Os olhos que, devido ao cansaço e sono estavam pequenos, permaneceram grudados no corpo do irmão caçula todo o tempo. E, embora o rosto de David estivesse sereno, Antonia sabia que ele estava tendo um pesadelo. Soube no instante em que ele comprimiu os lábios numa linha reta; uma rea&c