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Capítulo 4: O casamento

POV: Leo

Eu apreciava o corpo do jovem desmaiado e aprisionado no meu porão. Os cortes no seu rosto indicavam que meus homens tentaram alimentá-lo de manhã e ele recusou. Era fascinante como o aroma do sangue escorrendo, somado à agressividade das folhas de tabaco do cigarro que eu fumava, me acalmava.

"Lupo, acredito que não seja preciso salientar o quão insano tudo isso parece." A voz de Mikey, meu consigliere, ecoou ali no porão, enquanto seus passos tranquilos se aproximavam.

Ouço o ruído dos pertences do prisioneiro sendo colocados sobre a antiga mesa, enquanto meus olhos continuam a analisá-lo, lembrando-me de que deveria decidir rapidamente o que fazer com ele.

"Talvez ainda dê tempo de desistir." Mikey completou, como se não me conhecesse há anos.

Soltei a fumaça e senti a nicotina me embriagar, antes de finalmente virar o rosto para encarar o velho do qual eu tinha certo apreço.

"Eu nunca desisto, sabe disso."

"Lupo, o que Vincent fez no passado... Você está colocando a vida da garota nas mãos dele, assim como a sua, e isso não é bom para nossos negócios." Ele disse, lembrando daquela noite em que o corpo de meu irmão tremia, ensanguentado, ao me encontrar.

"A garota não será um problema meu quando tudo isso acabar. Ele precisa dela viva, e eu preciso nos proteger." Declarei, finalmente movendo os pés em sua direção, olhando diretamente nos olhos dele. "Se meu irmão quiser travar uma guerra, eu serei o primeiro a batalhar, Mikey, embora ele saiba que será derrotado."

Sua função era me aconselhar, mas agora eu não queria nenhuma de suas palavras. Eu não voltaria atrás, mesmo que a garota fosse insuportável.

Ele balançou a cabeça afirmativamente, ciente disso, apesar de eu não ter lhe dito.

"Os convidados chegarão em poucas horas."

"Fez tudo como conversamos?"

"Sim, todos imaginam ser um casamento em que você escolheu uma das garotas da nossa famiglia, cujo pai havia falecido, acordando que ela seria sua esposa. Incluí arquivos dela pela cidade, assim como do suposto pai." Ele respondeu, e eu acenei em afirmativo.

"Sabe o que tem que fazer."

"Não se preocupe, vou cuidar da polícia e da segurança."

"Bella... Ela... é apenas minha amiga... por favor, não a machuquem." Ouço o sussurro vindo do garoto caído no chão, seu tom temeroso me divertindo, mesmo que sua voz fosse irritante. Questionava-me como ele ainda conseguia articular uma frase.

"O que você vai fazer com ele? Você não costuma matar inocentes."

Meus olhos agora estavam fixos na parede, o sorriso sutil em meu rosto, enquanto meu dedo pressionava a ponta do cigarro sobre a mesa até que ele estivesse completamente apagado. Esse gesto durou segundos, tempo suficiente para decidir sobre limpar a sujeira do meu irmão por completo.

Afasto-me da mesa com passos lentos, aproximando-me do garoto deitado de lado. Seus braços estão presos por correntes que o prendem ao chão, e ele cobre o rosto enquanto tenta se proteger. É irônico como acredita que isso o salvará dos meus homens e, principalmente, de mim.

Um chute em sua costela é suficiente para fazê-lo cessar os gemidos de dor, abandonando a proteção do próprio corpo e virando o rosto na minha direção.

"Está na hora de parar de me enganar, não acha? Você certamente não tentaria beijar suas 'amigas', não é mesmo?", provoco, mantendo um tom casual.

POV: Bella

As portas da capela se abriram, enquanto alguém ajustava o meu véu no chão. Todos giraram seus olhares para mim, mas eu estava concentrada no homem que estava no centro do espaço, as luzes clareando um pouco mais da sua pele.

Dois dias depois, e aqui estava eu, com o coque perfeito e adornado por joias, o vestido com seu corte que realçava meu corpo e a igreja cheia, como nos meus sonhos.

No entanto, parecia um pesadelo quando tudo o que me preenchia era o vazio. Notas suaves começaram a tocar. Eu queria correr dali.

Meu olhar foi levado até os olhos claros de Leo sobre mim. Ele observou cada centímetro do meu rosto, antes de focar em meus olhos, sem qualquer emoção, apesar de sua íris a cada segundo ficar mais nublada.

Eu me sentia pequena e sem saída, quando minhas mãos escorregaram até o colar com a inicial da minha irmã, e eu o apertei.

Eu me agarrei a um fio de esperança que me dizia que seria apenas um tempo; Vincent acordaria logo.

Deixei que meus pés, com os saltos finos, deslizassem até o altar, sustentando o peso do olhar de Leo. Eles me faziam lembrar constantemente do porquê eu precisava continuar.

Quando estava próxima o bastante, o buquê foi tirado de minhas mãos por alguém que eu sequer tinha visto, rompendo nosso contato, enquanto o cheiro das flores deixava de invadir meu nariz. Eram os lisiantos mais belos do mercado, disso eu tinha certeza.

Eu escutei seus passos firmes, seguros e lentos, vindo em minha direção e voltei a olhá-lo.

Os lábios dele se curvaram levemente em um sorriso falso e contido, ainda que qualquer um perceberia se o observasse como eu não deveria estar fazendo.

Meus olhos deslizaram até seu braço que se estendia para mim, um pouco marcado pela roupa.

Vagarosamente, entrelacei meu braço ao dele, sentindo a textura fina e luxuosa de sua roupa sob meus dedos. Uma leve tremulação percorreu meu corpo, desafiando minha vontade, enquanto engolia em seco com dificuldade.

Ele percebeu minha reação, mas sua atenção estava totalmente voltada para o púlpito à sua frente.

Em meio a uma multidão de adornos suntuosos e pessoas abastadas, fui a primeira a retirar minha mão do nosso contato, entregando-me ao sermão do padre sem, contudo, absorver uma única palavra.

Meus olhos vagavam, observando a opulência que me envolvia, alheia ao discurso e a tudo que não estivesse relacionado ao fato de que minha vida havia se tornado um pesadelo.

"Não me faça continuar esperando, você vai odiar saber o preço da minha paciência." A voz baixa e fria de Leo soprou na lateral do meu rosto, fazendo-me perceber que todos esperavam pela minha resposta.

"Eu não tenho medo de você." Retruquei, sem olhá-lo, ciente de que eram os últimos segundos dos quais eu poderia recusar estar ali.

"Sim, eu aceito." Foi tudo o que consegui dizer.

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