À noite era como muitas outras na cidade que nunca dorme. O vai e vem dos taxis amarelos no Distrito de Manhattan e a brisa amena do inverno tocava com intensidade o rosto e perturbava os tímpanos do jovem Alexander; que andava com às mãos escondidas dentro dos bolsos de seu moletom preto, chegando próximo das casas noturnas que haviam entorno da Quinta Avenida. Suspirou, ao avistar, mais adiante, seu lugar de lazer.
O rapaz vagava calmamente ouvindo sua playlist favorita indo rumo à uma casa noturna mais ao fundo da rua Madison Avenue, ao leste da Quinta Avenida que, por sua vez, divide Manhattan em duas partes: Leste e Oeste, próximo das enormes lojas da ilha. Então, observou uma Ferrari estacionar um pouco mais à sua frente, donde saíram dois jovens com roupas caras e, que pelo modo como trajavam-se, eram de um dos bairros nobre da cidade. Por um tempo, Alexander, manteve contato visual com os dois que lembrou-lhes muito os filhos de uma importante empresária do ramo de evento, mas, claro, logo encerrou com sua paranoia logo que o manobrista retirou o veículo dali.
Ele seguiu com os olhos verdes luminosos pelos detalhes da rua até que passou pelos dois de cabeça baixa enquanto tirava do bolso sua carteira e adentrasse com máxima urgência à porta. Porém, um dos seguranças o parou e pediu para que ele mostrasse sua carteira de identidade. O homem alto, de pele bronzeada e corpo atlético, analisou o jovem garoto e fez um sinal para que ele retirasse o capuz dando uma bela visão do rosto anguloso e quase quadrado. O segurança, por um breve momento, parou para contemplá-lo. Alexander podia senti os olhos azuis do moreno fixo em seus lábios, que logo lhe devolveu o documento e, em seguida, jogou uma piscadela em sua direção.
Alexander nem se deu o trabalho de revidar o flerte. Apenas entrou no lugar com diversas cores e com um espaço amplo, dando um charme incomparável a beldade do ambiente. Luzes coloridas percorriam pelas pessoas que agitavam-se ao som de músicas eletrônicas e rappers alterados. Vasculhou com os olhos entorno, a procura de seu amigo mais velho que disse que o esperaria ali.
Alexander estava exausto pela semana cansativa de aula que tivera, e isso era perceptível pelos olhos um pouco vermelhos por passar da hora de dormir. Precisava sim de um pouco mais de lazer alternativo, e aquele convite por parte de Deniel, soou-lhe convidativo. Dan — amigo de Alexander —, comentou na sexta passada com ele — seu melhor colega de faculdade —, que havia comprado dois ingressos para a inauguração da boate Blackburn, no centro de Manhattan, e convidou-o para irem juntos, prometendo a Alexander que não haveria de se preocupar com nada.
Apesar da pouca idade, Alexander nunca se deteve para a luxúria e benefício do mundo. Sempre quis conquistar um futuro digno, com seu próprio suor e estudo. Aos dezessete anos adentrou para a maior universidade federal de Nova Iorque, e sonhava um dia em ajudar seu irmão mais novo e sua amada tia — que o criou desde muito pequeno —, a ter uma vida confortável. Aos olhos dos vizinhos — de maioria negra —, o pobre Alexander não passava de alguém sem rumo, de boa aparência, contudo, sem vontade própria.
Ao fundo avistou Dan, que rapidamente fez uma menção para que achegasse mais próximo. Abriu um sorriso e caminhou para perto do amigo que, por sua vez, o abraçou de leve.
— Pensei que você nem viria, Alex — articulou Dan, conduzindo o amigo para sentar em um dos bancos próximo do balcão. — Como foi seu sábado? — indagou em seguida, no tempo em que pediram uma bebida moderada para curtirem a vibe.
Alexander apertou os olhos enquanto bebia um pouco do seu uísque. Era sua primeira vez ali, tentando se enturmar com o que o mundo poderia lhe oferecer e por um tempo, permaneceu quieto, antes que respondesse o amigo.
— Não mudou quase nada — revelou um pouco alto, por conta do som da boate. — Tive poucas aulas hoje, o que foi favorável e, por conta disso, cheguei mais cedo em casa para ajudar meu irmão com os trabalhos da escola, e minha tia, com os serviços domésticos. Senti sua falta lá, mas tudo bem, compreendi seus momentos — completou ele, quase encostando seus lábios nos ouvidos de Dan.
