POV: Bella
Uma sensação estranha tomou conta de mim ao sentir os calos da pele áspera de Léo sobre a minha ao colocar o anel de ouro. Porém, o que mais me perturbava eram os numerosos machucados frescos que marcavam sua pele, embora ele não parecesse sentir qualquer dor. "O noivo pode beijar a noiva", ressoaram as palavras do padre ao redor, provocando um calafrio em meu estômago, misturando repulsa com nervosismo. Meus olhos ainda estavam presos à mão de Léo, ciente de quão próximos estávamos. Engoli em seco, percebendo o que aquilo significava. Meus pés involuntariamente deram dois passos para trás, enquanto eu erguia meu olhar para o homem diante de mim, cujas íris nubladas e frias me encaravam. Antes que eu pudesse recuar mais, a mão firme de Léo envolveu minha cintura. Um passo foi o suficiente para que ele estivesse ainda mais próximo que antes. Vagarosamente, os olhos dele deslizaram até os meus lábios, enquanto a minha respiração se desregulava a cada milésimo de segundo que ele apenas observava as linhas, sem transparecer qualquer reação. "Eu pensei que fosse ser mais rápido. Sente prazer ao saber que está traindo seu próprio irmão?" Eu o provoquei, em um tom baixo, um tanto quanto falho, mas ainda mantendo minha postura. Léo ergueu os dedos livres até a lateral do meu pescoço, vagarosamente, só então voltando aos meus olhos, cansado de analisar minha boca, sorrindo sorrateiramente e rápido. Seu polegar pressionou minha pele, exatamente onde meus batimentos cardíacos eram audíveis e entregavam que ele era capaz de me desestabilizar. "Você parece tão petulante, senhorita." Ele aproxima um pouco mais o seu rosto do meu. Seus dedos foram pressionados mais em meu pescoço, enquanto eu sentia a sua respiração quente em minhas bochechas. "Mas não passa de uma covarde em minha presença e é exatamente nisso que está meu prazer." Léo sussurrou contra a minha boca. Antes que eu pudesse contra-argumentar, seus lábios se curvaram em um sorriso curto e debochado, para logo em seguida, impacientemente e sem gentileza, ele encurtar totalmente a nossa distância até que sua boca tocou a minha. Diferente do seu olhar, não havia frieza naquele toque, era apenas a maciez de sua pele sendo pressionada levemente sobre a minha. O beijo dele era bom. Foram segundos o suficiente para que as sensações em meu estômago se dissipassem, e eu esquecesse tudo a minha volta. Era como se eu estivesse ali com o homem que sempre sonhei. Eu quase pude esquecer minha realidade por segundos, se os convidados não estivessem batendo palmas e ele não me afastasse com brutalidade e de uma vez, me lembrando da minha sentença, me lembrando do quanto eu odiava o homem em minha frente. Seus olhos ainda estavam nos meus quando eu levei a palma da mão até minha boca, limpando a sensação de seus lábios da minha pele. "Eu sinto apenas nojo por você." Eu finalmente consegui responder. - X - Quando as grades de ferro se abriram e o motorista dirigiu até a garagem, meus ouvidos ainda podiam sentir os chiados do som alto da festa que me incomodaram por horas, assim como o cheiro de whisky. "Suba as escadas, seu quarto é o primeiro à direita e depois à esquerda." O homem grisalho e um tanto quanto rechonchudo me instruiu quando meus pés ousaram sair daquele carro, e as dezenas de luzes e seguranças em volta da mansão chamaram minha atenção. "Onde Léo está?" Ousei perguntar, sabendo que ele não havia seguido o mesmo caminho que eu. "Não lhe importa, senhorita." Ele franziu as sobrancelhas em desaprovação. "Apenas fique ciente de que não deve contrariá-lo, se quiser sobreviver nesta casa." Ele concluiu com um tom seco, e um sorriso curto e involuntário se formou em meus lábios. "Não deve se preocupar comigo, afinal, a única pessoa que está fugindo como um covarde não sou eu", respondi, aproximando-me. "Deve saber que não temo a morte, muito menos temo meu marido", concluí, erguendo a saia rodada do vestido enquanto passava por seu corpo, até chegar à transição entre a sala de estar e a de jantar, decoradas em cores preto, marrom e branco. Não dei muita atenção ao ambiente; aquela roupa me incomodava, assim como a sensação de que tudo ao meu redor refletia um pouco da personalidade sombria de Léo. Subi as escadas, próxima da parede da sala de estar, e em poucos minutos, alcancei meu quarto. Era espaçoso e mantinha a mesma paleta de cores. O vitral de vidro, de frente para a porta, também servia como acesso à sacada, deixando a luz da lua entrar e iluminar a cama posicionada no centro, assim como as duas poltronas pretas dispostas ao lado da passagem. Deslizei pelo tapete até a porta lateral da cama e a abri, acendendo as luzes. O closet, abarrotado de roupas adquiridas por algum capanga de Léo, não era tão desagradável, porém, mesmo com o pijama leve, adequado ao verão, e a cama confortável, minha mente se recusava a descansar. Depois de rolar inúmeras vezes no colchão, a única coisa que consegui foi notar o brilho do anel de ouro em meu dedo, que me lembrava do que havíamos feito algumas horas antes. A urgência de ver Anton se materializava em meu peito, enquanto