Capítulo 3: Entre a dor e a escolha

POV: Bella

"Me solte! Você está me machucando!", eu disse, engolindo em seco, enquanto seus olhos não saíam dos meus. Sem que eu esperasse, um outro sorriso debochado apareceu em seus lábios; entretanto, o resto de suas feições estava extremamente frio.

"Não tanto quanto você machucou meu irmão, isso eu posso garantir, senhorita", ele respondeu em um quase sussurro, antes de finalmente me libertar. A dor de seus dedos ainda latejava enquanto ele se afastava, pegando o copo de sua bebida novamente.

"O que aconteceu com Anton?" perguntei imediatamente, afoita, sentindo meu coração acelerar a cada segundo, junto com meus membros mais tensos e desesperados.

"Esqueça esse nome. Aqui, você deve chamá-lo de Vincent", disse ele com rudeza, antes de andar até a janela e analisá-la, tocando mais uma vez o copo antes de despejar o restante do líquido em sua garganta em um só gole. "E já que parece tão interessada...", ele parou de falar e bateu o copo na bancada com força, girando os pés para me encarar. "Seu namorado está em coma. Meus homens não sabem quando ele poderá acordar."

"Não...", sussurrei, sentindo meus olhos embaçarem, incapazes de piscar, a dor na cabeça ficando em segundo plano.

"O que aconteceu naquela tarde?", ele perguntou arrogantemente.

Eu não conseguia prestar atenção; meu corpo estava paralisado. Uma lágrima solitária deslizou silenciosamente pelo meu rosto enquanto eu encarava o vazio, tornando suas palavras mais reais. Não era um pesadelo; Anton estava desacordado, e uma parte dessa situação talvez fosse culpa minha.

Leo continuava a repetir a mesma pergunta, enquanto eu só conseguia me odiar por não conseguir lembrar. Meu peito doía incessantemente e, de repente, meus lábios sentiam inúmeros rastros salgados deslizarem.

"Eu não sei... Eu não sei...", respondi fraco entre as lágrimas e a dor, mesmo que eu não desejasse parecer tão vulnerável diante daquele homem.

Eu não sei por quanto tempo tentei secá-las enquanto ele analisava se eu estava mentindo e meu coração se dilacerava.

"Isso é uma perda de tempo", ele murmurou para si mesmo, talvez concluindo que eu não estava mentindo. Com alguns passos, Leo aproximou-se e jogou alguns papéis sobre mim. "Assine os documentos e encerre isso logo", ele ordenou.

Eu devia gritar, discutir, chamá-lo de sem coração, mas, enquanto as lágrimas começavam a se tornar mais escassas, eu sentia a voz presa na garganta, os músculos fracos demais para reagir. Neste momento, nada poderia ser pior do que perder Anton.

Eu não conseguia pensar em nada quando levantei os dedos e toquei o papel. As folhas estavam enfileiradas e presas umas às outras. Em outras circunstâncias, leria cada centímetro daquelas linhas, mas não naquele momento.

Meus olhos vagaram precipitadamente pelas muitas letras ali dispostas, mal prestando atenção em qualquer uma delas, exceto por uma escrita de forma mais grosseira, a ponto de eu enfim conseguir discernir algo.

"Casamento... O que... O que isso significa?", eu lutava para murmurar, meus olhos inchados, atônitos.

O mundo dava voltas ao meu redor, a respiração ficando cada vez mais difícil. Um nó maior se formou em minha garganta, meus dedos apertando com força o papel em minhas mãos.

"Os jornais divulgaram o acidente antes que eu soubesse. Vincent não está irreconhecível. Nossos inimigos sabem quem ele é e não precisarão de muito para encontrá-la, nem para que você revele quem sou eu como uma cadela assustada." Suas palavras ecoaram em meus ouvidos até que eu enfim conseguisse girar o olhar para ele. "Você irá se casar comigo em um contrato que será anulado assim que meu irmão acordar." Ele deu a palavra final enquanto tranquilamente me analisava, sentindo o desgosto de suas palavras enquanto as absorvia.

Leo estava propondo um casamento quando eu nem mesmo vi como Vincent estava. Eu queria rir, como se tudo não passasse de uma brincadeira, mas eu sabia que não era; aquele homem era insensível e isso se tornava um fato para mim a cada segundo que o ouvia.

"Você está enlouquecendo se acha que irei aceitar! Eu nunca me casaria com um delinquente como você! Eu amo o seu irmão!", eu disse alto, quase gritando, tentando evitar que ele continuasse me vendo tão vulnerável.

Ele riu, dessa vez deixando o som escapar, como se eu fosse patética, enquanto eu ouvia seus passos se aproximando novamente, dessa vez devagar.

Ele ainda sorria quando estava perto demais de mim e sua cabeça balançou negativamente enquanto sua língua umedecia os lábios, antes de deslizar as mãos até meu rosto e torná-las um aperto brusco nas laterais, forçando-me a encará-lo.

"Delinquente? Vamos lá, garota, você pode fazer melhor... Eu sou um criminoso, o pior que você provavelmente conhecerá." Ele deslizou um dedo até uma última lágrima que ousava escorrer, secando-a, enquanto mantinha seus olhos fixos nos meus.

Em seguida, os dedos dele se moveram como em um carinho até meu pescoço nu, ciente de que ele estava arrepiando minha pele; essa era sua diversão. Leo pressionou, fazendo com que minha respiração já irregular se tornasse escassa.

"Além disso, criminosos como eu nunca aceitam um não como resposta." Ele se aproximou ainda mais do meu corpo, roçando seu nariz na minha pele até alcançar meu ouvido, onde sussurrou no lóbulo. "Está disposta a morrer? Será um prazer te ver sufocar e logo em seguida fazer um buraco na testa da sua mãe enquanto sua irmã grita de desespero até que meus homens atirem nela também." Ele disse, o tom de divertimento sendo sussurrado.

Eu fechei os olhos por segundos; nada em suas palavras poderia me doer mais do que aquele homem citar minha irmã. Ele sabia tudo sobre mim.

Meu coração pareceu parar de fato por alguns segundos quando eu lembrei do dia em que saí de casa com apenas uma mochila, depois de ser despejada pela minha mãe. Já fazia tanto tempo e, mesmo assim, ainda doía como no primeiro dia que precisei deixar minha irmã.

Leo estava jogando cada vez mais sujo naquele momento e eu não tinha mais alternativa. Em um último piscar de olhos, ciente de que o tempo estava se esgotando, eu decidi ceder.

"Eu... vou... assinar...", respondi com dificuldade, baixo ao ponto de duvidar se ele havia ouvido, graças aos bips insuportáveis do meu coração totalmente acelerado.

Instintivamente, levei minha mão até a dele em volta do meu pescoço, sentindo os machucados entre os dedos que ainda não estavam sarados. Ele não se importava com a dor que meu toque provavelmente lhe causava; Leo era acostumado com isso. Eu sentia sua respiração tranquila em meu ouvido.

"Acho que estamos começando a nos entender." Ele sussurrou antes de afrouxar totalmente seu toque e afastar minhas mãos das suas.

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