Deniel sentiu a vibração incontestável da voz de Alexander cantarolar pelos ouvidos. Ele sorriu, e por um instante parou para observá-lo mais atentamente. Os olhos verdes que sempre recaíam nos seus, estavam ainda mais luminosos que o normal. O rosto harmonioso, quadrado e anguloso, destacava-se pela perfeição que fora esculpido. Alex havia mudado muito, e isso era perceptível, tanto pela franja negra que descia pela testa e parava um pouco abaixo de seus olhos, quanto pelas sobrancelhas grossas e bem feitas.
— Você está impecável — elogiou Deniel, com uma sensatez incomum em sua voz. — Agora, sobre eu não ter ido, infelizmente, foram por conta de uma reunião familiar. E, falando nesse assunto, conte-me sobre a treta que aconteceu com seu irmão no colégio? — ele quis saber.
Só de pensar em contar os detalhes do ocorrido com Matthew, o ódio imperceptível nos olhos de Alex já ganhavam proporções avassaladoras. Por um instante queria não ter ouvido a pergunta de Dan, porém, como um bom amigo que era, contou-lhe tudo. Ao final dos argumentos, o olhar enraivecido de Deniel, era perceptível em seu rosto com algumas sardas próximas de seu nariz afilado, demonstrando pavor.
— Sinto muito pelo seu irmão, meu amigo. — Solidarizou-se com o episódio preconceituoso que Matthew sofrera em sua escola — só espero que essa direção possa punir o outro rapaz — manifestou-se Daniel, tomando mais um gole de uísque.
— Que nada! Sabe como esses ricos são? Sempre saem ilesos de seus atos — por um tempo, Deniel concordou. — Ainda bem que esse é o último ano do Matthew lá como bolsista! — praguejou-se mentalmente por estimular seu irmão à ir estudar na Dalton School.
— E você irá resolver essa parada? — indagou, e logo depois, pediu mais uma dose de bebida.
Alexander pensou por um breve momento. Contudo, logo afirmou em um gesto simples com cabeça. Era óbvio que teria que ir, já que sua tia passaria a se ocupar pela manhã, e a tarde, ela faria diárias em algumas casas do bairro. E como teria a manhã livre, na segunda, acompanharia o irmão mais novo. Sempre soubera da inocência de Matthew, e que esse povo de nariz empinado costumava encrencar com os bolsistas afim de expulsá-los sem dó alguma de uma escola como Dalton. Mas, Alex, era tão impaciente tanto quanto Matthew, e o mais depressa que resolvesse esse equívoco, mais tempo ele teria para estudar em paz.
— Seu irmão deve suprir um orgulho e tanto por você, eu suponho? — aquilo fez com que Alex sentisse suas bochechas esquentarem.
— Quando eu perdi meus pais, tive que criá-lo com muita responsabilidade, Dan. — Só de lembrar do episódio, lágrimas queriam insistir em cair, mas, estas não vieram pelo controle que ele tinha sobre elas — Matthew nunca deu-me trabalho como nesses últimos meses. Desde que ele entrou na Dalton, o cara não teve um segundo de paz. Parece-me que esse tal Woodrow Efron, vive cercando-o — Dan o analisou por um instante como se estivesse estudando-o. Repousou sua taça encima do balcão, e como a boate estava menos agitada naquela noite, já podiam falar mais tranquilos, sem precisarem alterar a voz.
— Isso parece-me psicopatia — cismou o ruivo, juntando as mãos como se tivesse agradecendo, e colocou para apoiar o queixo. — Não acha isso muito estranho? Claro que esse Woodrow é uma pessoa sem pingo algum de noção na cara, e que vive querendo atentar a paciência de seu irmão, que na minha opinião é bem na dele, pois se fosse comigo eu já teria quebrado esse cara ao meio — aquele comentário fez Alexander trancar o riso.
Dan era um cara muito na dele. Rapaz de índole, que mesmo tendo uma posição financeira mais estabilizada que de Alex, nunca desmereceu o amigo, ao contrário, sempre ajudou-o quando precisava. Alexander, claro, orgulhoso como era, quase não aceitava.
— Acalme-se, Hulk. — debochou Alex, e em seguida, prosseguiu: — Só acho que isso ainda vai me dar muita dor de cabeça. Em outras palavras, precisamos nos divertir um pouco! Ficar aqui, falando de assuntos como estes, é um caos.
