5.

Tentamos pedir desculpa para as pessoas que acabamos pisando no pé, mas mesmo assim algumas reclamaram. Dou de ombros e sigo a Iza que está na minha frente, quando paramos no único lugar vago ela se senta, me fazendo sentar em suas coxas, um hábito que sempre fazemos quando não há lugar vago para alguma das duas, nunca deixamos uma ficar em pé.

O futebol americano é um esporte de conquista de território e fica mais interessante com dois alfas nele. Os alfas tem uma possessividade, agressividade e raiva em um nível maior do que os outros lobos. Até que esse jogo vai ser divertido. 

O que consigo entender é que o principal objetivo é chegar o maior número de vezes na endzone do adversário, quanto mais o time conseguir fazer isso, mais pontos ele somarar.

Foco a minha atenção no jogo que já começou, avisto o Pietro que acena na minha direção e acabo rindo com o seu ato. Com o passar do tempo a nossa escola começa a fazer pontos, depois de ganhar uma surra do time adversário.

Já estava ficando entediada vendo esse jogo, mas um acontecimento me faz prestar atenção nele, o Dylan estava com a bola, mas o alfa do time adversário acaba derrubando o Dylan que vai direto pro chão e não consigo segurar a risada, enquanto as pessoas estão reclamando do garoto que derrubou ele, eu estou chorando de tanto rir, depois tenho que agradecer a esse garoto.

—Essas pessoas estão te olhando estranho!– Iza diz dando risada.

—Não dou a mínima.– dou de ombros e olho para frente, percebendo que os jogadores estão saindo do meio do campo.—Já está no intervalo?

—Sim, vamos ir ver o Pietro?– ela aponta para o Pietro que bebe água no banco dos reservas, um pouco afastado dos outros jogadores, e aceno com a cabeça.

Ando na frente, tomando cuidado para não levar ninguém, que ainda continua sentado, pelo caminho, fazendo a tragetória diferente da maioria das pessoas que estão querendo comprar algo para comer ou apenas ir ao banheiro.

Sorrio na direção do Pietro, que fecha a garrafa de água assim que nos ver, e me sento ao seu lado e Iza fica em pé em nossa frente.

—Vinheram me dar um abraço de boa sorte?– Pietro abre os braços e eu finjo uma careta, me afastando mais pro lado.

—Eca, tá fedendo a cachorro molhado de suor!

—Verdade, tô sentindo daqui!– Iza concorda e dou risada para o drama começar.

—Por que eu ainda não estou acostumado com a rejeição de vocês? Já virou parte do meu dia a dia!– ele cruza os braços e reviro os olhos, os pousando no grupo de jogadores do nosso colégio, com o Dylan no meio falando sobre algo.

—O que eles estão tanto falando?

—Estratégia de jogo. O Dylan está puto com o capitão do time adversário, que fiquei sabendo que se chama Jake!

—Não é pra menos, esse tal de Jake o derrubou que nem jaca podre!– dou risada.

—Eu reparei que esse capitão está de marcação apenas com o Dylan!– Iza comenta.

—Sim, ele está com raiva e está querendo descontar no mais forte do nosso time.– Pietro diz e nos olha.—Fiquei sabendo do motivo para ele estar assim, o cara descobriu que não tem apenas uma alma gêmea, e sim duas, e uma delas não está facilitando nada pra ele, o deixando nervoso no campo!

—Uou, eu nunca conheci ninguém com duas almas gêmeas!– exclamo.

—Porque é raro de se acontecer, assim como se ter uma ligação apenas de amizade com o seu companheiro!– Iza indaga e franzi o cenho, desejando que isso não aconteça comigo, pois de amizade eu já tenho um Pietro, mas namorado ainda nada.—Quando os dois lados conversam e decidem o que é melhor, fica mais fácil!

Minha expressão de animação, ao querer continuar conversando, murcha assim que o apito do treinador soa pelo local e Iza sai correndo pra falar algo com o Stefan, e me viro na direção do Pietro os olhando.

