Eram quase seis da manhã quando Michael e Woodrow aprontaram-se. O irmão mais novo — como de costume —, usava uma camisa branca por debaixo do blazer da escola, que era preto e com mangas longas. Calçava um sapato da mesma cor dos outros acessórios, e trajava-se uma calça jeans colada nas pernas, deixando-o, apesar da idade, um pouco másculo.
Michael observou seu reflexo pelo espelho, e um leve sorriso brotou em seus lábios levemente avermelhados. Não trajava-se como das outras vezes, pois esta não era uma ocasião especial para expor suas incontáveis roupas de marcas. Usava uma calça jeans branquicenta e um blazer preto por cima de uma camisa da mesma cor. Ajeitou o cabelo em um topete alto, e voltou-se para encarar o irmão que transparecia calmaria, mas estava num conflito interior massivo e ao mesmo tempo, agonizante.
— Preparado? — esta era uma das palavras que naquele momento, Woodrow Jones Efron, não sabia o significado. A tensão era visível em sua face e sabia que, apesar de ser um dos mais rico da Dalton School High, as acusações sobre ele pesavam.
— Acho que, possivelmente, terei um ataque cardíaco — Michael suspirou profundamente, tentando manter controle sobre seus nervos. — A partir de agora, antes de falar qualquer outra palavra inusitada, vou medi-las antecipadamente.
O irmão mais velho tivera que concordar.
— Me fala um pouco sobre esse rapaz? — indagou Michael, após sentar na beirada da cama, esperando o irmão terminar de se aprontar.
Woodrow manteve um breve silêncio enquanto encarava seu reflexo pelo espelho. Notou que, o irmão, também observava-o por aquele objeto com arestas em mogno precioso, pendurado na parede próximo de sua estante onde diversos livros faziam pilhas, e baixou a cabeça logo em seguida. Havia um sentimento de culpa que o feria dentro da alma, como se incontáveis pontas de agulhas estivessem sendo afincadas ali. Guardou as lágrimas, não iria chorar. Por um instante levou sua mão afim de tocar o corpo por cima da farda, e nesse instante, imagens de Matthew Red, fizeram-se presente. Ele sabia que algo de errado havia mudando com sigo, só não sabia se estava preparado com antecipação para essa mudança.
— Ele é... — Michael levantou uma sobrancelha para que o irmão mais novo continuasse. Woodrow respirou fundo, batalhando contra seus demônios internos e, mesmo que confiasse sua alma ao mais velho, não estava pronto o suficiente para lidar com as consequências de sua adolescência conturbada — um metido que vive querendo confusão — mudou completamente a face, não deixando transparecer nada além do seu próprio ódio visível.
Michael levantou-se depressa afim de poupar o irmão de um conflito ainda maior. Ele repousou suas mãos nos ombros do menor, e virou o corpo dele para que pudesse ter uma visão mais aguçada de seu rosto. Perfeito! Essa era a palavra que Michael poderia defini-lo no momento. Woodrow era tão belo quanto ele, e pensou que por um momento, este estivesse em uma guerra para não aceitar sua sexualidade.
— Olha, maninho? — iniciou Michael, fixando seu olhar penetrante que poderia enxergar qualquer alma dentro de um corpo, e continuou: — Às vezes, tem alguns sentimentos dentro da gente que não se manifestam até que não suportamos e colocamos eles para fora de uma forma inevitável. Algumas pessoas acabam se machucando, afinal, não temos nem ideia de como controlar nossas emoções... nossa raiva. Parece que o mundo inteiro é jogado sobre nossas costas e temos a intimação de carregá-lo até o último suspiro. Mas você não tem que viver carregando e vivendo aquilo que os outros querem que viva... tem que ser você, amar o que tu é... nada além disso! Entendeu? — deu um tapinha do ombro de Woodrow e o abraçou.