Dan concordou de imediato. Mesmo se Alex quisesse, ele passaria a festa toda ali, dando suporte nesse momento um tanto quanto conturbado no qual o irmão mais novo se metera. Mas, também, precisavam relaxar um pouco já que as aulas de Direito tomavam-lhe muito o precioso tempo que tinham livre. Nesse sentido, Dan puxou o amigo pelo pulso e o conduziu ao centro da pista de dança, lugar onde começaram a dançar ao som de Metálica, e rocks um tanto antigos e agitados.
Algumas vezes, o jovem Alex percebia que algumas pessoas o olhava com malícia nos olhos, como se pudessem despi-lo ali, no meio de todo mundo. Porém, o que chamou ainda mais sua atenção, era que um homem de mais ou menos vinte e sete anos, que o encarava ao lado de um rapaz mais novo, com a mesma feição, e que acompanhava ritmicamente os passos conforme as batidas das músicas eletrônicas tocavam em ritmos agitados, e a maioria daquelas pessoas já não se importassem com a forma ridícula na qual, ambos, tentavam sem êxito, igualar.
Depois de um tempo dançando, olhou para o lado em busca de capturar a imagem do amigo e sorriu quando o avistou aos beijos com uma mulher morena, que o prendia entre os braços.
Alexander afastou-se imediatamente, caminhando no meio da multidão de pessoas, tentando buscar um pouco mais de ar para seus pulmões. Assim que chegou ao balcão, pediu um refrigerante ao barman, que logo o atendeu, estendendo-lhe a garrafa. Alexander tirou a carteira porta cédulas do bolso da calça e, antes que entregasse cinco dólares ao garçom, este deparou-se com uma mão afastando-o do que pudesse acometer em seguida.
— Pode deixar que eu pago — um sorriso brincou nos lábios avermelhados do mesmo homem que encarava-o enquanto dançava momentos atrás, e dono da Ferrari de mais cedo.
— Eu nem te conheço, cara! — discorreu Alex, incrédulo.
— Ué? Ainda precisa me conhecer? Só tem que me agradecer, bobão — Alex tentou não gargalhar no momento. Ele pegou o refrigerante e afastou-se um pouco do balcão, para tomá-lo.
Ele sentiu um corpo enorme o circundar, parando-o à sua frente. Conseguiu, miseravelmente, discernir a silhueta do rapaz loiro o encarando.
— Qual foi, irmão? Perdeu algo em mim? — cogitou Alex.
Houve um breve silêncio por parte do homem que, mais uma vez, fora gentil e ao mesmo tempo, perturbador aos olhos de Alexander.
— Você não me agradeceu — o rapaz dissera mansamente próximo do ouvido de Alexander, que sentiu o hálito quente tocar sua pele, causando-lhe de imediato um arrepio em toda sua extensão corporal. — É apenas isso que eu quero, garoto!
Alexander o estudou por um momento na tentativa de não perder a classe que nunca tivera, e partir para o ataque. Enquanto bebia o líquido da garrafa pet, apenas ficou encarando o homem, e logo após, para cessar o momento tenso que tinha se formado, iniciou:
— Muito obrigado Sr. Desconhecido, por ter me pago esse refrigerante. Conformado? — questionou o rapaz mediano.
O loiro concordou com a cabeça.
— Ao contrário, acho que não fomos apresentado como devíamos? — o rapaz loiro de olhos azuis e corpo atlético, o encarou brevemente, e depois, sem tanta demora, continuou: — prazer, eu me chamo Michael Jones Efron — gesticulou o garoto, estendendo sua mão em cumprimento.
Demorou um tempo para que, Alex, finalmente o confrontasse com a sua. Foi um toque lento e demorado, que fez aqueles dois corpos acederem-se como se estivessem em chamas. Logo afastarem-se, e Alexander, pôde, finalmente, respirar aliviado.
— Onde você mora? — quis saber Michael, um tanto curioso pela forma como Alexander vestia-se.
— Dyker Height, no Distrito do Brooklyn. Agora, se puder me dar um pouco de privacidade, eu agradeceria! — Michael sorriu sem mostrar os dentes.
— Tudo bem! — ele erguera as mãos em rendição. Tentou dá um passo, mais no mesmo segundo virou-se para o jovem Alexander. — Mas, que fique bem claro que eu só vou porquê está me pedindo com delicadeza, e tenho que levar meu irmão mais novo em casa — e saiu pisando lentamente.
