— Caracas mano, e como você agiu?
Após contar todos os detalhes sórdidos da reunião na Dalton School; Alexander discursara repentinamente sobre quem eram seus anfitriões. A cara de espanto era notável em Deniel, que respirava pausadamente.
— Bom, eu fui um ótimo ouvinte — respondera em meio a tensão. — Se eu soubesse quem eram, com certeza eu ficaria em casa e tiraria meu irmão o quanto antes daquela escola.
— Mas você disse que ficara tudo acertado. Não há motivos para tirar Matthew de lá.
— O negócio não é esse. Parece simples, mais não é! Eu conheço meu irmão mais que qualquer outro e sei que há algo de errado com ele ultimamente, e que aquele moleque pode se aproveitar disso afim aprontar novamente — tentou manter a calma, por mais que não fosse tão fácil quanto parecia no momento. Segundos depois, continuou: — E para piorar, o responsável dele é nada mais que um sujeito que, por azar do destino, cruzou comigo na inauguração da Blackburn, no sábado!
— Hum! — Deniel o estudou por um momento. Um misto de ciúme e preocupação pôde se notável em sua face. — E o quê aconteceu para ficares tão tenso, Alex?
Alexander, por mais seguro que fosse de sua vida amorosa, sabia pelos quais motivos Michael Jones Efron, o procurou naquela noite. Sabia muito bem que ele tinha se assumido há alguns anos e que dormia com uma pessoa diferente a cada dia da semana. Ele se aproveitava e jogava fora como se fosse um objeto descartável.
Mais... por um momento infame, sentia que algo dentro de si estava mudando. Um medo sem nome; sem história, como se estivesse entrando num rio de dimensões profundas e incalculáveis, da onde, posteriormente, acabaria morto na praia. Desde que se apaixonou por Harry Black, em sua adolescência prematura, e logo depois, abandonado pelo mesmo, se fechara para o amor.
Harry foi sua primeira experiência com homens, mais também, sua pior decepção. Quando o largara sem âncora no mar, e a deriva de sua própria sorte, não conseguia admitir que os laços entre eles se perdera. O tempo ruiu gradativamente com a esperança, e em seguida, com o que poderiam terem alcançado juntos.
Alexander sempre pensara em Harry, e por mais longe que o mesmo estivesse agora, seria sempre Harry seu primeiro e único amor. O que ele achava de belo em Michael, era apenas... seu jeito.
— É que... — antes que respondesse a pergunta mutiladora de Deniel, fora interrompido por Sophia, colega de faculdade.
— E ae meninos? Como estão? — beijou o rosto de Deniel e atrapalhou os cabelos perfeitamente penteados de Alexander.
— Estou bem! — dissera Deniel.
— E eu também! — completou Alexander, sorridente.
Ela sentou-se em meio a eles na praça de alimentação do Campus, e ficou os encarando de uma maneira quase que, sentimental.
— Estão juntos? — ela perguntou por impulso.
Eles se entreolharam e gargalharam freneticamente, e algumas pessoas que estavam mais próximas, voltaram-se para eles pedindo silêncio.
— Você é maluca, Sophia? Como pode pensar isso da gente?
— Ué! Vocês são tão bonitinhos — dissera a morena pegando nas bochechas dos dois. — E aposto que formariam um belo casal!
Aquilo foi o suficiente para Deniel apertar os olhos e em seguida, abri-los para que pudessem visualizar os quase cinzentos de Alexander.
— Somos apenas bons amigos — cortou o ruivo, e Alexander, no mesmo instante, confirmou.
Conversaram por um longo tempo até decidirem ir para algum outro lugar. Era quase noite quando Alexander cruzara a ponte Brooklyn Bridge, em direção à sua casa.
— Assim que eu me formar, pagarei todas às três mil seiscentas e cinquenta viagem que fizera ao me buscar e levar até a faculdade, durante esses cinco anos — gesticulou Alexander, e Daniel sorriu.
