Naquela manhã acordou não com o barulho de um despertador, como estava acostumada, mas sim com as batidas – ou seriam socos? – incessantes de sua colega Cassandra, com quem agora dividia o aluguel de um apartamento, sublocado pela dona do condomínio, Loren.
— Alana... Levante!
Cassandra Swan era uma garota engraçada. Dona de cabelos róseos até os ombros, olhos verdes e silhueta esbelta de quadril largo, era a rosada – como Alana a passou chamar em segredo – e de temperamento variável. Podia ser tão doce quanto mel em certos momentos, e em outros tinha um temperamento explosivo ainda que determinado.
— Não se atrase ou eu te deixo aqui, hein! — Alana a ouviu gritar mais uma vez através da porta, antes que as batidas cessassem.
Soltou um suspirou, que logo se transformou em um bocejo de alívio. O despertador tocou um minuto depois. Alana sorriu se remexendo na cama. Preferia acordar com o estridente som do aparelho na mesa de cabeceira, do que com o som dos potentes murros da amiga na porta.
A garota se espreguiçou, levantando o dorso na cama e soltou um bocejo sonolento e preguiçoso. Havia ido dormir tarde na noite passada, falando com sua irmã ao telefone e assegurando que estava tudo bem. Ela abriu a janela do quarto e sorrio para o dia claro e de sol que fazia lá fora.
Alana Stewart era uma garota que tinha um longo cabelo preto-azulado, olhos cor de pérola e um corpo com curvas que ela preferia esconder em moletons e jeans confortáveis, principalmente os seios. Vinha de uma família que, um dia, já tivera muito dinheiro no passado, antes mesmo dela nascer, mas que agora não mais. Mudou-se da pequena e pacata cidade do Texas para a agitada Amsterdã. Estava ali porque, como sempre fora alguém que lutou pelos seus objetivos, Alana conseguira um estágio em uma em uma das mundialmente famosas empresas Norton, e como se isso não fosse o suficiente para a garota, ela também conseguiu uma bolsa de estudo na BHS ( Bennie High School ), a melhor escola de toda a cidade.
Um sorriso doce formou-se nos lábios da Stewart. Estava orgulhosa de si mesma, tanto quanto sua família estava e era completamente compreensível afinal, ela merecia.
Levantou-se e foi se arrumar, passando uma vez mais o uniforme da escola que era composto por uma saia de prega azul marinho – chegando a parecer preta, blusa de linho branco com uma pequena gravata de cor vinho.
— Ah, apareceu. Pensei que ia ter que derrubar a porta do seu quarto. — brincou Cassandra, quando Alana apareceu na cozinha, já devidamente pronta com os cabelos ainda molhados do banho, uniformizada, com meias brancas ¾ e sapatilha fechada.
— Não duvido que você conseguiria. — a mais nova sorriu para a rosada, sentando-se na mesa e servindo-se de um pouco de suco. Cassandra era um ano mais velha que Alana, motivo esse para ela estar no terceiro ano e Alana no segundo, mas assim como Alana Cassandra era bolsista e também muito dedicada aos estudos, e ao trabalho de meio expediente numa lanchonete.
— Então, animada pro primeiro dia de aula? — enquanto perguntava, Cassandra se servia de mais torrada, enquanto Alana permanecia no suco. Não sentia-se bem do estômago naquele dia. Era nervosismo, mas não com a escola.
— Estou mais animada pra começar meu estágio! — a Stewart sorri com um friozinho na barriga. — Estou um pouco assustada também.
— Não fique. Você vai se sair bem, eu sei. — Cassandra lhe lançou um sorriso. — Não vai comer nada? — Alana disse que não com a cabeça. — Ok, então é melhor irmos pra não nos atrasarmos e assim ainda dá tempo de mostrar um pouco da escola pra você.
— Ok. — concordou a outra, levantando-se da cadeira e apanhando os materiais. — Podemos ir, então!
O caminho para a BHS fora tranqüilo para Alana, ela e Cassandra foram conversando o caminho todo enquanto a rosada dirigia, dizendo coisas sobre a escola e sobre os alunos pois diferente de Alana, Cassandra não era uma caloura tinha dois anos, mas nem por isso era popular.
— Estou dizendo, é uma excelente escola. Realmente a melhor da cidade, mas o único problema é que se você não tem posses, não é rico, se é um simples bolsista você é completamente invisível pra maioria! — explicava a rosada, batucando os dedos ao som da música baixa que tocava no rádio velho, de seu carro ainda mais velho.
