— E o Ian ? — Alana tentou não demonstrar muito seu interesse na pergunta.
— Ele corria com mais frequência antes, hoje nem tanto. Mas, também, não tem tanta graça de vencer sempre. — Lisandra disse rindo.
— Ele é tão bom assim? — perguntou Cassandra duvidosa, e Alana voltou sua atenção para o loiro que já estava agarrado com uma loira que ela não pode ver o rosto por estar de costas. A única coisa que ela reparava com clareza era na mão grande de Ian na bunda da garota, que, parecia super à-vontade com aquilo, não se importando por estarem cercados de gente.
— Nunca perdeu uma corrida. — Jhon, finalmente falou algo.
Alana torceu os lábios para aquilo. Era tão irritante que até em fazer coisa errada – claro, porque era óbvio que aquelas corridas eram clandestinas – Ian conseguia ser perfeito. Aquilo a estava começando a tirar do sério.
Um rapaz de cabelos negros e lisos caindo para o lado em sua testa, e de traços tipicamente japoneses, que até então estava próximo de onde os membros da Trindade eram assediados pelos fãs, aproximou-se do grupo de Alana, cumprimentando a todos, inclusive ela e Cassandra – na qual ele deu uma bela secada – e parando pra fala animadamente com Lisandra e Jhon.
— Hoje promete. Ian vai correr. — disse com um sorriso, parecia mesmo que as corridas com Ian eram as mais emocionantes.
Lisandra vibrou com aquela notícia. Voltou para as duas amigas e disse com um enorme sorriso nos lábios: — Vocês vão adorar isso.
(...)
E lá estava ela, metida entre a multidão de curiosos que ansiava o início da corrida. Lisandra havia explicado a Alana como funcionária; até os dois primeiros andares poderiam acompanhar através dos celulares. Em cada andar haveria pessoas com celulares, filmando a corrida, e passando online para os outros celulares do local. Mas, Lisandra aconselhou que, depois que eles partissem para que elas pegassem o elevador e subissem para o terraço, onde era a linha de chegada.
— Bom, vamos ver se ele é tão bom assim. — Cassandra disse em tom de descrença, ao se aproximar novamente de Alana. A
Steawart riu. A amiga não tinha jeito, tinha de criticar aqueles burguesinhos, mesmo estando no território deles.
A Steawart voltou atenção para os dois carros na “pista”, um do lado do outro. As janelas do carro de Ian estavam abertas, ele, diferente de seu oponente, parecia relaxado, tranqüilo, Alana notou. Sim, ela o olhava. Muito diferente dele que sequer desconfiava da presença dela ali.
— O que você faz aqui?
Alana deu um pulo no lugar com a voz súbita que soou atrás de si. Ela se virou e lá estava Vincent Bennie, e então ela notou que não foi com ela que ele falou, mas sim com Cassandra que se virou de forma tranqüila pra ele, o olhou e respondeu com o mesmo tom frio com o qual ele fez a pergunta:
— O que te importa?
— Não importa. — Vincent respondeu prontamente. Ele esboçou um sorriso cínico, erguendo uma sobrancelha ao completar: — Só, não pensei que você frequentava esse tipo de lugar.
— E eu não freqüento. — a Swan deu as costas para ele, e Alana bem viu o Bennie estreitar os olhos. Cassandra era louca! — Fui ameaçada de morte se não viesse.
— Não deveria ter vindo então. — Cassandra ouviu a voz do Bennie soprada em seu ouvido, um tremor passou pelo corpo da rosada e quando ela se deu conta do peso das palavras dele, virou-se abruptamente para trás, para gritar com ele e dizer que não estavam na escola mais, no entanto, Vincent já não estava mais lá.
Cassandra voltou-se então para Alana, que ergueu e abaixou os ombros da mesma maneira que fez com as mãos.
— Ele é, definitivamente, o mais babaca dos três. — esbravejou a rosada com Cassandra, entornando a bebida desconhecida – mas com alto teor de álcool nos lábios.
— Ele mexe muito com você... — Alana disse com um sorriso de pura malicia. Cassandra revirou os olhos. — ... Acho que ele lhe desperta... certos sentimentos...
— O que?.. NÃO!... Quero dizer, é claro que ele desperta algo em mim. Raiva incondicional! — Cassandra foi firme, e Alana riu.
— Sei. — a Steawart fingiu acreditar, o que só deixou Cassandra mais brava e bufando, mas preferiram encerrar aquele assunto ali. A corrida iria começar.
David se postou à frente dos dois carros, no meio deles. O ruivo tinha uma garrafa de cerveja nas mãos, e ergueu uma sobrancelha para os dois corredores. Os corredores aceleraram, os som dos motores levando todos a euforia.
David levou a garrafa aos lábios, tomando um gole da cerveja, e então deixou que a garrafa escorrega-se de sua mão, caindo ao chão e partindo-se. Ele acompanhou-a cair, e então ergueu os olhos verde-água para cima.