— Eu... tô muito confuso — o menor embargou a voz, era mais que visível o medo dominando suas entranhas e disseminando invisivelmente gotas de ódio pelo corpo inteiro, atingindo seu coração e contaminando como um vírus. — Eu não queria ter dito aquelas palavras... eu não queria ofender o Matthew, muito menos, magoá-lo.
Michael pensou por um instante. Afastou-se do irmão e olhou diretamente para o relógio digital no pulso, e depois, fez um biquinho de leve e bagunçou o cabelo arrumado de Woodrow, que o empurrou o jogando na cama.
— Eu vou te esperar lá embaixo, meu irmão — enunciou em meio aos risos. — E olha? Não fica assim não! Eu juro que vou resolver esse transtorno para você e, pelo amor de tudo que é mais sagrado, nunca mais faça isso! — Woodrow uniu as mãos em confirmação.
Michael deixou o quarto de Woodrow, seguindo para o tão denso andar de baixo, onde, possivelmente, sua mãe estaria. Equilibrou-se mentalmente para não ter que surtar logo pela manhã, e momentos depois, a encontrou na cabeceira da mesa conversando com uma das serviçais que trabalhavam na mansão, e que lhe servia o café, enquanto lia o jornal. Seu rosto não era um dos melhores, e algo estava errado.
— Bom dia, dona Catherine — Michael à beijou no rosto, como de costume, e ela observou-o como vestira-se. Deu um sorriso calmo e o respondeu tranquila, como se não houvesse acontecido nada no dia anterior.
— Hum! Está todo arrumado. Todo cheiroso; onde está indo? — ela tinha que justamente perguntar aquilo. Michael olhou para o irmão que aproximava-se da mesa, e respondeu à mãe:
— Irei levar Woody na escola, e depois passarei na empresa. Faz tanto tempo que não vou lá — respondeu sem demonstrar chances para que sua mãe o interrogasse.
Catherine Jones analisou-os por um bom tempo. Viu a tensão palpitar em seu filho mais novo e sentiu que algo ali não estava certo. Porém, não deu bola. Ela apenas levantou-se pegando sua bolsa e saiu sem dizer nada além daquilo.
O que a mulher tinha de beleza com toda certeza, possuía mais ainda de amargura.
Woodrow suspirou profundo, inquieto, e não tocou no café. Sentia que logo sua mãe saberia sobre o que se passou na escola, e tomaria providências mais restritivas sobre a educação dele.
— Vamos? — Woodrow saiu de seu devaneio longínquo. — E fique calmo, pois eu estarei lá com você!
Ambos saíram da casa indo em direção a garagem da onde retirou um Ford preto, última geração, e adentraram. Michael deu partida saindo do Inwood, e pegando o caminho mais viável para não demorarem.
Como Woody estava tenso, e Michael não queria incomodá-lo, ligou baixo o rádio do carro que tocava uma música do Shawn Mendes, e começou a pensar em si mesmo. Faziam algumas semanas que ele nem ao menos saía com alguém. Já estava no auge de seus vinte e cinco anos e tinha que tomar uma decisão gradativa acerca de sua relação amorosa. Desde que se aceitou bissexual há três anos, sua vida mudou muito, porém, tinha dado uma estagnada ultimamente. Os poucos amigos que ele fizera ao longo do colegial, tinham se afastado.
Os problemas com sua mãe e a crise mental de seu irmão só favoreceu para que se distanciasse de algumas pessoas e, por um tempo, cuidasse mais de Woodrow do que de si próprio. Mas não se arrependera de nada! Amava o irmão e isso era o que importava no momento.
Passou alguns longos minutos até que estivessem em frente à Dalton School. O prédio gigantesco e aprimorado erguia-se como uma montanha em um dos bairros mais ricos da cidade. A construção antiga com um toque moderno e tecnológico, a fazia uma das únicas em toda Nova Iorque. Michael parou o carro no vasto estacionamento escolar com prioridade aos responsáveis, e logo após, saiu do automóvel.
Alguns alunos o encaravam de longe, pois sabiam ao certo filho de quem ele era. Logo depois Woodrow saiu e alguns olhares revoltosos seguiram-se até ele. Michael segurou firme em seu antebraço e o guiou pelos corredores lotado em direção à diretoria da escola.