— Hum! Que tal eu te bater três mil seiscentas e cinquentas vezes? Isso já paga! — sorriram brevemente. — Você é o melhor amigo que eu conquistei na vida, Alex; o único que, de fato, não me julga por eu ser assim — refletiu enquanto dirigia para pegar a primeira rua que daria acesso ao bairro de Alexander.
— Assim como?
— Bom, em resumo: rico, de nariz em pé, e festeiro.
— Não te julgo por nada disso. Eu gosto de você pela forma como age humanamente; você é demais — Deniel estava ruborizado, consequentemente, pelas palavras lindas que o amigo dissera.
— Eu te amo! Te adoro! E te defenderei até a morte, irmãozinho — ele bagunçou o cabelo de Alexander e continuou fixo no volante. — Eu te conheço há tantos anos que sei quando está bem e quando não estar. O quê aconteceu hoje para ficar assim, tão... retido?
— É que eu fiz algo para testar uma pessoa e, até agora, estou ciente da verdade.
— E qual seria? Que loucura foi essa?
Alexander contou-lhe com detalhes. Dissera que tinha dado o número do telefone ao irmão de Woodrow, afim de testá-lo sobre o tipo de pessoa que era. Deniel, por outro lado, sentia a dor rasgando sua alma. Tivera que concordar e dizer que o tal Michael não era flor que se cheirava. Porém, no fundo de seu consciente, cometera uma terrível loucura.
•••••••••••••••••••
Michael andava de um lado para outro em seu quarto. Não conseguira dormi pela tarde, estava exausto e o motivo dessa impaciência tinha um nome: Mia Stanford.
Quando tinha vinte e um anos, apaixonara-se perdidamente por uma das garotas mais linda que já tinha visto na vida. Mia Stanford não era apenas linda: ela era lacradora. Mais com o tempo, descobrira que sua paixão por ela diminuía com as ações que esta fazia com outras pessoas. No fim de tudo, acabara perdendo sua dignidade em uma noite que voltava de uma festa e por um deslize, ferira gravemente alguém. Fugiu sem prestar socorro, estava com medo, e a única pessoa para qual contara a verdade, fora Mia.
Desde aquele dia, muitas coisas mudaram na vida de Michael Jones Efron; tentou controlar suas emoções e por um tempo, começara a receber cartas falando do ocorrido naquela noite. Era chantagem, nada além disso!
Michael, por fim, sentou-se na beirada de sua cama, e pegou a pensar em outra pessoa. Um largo sorriso surgira entre os lábios levemente avermelhados. Suspirou profundo e apertou o rosto com as mãos. Por um momento ficou ali, naquela posição, sem mover um músculo.
Ouviu alguém bater na porta e levantou para atender. Era seu irmão, que o abraçou levemente e momentos mais tarde, o conduziu para o cômodo largo e espaçoso. Michael sentia a vibração inquestionável no coração de Woodrow, como se estivesse em guerra.
Por mais que o assunto que tivesse para tratar com Michael, fosse outro, tentou não transparecer medo naquele momento.
— Eu... tô apaixonado! — cuspira o motivo de está ali, no quarto do irmão.
Michael não estava tão surpreso agora. Era rara às vezes que o irmão namorava, contudo, pela primeira vez na vida, sentia que este não estava tendo uma reciprocidade no sentimento como gostaria.
— Isso é muito bom! — comemorou o mais velho, abraçando o irmão.
— Não é não! Esse amor é... cruel; destruidor... eu estou apaixonado pelo mesmo garoto que chamei de pobre e inválido. Eu estou afim do Matthew Taylor Red!
— Você o quê? — gritara Catherine, adentrando infernalmente à porta do quarto de Michael. — Ande? Me responda? Você está apaixonado por quem, moleque?