— Já. — disse. Uma única palavra e ambos os carros arrancaram, passando por ele que permaneceu parado no lugar. Assim que largaram a multidão gritou em agitação, e então Alana sentiu-se ser puxada pela blusa.
— Rápido, vamos. — era Cassandra, puxando a Steawart em direção ao elevador. Quando aproximaram-se da grande caixa de metal, viram o Bennie e o Deeper dentro do mesmo com algumas garotas, não se importaram com isso, ainda havia espaço e estavam para entrar quando uma garota de cabelos ruivos, óculos, saia curta e blusa justa disse:
— Está cheio. — mentiu com um doce sorriso. Cassandra fechou a mão em punho, mas não foi necessário...
— Deixe-as entrar. — baixa e fria a voz de Vincent soou, e aturdida a ruiva deu espaço para que as duas garotas entrassem no elevador. O Bennie não as fitava, como se fosse bom demais para lançar-lhes um olhar, como se já tivesse feito demais permitindo que entrassem num elevador que estava longe de estar cheio.
— Subindo. — disse uma garota com empolgação, queria ver o término daquela corrida. E Alana também.
Para Ian aquilo não era uma simples corrida, era um escape. Sempre era, sempre seria assim. Era como se não existisse nada enquanto ele corria; sem passado, sem futuro, sem problemas. Só aquele momento. Ele e seu carro. Livres.
— Idiota. — desdenhou o Norton, quando o outro corredor a sua frente abriu de mais na primeira curva.
Ian acelerou ainda mais, alcançando rapidamente o carro adversário na curva, e então puxou o freio de mão virando o volante; o carro derrapou perfeitamente pela curva, passando a uma linha tênue do carro inimigo, e quando voltou a ficar reto na pista, Ian já tomara a frente.
— Iniciantes... — murmurou para si o Norton, acelerando mais fundo.
Segundo andar. Terceiro andar... Faltava pouco.
Era impressionante. A velocidade, a troca de marcha, tudo, absolutamente tudo era alucinante quando se dirigia daquela maneira. Era como um novo mundo, um mundo único e seu, dentro do carro. Como se não houvesse mais pessoas lá fora enquanto você estava atrás do volante. Pelo menos, era assim que Ian sentia-se.
Vendo que estava muito na frente, Ian puxou o freio de mão e virou o volante, de forma que a frente do seu carro ficasse de frente para a do oponente. Ian sorriu cínico ao ver o carro do adversário fazer a curva e vir acelerado em sua direção. E então, ele dirigiu. Dirigiu de ré, até a próxima curva, sempre olhando para o adversário com um sorriso prepotente e debochado nos lábios; até que puxasse novamente o freio de mão e girasse o volante, fazendo o carro voltar para frente e seguindo.
Mais duas curvas. A primeira passou rápido, com os carros derrapando em suas curvas, como se fossem bater na parede ou mesmo na traseira um do outro. Ian deixou que o adversário tomasse sua frente por um instante, e então suspirou.
— Chega de brincar. — disse ele, pisando fundo no acelerador. Não era sequer necessário apertar o botão vermelho próximo ao volante para usufruir de NOS.
Na última curva, Ian pegou vantagem. Novamente o oponente abrira demais, o suficiente para que Ian passasse com o carro derrapando perfeitamente por ele, assumindo a liderança novamente. Sorrio de lado. Fora fácil. Até sem graça, ele diria!Quando Ian chegou ao terraço a multidão gritava em empolgação, e quando finalmente parou de girar o carro em seu próprio eixo, meio que de lado, derrapando e deixando as marcas do pneu as pessoas aglomeraram-se em volta do seu carro.Desceu do carro e a gritaria eufórica atingiu seus ouvidos em cheio, odiava aquela parte, ainda que seus sorrisos amplos e mentirosos mostrassem o contrario. Foi cumprimentado por várias mãos, até que viu os amigos se aproximarem. David riu, quando o outro carro finalmente chegou. Ian havia pego grande vantagem na última curva.— Então, se
— Isso é porque você está com muito álcool dentro do corpo. — Ian lhe sorriu, dando uma breve secada, muito descaradamente, no corpo da Steawart que apertou mais o casaco dele contra o corpo. O rapaz riu, descendo do carro e apoiando se na janela, vendo a Steawart ainda sentada. — Espero que não esteja esperando que eu vá abrir a porta pra você. — um sorriso divertido dançou no canto dos lábios dele, enquanto Alana piscou aturdida, abrindo e fechando a boca diversas vezes sem conseguir de fato falar nada. Por fim, achou melhor apenas saltar do carro.Vincent que vinha descendo a escada com a ruiva de óculos, Karen, em seu encalço foi o primeiro a avistar Ian entrando.— Onde estava seu merda? — perguntou o Bennie, a voz indiferente de sempre, enquanto aproximava-se do amigo loiro, que entrou rindo. — Pensamos que haviam pegado voc