Alex preferiu não ter ouvido o flerte. Nunca escondera sua bissexualidade de ninguém, nem mesmo de seus amigos, tia e irmão, que o apoiavam com o maior carinho. Sempre lidara muito bem com o preconceito que os desconhecidos faziam com sigo, mas isso nunca foi um empecilho para que fosse feliz. Ele não negava que algo atraía-o em Michael, se não fosse o par de safiras, com toda certeza era o sorriso perfeitamente alinhado. Por outro lado, não queria se iludir tão depressa. Ele não era assim! Não com um cara que tinha certeza que jamais veria outra vez!
Em primeiro lugar, não estava tão contente com a festa, e por isso avisou Daniel em uma mensagem que estaria indo embora, e que se falariam na segunda, após a aula. Logo depois, ele saiu pela porta da entrada, e sinalizou apressadamente para um táxi que passava por ali, no momento. Aquela noite já tinha bastado para Alex, agora só precisava de um banho morno e sua cama; nada além disso! Mais demoraria um pouco, já que iria cruzar a ponte Brooklyn Bridge aquela hora da noite.
O sol refletia-se nos quartos da mansão Efron e revestia de dourado as paredes brancas pintadas há pouco tempo, mas o vento que vinha de fora, trazia uma sensação agradável ao corpo de Michael que, por sua vez, mantinha-se deitado em sono leve na cama.Era quase meio-dia quando acordou. Abriu e fechou às pálpebras para se acostumar com o clarão do sol, mas que mesmo assim, era inebriante em sua pele.Tirou as cobertas,levantando-se para apertar o corpo, e logo depois, caminhou até a varanda do seu quarto; o lugar da onde podia ter vista privilegiada para uma praça ao ar livre e, assim sendo, à piscina que havia no jardim da mansão. Sorriu levemente antes que voltasse para pegar a tolha, uma sunga, e uma calça moletom. Respirou fundo antes que adentrasse o banheiro.Ligou o chuveiro e colocou o corpo aos poucos embaixo da água que caía fria, dissipando a sensação inevitável de encontrar sua mãe logo cedo. Dona Catherine,
Eram quase seis da manhã quando Michael e Woodrow aprontaram-se. O irmão mais novo — como de costume —, usava uma camisa branca por debaixo do blazer da escola, que era preto e com mangas longas. Calçava um sapato da mesma cor dos outros acessórios, e trajava-se uma calça jeans colada nas pernas, deixando-o, apesar da idade, um pouco másculo.Michael observou seu reflexo pelo espelho, e um leve sorriso brotou em seus lábios levemente avermelhados. Não trajava-se como das outras vezes, pois esta não era uma ocasião especial para expor suas incontáveis roupas de marcas. Usava uma calça jeans branquicenta e um blazer preto por cima de uma camisa da mesma cor. Ajeitou o cabelo em um topete alto, e voltou-se para encarar o irmão que transparecia calmaria, mas estava num conflito interior massivo e ao mesmo tempo, agonizante.— Preparado? — esta era uma das palavras que naquele momento, Woodrow Jones Efron, não sabia o significado. A tensão era visível em
O silêncio entre eles seguiu desde o instante em que Alexander adentrou o carro de Michael, até o momento em que saíram dele na Quinta Avenida e adentrassem num café, que naquela hora do dia, estava sem grande movimento. Foram recepcionados por uma garota loira de roupa padrão preta, e que conduzira-os pelo salão até uma mesa vazia mais ao fundo, próximo de uma janela a vidro, e com cântaros de flores ao longo da sua extensão.Aquilo hipnotizava os olhos de Alexander, que apesar de no passado, segundo a história, ser Grande, ali, perante aquela estrutura de mental e concreto, tornara-se pequeno; um grão de poeira em meio ao furacão chamado Michael Jones Efron. Por quê não se perguntara da onde vinha aquele sobrenome? Discursara com Dan, na noite de sábado, os reais motivos pelos quais o irmão passou, e até mesmo mencionara com o amigo sobre Woodrow Efron. Mais naquele instante, a raiva era muito maior que a capacidade de pensar, e por conta disso, não juntara
