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(Está história é uma ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.) O saloon estava cheio naquela noite. Hael, porém, já estava acostumado com o barulho: homens gritando, trocando ofensas e se embriagando até perderem a noção. Se sua vida se resumisse a apenas esses momentos, talvez ele se desse por satisfeito. Levou o copo de uísque à boca e engoliu o líquido em um gole só, ignorando a ardência na garganta. Então, uma briga começou. Ele revirou os olhos, irritado, e murmurou para si mesmo: "Será que é pedir demais uma noite de paz? Uma noite sem confusão?" Sem qualquer interesse em assistir à pancadaria que estourava atrás dele, serviu-se de mais uma dose, fechou os olhos e deixou-se levar por pensamentos mais agradáveis. Sonhou com uma vida tranquila, uma fazenda cercada de verde, gado no pasto e o som do vento ao longe. Casaria com uma mulher maravilhosa e, com a bênção de Deus, teria muitos filhos. Um sorriso involuntário formou-se em seus lábios. Era tudo o que Hael desejava — e precisava. Mas, como sempre, tudo que é bom dura pouco. Um baque à sua direita trouxe-o de volta à realidade. Ele abriu os olhos e virou-se a tempo de ver um homem caindo no chão, com outro em cima, desferindo socos furiosos. As mãos do sujeito que apanhava ergueram-se em sua direção, como se suplicassem por ajuda. Hael suspirou, levando o copo aos lábios mais uma vez. Sua paciência, porém, já estava por um fio. Quando o agressor agarrou uma garrafa da mesa de Hael para golpear o adversário, ele não hesitou. Levantou-se calmamente e aplicou um golpe certeiro na nuca do homem, derrubando-o desacordado em cima do outro. — Que desperdício de uísque... — murmurou ao puxar a garrafa de volta para si. Foi só então que ele percebeu o silêncio que pairava pelo salão. Antes que pudesse dar outro gole, sentiu algo se quebrar contra seus ombros. Hael soltou um suspiro alto e olhou para o sobretudo encharcado, exalando o forte cheiro de álcool. "Caralho", pensou, tentando conter a irritação. Ele não queria confusão, só desejava beber tranquilamente e descansar. Amanhã, partiria para outra cidade. Esse era o plano. — Seu filho da puta! Quem você acha que é para impedir um dos meus homens? — uma voz grossa soou, autoritária, vinda de trás dele. Hael respirou fundo e virou-se devagar. O homem que atirara a garrafa estava acompanhado por um bando inteiro. — E aí, cuzão? Não vai dizer nada? — zombou o líder, com um sorriso presunçoso. Ele ajeitou o chapéu, deixando o rosto mais exposto. — Ah, merda! B-b-billy Walker! — a voz do homem falhou, trêmula. Um burburinho se espalhou pelo saloon. Hael observou os rostos ao seu redor, alguns boquiabertos, outros apavorados. Ele não era conhecido por matar sem razão, mas a reputação de Billy Walker como um dos pistoleiros mais letais do Oeste era inquestionável. Sem hesitar, Hael fez um movimento rápido. Sua faca voou pelo ar e cravou-se na cabeça do líder. O corpo caiu ao chão, e o caos começou. Tiros, gritos e mais corpos se juntaram ao do primeiro. Era isso o que acontecia quando enfrentavam Billy Walker. ➷➷➷ A cadeia não era novidade para Hael. Uma vez ou outra, acabava passando algumas horas por lá. Dessa vez, no entanto, já fazia dois dias que estava preso. Era um recorde pessoal. Apesar disso, ele não se importava muito. Considerava o local um bom refúgio para relaxar. O único problema era o estômago vazio, que já começava a protestar. Ele olhou para as grades e viu o xerife sentado à sua mesa, dormindo profundamente com o chapéu branco cobrindo o rosto. Hael conteve um sorriso. "Esse cara não faz nada além de dormir", pensou, divertido, enquanto observava o homem assustar-se com o próprio ronco. O xerife levantou-se, pegou um prato ao lado da mesa e caminhou até a cela. — Aqui. Hael ergueu uma sobrancelha, desconfiado. — Se não quiser, dou aos meus porcos — disse o xerife, puxando o prato de volta. Hael suspirou, vencido pela fome, e pegou o prato. O cheiro era delicioso, e ele devorou a comida em questão de segundos. — Então, serei executado ou o quê? — perguntou, limpando a boca. — Ainda não decidi — respondeu o xerife, cruzando os braços. — Você causou uma confusão e tanto... mas, pelo que ouvi, não começou a briga. O homem suspirou, pensativo, e continuou: — Além disso, senhor Billy Walker, não quero confusão com o Sem Alma. Vou soltá-lo, mas só quando eu decidir. Hael deu de ombros. — Certo. Só espero que não demore muito, ou nem o senhor vai aguentar o meu cheiro. — Estou acostumado com gente da sua laia — rebateu o xerife, com um olhar cansado. — Enquanto estiver aqui, fique na sua. — O senhor é quem manda. Obrigado pela