Um leve arrepio correu seu corpo ao avistar o cara da balada ali, esperando ser chamado e ao lado dele, um rapaz ainda mais bonito. Aquilo foi como se a terra estivesse sido jogada sobre suas costas, e por um tempo, não houvesse recobrado os sentidos.
Aproximaram-se vagamente até o instante em que os olhos cruzaram-se e Woodrow sentisse um energúmeno naquele recinto. Parou alguns metros, e no mesmo momento, Alexander e Matthew ergueram-se apressadamente.
— Foi ele, Alex! — revelou Matthew, apontando o dedo indicador ao corpo de Woodrow.
Ele tentou dá um passo, contudo, foi intervido por Alexander que pediu calma. Apesar de está agindo naturalmente, não estava preparado para vê alguém ali, muito menos, Michael.
Antes que mais alguma coisa frustrasse ambos os lados, uma mulher de origem negra, alta, dos cabelos cacheados e sorriso meigo e delicado, abriu à porta convidando os responsáveis para adentrarem enquanto os dois mais novos estariam sendo ouvidos por um orientador.
Michael, que estava visivelmente feliz por encontrar Alexander novamente, mantinha-se calmo. Porém, ao contrário, Alexander já tinha desmaiado mentalmente umas cem vezes. Pelo neon da boate, era imperceptível que toda a beleza de Michael fosse exposta. Mas, ali, não. Tão natural. Tão charmoso. Tão... atraente. Ele piscou seus olhos algumas vezes na tentativa de saí de um longo transe, e Michael notou aquela falha e sorriu. Passou por ele olhando-o de relance, e em seguida, adentrou à sala.
Alexander se abanou com as mãos, e respirou fundo. Não esperava que seu confronto fosse com alguém importante e filho de uma pessoa de bastante influência na mídia nacional. Depois de alguns minutos ali, decidiu entrar e deparou-se em um ambiente aconchegante e bem arrumado.
— Bom dia, Sr. Red — o diretor estendeu sua mão em cumprimento, que logo foi agraciado pelas finas e delicadas de Alexander. Assim que se afastaram, ambos sentaram-se e o Sr. Morgan, definitivamente, começou o tão esperado assunto. — Como os dois ficaram sabendo pelo e-mail que a escola enviou para os senhores, de acordo com o que seus irmãos nos repassaram, o motivo mais óbvio pelo qual foram chamado é o racismo influente pelo qual nosso país está passando. O Sr. Jones Efron foi acusado por xingar o Sr. Matthew Taylor Red, chamando-o de: pobre e inválido. O que, posteriormente, levou aos socos e, por cima, ao quase sangramento de ambos.
Tanto Alexander, quanto Michael, mantiveram impassíveis; apenas observando os detalhes. Cada palavra que ali era dita diminuíam às chances para ambas as partes. No decorrer da conversa, já não tão agradável, Michael parou para observá-lo mais atentamente. Era surreal a forma como o rosto de Alexander havia sido desenhado, apostaria toda sua fortuna — se possível —, que ele era mais um filho de Narciso, largado ao mundo, mas, que ainda assim, tinha beleza de sobra. O jeito como movimentava os lábios, da forma que colocava as mechas um pouco castanho para trás de sua orelha, e apertava os olhos, era diferente. Tudo em total sincronia.
— Sr. Jones Efron? O que tem a dizer na defesa de seu irmão? — ele recobrou a razão, e mesmo que estivesse perdido no assunto, notara que havia poucas chances de tirar o irmão mais novo da burrada que fizera.
Meio desnorteado e atropelando as palavras, dissera:
— Acho que devíamos terminar com isso por aqui mesmo, Sr. Morgan! — iniciou Michael, pausadamente. — Sabe como são esses adolescentes, não é mesmo? Agem por impulso e, não tem noção alguma do que poderá vim mais tarde? — o diretor balançou a cabeça em total concordância.
