Capítulo 5: O beijo proibido

POV: Bella

Uma sensação estranha tomou conta de mim ao sentir os calos da pele áspera de Léo sobre a minha ao colocar o anel de ouro. Porém, o que mais me perturbava eram os numerosos machucados frescos que marcavam sua pele, embora ele não parecesse sentir qualquer dor.

"O noivo pode beijar a noiva", ressoaram as palavras do padre ao redor, provocando um calafrio em meu estômago, misturando repulsa com nervosismo.

Meus olhos ainda estavam presos à mão de Léo, ciente de quão próximos estávamos. Engoli em seco, percebendo o que aquilo significava.

Meus pés involuntariamente deram dois passos para trás, enquanto eu erguia meu olhar para o homem diante de mim, cujas íris nubladas e frias me encaravam.

Antes que eu pudesse recuar mais, a mão firme de Léo envolveu minha cintura. Um passo foi o suficiente para que ele estivesse ainda mais próximo que antes.

Vagarosamente, os olhos dele deslizaram até os meus lábios, enquanto a minha respiração se desregulava a cada milésimo de segundo que ele apenas observava as linhas, sem transparecer qualquer reação.

"Eu pensei que fosse ser mais rápido. Sente prazer ao saber que está traindo seu próprio irmão?" Eu o provoquei, em um tom baixo, um tanto quanto falho, mas ainda mantendo minha postura.

Léo ergueu os dedos livres até a lateral do meu pescoço, vagarosamente, só então voltando aos meus olhos, cansado de analisar minha boca, sorrindo sorrateiramente e rápido.

Seu polegar pressionou minha pele, exatamente onde meus batimentos cardíacos eram audíveis e entregavam que ele era capaz de me desestabilizar.

"Você parece tão petulante, senhorita." Ele aproxima um pouco mais o seu rosto do meu. Seus dedos foram pressionados mais em meu pescoço, enquanto eu sentia a sua respiração quente em minhas bochechas. "Mas não passa de uma covarde em minha presença e é exatamente nisso que está meu prazer." Léo sussurrou contra a minha boca.

Antes que eu pudesse contra-argumentar, seus lábios se curvaram em um sorriso curto e debochado, para logo em seguida, impacientemente e sem gentileza, ele encurtar totalmente a nossa distância até que sua boca tocou a minha.

Diferente do seu olhar, não havia frieza naquele toque, era apenas a maciez de sua pele sendo pressionada levemente sobre a minha. O beijo dele era bom.

Foram segundos o suficiente para que as sensações em meu estômago se dissipassem, e eu esquecesse tudo a minha volta. Era como se eu estivesse ali com o homem que sempre sonhei.

Eu quase pude esquecer minha realidade por segundos, se os convidados não estivessem batendo palmas e ele não me afastasse com brutalidade e de uma vez, me lembrando da minha sentença, me lembrando do quanto eu odiava o homem em minha frente.

Seus olhos ainda estavam nos meus quando eu levei a palma da mão até minha boca, limpando a sensação de seus lábios da minha pele.

"Eu sinto apenas nojo por você." Eu finalmente consegui responder.

- X -

Quando as grades de ferro se abriram e o motorista dirigiu até a garagem, meus ouvidos ainda podiam sentir os chiados do som alto da festa que me incomodaram por horas, assim como o cheiro de whisky.

"Suba as escadas, seu quarto é o primeiro à direita e depois à esquerda." O homem grisalho e um tanto quanto rechonchudo me instruiu quando meus pés ousaram sair daquele carro, e as dezenas de luzes e seguranças em volta da mansão chamaram minha atenção.

"Onde Léo está?" Ousei perguntar, sabendo que ele não havia seguido o mesmo caminho que eu.

"Não lhe importa, senhorita." Ele franziu as sobrancelhas em desaprovação. "Apenas fique ciente de que não deve contrariá-lo, se quiser sobreviver nesta casa." Ele concluiu com um tom seco, e um sorriso curto e involuntário se formou em meus lábios.

"Não deve se preocupar comigo, afinal, a única pessoa que está fugindo como um covarde não sou eu", respondi, aproximando-me. "Deve saber que não temo a morte, muito menos temo meu marido", concluí, erguendo a saia rodada do vestido enquanto passava por seu corpo, até chegar à transição entre a sala de estar e a de jantar, decoradas em cores preto, marrom e branco.

Não dei muita atenção ao ambiente; aquela roupa me incomodava, assim como a sensação de que tudo ao meu redor refletia um pouco da personalidade sombria de Léo. Subi as escadas, próxima da parede da sala de estar, e em poucos minutos, alcancei meu quarto.

Era espaçoso e mantinha a mesma paleta de cores. O vitral de vidro, de frente para a porta, também servia como acesso à sacada, deixando a luz da lua entrar e iluminar a cama posicionada no centro, assim como as duas poltronas pretas dispostas ao lado da passagem. Deslizei pelo tapete até a porta lateral da cama e a abri, acendendo as luzes.

O closet, abarrotado de roupas adquiridas por algum capanga de Léo, não era tão desagradável, porém, mesmo com o pijama leve, adequado ao verão, e a cama confortável, minha mente se recusava a descansar. Depois de rolar inúmeras vezes no colchão, a única coisa que consegui foi notar o brilho do anel de ouro em meu dedo, que me lembrava do que havíamos feito algumas horas antes.

A urgência de ver Anton se materializava em meu peito, enquanto percebia que estava presa naquela casa. Léo não tinha o direito de me afastar dele, independentemente do que pensasse sobre mim. Estava na hora de fazer algo.

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