— Bom, então eu não vou ter problema nenhum com isso. Não tenho a menor intenção de chamar atenção pra mim, muito menos me tornar amiga e seguidora de um bando de mauricinhos e patricinhas que não sabem o que é trabalho duro. — Cassandra riu com o desabafo de Alana, mas não era um riso de deboche e sim um de total concordância.
— Chegamos! — anunciou a rosada, e quando Alana tirou os olhos da amiga e voltou-os para frente, seu queixo caiu.
Aquilo era mesmo uma escola?... Era enorme.
— Nossa! — balbuciou a Stewart impressionada, e Cassandra riu ao lembrar-se que tivera a mesma reação quando foi ali pela primeira vez.
O lugar era incrível, realmente enorme. Tinha três andares, um chafariz na entrada e árvores de todos os tipos, em maioria cerejeiras espalhadas pela entrada. Alana observava tudo com olhos brilhantes, seria realmente incrível terminar os estudos ali!
Ela observava a linda paisagem e tentava não torcer o nariz em uma careta, para os alunos já divididos em grupos provavelmente falando futilidades, e também para os carros incríveis que cada um parecia ter; isso quando não eram trazidos por motoristas em limusines como ela notou. Ah, sim, o estacionamento! Era enorme também, digno de todo o esplendor da escola, mas Alana estranhou quando Cassandra foi com o carro para a parte dos fundos, a mais isolada e afastada da entrada da escola.
— Cassandra, tinha um monte de vagas lá na frente. Por que não estacionou lá?
Cassandra acabava de estacionar o carro, puxando o freio de mão e tirando a chave da ignição. Ela suspirou, tirando o cinto como Alana e virou-se para a amiga afim de lhe explicar:
— Preste atenção, Alana. Você viu o carro daquela gente lá na frente?... BMWs, Ferraris, conversíveis, motos fantásticas... — Alana fez que sim. — Certo. Agora, você reparou bem no meu carro? É uma porcaria. Sucata comparado a aquilo tudo lá na frente!
— Eu gosto do seu carro. — disse Alana com absoluta sinceridade. — Ele tem estilo. Muito diferente daqueles carros lá na frente, que sim, são incríveis, mas seus donos são um bando de sequelados.
Cassandra riu.
— Eu entendo. E também gosto dessa lata velha, aqui. — a rosada passou a mão no volante, como para acariciar o carro velho. — Mas, a questão aqui não é apenas a inferioridade do meu bebê pra as maquinas deles, e sim que aquele território é deles. Eu não posso simplesmente chegar lá e estacionar minha lata velha no meio das gracinhas deles, iria causar um estrago na imagem de quem olha de fora.
— Certo. Pelo o que eu entendi, você está querendo me dizer que aqueles riquinhos não se misturam com os bolsistas, não é? — perguntou Alana, já sacando tudo.
— Exatamente! — Cassandra sorriu, ambas pegaram seus materiais e saltaram do carro, caminhando lado a lado. Só então Alana reparou que havia mais sucatas estacionadas naquela área, e nenhum carro como os do que estavam lá na entrada. — Na verdade, o melhor que a gente faz é ficar longe deles. Alguns aqui são legais, se entrosam com os bolsistas como a Lisandra, minha amiga. Já outros...
— Entendo. — murmurou Alana, soltando um suspiro. Só queria passar despercebida, o que, ao ver dela, não seria tão difícil assim já que para a maioria daquelas pessoas ela não era ninguém. — Então... me fale mais sobre a escola...
Cassandra sorriu, empolgada outra vez. Ela havia ficado séria por um momento, Alana notou. Ambas caminhavam para a frente do estacionamento, para a frente da escola, o que era uma longa caminhada. Alana lamentou por um momento, pois seria assim sempre, mas até que estava feliz por passarem despercebidas. Nunca gostou de chamar muita atenção para si, e nunca pensou também que ficaria feliz com a indiferença com a qual alguns – provavelmente filhos de milionários – as olhava enquanto passavam.
— Bom, em matéria de ensino a escola é fantástica. — começou Cassandra, quando passaram a porta de entrada, e Alana se viu dentro do prédio escolar. Se já achou a escola linda por fora, ficou realmente impressionada com sua arquitetura por dentro. — Os professores são muito dedicados, e também tem bastante gente legal. Claro, tem aqueles que são alérgicos a bolsistas, não se misturam, mas e daí? Tem muito bolsista legal aqui também, como o Simon, o Lee, o Nathan e a Dafne. Acho que vai gostar da Dafne!