— E o Sr. Red? O que tem a dizer? — Alexander sabia que não teria muitas chances e foi ainda mais estratégico.
— Sugiro que ambos façam trabalhos comunitários juntos, para que possam se tornarem mais sociáveis — sugeriu o rapaz. — E, se por acaso não der muito certo, diretor Morgan, eu assumirei a responsabilidade dos atos que vier acometer meu irmão — levantou-se da cadeira cumprimentando o homem negro à sua frente, e logo depois, saiu rumo aos corredores.
Não se deu o trabalho de comunicar o irmão sobre o que ocorrera naquela sala; somente o abraçou e disse que estaria tudo bem. Uma mulher alta, loira e de olhos azuis, aproximou-se dos dois que se largaram e dizendo a eles que seria o momento dos alunos adentrarem para conversar com o diretor.
Alex despediu-se do irmão, e caminhou a passos firmes rumo à saída do prédio. Ao longo do corredor iluminado de branco contrastando com os armários pretos próximos das salas, ouviu alguém o chamando. Não foi preciso se virar para discernir que era Michael Jones Efron. O loiro lançou-lhe um sorriso e pela primeira vez notara a cor de seus olhos. Tanto Alex, quanto Michael, eram pessoas de belezas surreais. Se alguém acreditasse na existência de anjos, com certeza eles seriam confundido com algum deles.
— Nossa! Eu nem sei o que dizer — Michael quebrou o silêncio entre os dois. — É o destino agindo aqui, meu jovem — um sorriso brincou nos lábios de Alexander, que por um momento o estudou.
— É só uma mera coincidência — dissera Alex, quebrando qualquer oportunidade que o playboy estivesse arquitetando. — Foi um enorme prazer em reencontrá-lo. Porém, eu não tenho a vida ganha, então vou para a minha faculdade o mais depressa! — ele deu meia volta e continuou seu trajeto, contudo, fora interrompido pela mão viciosa de Michael em seu antebraço direito.
Alex parou e olhou para o piso de azulejos brancos, e logo após, em direção aos olhos azuis profundos de Michael, que em seguida, largou-lhe o braço.
— Eu posso, pelo menos, lhe pedir desculpas pelo caos que aconteceu entre nossos irmãos? — Alex tinha dado seu veredito na sala do diretor, não teria como ouvir mais uma papagaiada de pessoas como Michael. Mesmo assim, tivera recebido uma educação de qualidade por parte de Emma — sua tia —, e decidiu escutá-lo. Alexander assentiu meio incomodado pela forma como rapaz estava agindo com sigo, e então, Michael continuou: — Preferia mil vezes que Woodrow não tivesse dito aquilo. Acredite, meu irmão é uma pessoa muito boa! De coração enorme e que só falou aquilo porquê, você pode não acreditar, mas o coitado está sofrendo diariamente com um pressionamento íntimo o qual eu não sei o que é! Alexander, eu sei que nosso reencontro não é nada além de uma mera coincidência, talvez para você seja, mas para mim...
— Certo! — ele o cortou sem deixá-lo concluir. — Resolva esse caos no qual teu irmão se meteu e ensine a ele bons modos. Não é só porquê minha família é pobre, que somos inválidos; e adeus! — dissera impaciente, continuando sua trajetória.
Cruzou o enorme portão e ouviu novamente ser chamado. Parou pela segunda vez naquele dia. Virou-se lentamente e encarou Michael nos olhos outra vez.
— Eu... — o loiro tentou arrumar uma maneira de vê-lo novamente — quero convidar você para tomar um sorvete. Por favor, aceito tudo, menos um não! — Alex sorriu brevemente.
— Hum?! Certo! Porém, cada um paga o que consumir. Só me diga onde fica que eu vou! — Claro que ele não iria. Não tinha tempo para essas coisas, e a forma como agira era a oportunidade única que tinha para despistá-lo o quanto antes.
