POV: Bella
Eu fechei as portas da cafeteira com dificuldade; era difícil fazer isso sem a ajuda de Mason, meu melhor amigo. "Nunca pensei que te veria faltar dois dias seguidos. Aconteceu alguma coisa? Me responda assim que puder, estou preocupada", digitei rapidamente a quarta mensagem seguida, já que ele parecia empenhado em me ignorar desde que sua boca se aproximou demais da minha. Desde que ele disse que eu era mais especial do que deveria, quando eu tomei coragem para lhe contar que estava namorando. Coloquei o celular no bolso, assim como o avental, tentando não pensar sobre isso. Mason me responderia assim que pudesse. Em questão de segundos, minha bolsa estava em meu ombro e meus pés andaram no automático, até ter a visão impressionante do Audi mais caro do mercado estacionado em frente ao estabelecimento. Anton já estava ali, como em todas as tardes. Minha mente vagou o suficiente para não perceber que meu namorado estava ao telefone até eu estar a poucos centímetros da janela ligeiramente aberta. "Eu me pergunto se algum dia você vai crescer, Vincent, e parar de me fazer perder tempo com você." Ouvi uma voz grave vinda do aparelho. "Não me chame mais assim, porra! A famiglia pertence a você. Esqueça que um dia eu tive o sobrenome De Luca, esqueça que um dia eu tive esse nome, Leo!" Ele falou alto o bastante para que meu corpo saísse do transe, e eu pressionasse ainda mais meus dedos contra a lataria do carro onde me apoiava. Minha bolsa escorregou do meu ombro. Anton fazia parte da máfia. Anton estava mentindo para mim esse tempo todo, e eu não fazia ideia de quem ele era. Eu queria sair dali, mas não conseguia; meus pés pareciam grudados no chão. Em questão de segundos, ele estava diante de mim. Meus olhos o encararam como se agora ele fosse um completo estranho. "Bella, não é nada do que você está pensando." Ouvi as palavras, embora não conseguisse raciociná-las. "Você..." Respondi fraco, minha visão desfocada, enquanto recuava, fazendo meus pés se afastarem dele. Os olhos castanhos de Anton transformaram-se em nuvens escuras, quase como chamas. Ele tentou se aproximar, enquanto tudo o que eu fiz foi me afastar mais. "Você é um criminoso?" Perguntei, enfim conseguindo focar em seus olhos. "Você está enlouquecendo!" A raiva era latente em sua voz quando ele deu mais alguns passos e eu me afastei mais, antes de me distrair por segundos de seus olhos, sentindo pontadas no peito. As mãos dele conseguiram alcançar meu corpo e ele enlaçou os dedos em volta do meu antebraço. "Me solta, eu quero ir para casa!" Disse, tentando me desviar de seu toque, mas foi em vão. Ele apertou mais meu braço, sua expressão alternando entre raiva e desespero. "Entra no carro, Bella! Você não entende a situação, tudo o que eu fiz foi por nós dois." "Eu não vou entrar no carro. Me deixe ir..." Minha voz vacilou, mas tentei manter a firmeza. "Você me forçou a fazer isso sendo tão sensível! Você precisa de mim, nenhum homem vai ser melhor do que eu para você... Você não vai sair de perto de mim, Bella." Ele disse, e logo Anton soltou um dos meus braços, me arrastando bruscamente para o lado, ao perceber que a rua estava vazia. Ele aproveitou a porta livre e a abriu, ignorando meus protestos e gritos. Num impulso, eu mordi seu braço, arrancando um gemido de dor, enquanto lutava desesperadamente para me soltar, o medo se espalhando por todo o meu corpo. Era uma parte dele que eu jamais presenciara. Contudo, só conseguia perceber sua fúria crescente. Ele avançou sobre mim, lançando-me ao banco traseiro como se eu fosse insignificante, fechando a porta enquanto eu socava o vidro, mesmo sentindo a dor onde seus dedos tocaram, apesar de suas carícias terem sido sempre gentis. O que estava acontecendo com Anton? "O que você está fazendo?! Não pode me prender a você!" Eu gritei, as lágrimas rolando pelo meu rosto quando ouvi o carro dando partida o mais rápido possível. Anton me olhou de forma fria por segundos pelo retrovisor, antes de seus olhos se tornarem fixos no velocímetro, enquanto o carro acelerava cada vez mais. "Não gaste sua saliva, seu destino é meu." Puxei o cinto de segurança com força, buscando um mínimo de proteção. "Quem é você, Anton? Por que está fazendo isso?", perguntei, minha voz tremendo. "Eu sou o homem que tinha tudo, Bella. Fazia parte de uma das mais poderosas famílias da máfia. Mas tudo mudou quando te conheci. Abandonei a minha vida para estar junto com você. Por isso, precisamos ficar juntos. Você e eu, contra o mundo. E se isso significa tomar medidas extremas para manter esse amor, assim seja." Ele afirmou, sua voz se tornando cada vez mais fria, distante e calma. Eu tentei abrir a porta freneticamente, mas, para meu desespero, ela estava trancada. Um lampejo de pavor me fez lembrar do celular no bolso, e, com mãos trêmulas, alcancei-o. Com dificuldade, consegui digitar alguns números na tela, enquanto sentia meu coração acelerar. O aparelho parecia pesado, principalmente quando senti o olhar de Anton, embriagado pelo ódio, me encarar pelo retrovisor, sem se importar com a estrada. "Filha da puta." Ele largou o volante com uma mão e tentou tomar o aparelho de mim. Desesperadamente, eu recuei o celular, segurando-o com firmeza para não cair no chão do carro. Nossas mãos se chocaram, e o celular quase escapou do meu alcance, sendo motivo suficiente para Anton não desistir. O carro começou a ziguezaguear pela