percebia que estava presa naquela casa. Léo não tinha o direito de me afastar dele, independentemente do que pensasse sobre mim. Estava na hora de fazer algo.POV: Bella Estou de volta ao corredor, onde as luzes suaves e o silêncio inquietante permaneciam, exatamente como quando cheguei. Perfeito, ainda estou sozinha. Nas pontas dos pés e sem perder tempo, desço rapidamente para o térreo, ciente de que talvez Anton estivesse em alguma sala perto do porão, conforme aquele homem havia ordenado que fizessem comigo naquele falso hospital. Atravesso a ampla sala de jantar, após vasculhar alguns cômodos nada interessantes, chegando a um corredor estreito. Eu observo as luzes destacarem alguns quadros na parede e não posso conter os meus passos quando percebo aa porta preta logo à frente. Passeio o dedo pelas inúmeras imagens antes de me aproximar da porta, sentindo a maçaneta fria entre meus dedos. Aperto-a de uma vez e o ranger do metal, indicando que a fechadura estava trancada, ecoa pelo ambiente, arrepiando meus pelos claros. Instintivamente, forço-a mais algumas vezes, como se isso resolvesse algo, mas tudo o que me resta é a frust
POV: BellaEu fechei as portas da cafeteira com dificuldade; era difícil fazer isso sem a ajuda de Mason, meu melhor amigo."Nunca pensei que te veria faltar dois dias seguidos. Aconteceu alguma coisa? Me responda assim que puder, estou preocupada", digitei rapidamente a quarta mensagem seguida, já que ele parecia empenhado em me ignorar desde que sua boca se aproximou demais da minha. Desde que ele disse que eu era mais especial do que deveria, quando eu tomei coragem para lhe contar que estava namorando.Coloquei o celular no bolso, assim como o avental, tentando não pensar sobre isso. Mason me responderia assim que pudesse.Em questão de segundos, minha bolsa estava em meu ombro e meus pés andaram no automático, até ter a visão impressionante do Audi mais caro do mercado estacionado em frente ao estabelecimento.Anton já estava ali, como em todas as tardes. Minha mente vagou o suficiente para não perceber que meu namorado estava ao telefone até eu estar a poucos centímetros da jane
POV: BellaMeus olhos se abriram e tudo o que vi foram as paredes brancas do quarto. A luz suave preenchia o ambiente, que parecia calmo e sereno, apesar de eu não me sentir assim.Eu levantei um pouco e senti minha cabeça doer, deixando um grunhido escapar dos meus lábios, só então percebendo alguns fios pelo meu corpo."Não se mexa, senhorita", uma voz firme ressoou no quarto. Ele examinou meus olhos com uma lanterna, enquanto o bip dos meus batimentos ecoava na minha cabeça como uma tortura."O que aconteceu?", perguntei em voz baixa, levando a mão livre à testa quando ele se afastou. Percebi um curativo cobrindo um machucado."Você e seu namorado sofreram um acidente", ele respondeu, com um sotaque diferente, embora eu não tivesse forças para me preocupar com isso. Eu havia sofrido um acidente junto com Anton.Naquele momento, nada fazia sentido. Apesar da dor, esforçava-me para recordar. A única coisa que me veio à mente foi a lembrança de meu namorado no banco do motorista enqua
POV: Bella "Me solte! Você está me machucando!", eu disse, engolindo em seco, enquanto seus olhos não saíam dos meus. Sem que eu esperasse, um outro sorriso debochado apareceu em seus lábios; entretanto, o resto de suas feições estava extremamente frio. "Não tanto quanto você machucou meu irmão, isso eu posso garantir, senhorita", ele respondeu em um quase sussurro, antes de finalmente me libertar. A dor de seus dedos ainda latejava enquanto ele se afastava, pegando o copo de sua bebida novamente. "O que aconteceu com Anton?" perguntei imediatamente, afoita, sentindo meu coração acelerar a cada segundo, junto com meus membros mais tensos e desesperados. "Esqueça esse nome. Aqui, você deve chamá-lo de Vincent", disse ele com rudeza, antes de andar até a janela e analisá-la, tocando mais uma vez o copo antes de despejar o restante do líquido em sua garganta em um só gole. "E já que parece tão interessada...", ele parou de falar e bateu o copo na bancada com força, girando os pés par
POV: Leo Eu apreciava o corpo do jovem desmaiado e aprisionado no meu porão. Os cortes no seu rosto indicavam que meus homens tentaram alimentá-lo de manhã e ele recusou. Era fascinante como o aroma do sangue escorrendo, somado à agressividade das folhas de tabaco do cigarro que eu fumava, me acalmava. "Lupo, acredito que não seja preciso salientar o quão insano tudo isso parece." A voz de Mikey, meu consigliere, ecoou ali no porão, enquanto seus passos tranquilos se aproximavam. Ouço o ruído dos pertences do prisioneiro sendo colocados sobre a antiga mesa, enquanto meus olhos continuam a analisá-lo, lembrando-me de que deveria decidir rapidamente o que fazer com ele. "Talvez ainda dê tempo de desistir." Mikey completou, como se não me conhecesse há anos. Soltei a fumaça e senti a nicotina me embriagar, antes de finalmente virar o rosto para encarar o velho do qual eu tinha certo apreço. "Eu nunca desisto, sabe disso." "Lupo, o que Vincent fez no passado... Você está col