4.

Os produtos de maquiagem não estão onde deveriam, a base foi passada em abundância misturada a uma sombra branca, me deixando bastante pálida, o batom vermelho mate está grudado no meu rosto, fazendo uma curva torta no meu rosto, a ponta do meu nariz foi pintada de batom vermelho junto ao redor dos meus lábios e em cima das sobrancelhas, sombra preta foi inserida nas pálpebras e abaixo dos meus olhos.

Respira fundo e não surta, fica calma Emily!

—Dylan, você me paga!

Saio do banheiro e vejo ele passando pela porta do quarto correndo, mas vou atrás, quase caio da escada, mas consigo chegar inteira no primeiro andar, me deparando com a minha mãe tomando café, ele vai para trás da minha mãe, a mesma cospe o café que estava bebendo e começa a rir quando me ver.

Estou pensando seriamente em trocar de mãe.

—O que aconteceu?– ouço a voz da minha mãe que tenta sair séria, mas o seu tom de voz acaba saindo como se estivesse segurando a risada.

—Esse sarnento invadiu o meu quarto e mexeu no meu estojo de maquiagem para fazer isso comigo!– aponto pro meu próprio rosto tentando não me alterar mais ainda.

—Ficou tão linda, eu sou um ótimo artista, já pode inaugurar o novo visual hoje no colégio.

—A única pessoa que vai inaugurar alguma coisa é você, o roxo dos hematomas que eu vou ter o prazer em te dá.

—Se acalma, Lobinha.– ele sorrir mostrando as suas covinhas.

Por uma fração de segundos acabo desviando a minha atenção para o seu sorriso, mas logo tento voltar a minha atenção para minha raiva que estou sentindo dele, o que não deu muito certo.

Lembro-me que quando éramos crianças a única coisa que admirava nele era seu sorriso que sempre vinha acompanhado por duas covinhas na bochecha. As vezes ficava tão hipnotizada que acabava rindo junto a ele ao observar a sua risada, mesmo que ela seja convencida ou provocativa, era bela, e tenho que admitir que ainda é, mas ele era tão idiota que sempre me provocava ao perceber o meu olhar nele, fazendo todo o encanto desaparecer.

O seu rosto é angelical, com sua pele bronzeada, seus lábios cheinhos não muito largos, os olhos verdes esmeralda que ficam perfeitamente com os seus fios loiro escuro do cabelo, e quando o mesmo sorrir fica mais lindo ainda. Mas é claro que nunca admitirei em voz alta.

—Estou vendo uma baba escorrendo pelo canto.– saio dos meus pensamentos com a voz do Dylan.

—Não se iluda!

—Eu sei que sou lindo, pode admirar que eu não irei reclamar!

Ele começa a se aproximar mais de mim, só que dessa vez foi diferente, quando ele chegou perto o suficiente de mim, dei uma joelhada bem na sua parte mais sensível do corpo de um homem.

—Ai caralho, essa doeu e muito, golpe baixo, Emilly.– ele se agacha no chão, gemendo de dor.

—Melhor não se aproximar tanto de mim se não quiser levar outras dessa!

—Acho que vai ser difícil, gosto tanto da sua presença!– mesmo ainda gemendo de dor ele consegue usar a sua ironia.

—Eu ainda estou aqui!– ouço a voz da minha mãe e me viro para ela.—E Dylan, não mexa na maquiagem da Emi, com maquiagem não se brinca!

—E a partir de hoje irei me garantir que você não entre mais no meu quarto!– falo agora olhando na direção do Dylan.

—Claro, não vou entrar mais lá!– levanto uma das minhas sobrancelhas com a audácia por trás de suas palavras.

—Dylan, por mais que algumas "brincadeiras" que vocês tem um com o outro sejam um pouco engraçadas, não invada o espaço pessoal dela. Nada de entrar no quarto da Emi e mexer nas coisas dela!– sorrio mínimo com a fala da minha mãe e começo a caminhar na direção da escada.

Mas minha expressão emburrada volta conforme vou subindo os degraus, pois será um trabalho tirar isso tudo no meu rosto e cabelo, pois ainda tenho que ir ao colégio.

Diminuo meus passos, assim como a Iza ao meu lado, quando nos aproximamos ainda mais do campo de futebol americano, onde o jogo está prestes a começar e ainda não temos um lugar vago nas arquibancadas para podermos assistir o time do nosso colégio jogar, mas nisso eu culpo a nossa fome que atacou enquanto estavamos à caminho do colégio, o que ocasionou em nós duas esquecendo do horário e correndo para não perder o começo do jogo assim que olhamos pro celular.

Pisco algumas vezes, olhando para o campo enorme onde as líderes de torcida estão em suas posições para começar a cantar e dançar, coisa que definitivamente não é para mim, se eu estivesse lá, iria estragar a coreografia ao tropeçar ou esquecer da letra da música de incentivo pro time, sem contar que me dá agonia só de pensar em fazer parte disso tudo.

—Estou ansiosa para ver o Stefan jogando, ele fica tão gostoso no campo.– Iza fala com um sorriso apaixonado no rosto.

—Informação desnecessária!– desvio o meu olhar para ela, fazendo uma expressão de descontentamento, só para irritá-la.

—Você fala isso porque não presenciou aquele garoto sem roupa!

—Agora sim que foi uma informação desnecessária!– digo tentando tirar a imagem do Stefan sem roupa.

Merda de imaginação fértil!

—Mas mudando de assunto. Você não está animada para assistir o jogo?

—Não?

—Se anima garota!– ela me sacode levemente e acabo rindo com a sua ação.

—Mas eu não entendo nada de jogos, quase nunca compareço quando tem um!

—Relaxa, eu te conto quem estiver perdendo ou ganhando.

—Eu não sou tão burra assim, isso eu sei!

—Então presta atenção nos garotos que vão competir contra o nosso colégio, eles são lindos!

Ela está torcendo pro time da nossa escola ou para o time adversário?

—Mas o pior que você tem razão!– não posso mentir, eles são lindos.

—Também acho, o capitão do time mesmo, nossa!– ela levanta a mão e finge estar se abanando.

—Que capitão do time?– escuto a voz de Stefan, agora que eu quero ver o circo pegar fogo.

Não que eu goste de ver treta, longe de mim ser assim!

—Ah amor, estava falando que aquele capitão do time adversário não está com nada, vocês irão vencer de lavada.– poxa, nem uma briguinha?

—Torça por mim, te encontro mais tarde!– ele dá um beijo na Iza e sai correndo pro campo.

Andamos mais rápido para as arquibancadas, analisando ela ao nosso redor, tentando achar um lugar vago dentre tantas pessoas sentadas.

—Ali, dá para a gente se espremer um pouco, ou uma senta no colo da outra se ficar apertado!– Iza aponta para um único espaço entre duas garotas do último ano.

—Vamos ter que sentar no colo mesmo, quando uma cansar a gente revisa.– digo para ela enquanto fomos subindo os degraus.

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