Parecia que todas às almas daquele lugar tivessem sido aprisionadas por um medo imensurável, quebrando seus ossos e mutilando freneticamente os pensamentos dentro de suas mentes.A silhueta de Catherine Jones continuava em pé próximo da porta, assim como sua intensa voz ainda fazia eco pelo quarto até que as paredes estivessem, finalmente, engolidas para si.Michael olhou para o irmão e viu como o mesmo se portara perante a figura matriarcal. Sua respiração saía arduamente de seus pulmões, e uma pequena parte de seu corpo, queria ali, na frente de sua mãe, desmoronar.Ela deu mais uns dois passos para dentro do quarto, e fora intervida pelo mais velho.- Você ficou louco, Woody? - discursara Catherine, um tanto incrédula. - Tem noção do que acabou de falar, meu filho? - algumas lágrimas deslizavam pelo rosto rejuvenescido por uma maquiagem leve que destacava sua pele branca e bem cuidada.Wood
O dia havia amanhecido nebuloso devido à neve que caía aos poucos em Nova Iorque. Na mansão Efron, o silêncio tinha estagnado sob todas às almas que habitavam ali. Por outro lado, parecia que enfim, tudo estava nos conformes e em seus devido lugares.Michael descia calmamente os degraus da escada que dava acesso à sala-de-estar, e observou, mais ao fundo, sua mãe servindo-se com café.Ele sentou-se em sua habitual cadeira e, em seguida, se serviu sem nem ao menos importar que logo a sua frente, à matriarca o encarava com um pouco de indiferença. Talvez pelo que dissera na noite anterior, quando decidiu contrapor às suas medidas restritivas ao irmão.— Você dormiu bem? — ela perguntara autoritária, repousando a xícara encima da mesa de vidro. — Parece um pouco tenso, meu amor — comentou em seguida, assim que não obteve resposta.Michael deu-se ao trabalho de não dizer sequer uma palavra. Permaneceu em silêncio,
— Então você está apaixonado? — perguntara Deniel, num tom de voz nada emotivo.Alexander sentiu uma pontada de ciúme em sua fala e sorriu.— Ainda não — respondeu o mais novo, mantendo Deniel preso ao olhar duro.Ergueu o celular, como se para lembrá-lo do que dissera acerca dos problemas mencionados anteriormente. Deniel respirou fundo após tomar um gole de suco e fitou, mais uma vez, o amigo. Ele não compreendia como Alex parecia tão inteligente e ao mesmo tempo ingênuo demais para as coisas do mundo, a ponto de não notar seu afeto gigantesco por ele. Repousou sutilmente o copo encima da pequena mesa e correu com os dedos pelo cabelo ruivo que mais pareciam chamas em ascensão. Demorou um tempo para que, finalmente, dissesse algo.— Então você sente alguma coisa por ele, não é mesmo? — essa pergunta ferveu o corpo inteiro de Alexander.— Não sei, é complicado — respondera quase que em
Michael e Woody estavam conversando no quarto. Falavam do futuro, do passado e, claro, do presente. Do agora, do instante que vivenciavam. Ambos tinham uma sintonia quase inexistente no mundo; um amor fraterno invejado e expressavam-se como grandes amigos que eram.Michael mantinha-se jogado num colchão inflável no piso, e Woody, numa cadeira, com os olhos atentos na tela do computador enquanto estudava.— E a Mia?— O que tem ela? — perguntou Michael.— Não se faça de bobo, irmão — o mais novo virou o rosto para fitar os olhos dele, um pouco perdidos no tempo. — Sei que apesar do que houve no passado entre vocês, ainda sente algo por ela.— Repúdio, nada além disso — ignorou o fato da garota ainda rastejar e mutilar seu coração. — Eu realmente pensei que ela me amava, Woody, mas não. Ela é igual à muitas garotas, não merece meu amor.— E quem merece? — questionou