— Quem é o diretor da escola? — perguntou Alana, mas sem olhar para Cassandra; seus olhos estavam focados no corredor, nas pessoas pelas quais passavam, no lindo chão, no teto, nas paredes, nos alguns quadros nas paredes e nos armários azuis-marinho.
— Atualmente é o Bennie Valério. — Cassandra soltou um suspiro apaixonado, e Alana soltou um risinho pra amiga. — Não ria! Ele é lindo... Mais velho, mas lindo!... Você sabe né, a família Bennie tem vários negócios aqui nos Estados unidos, mas tudo começou mesmo com essa escola!
— Imagino o quão ricos e esnobes devem ser. — divagou Alana, Cassandra assentiu.
— Pois é.
— Mais algum Bennie trabalha aqui? — curiosa, Alana perguntou. Era assim que ela era, curiosa. Tinha uma fome de saber sem fim, saber sobre negócios, sobre livros, sobre tudo o que a cercava e que de uma certa forma acabava fazendo parte de seu mundo.
— Trabalhar não, mas o Vicent Bennie, irmão mais novo do diretor, estuda aqui. Está no terceiro ano, na minha sala... URGH! — Cassandra bufou.
— Porque eu tenho a impressão de que você não gosta muito dele? — Alana perguntou com um risinho, quando pararam no armário de Cassandra para a rosada guardar seus materiais.
— Não é impressão, eu realmente não o suporto! — disse Cassandra, trincando os dentes e fechando o armário com força. Alana jurou que ela viu o rosto do Bennie ali, por tê-la fechado com tamanha agressividade. Ambas voltaram a caminhar rumo à direção onde Alana tinha de entregar papéis e pegar sua grade de aulas. — Só porque a família dele é dona dessa escola ele faz tudo o que quer e o que não quer aqui. Sem falar que é um arrogante, presunçoso!... É sério Alana, se o ensino aqui não fosse tão bom eu já teria ido embora dessa escola há muito tempo!
— Imagino. — murmurou Alana, meio encolhida enquanto caminhava. Sua voz saiu baixa, pois não queria irritar Cassandra mais do que ela já parecia estar irritada só de falar do tal Bennie. A Stewart pensou que a amiga estava a ponto de arrancar os cabelos.
— E ainda tem aqueles outros dois... ARGH! — continuou Cassandra, Alana fez força pra não rir do modo como a amiga gesticulava as mãos em punhos, como se estivesse pra dar um soco em alguém, não se importando com os olhares que caiam sobre elas. — É sério, eles se acham os donos dessa escola!... Talvez sejam mesmo, afinal nesse mundo dinheiro é poder e dinheiro é algo que os três mais tem. É como eu sempre digo, falta caráter, mas não lhes falta dinheiro.
Agora Alana riu alto. Cassandra era muito engraçada, e as feições que ela fazia enquanto criticava aqueles riquinhos era hilária.
— E quem são os outros dois? — falou Alana entre risos e sorrisos pra amiga, tentando voltar a seriedade.
— Quem?... Ah, os outros dois idiotas? — disse Cassandra, Alana riu do seu modo de falar. — Eles são David Deeper e Ian Norton!... São todos uns idiotas, sabe? O Bennie é um arrogante, o Deeper, bom eu não sei muito sobre ele... ele é meio estranho, já ouvi alguns boatos de dar medo dele. E o Norton, bom, ele é outro imbecil prepotente, mas de todos parece ser o menos insuportável. É o único dos três que eu já vi sorrir!
— Hum... — murmurou Alana. — E eles são muito amigos?
— Amigos? — Cassandra riu. — Aqueles três são grudados, unidos. Como se fossem o cu a cueca e o fedor!
— Cassandra! — repreendeu Alana, caindo no riso pelo jeito da rosada de falar. Cassandra também riu, falando:
— Ué, mas é a mais pura verdade! — ela deu de ombros. — Um é a sombra do outro. Se conhecem desde que eram pequenos, e se não me engano o tal David tem algum parentesco com Ian, não sei bem. Mas isso não importa, o fato é que eles são unidos, como irmãos e estão sempre em confusões. Também dominam essa escola, então aconselho a ficar longe de todos eles!
— Ah, não duvide disso. — falou Alana, olhando pra amiga. — Não tenho a menor intenção de fazer amizade com nenhum deles.
