Alana observou, em silêncio, o rapaz cinzento ser surrado, enquanto o outro parecia divertir-se. Havia um brilho divertido, vingativo nos olhos daquele que batia, e Alana sentiu todo o corpo gelar com o sorrisinho macabro que havia no canto dos lábios dele. Era aterrorizador, como se ele estivesse deliciando-se com a sensação de causar dor naquele pobre rapaz que já parecia não ter mais forças nem para gemer em dor.
Ela deveria ir embora? Sim, deveria. Deveria enquanto ainda podia, enquanto não era descoberta, mas suas pernas não obedeciam. Parecia que havia congelado no lugar. Estava surpresa, estava em choque, e isso não ajudava a ter força, controle sob suas pernas. Sentia algo preso em sua garganta, talvez fosse o sapo que estava tendo que engolir para não gritar. Não era idiota para gritar! Seria o certo, claro, afinal, tinha que ajudar o rapaz que apanhava não? Seria o certo a se fazer. No entanto, ela sabia que sendo o mundo o que era
As pessoas que assistiam a corrida por seus celulares vibravam em expectativa; eles estavam para fazer a última curva.David acelerou, olhando brevemente para Ian no carro ao lado. O amigo não o fitava, estava novamente com aquela expressão lívida e serena de quando estava prestes a dar o golpe final. O Deeper balançou a cabeça negativamente, engatando a marcha e pisando fundo no acelerador. Correr com Ian era perda de tempo, ele sabia. Ainda sim, uma perda de tempo muito divertida, pois a adrenalina de uma corrida – mesmo que esta fosse perdida – era sempre boa para o ego; ainda mais um ego tão grande como o dele. Diferente dele que, embora fosse um grande corredor, quase não corria por não ver muito propósito para si naquilo e diferente de Vincent que só corria quando queria outro tipo de diversão que não sexo ou justamente para conseguir mais sexo; Ian t
Os homens tinham a mesma altura que Ian; talvez o loiro de cabelo longo, preso num rabo de cavalo com uma franja caindo em sua testa, e que por uns instante pareceu uma mulher a Alana, fosse um pouco mais alto. Era mais magro também. O outro era da estatura de Ian, seu cabelo era ruivo. Mas não um ruivo vivo como o de David, mas um ruivo levemente apagado, algo mais escuro e que lhe caia pouco a testa, curto.Alana observou, apreensiva Ian aproximar-se dos dois e dizer algo que pareceu muito irritado. Os dois homens sorriram para o loiro, o que só o irritou por que o Norton cerrou as mãos em punhos fechados, e mesmo de longe Alana pode ver a expressão de Ian tornar-se ainda mais dura, e ainda mais furiosa. E então aconteceu...O ruivo disse algo, algo que pelo mover de seus lábios tão suavemente deve ter saído baixo, mas que com certeza fora al
— Sem empregadas. — Ian torceu os lábios. — Sem frigobar...— Me sinto claustrofóbica nesse cubículo.— Lisandra! — Cassandra repreendeu. — Até você? — A Sheroman riu.— Mas é verdade, amiga! Eu não conseguiria viver uma hora aqui, não sei como vocês conseguem.— Bom, nem todos são podres de ricos como vocês. Nem todos podem morar em mansões, ter carros super potentes ou essas coisas. — disse Alana, voltando da cozinha com gelo enrolado num pano de prato.— Verdade. — os três membros da Trindade disseram juntos, orgulhosos; fazendo Lisandra rir enquanto as outras duas reviravam os olhos.Com exceção de David e Vincent, todos trocaram sorrisos levemente diver
Talvez fosse um pesadelo. Era o que ela desejava pelo menos. Um pesadelo; pois por pior que fosse, ela acordaria no final. Mas não era. E ainda que não quisesse crer, ela sabia disso.“Papai foi embora.” – as palavras da irmã caçula se repetiram em seu sua cabeça.“Como pode, pai?” – foi a resposta que a mente de Alana produziu, mas que não lhe escapou pelos lábios.Nenhuma palavra. Nenhuma lágrima. Ela não conseguia fazer nada que não fosse abraçar a irmã que chorava em seus braços, e sentir o calor de Ian em suas costas; ele a mantinha a pé, estava servindo de apoio a ela, assim como ela estava servindo de apoio a irmã.— O que vamos fazer? — a menina perguntou ainda com os olhos banhados por lágrimas gros
— Au. — Ian reclamou ao sentir o gelo pressionado em suas costelas com força. — Qual o problema de vocês? Não sabem ser delicadas não?Lisandra rolou os olhos para ele.— Cala a boca. — resmungou a Sheroman, os olhos fixos no corredor em que Alana havia desaparecido de seu campo de visão já a bons minutos com a irmã caçula. — O que será que estão conversando?— Quem se importa? — David deu de ombros. Lisandra, Cassandra e Ian o encararam. As garotas com olhos ferozes, e Ian apenas com os olhos estreitos. — O que foi? Ela não significa nada para mim mesmo, não somos próximos. — se justificou o Deeper.— E desde quando isso é motivo pra ser um insensível de merda? — Cassandra perguntou com raiva, ainda andando de um l
Caminhava com passos lentos, quase cautelosos pelo corredor. Os livros segurados com força contra o peito, os olhos baixos, fixos nos próprios pés, e o pensamento longe. Não acreditava que já era segunda; o final de semana havia passado tão rápido. Suspirou. Tão rápido e tão cheio de dúvidas e preocupações; idênticas as que dominavam seus pensamentos naquele momento.Não conseguia parar de pensar em toda aquela situação e em Eva. Como estaria a irmã naquele momento? Estaria bem com a senhora Loren? Estaria chorando como havia feito em praticamente todo o final de semana?Alana mordeu o lábio inferior com força, chegando quase a tirar um filete de sangue dali. O coração palpitava rápido, forte a cada instante em seu peito. Eram tantas as preocupa&c
Seus olhos observam o céu sem grande atenção, na verdade a atenção era quase nula. Estava aérea, sua mente estava. Estava completamente longe dali, estava mergulhada no próprio mar de preocupações e tristeza.— Então, quando você vai me contar o que está acontecendo? — a voz lhe era familiar, muito mesmo, mas Alana não reconheceu de fato o dono até olhar-lo. Sorriu fracamente.— Olá, Simon. — cumprimentou-o sem muita animação, mas com um sorriso amigável.O moreno abriu-lhe um sorriso branco, cheio de dentes, como sempre muito animado. Ele puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da Steawart que não fez menção de contestá-lo por mais que desejasse ficar só.— Como me encontrou aqui? — questionou ela
O refeitório como sempre estava cheio de estudantes, todos divididos em seus grupos, suas panelinhas de amigos, separados basicamente por suas classes sociais, do que por qualquer outra coisa, como gosto por exemplo.Naquele dia, porém, havia algo de diferente do costume. Lisandra. A garota sempre muito animada, sempre falante com todos e sobre tudo estava completamente quieta, sentada em uma cadeira com os braços cruzados sob a mesa e a cabeça pousando nos mesmos. Cassandra que ria das palhaçadas de Lion Trozen, observou a amiga sentada e suspirou. Deixou Lee entreter – ou seria irritar? – Nathan e foi ter com Lisandra, sentando-se ao seu lado.— Então, quando vai me contar o que aconteceu? — perguntou a rosada, olhando para a amiga com um sorriso. Lisandra suspirou, desviando os olhos da mesa da Trindade e focando-se em Cassandra.&mdas