MuralhaD7: Tú pediu sobre as informações, 'tá' aí, olha se conhece?- Levou o celular na minha direção, admirei a tela que tinha a foto de um rapaz do lado do Cristo Redentor do Rio.Admirei o rosto, lembrando do passado, como algo passasse como um flash na minha cabeça, o rosto do Lipe.- É ele - sussurrei - Onde ele está morando?D7: Complexo da Maré, um dos nossos parceiros passou a informação, aliado mermo - senti minha respiração pesar.- E o que ele faz?D7: Mauricinho, morando na favela. Recentemente faz estágio em um dos hospitais do calcadao, médico - desviei o olhar.Pelo jeito, Lipe conseguiu encontrar um caminho melhor pra ele, aquele moleque nunca deixou de ter esperança e pelo visto nem mermo depois de velho.D7: Tú consegue encontra-lo hoje mesmo no hospital, 'tá' aí o endereço - me mandou por mensagem.- Valeu - dei um tapa no ombro dele, dando as costas.D7: Muralha - virei meu corpo, encarando novamente seu rosto - É o teu ex melhor amigo?- confirmei - Fico feliz por
AmandaEsperei o André por vários minutos pra acompanhar minha quimioterapia, mas ele não chegou a tempo. Fiquei realmente chateada por essa atitude, estava esperando em vê-lo aqui, porém não foi dessa vez.Terminei com médico, encerrando minha segunda quimioterapia, sai do hospital, pedindo um taxi diremente pro Complexo, como André havia falado que poderia ficar na casa dele quando quisesse, pensei em não voltar a minha casa, afinal, meu pai está dia todo lá. Estava fraca e frágil, não aguentaria passar pela mão do meu pai.Mais tarde, horas pegando o trânsito, o táxi me liberou na entrada, gastei alguns minutos pra subir, geral da favela me encarava com o olhar de curiosidade.D7: Aê, 'tá' sozinha? - afirmei, observando D7 parar com um gol do meu lado - Entra ai que te levo - suspirei fundo.- Obrigada - entrei, fechando a porta - Tentei fazer uma ligação pro André, mas ele não atendeu...D7: Última vez que conversei com ele, ele tinha ido atrás do ex amigo - fez um rosto mais séri
AmandaAbri meus olhos, espreguiçando na cama, meu olhar passou pela cama que estava vazia. Em seguida lembrei do que ocorreu ontem, levantei, caminhando até o banheiro e escovando meus dentes, fiz minha rotina matinal.Meus passos foram lentamente pro andar de baix, o cheiro do café invadiu meu nariz, olhei com uma expressão tranquila, observando André tomando café da manhã. Na mesa tinha pães, requeijão e café.- Bom dia...- caminhei até ele, beijando seu rosto, sentei na cadeira ao seu lado, escutando seu silêncio - Estou sem fome...Muralha: Qual foi, nem começa com esse teu papo que está sem fome, comprei essa parada toda e tú não irá comer?- tomou o restante do café dele.- Tá bem...- sorri de lado, pegando um pão e passando requeijão, em seguida coloquei um café na xícara.Muralha: Quando tua próxima quimioterapia?- Eles irão avisar...Muralha: Desculpa por não ter ido ontem, pô - senti sua mão mão firmemente na minha coxa.- Está tudo bem...Muralha: E...- Ele suspirou - Obri
MuralhaMeu olhar bateu diretamente um um rosto de uma mulher, as recordações veio na minha cabeça por alguns segundos. Naquele momento lembrei de tudo que passei depois que ela me abandonou na rua, anos atrás, caso a encontrasse, iria correr pra seus braços, mas apenas desviei o olhar mesmo. Sem prestar muita atenção nos filhos e no marido dela, que pelo jeito estavam ótimos de vida.O ódio me consumiu por dentro, a vontade em chamá-la de vadia e mandar o papo o quanto sofri; porém senti a mão da psicóloga no meu pescoço, confortante.Amanda: A... Oi, Ana - percebi seu nervosismo pela voz.Ana: Que saudade em vê-la pessoalmente, e esse belo rapaz, quem é?- levantei meu olhar novamente, encarando o rosto abalado dela.Amanda: Ele é meu namorado - Caso não fosse um momento de ódio iria questioná-la o significado de namorado.Ana: Qual seu nome?- sorriu.Desci o olhar pelo seu corpo, percebendo o quanto ela ganhou uns quilos desde da última vez que a vi, quanto ela mudou completamente,