estrada, sem controle, até que ele conseguiu. Anton tomou o celular de mim, mas era tarde demais para nós dois. Um ruído ensurdecedor ecoou no ar. O som de pneus derrapando sobre a rua e o metal se torcendo. Meus olhos se fecharam quando tive a certeza de que esse era o meu fim. O impacto fez com que meu corpo se inclinasse agressivamente contra o banco do motorista, onde Anton deveria estar. Minha cabeça doeu por segundos antes que tudo se tornasse escuridão.POV: BellaMeus olhos se abriram e tudo o que vi foram as paredes brancas do quarto. A luz suave preenchia o ambiente, que parecia calmo e sereno, apesar de eu não me sentir assim.Eu levantei um pouco e senti minha cabeça doer, deixando um grunhido escapar dos meus lábios, só então percebendo alguns fios pelo meu corpo."Não se mexa, senhorita", uma voz firme ressoou no quarto. Ele examinou meus olhos com uma lanterna, enquanto o bip dos meus batimentos ecoava na minha cabeça como uma tortura."O que aconteceu?", perguntei em voz baixa, levando a mão livre à testa quando ele se afastou. Percebi um curativo cobrindo um machucado."Você e seu namorado sofreram um acidente", ele respondeu, com um sotaque diferente, embora eu não tivesse forças para me preocupar com isso. Eu havia sofrido um acidente junto com Anton.Naquele momento, nada fazia sentido. Apesar da dor, esforçava-me para recordar. A única coisa que me veio à mente foi a lembrança de meu namorado no banco do motorista enqua
POV: Bella "Me solte! Você está me machucando!", eu disse, engolindo em seco, enquanto seus olhos não saíam dos meus. Sem que eu esperasse, um outro sorriso debochado apareceu em seus lábios; entretanto, o resto de suas feições estava extremamente frio. "Não tanto quanto você machucou meu irmão, isso eu posso garantir, senhorita", ele respondeu em um quase sussurro, antes de finalmente me libertar. A dor de seus dedos ainda latejava enquanto ele se afastava, pegando o copo de sua bebida novamente. "O que aconteceu com Anton?" perguntei imediatamente, afoita, sentindo meu coração acelerar a cada segundo, junto com meus membros mais tensos e desesperados. "Esqueça esse nome. Aqui, você deve chamá-lo de Vincent", disse ele com rudeza, antes de andar até a janela e analisá-la, tocando mais uma vez o copo antes de despejar o restante do líquido em sua garganta em um só gole. "E já que parece tão interessada...", ele parou de falar e bateu o copo na bancada com força, girando os pés par
POV: Leo Eu apreciava o corpo do jovem desmaiado e aprisionado no meu porão. Os cortes no seu rosto indicavam que meus homens tentaram alimentá-lo de manhã e ele recusou. Era fascinante como o aroma do sangue escorrendo, somado à agressividade das folhas de tabaco do cigarro que eu fumava, me acalmava. "Lupo, acredito que não seja preciso salientar o quão insano tudo isso parece." A voz de Mikey, meu consigliere, ecoou ali no porão, enquanto seus passos tranquilos se aproximavam. Ouço o ruído dos pertences do prisioneiro sendo colocados sobre a antiga mesa, enquanto meus olhos continuam a analisá-lo, lembrando-me de que deveria decidir rapidamente o que fazer com ele. "Talvez ainda dê tempo de desistir." Mikey completou, como se não me conhecesse há anos. Soltei a fumaça e senti a nicotina me embriagar, antes de finalmente virar o rosto para encarar o velho do qual eu tinha certo apreço. "Eu nunca desisto, sabe disso." "Lupo, o que Vincent fez no passado... Você está col
POV: BellaUma sensação estranha tomou conta de mim ao sentir os calos da pele áspera de Léo sobre a minha ao colocar o anel de ouro. Porém, o que mais me perturbava eram os numerosos machucados frescos que marcavam sua pele, embora ele não parecesse sentir qualquer dor."O noivo pode beijar a noiva", ressoaram as palavras do padre ao redor, provocando um calafrio em meu estômago, misturando repulsa com nervosismo.Meus olhos ainda estavam presos à mão de Léo, ciente de quão próximos estávamos. Engoli em seco, percebendo o que aquilo significava.Meus pés involuntariamente deram dois passos para trás, enquanto eu erguia meu olhar para o homem diante de mim, cujas íris nubladas e frias me encaravam.Antes que eu pudesse recuar mais, a mão firme de Léo envolveu minha cintura. Um passo foi o suficiente para que ele estivesse ainda mais próximo que antes.Vagarosamente, os olhos dele deslizaram até os meus lábios, enquanto a minha respiração se desregulava a cada milésimo de segundo que e
POV: Bella Estou de volta ao corredor, onde as luzes suaves e o silêncio inquietante permaneciam, exatamente como quando cheguei. Perfeito, ainda estou sozinha. Nas pontas dos pés e sem perder tempo, desço rapidamente para o térreo, ciente de que talvez Anton estivesse em alguma sala perto do porão, conforme aquele homem havia ordenado que fizessem comigo naquele falso hospital. Atravesso a ampla sala de jantar, após vasculhar alguns cômodos nada interessantes, chegando a um corredor estreito. Eu observo as luzes destacarem alguns quadros na parede e não posso conter os meus passos quando percebo aa porta preta logo à frente. Passeio o dedo pelas inúmeras imagens antes de me aproximar da porta, sentindo a maçaneta fria entre meus dedos. Aperto-a de uma vez e o ranger do metal, indicando que a fechadura estava trancada, ecoa pelo ambiente, arrepiando meus pelos claros. Instintivamente, forço-a mais algumas vezes, como se isso resolvesse algo, mas tudo o que me resta é a frust