Cassandra sorriu pra ela, estavam virando um corredor já próximo a sala da direção.
— Você não está perdendo nada. São todos uns bastardos, metidos. O Bennie parece ser o pior de todos, já que mesmo esquisito o tal David demonstra um pouco de emoção, e o tal Ian às vezes mostra algum sorriso. — finalizou a Swan, sem se dar conta que a muito, a conversa das duas era ouvida por outra pessoa.
— Você tem uma opinião bem forte sobre nós. — disse uma voz grossa, séria e gélida, sem um pingo de emoção, atrás delas.
As garotas congelaram no lugar. Cassandra cerrou os olhos, abrindo-os em seguida para assim como Alana virar-se para traz e dar de cara com, adivinhe quem? Bennie Vincent.
Alana soube de imediato que era ele; não por o tê-lo visto antes, isso nunca aconteceu, mas sim pela maneira com a qual Cassandra o descrevera brevemente a pouco: frio. Realmente, Bennie Vincent não demonstrava emoção alguma, nem mesmo raiva em seus olhos ônix. De todo, era muito bonito, Alana teve de admitir. A pele era clara, os cabelos tão negros quanto seus olhos tinham um brilho intenso e estava vestido com o uniforme masculino completo da escola composto por: calça preta social, blusa de linho branco e o terno, que estava aberto, com o emblema dos Bennie bordado nele, algo semelhante a um leque.
O rapaz tinha as mãos metidas no bolso da calça, uma sobrancelha levantada em direção a Swan e um olhar frio de dar medo. E como se ele já não fosse alto o suficiente, Alana sentiu-se encolher diante daquele olhar gélido que nem mesmo pra ela era direcionado.
— Você estava ouvindo nossa conversa? Desde quando? — Cassandra perguntou, a voz beirando a irritação.
Por um instante Alana teve vontade de esbofeteá-la. Ao invés de pedir desculpas por estar falando mal dele, ela ainda o criticava na frente do próprio Bennie? Só podia ser louca! E era, e foi por isso que Alana sorrio em seguida. Um sorriso rápido, pra passar despercebido ao Bennie. Cassandra podia ser louca, e mesmo estúpida, pois se aquele rapaz parado a sua frente quisesse ela estaria fora da escola no próximo minuto, mas ainda sim era uma louca destemida e isso era admirável. Cassandra não se rebaixava, e Alana, que era assim também, admirava isso.
— Você não fala muito baixo, eu devo dizer. E sim, estou ouvindo desde que você disse não me suportar. — respondeu-lhe Vincent, a voz permanecia séria, sem emoção ou elevação. Aquilo era ainda mais assustador, pois nunca se sabia o que de fato ele faria seguir.
Cassandra e Alana ficaram chocadas. Desde aquela hora, ele vinha ouvindo a conversa? Ou elas estavam realmente entretidas no papo, ou ele que era absurdamente silencioso. Alana preferia acreditar na segunda opção, era menos humilhante.
— Além de você não falar baixo o bastante para não chamar a minha atenção com suas palavras, o que é irritante, você ainda é desatenta! Morreria fácil numa guerra. — avaliou Bennie, e ainda que a voz dele saísse em seu tom normal, sem qualquer alteração e emoção, aquilo era claramente uma ofensa.
Cassandra pensou em responder, estava irritada. Ela era o tipo de pessoa que conseguia se controlar, mas quando seu pavio curto era acionado, sai de baixo. Felizmente, ela conseguiu controlar-se. Se lembrou de que ele era o dono da escola, e com apenas um pedido aos seus pais ela estaria fora dali. Não, não podia sair daquela escola. Se formar na BHS com as boas notas que ela tinha abriria as portas para a faculdade de medicina que tanto sonhava em cursar.
— Bom, me desculpe então. — ficou nítido que Cassandra se desculpou a muito contragosto, mas não ficou nítido sobre o que ela se desculpava. Se por ter dito todas aquelas coisas sobre ele, ou pelo fato de ser chamada de irritante e desatenta.
Vincent estreitou os olhos levemente, e então fez algo que definitivamente surpreendeu Swan: sorriu. Não era exatamente um nossa, mas que sorriso lindo, mas ainda sim era um sorriso. Ele repuxara os lábios levemente, pouca coisa, para o canto da boca em um meio sorriso. Um meio sorriso que parecia ou ser de deboche, ou sarcasmo. Talvez fosse mesmo as duas coisas juntas!