— Caracas mano, e como você agiu?Após contar todos os detalhes sórdidos da reunião na Dalton School; Alexander discursara repentinamente sobre quem eram seus anfitriões. A cara de espanto era notável em Deniel, que respirava pausadamente.— Bom, eu fui um ótimo ouvinte — respondera em meio a tensão. — Se eu soubesse quem eram, com certeza eu ficaria em casa e tiraria meu irmão o quanto antes daquela escola.— Mas você disse que ficara tudo acertado. Não há motivos para tirar Matthew de lá.— O negócio não é esse. Parece simples, mais não é! Eu conheço meu irmão mais que qualquer outro e sei que há algo de errado com ele ultimamente, e que aquele moleque pode se aproveitar disso afim aprontar novamente — tentou manter a calma, por mais que não fosse tão fácil quanto parecia no momento. Segundos depois, continuou: — E para piorar, o responsável dele é nada mais que um sujeito que, por azar do destino, cru
Parecia que todas às almas daquele lugar tivessem sido aprisionadas por um medo imensurável, quebrando seus ossos e mutilando freneticamente os pensamentos dentro de suas mentes.A silhueta de Catherine Jones continuava em pé próximo da porta, assim como sua intensa voz ainda fazia eco pelo quarto até que as paredes estivessem, finalmente, engolidas para si.Michael olhou para o irmão e viu como o mesmo se portara perante a figura matriarcal. Sua respiração saía arduamente de seus pulmões, e uma pequena parte de seu corpo, queria ali, na frente de sua mãe, desmoronar.Ela deu mais uns dois passos para dentro do quarto, e fora intervida pelo mais velho.- Você ficou louco, Woody? - discursara Catherine, um tanto incrédula. - Tem noção do que acabou de falar, meu filho? - algumas lágrimas deslizavam pelo rosto rejuvenescido por uma maquiagem leve que destacava sua pele branca e bem cuidada.Wood
O dia havia amanhecido nebuloso devido à neve que caía aos poucos em Nova Iorque. Na mansão Efron, o silêncio tinha estagnado sob todas às almas que habitavam ali. Por outro lado, parecia que enfim, tudo estava nos conformes e em seus devido lugares.Michael descia calmamente os degraus da escada que dava acesso à sala-de-estar, e observou, mais ao fundo, sua mãe servindo-se com café.Ele sentou-se em sua habitual cadeira e, em seguida, se serviu sem nem ao menos importar que logo a sua frente, à matriarca o encarava com um pouco de indiferença. Talvez pelo que dissera na noite anterior, quando decidiu contrapor às suas medidas restritivas ao irmão.— Você dormiu bem? — ela perguntara autoritária, repousando a xícara encima da mesa de vidro. — Parece um pouco tenso, meu amor — comentou em seguida, assim que não obteve resposta.Michael deu-se ao trabalho de não dizer sequer uma palavra. Permaneceu em silêncio,
— Então você está apaixonado? — perguntara Deniel, num tom de voz nada emotivo.Alexander sentiu uma pontada de ciúme em sua fala e sorriu.— Ainda não — respondeu o mais novo, mantendo Deniel preso ao olhar duro.Ergueu o celular, como se para lembrá-lo do que dissera acerca dos problemas mencionados anteriormente. Deniel respirou fundo após tomar um gole de suco e fitou, mais uma vez, o amigo. Ele não compreendia como Alex parecia tão inteligente e ao mesmo tempo ingênuo demais para as coisas do mundo, a ponto de não notar seu afeto gigantesco por ele. Repousou sutilmente o copo encima da pequena mesa e correu com os dedos pelo cabelo ruivo que mais pareciam chamas em ascensão. Demorou um tempo para que, finalmente, dissesse algo.— Então você sente alguma coisa por ele, não é mesmo? — essa pergunta ferveu o corpo inteiro de Alexander.— Não sei, é complicado — respondera quase que em
Michael e Woody estavam conversando no quarto. Falavam do futuro, do passado e, claro, do presente. Do agora, do instante que vivenciavam. Ambos tinham uma sintonia quase inexistente no mundo; um amor fraterno invejado e expressavam-se como grandes amigos que eram.Michael mantinha-se jogado num colchão inflável no piso, e Woody, numa cadeira, com os olhos atentos na tela do computador enquanto estudava.— E a Mia?— O que tem ela? — perguntou Michael.— Não se faça de bobo, irmão — o mais novo virou o rosto para fitar os olhos dele, um pouco perdidos no tempo. — Sei que apesar do que houve no passado entre vocês, ainda sente algo por ela.— Repúdio, nada além disso — ignorou o fato da garota ainda rastejar e mutilar seu coração. — Eu realmente pensei que ela me amava, Woody, mas não. Ela é igual à muitas garotas, não merece meu amor.— E quem merece? — questionou