Cautelosa, Abigail ia aos poucos tecendo um sábio diálogo, era como suas costuras na máquina, ela começava costurando as beiradas dos tecidos e por fim formava-se uma bela peça de roupa, e ela esperava com aqueles comentários amenizar o choque que José sofreria ao saber da novidade, pois ele amava demais a filha única e era capaz de fazer o impossível para ver o sorriso espontâneo no rosto de sua amada Mara.
Depois de muitos rodeios, Abigail disse:
– José, sabe aqueles exames que eu levei Mara para fazer? José se impacientou, moveu-se rápido no sofá e instantaneamente indagou:
Já eram altas horas quando ela, ainda acordada, ouviu o barulho dele chegando. Sua mãe foi recepcioná-lo na porta da sala, carinhosamente mostrando preocupação e o indagando sobre o horário, porém ele se limitou a dizer asperamente que estava chegando naquele horário porque esperava que todos estivessem dormindo. Ele novamente deixou claro que não desejava de maneira alguma ver Mara novamente, e aproveitou para indagar a mãe sobre quando Mara desocuparia a casa. Elas novamente passaram a noite em claro, e, pela manhã antes que ele fosse ao trabalho, Mara ouviu seu pai indagar asperamente sua mãe se Mara sairia da casa naquele dia. Sua mãe tentou dialogar sobre a dificuldade do moço que fora a São Paulo procurar um emprego, mas Sr. José não permitiu que Abigail terminasse a exposição, cortando-a asperamente com um grito, coisa que ele nunca fizera em toda vida de casado, bradou dizendo:
Sua mãe não esperou mais que um segundo, saiu novamente pela porta da sala para a calçada, esperou Mara fazer o mesmo, já trancando a porta por fora e saindo em passos rápidos, seguida de perto por Mara. Muito rápido chegaram e pararam no ponto de ônibus do bairro; não houve diálogo até entrarem no circular, passarem pela catraca que estava sendo vigiada por um cobrador obeso, de cabelo encaracolado negro e um espesso bigode, vestido com o uniforme da empresa, que só fez um pequeno gesto de simpatia após o recebimento do dinheiro referente às duas passagens. Mara percebeu sua mãe procurando assento bem ao fundo no circular, com certeza ela esperava aproveitar o tempo sentadas inertes durante a viagem para lhe explicar o que estava acontecendo.
O sonhado sábado chegara. Mara se levantou cedo, fez o café e logo Dona Zilda chegou à cozinha, pois não trabalhava aos sábados, e as duas tomaram o café sentadas em lados opostos da mesa. Zilda se mostrava cada vez mais amável, os diálogos agora fluíam com facilidade, não havia mais aquele receio de se expressar, Mara estava sentindo-se à vontade com Dona Zilda. Não demorou muito e ouviram-se palmas vindas da frente da residência. Mara saiu apressadamente pela porta da sala, deixando-a aberta, avistando sua mãe parada à frente do portão social pelo lado de fora. Logo que foi aberto, Mara sentiu o forte abraço parecendo que quebraria seus ossos, e, depois de algumas perguntas em torno de como passara a semana, elas entraram na residência onde Zilda aguardava no limiar da porta da sala. As anciãs trocaram abraços e perguntas recíprocas de como passaram a semana, e depois rumaram para a cozinha ande Abigail uniu-se a elas para tom
Mara sentia que o hospital havia sido transferido para a lua, tamanho o desespero, em um momento ela ouviu a voz do motorista dizendo, já chegamos, só falta estacionar. Neste momento um líquido lhe molhou toda, o médico havia lhe alertado sobre este momento, ela sabia o que estava acontecendo, então disse para Zilda que a bolsa estourou. Quando o motorista ouviu isso, parou no meio do estacionamento do hospital, abriu as portas do veículo, e saiu gritando em direção ao balcão de atendimento que estava com uma mulher no carro em trabalho de parto. Isso fez com que algumas enfermeiras de posse de uma maca corressem o mais rápido possível, acomodassem Mara sobre a maca e corressem para a sala de parto.Na sala de parto transferiram Mara para uma cama especial em uma posição ginecológica com a cabeça elevada, ela foi orientada para que p
Mara aprendeu o trabalho rápido, primeiro porque ela se esforçava sempre pensando em Gabriel, segundo porque ela sempre ajudou sua mãe nas tarefas diárias. Em casa ela cuidava das roupas de Gabriel e também ajudava Zilda nas tarefas da casa. Mara passou na experiência de três meses e foi contratada no lugar de Zilda quando Gabriel já estava com alguns meses.Zilda acordou com pequenos ruídos na madrugada de domingo, levantou-se e pela fresta da porta do quarto, viu na sala Gabriel arrumado deitado em um dos sofás, Mara bem-vestida de pé inclinada fechando o zíper de uma enorme bolsa que estava sobre o sofá ao lado. Zilda sentiu seu coração apertar, depois de tudo que ela tinha feito por Mara, apesar de que sua mãe sempre lhe ensinou fazer o bem sem olhar a quem e nunca esperar recompensas, mas era muito injusto o que Mara estava faze
Depois do almoço, arrumaram a cozinha, sentaram no sofá para assistirem a tv. Juntas, a tarde chegou rápido e Mara se despediu, voltando assim para casa, pois precisava se preparar para a volta ao trabalho na segunda-feira.Os dias de Mara passavam rápidos. Na semana ela trabalhava, em casa ajudava Dona Zilda, aos sábados lavava as roupas e esperava a visita de sua mãe. As novidades eram as mesmas, seu pai continuava irredutível. Alguns domingos após os pagamentos visitava seus sogros e ajudava com algum dinheiro, e as notícias eram as mesmas, nenhum indício de que Alfredo estivesse vivo. Exceto Gabriel, que crescia assustadoramente.Quando Gabriel completou três anos, a saúde do Sr. Eupídeo que já não era das melhores e se mostrou cada vez mais debilitada. El
Mara estava perplexa olhando para aquela cena quando ouviu uma voz masculina grave ao seu lado. – Você é a Mara? Ao virar-se bruscamente ela deparou-se com um homem baixo, gordo, com uma touca t.n.t. branca na cabeça, uma máscara também t.n.t. branca solta no pescoço, vestindo uma espécie de bata, calça, e pantufas na cor azul, empulhando uma prancheta em uma das mãos e uma caneta esferográfica azul em outra. Vendo o embaraço de Mara, o homem prosseguiu:– Eu sou o doutor Rubens, fui eu que atendi sua mãe! – Como ela está, doutor? – indagou Mara em tom de voz neutro.
Já em casa, ela se jogou no sofá como um molambo, ficou por horas lembrando-se da conversa que sua mãe iniciara sobre se arrumar um companheiro. Ela nunca imaginaria que sua mãe fosse partir tão rápido, mas quanto a um novo amor ela tinha certeza que nunca conseguiria amar outro como ela amava a Alfredo, era impossível. Ela poderia até conseguir um companheiro, mas amar, isso era impossível, e como ela viveria com alguém sem amar? Então era bem melhor terminar seus dias só; quem sabe sua mãe soubesse que ela partiria em breve, pois na sepultura havia espaço, talvez fosse um prelúdio. E assim adormeceu.Mara acordou bem tarde, a noite já caíra como um manto negro, a escuridão reinava absoluta sendo confrontada apenas pelas fracas luzes nos altos dos postes na rua. Ela estendeu um dos braços, alcançando o interruptor da sala, e como um