Ficaram assim, os três se encarando por alguns segundos que pareceram horas para a Alana. Vincent e Cassandra não desviando os olhos um do outro, cada qual com sua firmeza e altivez estranha, e Alana intercalando olhares confusos e desesperados entre os dois. Por fim, o Bennie tirou as mãos dos bolsos da calça, deixando-as caírem ao lado de seu corpo e disse, dessa vez com uma voz de aviso, quase assustadora:
— E lhe corrigindo; dos três que você citou, eu talvez seja o menos, como você disse mesmo?... Ah, sim, o menos insuportável! — o Bennie soltou um riso de falsa diversão —... O David é realmente um esquisito, isso não tem o que contestar. Mas não se engane quanto aos sorrisos de Ian. Os sorrisos são tudo o que ele precisa pra destruir as pessoas, e se sorrisos não forem o suficiente... Bom, ele com certeza arruma alguma coisa que seja. Ele sempre arruma... Pode não parecer, mas de nós três ele é o mais perigoso pra garotas como vocês duas.
Dizendo isso o Bennie lançou um sorriso cínico para as duas, girou nos calcanhares e caminhou para a sua sala, as mãos novamente metidas no bolso de onde ele logo teve de retirar para cumprimentar alguns alunos – não tão ricos quanto ele, mas ainda sim ricos – pelo qual passava.
— Eu não disse? — Cassandra falou de repente, batendo o pé, parecendo emergir do transe em que ficara por uns segundos o vendo se afastar. — Ele é um babaca!
— Com certeza. — disse Alana, meio débil. Na verdade, ela não prestara muita atenção nas palavras da amiga, sua mente ainda estava focada na ultima frase dita pelo o Bennie.
Pode não parecer, mas de nós três ele é o mais perigoso para garotas como vocês duas.
O sinal tocou.
— Venha, vamos logo entregar esses papéis e pegar sua grade de aulas pra não nos atrasarmos mais. — disse Cassandra, praticamente arrastando Alana pelo caminho. Definitivamente falar com o Bennie conseguiu deixá-la mais irritada.
As primeiras aulas de Alana foram tranquilas, com ajuda de Cassandra ela achou sua sala rapidinho. Ela queria sentar-se no fundo para não chamar muita atenção, mas viu que se quisesse fazer isso teria de sentar na frente como outros bolsistas faziam, já que o fundo pertenciam aos riquinhos que torceram o nariz pra ele quando ela entrou. Claro que sim, afinal ela não usava nenhuma jóia famosa, sua bolsa e sua sapatilha não eram de marcas conhecidas e apreciadas pelos riquinhos! Alana não ligou, na verdade até sorriu com aquilo. Interesse nenhum tinha em ter amizade com gente que julgava e condenava as pessoas por suas roupas, carros e status sociais.— Cassandra tem razão, são um bando de idiotas. — murmurou Stewart para si, ao pegar seu lugar à frente. Ela quase riu ao lembrar-se da amiga, e em como de uma flor doce ela podia se transformar numa fera feroz quando esta
Parecia que estava no centro de um enorme palco sob a luz de um imenso holofote, tendo toda a atenção do público que a assistia com seus olhos críticos e de puro desprezo. Bom, pelo menos era assim que Alana se sentia naquele momento.Por quê? Porque ela caiu no impulso de desferir um chute nos faróis? Porque, de repente, se esqueceu que não estava mais em Texas, mas sim em Amsterdã, na escola mais prestigiada dali? E porquê, porque em nome de Deus, logo o carro dele? Porque logo a Ferrari de Ian Norton, um dos membros da tão famosa Trindade daquela escola, fora o alvo de seu chute?Alana desejava, com todas as forças de seu ser, que um buraco se abrisse debaixo de seus pés e ela fosse sugada pela terra. Oh sim! Qualquer coisa seria melhor do que ficar sob o olhar de todos ao seu redor, e principalmente sob o olhar de
— Eu não entendo... — murmurou ela, e Ian que havia aberto uma pequena pasta azul e a observava, voltou seus olhos para a garota a frente.— Não entende o que? — perguntou ele, entrelaçando os dedos das mãos sob a mesa e com os intensos olhos azuis completamente vidrados na face de anjo de Alana. Alana que tentou, com todas as suas forças, manter os olhares um no outro, mas não conseguiu sem ter as bochechas coradas.— Eu... Eu pensei que você fosse um aluno. — disse ela.— E eu sou. — Ian deu um meio sorriso. Vendo um franzimento se formar na testa da Steawart, em sinal de plena confusão ele explicou: — Meu nome é Ian Norton, filho de Frederick Norton!... Entendeu agora?Alana assentiu, em um débil silêncio.— Não se preocupe p
