POV: Leo
Eu apreciava o corpo do jovem desmaiado e aprisionado no meu porão. Os cortes no seu rosto indicavam que meus homens tentaram alimentá-lo de manhã e ele recusou. Era fascinante como o aroma do sangue escorrendo, somado à agressividade das folhas de tabaco do cigarro que eu fumava, me acalmava. "Lupo, acredito que não seja preciso salientar o quão insano tudo isso parece." A voz de Mikey, meu consigliere, ecoou ali no porão, enquanto seus passos tranquilos se aproximavam. Ouço o ruído dos pertences do prisioneiro sendo colocados sobre a antiga mesa, enquanto meus olhos continuam a analisá-lo, lembrando-me de que deveria decidir rapidamente o que fazer com ele. "Talvez ainda dê tempo de desistir." Mikey completou, como se não me conhecesse há anos. Soltei a fumaça e senti a nicotina me embriagar, antes de finalmente virar o rosto para encarar o velho do qual eu tinha certo apreço. "Eu nunca desisto, sabe disso." "Lupo, o que Vincent fez no passado... Você está colocando a vida da garota nas mãos dele, assim como a sua, e isso não é bom para nossos negócios." Ele disse, lembrando daquela noite em que o corpo de meu irmão tremia, ensanguentado, ao me encontrar. "A garota não será um problema meu quando tudo isso acabar. Ele precisa dela viva, e eu preciso nos proteger." Declarei, finalmente movendo os pés em sua direção, olhando diretamente nos olhos dele. "Se meu irmão quiser travar uma guerra, eu serei o primeiro a batalhar, Mikey, embora ele saiba que será derrotado." Sua função era me aconselhar, mas agora eu não queria nenhuma de suas palavras. Eu não voltaria atrás, mesmo que a garota fosse insuportável. Ele balançou a cabeça afirmativamente, ciente disso, apesar de eu não ter lhe dito. "Os convidados chegarão em poucas horas." "Fez tudo como conversamos?" "Sim, todos imaginam ser um casamento em que você escolheu uma das garotas da nossa famiglia, cujo pai havia falecido, acordando que ela seria sua esposa. Incluí arquivos dela pela cidade, assim como do suposto pai." Ele respondeu, e eu acenei em afirmativo. "Sabe o que tem que fazer." "Não se preocupe, vou cuidar da polícia e da segurança." "Bella... Ela... é apenas minha amiga... por favor, não a machuquem." Ouço o sussurro vindo do garoto caído no chão, seu tom temeroso me divertindo, mesmo que sua voz fosse irritante. Questionava-me como ele ainda conseguia articular uma frase. "O que você vai fazer com ele? Você não costuma matar inocentes." Meus olhos agora estavam fixos na parede, o sorriso sutil em meu rosto, enquanto meu dedo pressionava a ponta do cigarro sobre a mesa até que ele estivesse completamente apagado. Esse gesto durou segundos, tempo suficiente para decidir sobre limpar a sujeira do meu irmão por completo. Afasto-me da mesa com passos lentos, aproximando-me do garoto deitado de lado. Seus braços estão presos por correntes que o prendem ao chão, e ele cobre o rosto enquanto tenta se proteger. É irônico como acredita que isso o salvará dos meus homens e, principalmente, de mim. Um chute em sua costela é suficiente para fazê-lo cessar os gemidos de dor, abandonando a proteção do próprio corpo e virando o rosto na minha direção. "Está na hora de parar de me enganar, não acha? Você certamente não tentaria beijar suas 'amigas', não é mesmo?", provoco, mantendo um tom casual. POV: Bella As portas da capela se abriram, enquanto alguém ajustava o meu véu no chão. Todos giraram seus olhares para mim, mas eu estava concentrada no homem que estava no centro do espaço, as luzes clareando um pouco mais da sua pele. Dois dias depois, e aqui estava eu, com o coque perfeito e adornado por joias, o vestido com seu corte que realçava meu corpo e a igreja