CAPÍTULO 05

Eles chegaram a uma aldeia atrás das montanhas, não muito longe de Albuquerque. As ruas estavam vazias devido ao horário da noite, mas era possível ouvir vozes altas e o som de música vindo do Saloon iluminado no final da rua principal.

Hael conduziu seu cavalo até o celeiro local, desmontando com agilidade. Ele tirou a sela e fez carinho na crina do animal, observando o feno, o capim e a água disponíveis.

— Pronto, amigão. Está livre agora. Alimente-se e descanse. Volto amanhã.

— Qual é o nome dele? — Isabella perguntou, curiosa.

— Raio.

— Que nome legal. — Ela tentou se aproximar para acariciar o animal, mas Raio se desvencilhou, indo direto para a comida. — Acho que ele não gosta de mim.

Hael soltou um riso discreto, enquanto verificava o restante do celeiro, notando outros cavalos e uma carroça parada no canto.

— Não leve isso para o lado pessoal. Ele não gosta de pessoas estranhas. Para fazer carinho nele, precisa conquistar a confiança dele.

Isabella sorriu, balançando a cabeça em concordância. — E agora, o que faremos?

— Vamos descansar por hoje. Amanhã partiremos para outra cidade. — Hael tirou o chapéu, passando as mãos pelo cabelo e jogando a franja para trás. Pegou sua mala e a maleta de dinheiro.

— Só nós dois? — ela indagou.

— Não.

— Quem mais?

— Meus homens, senhorita. Se quiser desistir, esta é sua última chance.

— Por mais que você deseje isso, lamento dizer que não vou desistir. — Ela sorriu, desafiadora.

Os dois saíram do celeiro e seguiram em direção ao Saloon, mas, no meio do caminho, Hael mudou de ideia e levou Isabella para uma hospedaria próxima. Assim que abriram a porta, um sininho soou, anunciando sua entrada.

A dona do lugar, uma mulher de cabelos grisalhos e sorriso acolhedor, apareceu no balcão.

— Billy, voltou rápido. — Ela notou Isabella ao lado dele e arqueou as sobrancelhas. — E quem é esta?

— Filha do xerife de Albuquerque. — Hael respondeu, cruzando os braços.

A senhora Candice soltou uma exclamação surpresa.

— Estão todos falando do xerife. Foi aquele tal de Jason, não foi? Esse homem nunca aprende.

— Sim. Eu vou trazê-lo de volta.

Candice arregalou os olhos, mas, antes que pudesse protestar, Hael a tranquilizou com um meio sorriso.

— Vai querer um quarto para ela?

— Sim, deixe-a no meu por enquanto. Eu pego outro, se necessário.

— Muito bem. — Candice sorriu e se voltou para Isabella. — Você é tão bonita, minha querida. Qual é o seu nome?

— Isabella Portman. — Ela fez uma pequena reverência e sorriu abertamente.

Hael observou de canto, quase sorrindo junto. O sorriso dela era realmente encantador.

— Vou deixá-la sob seus cuidados, Candice. — Ele entregou a maleta de dinheiro e a bolsa para Isabella. — Cuida disso por enquanto para mim.

— Você não vai ficar aqui? — Isabella perguntou, com uma ponta de ansiedade na voz.

— Não. Preciso resolver algo. Não é lugar para senhoritas como você. Candice cuidará bem de você.

Ele saiu da hospedaria, mas, antes de fechar a porta, ouviu Candice perguntar:

— Já comeu, querida?

— Não.

— Está com fome? Antes de subir, que tal jantar?

Isabella respondeu que estava faminta, e Hael sorriu consigo mesmo. Agora poderia ir ao Saloon com a mente mais tranquila.

Ao atravessar a porta do bar, o burburinho cessou por um momento, e os olhares se voltaram para ele. Quando seus homens o avistaram, levantaram-se de suas mesas com sorrisos largos.

— Chefe! — saudaram em uníssono.

Hael fez um leve gesto com a cabeça em resposta, aproximando-se.

— Eu disse que ele voltaria cedo! — exclamou Jake, o melhor amigo de Hael, com um sorriso vitorioso. — Conheço esse safado!

Algumas risadas ecoaram pelo Saloon, e o ambiente logo retomou seu ritmo normal. Hael se juntou ao grupo, observando-os entregar pratas a Jake.

— Vai querer o de sempre, Billy? — perguntou o dono do bar.

— Sim, talvez algo mais forte desta vez. — respondeu, retirando o chapéu.

Jake, Charlie, Spencer, David e Miguel o cumprimentaram com abraços e t***s nas costas. Quando se sentou, Charlie foi o primeiro a comentar:

— Chefe, ouvimos que você se meteu em confusão em Albuquerque.

— Se fosse só isso, estava ótimo. — Hael suspirou, jogando os fios de cabelo para trás.

— O que aconteceu? — Jake perguntou, preocupado. — Ouvimos dizer que Jason levou o xerife.

— Sim. — Hael fez sinal para que eles se aproximassem, a expressão ficando mais séria. — Queria dar mais tempo de descanso para vocês, mas os planos mudaram. Podem recusar, se quiserem.

Os homens trocaram olhares rápidos.

— Estamos dentro, chefe. — Charlie disse. — Estávamos entediados mesmo.

— Vamos atrás do xerife. Temos um bom dinheiro para isso.

— Quem pagou? — Jake perguntou.

— A filha dele. Ela está aqui.

— O quê?! — Todos exclamaram ao mesmo tempo, atraindo alguns olhares curiosos.

— Sim, eu sei. — Hael esfregou os olhos, exasperado. — Ela é teimosa.

— Pelo menos é bonita? — Miguel perguntou com um sorriso travesso.

Hael deu um tapa leve no chapéu dele.

— Respeito. Ela está aqui por outra razão. Entendido?

Os três solteiros balançaram a cabeça, envergonhados.

— Mas por que trouxe ela? — Jake insistiu.

Hael suspirou profundamente e contou tudo. Quando terminou, todos pareciam igualmente preocupados.

— Talvez devêssemos deixá-la aqui. — Charlie sugeriu.

— Pensei nisso, mas algo me diz que ela faria besteira. É melhor mantê-la sob nossa proteção.

David assentiu.

— Vamos protegê-la.

— E você já tem um plano? — Spencer perguntou.

— Sempre. — Hael respondeu com um sorriso misterioso. Olhou para Jake e David. — Mas vamos precisar de mais alguém para isso.

Jake ergueu as sobrancelhas, surpreso, enquanto David sorriu de canto, já prevendo a resposta.

— Não acredito. Essa eu quero ver. — Jake riu, batendo na mesa.

Hael sorriu, cheio de saudade.

— Eu também, meu amigo. Eu também.

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