... Com a última frase dita, o sorriso de Ian se alargou ainda mais enquanto os pelos do corpo de Alana se arrepiaram todos, e por um instante o olhar dela estremeceu sob o dele.Ian acenou para ela em um gesto de cabeça, levando o cigarro novamente à boca e se afastando. Alana ficou parada, sentada no mesmo lugar, mas seguiu os movimentos dele até a porta com os olhos, a cabeça virando-se de modo que parecia que ia quebrar o pescoço.Ian parou com a mão na maçaneta, e disse a última coisa:— Você começa o estágio ainda hoje; a secretária, Miranda, vai lhe dar mais informações.E então ele saiu sem nenhuma despedida, e Alana estava sozinha novamente, ainda sentada no mesmo lugar se perguntando o que fora toda aquela situação, o que fora
— Me explica de novo, como foi mesmo que eu concordei com isso? — disse Alana meio incrédula, sentada no banco de trás do Nissan Laruel rosa que Lisandra dirigia, naquela noite.— Você não concordou. — quem disse isso foi Cassandra, sentado ao lado de Lisandra. Alana colocou a cabeça entre o vão dos dois bancos, olhando para as amigas. — Lisandra nos ameaçou de morte se não viéssemos, lembra?— Ah, é. Agora eu me lembro. — Alana lançou um sorriso amarelo para a motorista loira. Lisandra gargalhou, antes de dizer:— E ainda bem que vocês resolveram me ouvir. Eu conheço uns caras que fariam o serviço de dar cabo nas duas de graça pra mim e tudo muito limpo.— Ah, isso eu não tenho dúvidas. — brincou Cassandra. — Aposto que
— E o Ian ? — Alana tentou não demonstrar muito seu interesse na pergunta.— Ele corria com mais frequência antes, hoje nem tanto. Mas, também, não tem tanta graça de vencer sempre. — Lisandra disse rindo.— Ele é tão bom assim? — perguntou Cassandra duvidosa, e Alana voltou sua atenção para o loiro que já estava agarrado com uma loira que ela não pode ver o rosto por estar de costas. A única coisa que ela reparava com clareza era na mão grande de Ian na bunda da garota, que, parecia super à-vontade com aquilo, não se importando por estarem cercados de gente.— Nunca perdeu uma corrida. — Jhon, finalmente falou algo.Alana torceu os lábios para aquilo. Era tão irritante que até em fazer coisa errada – claro, porque era óbvio que aquelas corrid
Na última curva, Ian pegou vantagem. Novamente o oponente abrira demais, o suficiente para que Ian passasse com o carro derrapando perfeitamente por ele, assumindo a liderança novamente. Sorrio de lado. Fora fácil. Até sem graça, ele diria!Quando Ian chegou ao terraço a multidão gritava em empolgação, e quando finalmente parou de girar o carro em seu próprio eixo, meio que de lado, derrapando e deixando as marcas do pneu as pessoas aglomeraram-se em volta do seu carro.Desceu do carro e a gritaria eufórica atingiu seus ouvidos em cheio, odiava aquela parte, ainda que seus sorrisos amplos e mentirosos mostrassem o contrario. Foi cumprimentado por várias mãos, até que viu os amigos se aproximarem. David riu, quando o outro carro finalmente chegou. Ian havia pego grande vantagem na última curva.— Então, se
— Isso é porque você está com muito álcool dentro do corpo. — Ian lhe sorriu, dando uma breve secada, muito descaradamente, no corpo da Steawart que apertou mais o casaco dele contra o corpo. O rapaz riu, descendo do carro e apoiando se na janela, vendo a Steawart ainda sentada. — Espero que não esteja esperando que eu vá abrir a porta pra você. — um sorriso divertido dançou no canto dos lábios dele, enquanto Alana piscou aturdida, abrindo e fechando a boca diversas vezes sem conseguir de fato falar nada. Por fim, achou melhor apenas saltar do carro.Vincent que vinha descendo a escada com a ruiva de óculos, Karen, em seu encalço foi o primeiro a avistar Ian entrando.— Onde estava seu merda? — perguntou o Bennie, a voz indiferente de sempre, enquanto aproximava-se do amigo loiro, que entrou rindo. — Pensamos que haviam pegado voc