cheia, como nos meus sonhos. No entanto, parecia um pesadelo quando tudo o que me preenchia era o vazio. Notas suaves começaram a tocar. Eu queria correr dali. Meu olhar foi levado até os olhos claros de Leo sobre mim. Ele observou cada centímetro do meu rosto, antes de focar em meus olhos, sem qualquer emoção, apesar de sua íris a cada segundo ficar mais nublada. Eu me sentia pequena e sem saída, quando minhas mãos escorregaram até o colar com a inicial da minha irmã, e eu o apertei. Eu me agarrei a um fio de esperança que me dizia que seria apenas um tempo; Vincent acordaria logo. Deixei que meus pés, com os saltos finos, deslizassem até o altar, sustentando o peso do olhar de Leo. Eles me faziam lembrar constantemente do porquê eu precisava continuar. Quando estava próxima o bastante, o buquê foi tirado de minhas mãos por alguém que eu sequer tinha visto, rompendo nosso contato, enquanto o cheiro das flores deixava de invadir meu nariz. Eram os lisiantos mais belos do mercado, disso eu tinha certeza. Eu escutei seus passos firmes, seguros e lentos, vindo em minha direção e voltei a olhá-lo. Os lábios dele se curvaram levemente em um sorriso falso e contido, ainda que qualquer um perceberia se o observasse como eu não deveria estar fazendo. Meus olhos deslizaram até seu braço que se estendia para mim, um pouco marcado pela roupa. Vagarosamente, entrelacei meu braço ao dele, sentindo a textura fina e luxuosa de sua roupa sob meus dedos. Uma leve tremulação percorreu meu corpo, desafiando minha vontade, enquanto engolia em seco com dificuldade. Ele percebeu minha reação, mas sua atenção estava totalmente voltada para o púlpito à sua frente. Em meio a uma multidão de adornos suntuosos e pessoas abastadas, fui a primeira a retirar minha mão do nosso contato, entregando-me ao sermão do padre sem, contudo, absorver uma única palavra. Meus olhos vagavam, observando a opulência que me envolvia, alheia ao discurso e a tudo que não estivesse relacionado ao fato de que minha vida havia se tornado um pesadelo. "Não me faça continuar esperando, você vai odiar saber o preço da minha paciência." A voz baixa e fria de Leo soprou na lateral do meu rosto, fazendo-me perceber que todos esperavam pela minha resposta. "Eu não tenho medo de você." Retruquei, sem olhá-lo, ciente de que eram os últimos segundos dos quais eu poderia recusar estar ali. "Sim, eu aceito." Foi tudo o que consegui dizer.POV: BellaUma sensação estranha tomou conta de mim ao sentir os calos da pele áspera de Léo sobre a minha ao colocar o anel de ouro. Porém, o que mais me perturbava eram os numerosos machucados frescos que marcavam sua pele, embora ele não parecesse sentir qualquer dor."O noivo pode beijar a noiva", ressoaram as palavras do padre ao redor, provocando um calafrio em meu estômago, misturando repulsa com nervosismo.Meus olhos ainda estavam presos à mão de Léo, ciente de quão próximos estávamos. Engoli em seco, percebendo o que aquilo significava.Meus pés involuntariamente deram dois passos para trás, enquanto eu erguia meu olhar para o homem diante de mim, cujas íris nubladas e frias me encaravam.Antes que eu pudesse recuar mais, a mão firme de Léo envolveu minha cintura. Um passo foi o suficiente para que ele estivesse ainda mais próximo que antes.Vagarosamente, os olhos dele deslizaram até os meus lábios, enquanto a minha respiração se desregulava a cada milésimo de segundo que e