À sexta-feira havia finalmente chegado. Era mais de meio-dia quando ambos os irmãos, Jones Efron, desceram para tomar o café da manhã. Pela primeira vez naquela semana, não haviam notado à mãe, pois com certeza esta tivera saído mais cedo para seus compromissos.Ambos os rostos expressavam-se cansaço. Michael usava apenas um calção moletom preto, destacando sua pele branca e o rosto anguloso e quase quadrado. Woody, no entanto, costumava usar roupas largas, como qualquer adolescente Novaiorquino. Naquela sexta-feira, o mais novo não teria aula pela manhã, apenas um jogo de futebol americano à tarde. Aproveitou o tempo livre — ao menos, o que restou dele —, para conversar com Michael.— Essa cara não é uma das melhores — argumentara Woody, tirando os lábios da beirada da xícara. — Não vai me dizer que não conseguiu levar o boy magia pra sua cama?— Pior que você acertou.Woody sorriu com a sensatez do irm
Um feixe de luz ousou a penetrar pelas cortinas que pareciam dançar elegantemente conforme o vento da manhã corria por elas. O frio do inverno — ainda muito rigoroso —, podia ser sentido mesmo com diversas cobertas.Alexander sentou-se na beirada da cama e fez uma breve recapitulação do que ocorrera na noite anterior. Fechou os olhos se sentindo a pior pessoa do mundo, e procurou por mandar aquilo tudo em direção ao ar, afim de que fosse carregado pelo vento para bem longe. Olhou ao redor e viu que o irmão mais novo não estava na cama, e lembrou-se então, que já teria partido para sua sagrada corrida no sábado pela manhã.Ele finalmente decidiu levantar da cama. Tirou à camisa de dormir e largou em um canto qualquer do pequeno quarto. Acendeu às luzes para enxergar melhor e buscou por seus óculos. Assim que achou um, pôs nos olhos e caminhou até à cozinha. Sua tia ainda estava ali, terminando de arrumar às coisas do café, e percebeu, ao olhar
"— Pensei que você tinha se esquecido de mim!? — a voz de Michael soou tensa. — Eu sei que agir por impulso ao pedi-lo em namoro sem nem ao menos nos conhecermos como deveríamos, mas...""— Tudo bem! — Alexander dissera do outro lado da linha. Um breve silêncio instalou-se na ligação, e nada além das respirações ásperas podiam ser ouvidas, até o instante em que Alexander resolveu continuar. — Eu fui um tolo, admito! Mas eu já sofri tanto por amor, Michael...""Não fica assim — o loiro tentou tranquilizá-lo como podia. Ambos sabiam o preço que era amar, principalmente quando o que estava em jogo eram suas próprias felicidades. — Por favor, esqueça tudo o que eu já lhe disse, o que houve entre nós, nesse tão pouco tempo — Alexander sorriu aliviado, e ao mesmo tempo, incrédulo — é só a gente seguir em frente, na busca do que é melhor para nós, mesmo que isso, para mim, vá doer profundamente!"Um outro silêncio se fez presente.
Como o combinado, Michael pegou sua Ferrari e saiu dirigindo pelas ruas aglomeradas de Nova York. Mas, em sua mente, pairava alguns argumentos até aquele momento inevitáveis de serem questionados. Recordou-se que, um dia, pediu ao irmão para tentar encontrar algo sobre os Taylor Red, porém, segundo Woodrow, não tivera obtido êxito na pesquisa. Mas por que o garoto ainda estava fundido naquele assunto? E, pior: quais eram suas reais intenções naquilo tudo?Tantas perguntas sem respostas. O que Michael realmente sabia era que precisava ser mais rápido e descobrir tudo o que lhe ligava aos Taylors Reds. Mas como? Sabia que tinha algo de errado naquilo tudo, e que o encontro suspeito que tivera com o jovem naquela boate, não foi à toa.Era como se o laço do destino tivesse unido-os outra vez, mesmo que fosse de uma forma tão... inagradável. Enquanto diria pela Avenida Medison Avenue, sentia como se todas as almas do mundo quisessem o ajudar, mas o