Idiota. Era isso que pensava sobre si mesma. Desde quando se sentia atraída por loiros prepotentes, frios e imbecis? Aquilo era estupidez, ela sabia. Uma estupidez inevitável.Uma semana havia se passado desde o beijo com Ian, e às vezes, de maneira distraída, Alana ainda se pegava passando os dedos nos lábios, como que ainda sentindo o toque, o gosto dos lábios de Ian nos seus. Sentindo o mover de seus lábios um sob o outro, o gosto viciante do hálito dele, o mesclar de suas línguas; sentindo as mãos dele em sua cintura, firmes, fortes, colando-a contra o corpo másculo que ele possuía. O corpo estremeceu só de pensar novamente em tudo aquilo. Suspirou. Idiota, sua consciência gritou novamente. É, era uma grande idiota por ficar pensando no beijo. Pensando nele.Ian sequer a olhou durante toda a semana
Cassandra nada disse, apenas entortou os lábios num bico meio descrente para as palavras da amiga. Podia ser verdade, podia não ser. Talvez, Alana estivesse mais interessada naquele loiro problema do que se permitiria admitir.O sinal soou.— Melhor irmos ou perdemos a primeira aula. — disse Cassandra, Alana assentiu e ambas caminharam para fora do banheiro. — Minha primeira aula é de Artes. Deus, eu odeio artes...— Cassandra. — chamou Alana, interrompendo novamente a amiga, mas dessa vez tinha um sorriso no rosto. — Obrigada por me ouvir. Nunca achei que encontraria uma amiga tão boa, meio louca e temperamental, mas boa como você.Cassandra abriu um largo sorriso. A verdade é que, mesmo não se conhecendo a uma vida toda, era assim que ambas se sentiam em relação à o
Dentro da sala, Ian ainda encostado a porta com os olhos brilhando em plena fúria, encarava o reflexo de si mesmo, porém mais velho, sentado na cadeira atrás da mesma. O reflexo o encarava com a mesma seriedade e frieza com a qual estava habituado, não apenas a ser olhado por ele, como também a olhar para os outros. O homem sentado na cadeira usava um terno Armani, os olhos eram azuis como o do rapaz encostado a porta de semblante furioso, os cabelos tão dourados e brilhantes quanto. O homem sentado, olhando para o filho de maneira indiferente, parecia de fato um Ian dali a alguns anos; um Ian mais velho.— Você não fez isso. — disse o loiro mais novo muito sério, marchando até a mesa do pai, que o fitava como que não sabendo do que o filho falava.— Primeiro, olá para você também filho, cheguei bem da viagem, muito obrigado por perguntar. &md
E lá estava ela, limpando mesa por mesa e mexendo a cabeça ao som da melodia agitada que tocava na rádio. Era sempre assim, todos os dias, de segunda á sexta, depois da aula era ali que Cassandra passava o resto do dia até o anoitecer. Não que estivesse reclamando, afinal era dali que saia o dinheiro para pagar a metade do aluguel que dividia com Alana e um pouco menos da metade da mensalidade da BHS; mas também não era como um sonho realizado. Ficar servindo todo o tipo de gente, recebendo cantadas quase o tempo todo e no final do dia ir para casa cheirando a fritura não era exatamente o que se consideraria o emprego dos sonhos.— Cassandra, mesa quatro. — disse Caim, filho do dono da lanchonete, assistente de cozinha, colocando uma porção de batata fritas em cima do balcão.Cassandra sorriu, aproximando-se do balcão e pi
Assim que a limusine foi estacionada, respirou fundo. Como odiava aqueles eventos chatos! A única vantagem de fato eram as bebidas e mulheres. Sorrio de lado, descendo do carro quando o motorista abriu a porta e imediatamente sentiu os flashes das câmeras em seu rosto. Suspirou, era sempre assim. Afinal, diferente de seu pai que era a imagem da empresa, mal aparecia em revistas; preferia se manter mais reservado, isso lhe dava mais oportunidades para fazer tudo o que devia e não devia. Coisa que não aconteceria com tanta facilidade se deixasse a mídia invadir sempre sua vida. Mas ali estava o preço a se pagar. Sempre que aparecia em algum evento, do qual era obrigado sem chances para fuga a comparecer, era atacado pelos fotógrafos como se fosse um pedaço de carne e eles urubus. Urubus pairando sob a deliciosa e, nesse caso, milionária carniça.— Sorria. — instigou Frederick ao
— Aquilo foi um erro. — disse ela. — Um terrível erro que nunca, jamais, em nenhuma circunstância vai voltar a acontecer!— Aposto que até o final da noite você cede. — desafiou Ian.— Como é? — Alana não acreditava no que aquele loiro, arrogante, prepotente acabara de falar. Era absurdo.— Aposto que até o final da noite você cede. — Ian tornou a repetir de maneira muito simples, como se aquilo fosse coisa óbvia, natural. Novamente, Alana sentiu uma raiva descontrolada crescer dentro de si por aquele garoto, mas dessa vez a vontade de beijá-lo era mínima diante da que tinha de socá-lo.— Eu não vou não. — Alana foi firme, encarando-o com a mesma intensidade com a qual ele a encarava agora. Os olhares faiscavam um sob o outro, como se a qualq