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2- ARTURO PELLEGRINI

Port Angeles costumava ser uma cidade tranquila. Bem, tão tranquila quanto uma cidade que abriga uma Alcateia inteira de lobos pode ser. Nos últimos anos, essa calmaria havia se tornado cada vez mais rara, porque além de enfrentarmos inimigos na fronteira ao norte, lidávamos com uma cisão dentro do nosso próprio clã.

Esfreguei a palma da mão aberta em meu rosto e mantive meu olhar fixo na janela do escritório, observando a linha das árvores que margeavam o território da nossa alcateia, que antes ia até perder a vista, agora a fronteira se aproximava.

— Arturo?

Meu irmão Draven me chamou, interrompendo o fluxo dos meus pensamentos. Ele tinha o talento de aparecer nos momentos em que eu mais queria ficar sozinho.

— Precisamos conversar.

— Pode falar.

Me direi para ele e encostei na mesa de madeira antiga.

Draven, o Beta mais proeminente de toda a Alcateia e meu braço direito, estava parado à porta, braços cruzados e aquele olhar sério que sempre usava quando queria me dar alguma notícia que eu preferia ignorar.

— Está acontecendo mais rápido do que previmos.

Ele caminhou para dentro do escritório, fechando a porta atrás de si.

— Noah, Flynn e Troy deixaram a Alcateia. Kaelan disse que eles se uniram aos Spinelli, na fronteira ao norte.

Suspirei, pegando o copo de whisky na mão, encarei o líquido por alguns segundos para logo em seguida virá-lo garganta abaixando, fazendo meu corpo aquecer.

Eu sabia que isso iria acontecer, é claro.

Lobos mais jovens se dispersando, ignorando nossas tradições e se aliando aos rivais para além das montanhas.

— A traição do sangue é o maior crime que existe. — Rosnei.

— Sim, é. E você sabe qual a solução, certo?

Draven caminhou em passos lentos, estudando minha reação.

Ele sabia exatamente o que estava fazendo ao mexer numa ferida que eu estava tentando ignorar.

— Eu sei. Mas você vai me dizer mesmo assim, não vai?

— Você precisa de um herdeiro, irmão. Um filhote alfa para fortalecer o laço com todos os lobos do nosso território. A alcateia precisa ver que há um futuro.

— Está me chamando de velho? — Abri um sorriso irônico.

— Não. Estou dizendo que um alfa precisa de uma rainha. — Draven parou à minha frente, os olhos cinzentos fixos nos meus. — Você precisa encontrar uma Ômega.

Aquela palavra outra vez. “Ômega.” Um termo que carregava peso, poder e expectativa. E que eu evitava a todo custo. Meu estômago revirou ao ouvir Draven dizer isso, mas ele estava certo, e nós dois sabíamos. Uma Ômega era a chave para restaurar nosso poder, para unir os lobos sob a liderança certa. Sem ela, a alcateia continuaria a se dispersar como folhas secas ao vento.

— Está sugerindo que eu deixe a minha Alcateia, Draven? Ele engoliu em seco.

— Passei os últimos 10 anos em busca de uma, atravessando todos os limites, morando em capitais e afastado do meu sangue para encontrar uma rainha e o que isso trouxe? Divisão, enfraquecemos.

— Sim.

— Então, caro irmão, onde exatamente você sugere que eu encontre essa Ômega? — Farejei ao redor. — Elas não estão exatamente por aí, esperando para se unir a qualquer Alfa. Não em um raio de 50km.

— Precisamos da pedra da lua, dentro da montanha. — Draven encolheu os ombros.

— Os Spinelli e nossos irmãos traidores do sangue destruíram todas as passagens para o coração da montanha, você sabe que a única forma de entrarmos é pela velha casa dos Esposito.

— Eu sei.

— Aquele lugar está cheio de encantamentos que até mesmo o meu poder não alcança. Precisamos de permissão para entrar e ela nos restringiu.

— O que sei, meu irmão, é que se não a encontrarmos logo, os Spinelli vão tomar mais do nosso território. Eles têm vários Ômegas, e você sabe muito bem como isso fortalece uma Alcateia.

Balancei a cabeça em silêncio.

— Só uma Ômega fértil é capaz de atrair outras Ômegas. É assim que os Spinelli estão expandindo, Arturo.

E não vão parar até tomar tudo o que é nosso. Andei pelo escritório, meu corpo tenso. Draven estava certo, é claro. Não era só a questão de um herdeiro, era o poder que uma Ômega era capaz de trazer para a Alcateia. Somente a ligação ancestral entre um Alfa e uma Ômega podia restaurar o equilíbrio de tudo, fortalecer os laços do nosso clã e nos proteger da ameaça que crescia para além das sombras das montanhas. Apenas a presença dela seria uma declaração de poder e domínio. E, m*****a seja, eu precisava disso.

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