POV: Bella Estou de volta ao corredor, onde as luzes suaves e o silêncio inquietante permaneciam, exatamente como quando cheguei. Perfeito, ainda estou sozinha. Nas pontas dos pés e sem perder tempo, desço rapidamente para o térreo, ciente de que talvez Anton estivesse em alguma sala perto do porão, conforme aquele homem havia ordenado que fizessem comigo naquele falso hospital. Atravesso a ampla sala de jantar, após vasculhar alguns cômodos nada interessantes, chegando a um corredor estreito. Eu observo as luzes destacarem alguns quadros na parede e não posso conter os meus passos quando percebo aa porta preta logo à frente. Passeio o dedo pelas inúmeras imagens antes de me aproximar da porta, sentindo a maçaneta fria entre meus dedos. Aperto-a de uma vez e o ranger do metal, indicando que a fechadura estava trancada, ecoa pelo ambiente, arrepiando meus pelos claros. Instintivamente, forço-a mais algumas vezes, como se isso resolvesse algo, mas tudo o que me resta é a frust
POV: BellaEu fechei as portas da cafeteira com dificuldade; era difícil fazer isso sem a ajuda de Mason, meu melhor amigo."Nunca pensei que te veria faltar dois dias seguidos. Aconteceu alguma coisa? Me responda assim que puder, estou preocupada", digitei rapidamente a quarta mensagem seguida, já que ele parecia empenhado em me ignorar desde que sua boca se aproximou demais da minha. Desde que ele disse que eu era mais especial do que deveria, quando eu tomei coragem para lhe contar que estava namorando.Coloquei o celular no bolso, assim como o avental, tentando não pensar sobre isso. Mason me responderia assim que pudesse.Em questão de segundos, minha bolsa estava em meu ombro e meus pés andaram no automático, até ter a visão impressionante do Audi mais caro do mercado estacionado em frente ao estabelecimento.Anton já estava ali, como em todas as tardes. Minha mente vagou o suficiente para não perceber que meu namorado estava ao telefone até eu estar a poucos centímetros da jane
POV: BellaMeus olhos se abriram e tudo o que vi foram as paredes brancas do quarto. A luz suave preenchia o ambiente, que parecia calmo e sereno, apesar de eu não me sentir assim.Eu levantei um pouco e senti minha cabeça doer, deixando um grunhido escapar dos meus lábios, só então percebendo alguns fios pelo meu corpo."Não se mexa, senhorita", uma voz firme ressoou no quarto. Ele examinou meus olhos com uma lanterna, enquanto o bip dos meus batimentos ecoava na minha cabeça como uma tortura."O que aconteceu?", perguntei em voz baixa, levando a mão livre à testa quando ele se afastou. Percebi um curativo cobrindo um machucado."Você e seu namorado sofreram um acidente", ele respondeu, com um sotaque diferente, embora eu não tivesse forças para me preocupar com isso. Eu havia sofrido um acidente junto com Anton.Naquele momento, nada fazia sentido. Apesar da dor, esforçava-me para recordar. A única coisa que me veio à mente foi a lembrança de meu namorado no banco do motorista enqua
POV: Bella "Me solte! Você está me machucando!", eu disse, engolindo em seco, enquanto seus olhos não saíam dos meus. Sem que eu esperasse, um outro sorriso debochado apareceu em seus lábios; entretanto, o resto de suas feições estava extremamente frio. "Não tanto quanto você machucou meu irmão, isso eu posso garantir, senhorita", ele respondeu em um quase sussurro, antes de finalmente me libertar. A dor de seus dedos ainda latejava enquanto ele se afastava, pegando o copo de sua bebida novamente. "O que aconteceu com Anton?" perguntei imediatamente, afoita, sentindo meu coração acelerar a cada segundo, junto com meus membros mais tensos e desesperados. "Esqueça esse nome. Aqui, você deve chamá-lo de Vincent", disse ele com rudeza, antes de andar até a janela e analisá-la, tocando mais uma vez o copo antes de despejar o restante do líquido em sua garganta em um só gole. "E já que parece tão interessada...", ele parou de falar e bateu o copo na bancada com força, girando os pés par