comida. Deitando-se na cama improvisada, Hael colocou o chapéu sobre o rosto e fechou os olhos. Não demorou a adormecer. ➷➷➷ Hael acordou com o som estrondoso de tiros, seu corpo entrou em alerta imediato. Ele levantou-se da cama improvisada, os olhos se ajustando à escuridão do ambiente. Pela pequena janela de sua cela, percebeu que já era noite. Mais gritos. O som de um corpo sendo arremessado para dentro da delegacia. Vários homens entraram no local, e Hael reconheceu imediatamente alguns deles. Ele se apressou a pegar o pano e cobrir o rosto, deixando seu chapéu abaixado o máximo possível para não ser notado, mas sem perder a oportunidade de observar o que estava acontecendo. — Xerife, onde está o dinheiro? — perguntou um dos homens, sua voz grave e ameaçadora. Era Jason Fox, o temido "Urso do Oeste", um dos pistoleiros mais conhecidos da região. Hael sabia muito bem quem ele era. Jason sempre o olhou com desprezo, principalmente por sua origem asiática. Quando Hael ainda fazia parte do bando de criação de Jason, o líder tentou eliminá-lo em um duelo. Hael o havia vencido, mas Jason sobreviveu, perdendo um dos olhos. Desde então, jurava vingança. Hael sabia que esse encontro era inevitável, mas não imaginava que seria tão cedo e, pior ainda, que aconteceria enquanto ele estivesse vulnerável, preso e desarmado. — Eu já falei que vou pagar, eu ainda não consegui — o xerife respondeu, visivelmente apavorado. — Não conseguiu? — Jason repetiu, com um riso amargo. Ele apontou a arma para o xerife. — Você acha que sou idiota? — Nunca — o xerife gaguejou, tremendo. — Por favor, me dê mais um tempo, eu pagarei tudo o que devo. Jason se aproximou, segurou o cabelo do xerife e enfiou a arma na boca dele. — Eu deveria estourar sua cabeça agora, mas meu amigo quer vê-lo vivo. Vamos ver o que acontece — o bandido disse, olhando em direção à cela de Hael. — Ei, você! — apontou a arma na direção de Hael. — Acho que ele está dormindo — disse o outro homem, ao lado de Jason. — Soube que o Billy está aqui. Mostre o seu rosto agora! — ordenou o homem, atirando contra a parede ao lado da cabeça de Hael, que permaneceu imóvel. Hael cerrou os punhos, mas permaneceu em silêncio. Ele sabia que se se revelasse naquele momento, seria um erro fatal. Ele não estava em posição de enfrentar Jason Fox e seus homens, e sabia que qualquer movimento precipitado poderia ser o fim. — Eu soltei o Billy Walker nesta manhã. Esse homem só é um bêbado — o xerife, desesperado, disse. — Pode ir embora, Jason, isso aqui não é o que você pensa. Jason ficou em silêncio por um momento, analisando a situação. Seu olhar percorreu o local até se voltar para a cela de Hael, e ele ponderou por alguns segundos antes de fazer um gesto afirmativo. — Tem razão, Billy jamais seria pego. Sem falar nesse cheiro horrível. Se sair daí, tome um banho, seu miserável — Jason zombou, virando-se para ir embora. — Vamos embora, já temos o que queríamos — o parceiro de Jason disse, puxando o xerife com ele. Quando os bandidos saíram, Hael soltou a respiração que estava segurando. Ele se recostou na parede da cela, aliviado por ainda estar vivo, mas sabia que esse confronto com Jason ainda estava por vir. Não seria o último, e ele estava pronto para o dia em que teria a chance de acerto de contas. Mas, por enquanto, ficou quieto, sem querer causar mais confusão. Ele sabia que a luta estava longe de terminar.Cidade de Albuquerque — Novo México 1870Isabella Portman era a dama perfeita. Criada para seguir as regras da sociedade, ela sabia exatamente como se comportar em qualquer situação. Desde pequena, fora educada em um dos melhores colégios internos para moças, onde se tornara uma mulher culta, cujas palavras e sabedoria frequentemente assustavam aqueles ao seu redor. Diziam até que ela estava "à frente de seu tempo".Sua relação com o pai, o xerife Henry Hamilton, fora sempre distante. Embora o respeitasse, as visitas entre eles tornaram-se esparsas ao longo dos anos. Quando ele se mudou para o Oeste e ela se casou, os encontros tornaram-se ainda mais raros. Isabella se acostumara à vida na alta sociedade, mas, com a morte do marido e a solidão do luto, ela sentiu a necessidade de voltar a estar perto do pai. A pressão social e os comentários cruelmente piedosos sobre sua viúva situação tornaram a decisão ainda mais urgente. "Coitada, ficou viúva tão cedo", "Será que ela vai casar nova