Amanda2 meses depoisPassei a escova sobre meu cabelo, analisando o fios caindo aos poucos, me olhei ao espelho, observando minha pele branca. Na minha cabeça passou todos momentos que já passei por toda essa minha vida, até o hoje. Saber que ajudei muitas pessoas que precisavam, saber que coloquei muitos sorrisos e esperança em pessoas.Pensar desa forma me transmitia paz, uma paz enorme.Sentei no banco em frente ao espelho, descendo o olhar pelo meu corpo. Abri um sorriso fraco, ficando feliz com meus pensamentos.A... também é difícil quando entendemos nossos sentimentos, bom... gostar de alguém como o André é descobrir muitas coisas novas, como a bipolaridade e os afastamentos dele, porém entendo que seja tudo muito novo pra ele, principalmente viver ao lado de uma mulher.Nesses dois meses acabei ficando na casa dele, focando nos meus tratamentos. Estava aguardando a chamada do meu médico, dizendo algo sobre os exames que realizei novamente.Levantei meu olhar pro espelho novam
MuralhaAmanda me encarou por alguns segundos, enquanto escutava o outro lado da linha. Arquiei a sobrancelha, encarando sem entender, quando analisei seu rosto com algumas lágrimas percebi que era o médico. Na moral? Fiquei logo estranho com ela chorando sem saber o que era, uma parada estranha na mente.Ela segurou o celular em mãos e veio rapidamente na minha direção, seu corpo nú me abraçou. Ajeitei minha posição, levando minha mão no seu cabelo.— Qual foi?— murmurei, sentindo seu rosto no meu peito.Amanda: O tumor — suspirou, limpando o rosto, passei meu olhar até seu rosto que já estava vermelho e seus cílios molhados.— O que houve, pô?— murmurei, tentando decifrar. Minha respiração pesou.Amanda: Tinha piorado muito...— deslizei minha mão em seu rosto, desviando nossos olhares. Fiquei sério em seguida.— Você piorou?— sussurrei.Amanda: Tinha piorado, mas... nesse exame agora meu corpo reagiu perfeitamente bem, eu... o médico disse que ficarei curada — voltei a encará-la; pe
MuralhaD7: Ih, menor — disse assim que entrou no cômodo pequeno, que era um quarto. A casa dele era pequena, mas era limpa e aconchegante, tinha uma energia diferente...— O que foi?— perguntei, sério.D7: Ficou até mais bonito depois que tomou banho e vestiu uma roupa, mas qual foi... parece que tua costas está com machucado aberto — perguntou baixo. Olhei baixo, ficando sério — Levanta a camiseta.— Não — falei sério.D7: Nao irei fazer nada contigo, irmão — caminhei até outro lado, negando.— Mas não quero, não entendeu? Não quero.D7: Caso deixar isso aí, irá encher de bicho — senti um nojo e medo ao escutar sua frase — E irá morrer fedendo.Fiz cara seria, concordando com ele, assim como foi difícil vestir a camiseta, foi mais difícil em tirá-la.— Tá doendo — murmurei.D7: caralho, quem fez isso contigo?— engoli em seco — Tuas costas está muito feia, porra. Daqui a pouco volto — disse, saindo. Demorou alguns minutos e ele logo voltou com umas paradas na mão.— O que isso?D7:
AmandaEncolhi no meu canto, arrependendo de cada palavra dita. Por um momento pensei que expressar uma frase desse tipo, ajudaria de alguma forma, mas acabou transformando em uma bola de neve na cabeça dele.Sua expressão era séria, uma expressão de raiva em seus olhos, porém quando ele me encarou, ficando quieta, seu olhar ficou duvidoso. Ele aproximou-se do meu corpo, ficando na minha frente.Abaixei a cabeça, porém sua mão veio até meu queixo, segurando firmemente, fazendo olhar dentro dos seus olhos.Muralha: Eu passo medo a você?- me encarou.-Sim...- sussurrei, ele negou por um segundo, soltando meu rosto e deu as costas, saindo do quarto. Suspirei fundo, ficando ali.Meus pensamentos saíram da cabeça quando encarei meu celular na mensagem da minha mãe.Angélica: Amanda, quando voltará pra casa? Estou com saudades...- Oi, mãe, em breve. Prevejo que semana que vem estarei de volta.Angélica: Fico muito feliz, eu e seu pai estamos sentindo falta. Você está bem?- Sim, mãe...Ang