— De jeito nenhum — Alex sorriu — eu te levarei. Não vou te dar chance para fugir da onde nunca mais poderei encontrá-lo.
Depois de um tempo, Alexander concordou.
O silêncio entre eles seguiu desde o instante em que Alexander adentrou o carro de Michael, até o momento em que saíram dele na Quinta Avenida e adentrassem num café, que naquela hora do dia, estava sem grande movimento. Foram recepcionados por uma garota loira de roupa padrão preta, e que conduzira-os pelo salão até uma mesa vazia mais ao fundo, próximo de uma janela a vidro, e com cântaros de flores ao longo da sua extensão.Aquilo hipnotizava os olhos de Alexander, que apesar de no passado, segundo a história, ser Grande, ali, perante aquela estrutura de mental e concreto, tornara-se pequeno; um grão de poeira em meio ao furacão chamado Michael Jones Efron. Por quê não se perguntara da onde vinha aquele sobrenome? Discursara com Dan, na noite de sábado, os reais motivos pelos quais o irmão passou, e até mesmo mencionara com o amigo sobre Woodrow Efron. Mais naquele instante, a raiva era muito maior que a capacidade de pensar, e por conta disso, não juntara
— Caracas mano, e como você agiu?Após contar todos os detalhes sórdidos da reunião na Dalton School; Alexander discursara repentinamente sobre quem eram seus anfitriões. A cara de espanto era notável em Deniel, que respirava pausadamente.— Bom, eu fui um ótimo ouvinte — respondera em meio a tensão. — Se eu soubesse quem eram, com certeza eu ficaria em casa e tiraria meu irmão o quanto antes daquela escola.— Mas você disse que ficara tudo acertado. Não há motivos para tirar Matthew de lá.— O negócio não é esse. Parece simples, mais não é! Eu conheço meu irmão mais que qualquer outro e sei que há algo de errado com ele ultimamente, e que aquele moleque pode se aproveitar disso afim aprontar novamente — tentou manter a calma, por mais que não fosse tão fácil quanto parecia no momento. Segundos depois, continuou: — E para piorar, o responsável dele é nada mais que um sujeito que, por azar do destino, cru
Parecia que todas às almas daquele lugar tivessem sido aprisionadas por um medo imensurável, quebrando seus ossos e mutilando freneticamente os pensamentos dentro de suas mentes.A silhueta de Catherine Jones continuava em pé próximo da porta, assim como sua intensa voz ainda fazia eco pelo quarto até que as paredes estivessem, finalmente, engolidas para si.Michael olhou para o irmão e viu como o mesmo se portara perante a figura matriarcal. Sua respiração saía arduamente de seus pulmões, e uma pequena parte de seu corpo, queria ali, na frente de sua mãe, desmoronar.Ela deu mais uns dois passos para dentro do quarto, e fora intervida pelo mais velho.- Você ficou louco, Woody? - discursara Catherine, um tanto incrédula. - Tem noção do que acabou de falar, meu filho? - algumas lágrimas deslizavam pelo rosto rejuvenescido por uma maquiagem leve que destacava sua pele branca e bem cuidada.Wood
O dia havia amanhecido nebuloso devido à neve que caía aos poucos em Nova Iorque. Na mansão Efron, o silêncio tinha estagnado sob todas às almas que habitavam ali. Por outro lado, parecia que enfim, tudo estava nos conformes e em seus devido lugares.Michael descia calmamente os degraus da escada que dava acesso à sala-de-estar, e observou, mais ao fundo, sua mãe servindo-se com café.Ele sentou-se em sua habitual cadeira e, em seguida, se serviu sem nem ao menos importar que logo a sua frente, à matriarca o encarava com um pouco de indiferença. Talvez pelo que dissera na noite anterior, quando decidiu contrapor às suas medidas restritivas ao irmão.— Você dormiu bem? — ela perguntara autoritária, repousando a xícara encima da mesa de vidro. — Parece um pouco tenso, meu amor — comentou em seguida, assim que não obteve resposta.Michael deu-se ao trabalho de não dizer sequer uma palavra. Permaneceu em silêncio,