Logo ao amanhecer, Bella saiu em busca de ajuda, indo até os homens que trabalhavam com seu pai. Mas, ao chegar na frente da delegacia, viu os corpos espalhados no chão. Colocou as mãos na boca, tomada pelo pânico, e deu meia volta, buscando auxílio em qualquer lugar. No entanto, as pessoas que passavam apenas a ignoravam ou balançavam a cabeça em sinal de medo, sem sequer deixá-la terminar de falar.Merda, ninguém nesta cidade consegue me ajudar.Foi então que um senhor, com uma carroça carregada de feno, parou ao lado dela.— Somos só civis, senhorita. Não temos como lutar contra bandidos, mas talvez alguém no saloon possa ajudá-la. — Ele apontou em direção ao local.— Obrigada, senhor. — Ela agradeceu, observando o homem seguir seu caminho.Bella sabia que não deveria entrar ali. O saloon não era um lugar para mulheres. Mas seu desespero superava qualquer pudor. Reunindo coragem, ela caminhou até o saloon. Ao soltar o ar que estava prendendo, percebeu que, para sua sorte, não havia
Hael disfarçou o sorriso ao perceber o olhar admirado da jovem. Ele sabia que era bonito, mas não dava importância a isso. No entanto, não deixou de notar o olhar ousado dela em seu traseiro enquanto selava o cavalo. Isso era inusitado para alguém que deveria ser uma dama da alta sociedade, e ele logo concluiu que Isabella Portman não tinha nada de inocente.Claro, ele não podia julgá-la. Afinal, também a analisara brevemente na delegacia. Era uma mulher atraente, com traços delicados. Talvez fosse um pouco magra, consequência das regras rígidas de onde vivia, mas isso não diminuía sua beleza.Discretamente, reparou no vestido comportado que ela usava. Os cabelos dourados estavam presos em um coque, com alguns fios soltos caindo suavemente sobre o rosto delicado. Seus olhos claros brilhavam com intensidade, o nariz arrebitado e os lábios carnudos completavam o quadro. Sim, ela era realmente bonita.Quando notou as duas malas ao lado dela, ergueu uma sobrancelha. Não podia acreditar no
Eles chegaram a uma aldeia atrás das montanhas, não muito longe de Albuquerque. As ruas estavam vazias devido ao horário da noite, mas era possível ouvir vozes altas e o som de música vindo do Saloon iluminado no final da rua principal.Hael conduziu seu cavalo até o celeiro local, desmontando com agilidade. Ele tirou a sela e fez carinho na crina do animal, observando o feno, o capim e a água disponíveis.— Pronto, amigão. Está livre agora. Alimente-se e descanse. Volto amanhã.— Qual é o nome dele? — Isabella perguntou, curiosa.— Raio.— Que nome legal. — Ela tentou se aproximar para acariciar o animal, mas Raio se desvencilhou, indo direto para a comida. — Acho que ele não gosta de mim.Hael soltou um riso discreto, enquanto verificava o restante do celeiro, notando outros cavalos e uma carroça parada no canto.— Não leve isso para o lado pessoal. Ele não gosta de pessoas estranhas. Para fazer carinho nele, precisa conquistar a confiança dele.Isabella sorriu, balançando a cabeça
Isabella suspirou, deitada na cama, tentando fechar os olhos, mas não conseguia. Seu coração agitado não se acalmava nem um pouco; a preocupação a deixava aflita. Se algo acontecesse com seu pai, ela jamais iria se perdoar. Ele precisava estar bem.Fechou os olhos e começou a orar em silêncio."Deus, se estiver ouvindo a minha prece, por favor, traga o meu pai vivo e salvo. É tudo o que peço. Não o tire de mim também... já bastou o Ralf. Ele não, por favor."Repetindo essas palavras como um mantra, Isabella foi interrompida por passos no corredor. A porta rangeu ao se abrir.Ela se sentou rapidamente na cama, assustada.— Desculpe, não queria te acordar. — A voz cativante e tranquila de Billy Walker ecoou pelo quarto.O corpo dela se arrepiou, como vinha acontecendo desde que o viu naquela manhã. Lindo, cheiroso... e quando cavalgaram juntos, com ela abraçada ao seu corpo quente, foi difícil ignorar o efeito que ele causava."Merda. Isso não deveria estar acontecendo." Sua intenção er
No meio da noite, Isabella despertou sentindo um mosquito picar seu rosto. Incomodada, levantou-se e saiu da carroça. Olhou ao redor e percebeu que todos dormiam no chão, menos Billy Walker. Ele estava sentado próximo à fogueira, com o olhar distante e perdido em pensamentos.Agora, com calma, Bella pôde observá-lo sem medo de ser flagrada. As feições dele estavam menos tensas, mais relaxadas sob o brilho suave das chamas. O rosto levemente bronzeado pelo sol só o tornava mais charmoso. Os olhos proeminentes, tão expressivos, refletiam um brilho peculiar e enigmático. A barba rala ao redor dos lábios e do queixo lhe dava um ar ainda mais sério... e irresistivelmente atraente.O mais curioso era a ausência de um sotaque asiático. Diferente de outros descendentes que ela conhecera, Billy não deixava transparecer sua origem. Será que ele nasceu aqui? Ela sentiu uma pontada de curiosidade. Deus, como queria saber mais sobre ele.Billy desviou o olhar para ela, surpreendendo-a. Quando ele