—Pietro, está de carro hoje?– pergunto tendo a atenção dele para mim.

—Sim, quer carona?– confirmo com a cabeça e levanto do banco para voltar para as arquibancadas.

Assim que o jogo termina, com o nosso colégio ganhando por pura sorte, esperamos sentadas enquanto todos descem das arquibancadas porque já tive a experiência de ser empurrada pela arquibancada abaixo por conta de um empurrão, e não é nada agradável

Alguns esquecem a educação em casa quando saem!

—Emi, vou procurar o Stefan, ele vai me levar para casa, vai querer carona?– a Iza pergunta e começa a descer as escadas.

—Não precisa, marquei com o Pietro para ele me levar, quero passar em algum lugar para tomar milk-shake e o Pietro não vai recusar.

—Quando é que o Pietro rejeita comida?– ela pergunta rindo.

—Nunca!

—Tchau, Emi!

—Tchau, Iza!

Aceno para a Iza e caminho direção do vestiário dos meninos, sem ter a intenção de entrar, apenas de esperar do lado de fora o Pietro terminar de se arrumar, apesar que sempre tive uma curiosidade de saber como é a estrutura dele, mas a vergonha é maior e a suspensão também.

Aqui fora está um pouco frio, me fazendo encolher um pouco com as rajadas de vento batendo no meu corpo. Os refletores ainda permanecem ligados, mas sei que daqui a alguns minutos eles vão desligar, tornando esse campo totalmente escuro.

Ao chegar do lado de fora do vestiário, observo alguns garotos saindo para irem embora, alguns fazendo gracinhas quando passam por mim, outros me cumprimentando, mas nenhum é o Pietro.

Mesmo com medo do zelador me pegar dentro do vestiário masculino, adentro o local para verificar se o Pietro realmente não está aqui. O lugar está silencioso e concluo que não há ninguém aqui dentro, o que me deixa frustrada e confusa, já que o Pietro sempre cumpre com os nossos combinados, mas talvez tenha acontecido algum imprevisto.

Vou ter que ir sozinha mesmo!

A única iluminação vem da porta que deixei aberta, me possibilitando ver que no chão tem uma boa quantidade de água espalhada, toalhas estão jogadas nos bancos sem a menor organização, o que me leva a pensar que o vestiário dos meninos é um covil de dessarrumados, tenho pena da pessoa responsável para limpar esse local.

Mordo o meu lábio inferior ao tocar em um único armário aberto desse vestiário e não consigo me conter ao perceber uma familiaridade nas peças de roupas jogadas sem dobrar dentro dele. Pego uma camiseta do time e percebo o nome atrás dela, Dylan.

—Emilly, por que você está no vestiário masculino e ainda por cima mexendo nas minhas coisas?– me assusto com a voz grossa do Dylan atrás de mim, me fazendo dar um sobressalto e jogar a blusa de volta no armário.

Tenho certeza que a minha alma saiu do meu corpo e voltou!

Coloco a minha mão sobre o meu peito e tento regular a minha respiração, mas não adianta muita coisa já que o meu coração ainda está acelerado por conta do susto. Me viro devagar na sua direção, deixando o armário aberto de lado.

—Puta que pariu, Dylan, você quase me mata de susto!

Ele levanta uma sobrancelha e me olha desconfiado, até que ele não está fedendo, os seus cabelos molhados e a suas roupas novas comprovam que ele tomou banho. Pequenas gotas de água estão escorrendo pelos seus fios loiros, caindo sobre seus ombros que estão cobertos pelo tecido da blusa branca.

—Não vai me responder?

—O que eu faço não lhe diz respeito, mas a parte de que estava mexendo nas suas coisas... Você deixou aberto e só queria confirma de quem era aquela blusa!

—Você não estava procurando o Pietro, né?– observo os seus braços sendo cruzados mostrando os seus músculos.

Foco, Emilly, foco!

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