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Capítulo 2: "Quem é você?"

POV: Bella

Meus olhos se abriram e tudo o que vi foram as paredes brancas do quarto. A luz suave preenchia o ambiente, que parecia calmo e sereno, apesar de eu não me sentir assim.

Eu levantei um pouco e senti minha cabeça doer, deixando um grunhido escapar dos meus lábios, só então percebendo alguns fios pelo meu corpo.

"Não se mexa, senhorita", uma voz firme ressoou no quarto. Ele examinou meus olhos com uma lanterna, enquanto o bip dos meus batimentos ecoava na minha cabeça como uma tortura.

"O que aconteceu?", perguntei em voz baixa, levando a mão livre à testa quando ele se afastou. Percebi um curativo cobrindo um machucado.

"Você e seu namorado sofreram um acidente", ele respondeu, com um sotaque diferente, embora eu não tivesse forças para me preocupar com isso. Eu havia sofrido um acidente junto com Anton.

Naquele momento, nada fazia sentido. Apesar da dor, esforçava-me para recordar. A única coisa que me veio à mente foi a lembrança de meu namorado no banco do motorista enquanto eu me aproximava.

Ele estava ao telefone e não parecia notar minha presença. Sua voz deixava claro que Anton fazia parte da máfia e que seu nome verdadeiro não era aquele. Minhas lembranças paravam ali e eu não tinha ideia de como havíamos chegado ao momento em que entrei no carro com ele.

Suspirei frustrada. Mesmo deitada em uma maca e ainda meio tonta, minha mente começava a clarear sobre o passado sempre misterioso de meu namorado. Charmoso, atraente e um dos líderes da máfia.

Anton provavelmente me daria uma boa explicação e contaria tudo o que aconteceu assim que nos encontrássemos.

"Ele está bem, não está?", perguntei, desejando acreditar que sim, enquanto minha consciência sussurrava que dali em diante nada mais seria o mesmo.

"Lupo, a menina já está acordada", ouvi o médico dizer para alguém que ainda não tinha visto, antes de sair do quarto.

O barulho dos seus sapatos ecoou pelo chão. A calça preta tornou-se visível, seguida pela camisa preta de botões, o colar de ouro e, por fim, o rosto.

Os cabelos negros despenteados, as sobrancelhas grossas, os olhos caramelos intensos, a barba aparada mas com fios evidentes e os lábios sérios e grossos.

Ele tinha alguns traços de Anton, embora eu já não soubesse se esse era de fato seu nome. Ele manteve certa distância e, quando nossos olhos se cruzaram, não desviou o olhar. Eram sombrios, diferente de meu namorado.

"Do que você se lembra?"

"Quem é você?", perguntei em voz baixa, sem desviar o olhar, apesar de sua postura firme e ereta tentar me intimidar. Ele deu um passo em minha direção, diminuindo ainda mais a distância entre nós.

"Eu faço as perguntas!"

O homem à minha frente parecia cada vez mais impaciente, mas também familiar. Era ele, só podia ser.

"É você... Você estava ao telefone com Anton", constatei. "Onde ele está?", questionei, minha voz cada vez mais sussurrante e confusa, enquanto desejava o contrário.

Seus olhos fixaram-se ainda mais em meu rosto, quase de forma ameaçadora.

"Então você se lembra", ele afirmou, deslizando os pés até a mesa ao lado, finalmente deixando de me encarar. Meus olhos o seguiram, percebendo que estávamos sozinhos.

Havia uma garrafa de vodka ali, tocada por seus dedos até que um pequeno copo fosse preenchido. Não era uma área comum de um hospital, e perceber isso fez minhas mãos suarem, enquanto minha cabeça latejava mais.

"Quem é você? Onde estou?", questionei, meu tom mais estridente e firme, enquanto ele continuava agindo tranquilamente.

"Pensei que fosse mais inteligente, senhorita. Anos trancada em um quarto com livros deveriam ter servido para algo."

Em seu rosto havia um sorriso leve e debochado, o que me irritava cada vez mais, principalmente por ele se esquivar de minhas perguntas sobre Anton e parecer me conhecer tão bem. Provavelmente investigara toda a minha vida.

"Herboville, Leste dos Estados Unidos, na minha casa e um tanto quanto perto do meu porão. Finalmente nos encontramos, cunhada", ele pronunciou, erguendo o olhar divertido e bebendo um gole exagerado da bebida.

Desviei o olhar, incapaz de continuar. Não precisava de mais informações; sabia exatamente quem ele era, e isso não era difícil quando se tinha um amigo como Mason, que lia os jornais. Alguém ousara tentar denunciá-lo alguns meses atrás, embora tudo não passasse de acusações infundadas. Eu estava diante de Leo DeLuca, como Anton o chamara, mas o pior era que ele também era, sem dúvidas, o homem mais poderoso do país.

"Então é verdade sobre a máfia na cidade... Você e Anton...", as palavras ecoavam em minha mente. A incredulidade ainda pairava e eu não conseguia terminar a frase.

"Não. Vincent não é ninguém aqui. Eu sou", ele respondeu, firme. "Sugiro que comece a me chamar de Don." Ele se deliciou com um gole da bebida, enquanto minha boca parecia cada vez mais seca. O amargo sabor da sensação de estar presa ali me invadindo.

"Não é como se eu pretendesse ficar aqui. Assim que Anton falar comigo, nunca mais o verei", declarei, agora encarando os fios que me impediam de sair da maca.

Em um impulso, tentei retirar um deles. Em poucos segundos, quando estava prestes a conseguir, seus dedos frios envolveram meu pulso de forma violenta, impedindo qualquer movimento. Naquele instante, seu semblante estava carregado de raiva, com a mandíbula contraída.

"Onde está Anton?!", repeti, forçando-me a não tremer e vacilar, enquanto sustentava seu olhar, com a boca a centímetros da minha.

"Mexa-se e eu te mato bem aqui!", ele vociferou contra meu rosto, apertando cada vez mais seus dedos contra minha pele.

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