— Então você está apaixonado? — perguntara Deniel, num tom de voz nada emotivo.Alexander sentiu uma pontada de ciúme em sua fala e sorriu.— Ainda não — respondeu o mais novo, mantendo Deniel preso ao olhar duro.Ergueu o celular, como se para lembrá-lo do que dissera acerca dos problemas mencionados anteriormente. Deniel respirou fundo após tomar um gole de suco e fitou, mais uma vez, o amigo. Ele não compreendia como Alex parecia tão inteligente e ao mesmo tempo ingênuo demais para as coisas do mundo, a ponto de não notar seu afeto gigantesco por ele. Repousou sutilmente o copo encima da pequena mesa e correu com os dedos pelo cabelo ruivo que mais pareciam chamas em ascensão. Demorou um tempo para que, finalmente, dissesse algo.— Então você sente alguma coisa por ele, não é mesmo? — essa pergunta ferveu o corpo inteiro de Alexander.— Não sei, é complicado — respondera quase que em
Michael e Woody estavam conversando no quarto. Falavam do futuro, do passado e, claro, do presente. Do agora, do instante que vivenciavam. Ambos tinham uma sintonia quase inexistente no mundo; um amor fraterno invejado e expressavam-se como grandes amigos que eram.Michael mantinha-se jogado num colchão inflável no piso, e Woody, numa cadeira, com os olhos atentos na tela do computador enquanto estudava.— E a Mia?— O que tem ela? — perguntou Michael.— Não se faça de bobo, irmão — o mais novo virou o rosto para fitar os olhos dele, um pouco perdidos no tempo. — Sei que apesar do que houve no passado entre vocês, ainda sente algo por ela.— Repúdio, nada além disso — ignorou o fato da garota ainda rastejar e mutilar seu coração. — Eu realmente pensei que ela me amava, Woody, mas não. Ela é igual à muitas garotas, não merece meu amor.— E quem merece? — questionou
À sexta-feira havia finalmente chegado. Era mais de meio-dia quando ambos os irmãos, Jones Efron, desceram para tomar o café da manhã. Pela primeira vez naquela semana, não haviam notado à mãe, pois com certeza esta tivera saído mais cedo para seus compromissos.Ambos os rostos expressavam-se cansaço. Michael usava apenas um calção moletom preto, destacando sua pele branca e o rosto anguloso e quase quadrado. Woody, no entanto, costumava usar roupas largas, como qualquer adolescente Novaiorquino. Naquela sexta-feira, o mais novo não teria aula pela manhã, apenas um jogo de futebol americano à tarde. Aproveitou o tempo livre — ao menos, o que restou dele —, para conversar com Michael.— Essa cara não é uma das melhores — argumentara Woody, tirando os lábios da beirada da xícara. — Não vai me dizer que não conseguiu levar o boy magia pra sua cama?— Pior que você acertou.Woody sorriu com a sensatez do irm
Um feixe de luz ousou a penetrar pelas cortinas que pareciam dançar elegantemente conforme o vento da manhã corria por elas. O frio do inverno — ainda muito rigoroso —, podia ser sentido mesmo com diversas cobertas.Alexander sentou-se na beirada da cama e fez uma breve recapitulação do que ocorrera na noite anterior. Fechou os olhos se sentindo a pior pessoa do mundo, e procurou por mandar aquilo tudo em direção ao ar, afim de que fosse carregado pelo vento para bem longe. Olhou ao redor e viu que o irmão mais novo não estava na cama, e lembrou-se então, que já teria partido para sua sagrada corrida no sábado pela manhã.Ele finalmente decidiu levantar da cama. Tirou à camisa de dormir e largou em um canto qualquer do pequeno quarto. Acendeu às luzes para enxergar melhor e buscou por seus óculos. Assim que achou um, pôs nos olhos e caminhou até à cozinha. Sua tia ainda estava ali, terminando de arrumar às coisas do café, e percebeu, ao olhar