O sonhado sábado chegara. Mara se levantou cedo, fez o café e logo Dona Zilda chegou à cozinha, pois não trabalhava aos sábados, e as duas tomaram o café sentadas em lados opostos da mesa. Zilda se mostrava cada vez mais amável, os diálogos agora fluíam com facilidade, não havia mais aquele receio de se expressar, Mara estava sentindo-se à vontade com Dona Zilda. Não demorou muito e ouviram-se palmas vindas da frente da residência. Mara saiu apressadamente pela porta da sala, deixando-a aberta, avistando sua mãe parada à frente do portão social pelo lado de fora. Logo que foi aberto, Mara sentiu o forte abraço parecendo que quebraria seus ossos, e, depois de algumas perguntas em torno de como passara a semana, elas entraram na residência onde Zilda aguardava no limiar da porta da sala. As anciãs trocaram abraços e perguntas recíprocas de como passaram a semana, e depois rumaram para a cozinha ande Abigail uniu-se a elas para tom
Mara sentia que o hospital havia sido transferido para a lua, tamanho o desespero, em um momento ela ouviu a voz do motorista dizendo, já chegamos, só falta estacionar. Neste momento um líquido lhe molhou toda, o médico havia lhe alertado sobre este momento, ela sabia o que estava acontecendo, então disse para Zilda que a bolsa estourou. Quando o motorista ouviu isso, parou no meio do estacionamento do hospital, abriu as portas do veículo, e saiu gritando em direção ao balcão de atendimento que estava com uma mulher no carro em trabalho de parto. Isso fez com que algumas enfermeiras de posse de uma maca corressem o mais rápido possível, acomodassem Mara sobre a maca e corressem para a sala de parto.Na sala de parto transferiram Mara para uma cama especial em uma posição ginecológica com a cabeça elevada, ela foi orientada para que p
Mara aprendeu o trabalho rápido, primeiro porque ela se esforçava sempre pensando em Gabriel, segundo porque ela sempre ajudou sua mãe nas tarefas diárias. Em casa ela cuidava das roupas de Gabriel e também ajudava Zilda nas tarefas da casa. Mara passou na experiência de três meses e foi contratada no lugar de Zilda quando Gabriel já estava com alguns meses.Zilda acordou com pequenos ruídos na madrugada de domingo, levantou-se e pela fresta da porta do quarto, viu na sala Gabriel arrumado deitado em um dos sofás, Mara bem-vestida de pé inclinada fechando o zíper de uma enorme bolsa que estava sobre o sofá ao lado. Zilda sentiu seu coração apertar, depois de tudo que ela tinha feito por Mara, apesar de que sua mãe sempre lhe ensinou fazer o bem sem olhar a quem e nunca esperar recompensas, mas era muito injusto o que Mara estava faze
Depois do almoço, arrumaram a cozinha, sentaram no sofá para assistirem a tv. Juntas, a tarde chegou rápido e Mara se despediu, voltando assim para casa, pois precisava se preparar para a volta ao trabalho na segunda-feira.Os dias de Mara passavam rápidos. Na semana ela trabalhava, em casa ajudava Dona Zilda, aos sábados lavava as roupas e esperava a visita de sua mãe. As novidades eram as mesmas, seu pai continuava irredutível. Alguns domingos após os pagamentos visitava seus sogros e ajudava com algum dinheiro, e as notícias eram as mesmas, nenhum indício de que Alfredo estivesse vivo. Exceto Gabriel, que crescia assustadoramente.Quando Gabriel completou três anos, a saúde do Sr. Eupídeo que já não era das melhores e se mostrou cada vez mais debilitada. El
Mara estava perplexa olhando para aquela cena quando ouviu uma voz masculina grave ao seu lado. – Você é a Mara? Ao virar-se bruscamente ela deparou-se com um homem baixo, gordo, com uma touca t.n.t. branca na cabeça, uma máscara também t.n.t. branca solta no pescoço, vestindo uma espécie de bata, calça, e pantufas na cor azul, empulhando uma prancheta em uma das mãos e uma caneta esferográfica azul em outra. Vendo o embaraço de Mara, o homem prosseguiu:– Eu sou o doutor Rubens, fui eu que atendi sua mãe! – Como ela está, doutor? – indagou Mara em tom de voz neutro.
Já em casa, ela se jogou no sofá como um molambo, ficou por horas lembrando-se da conversa que sua mãe iniciara sobre se arrumar um companheiro. Ela nunca imaginaria que sua mãe fosse partir tão rápido, mas quanto a um novo amor ela tinha certeza que nunca conseguiria amar outro como ela amava a Alfredo, era impossível. Ela poderia até conseguir um companheiro, mas amar, isso era impossível, e como ela viveria com alguém sem amar? Então era bem melhor terminar seus dias só; quem sabe sua mãe soubesse que ela partiria em breve, pois na sepultura havia espaço, talvez fosse um prelúdio. E assim adormeceu.Mara acordou bem tarde, a noite já caíra como um manto negro, a escuridão reinava absoluta sendo confrontada apenas pelas fracas luzes nos altos dos postes na rua. Ela estendeu um dos braços, alcançando o interruptor da sala, e como um
Gabriel entendia claramente por que sua mãe estava exigindo aquilo, seria para segurança dos dois, então ele concordou com balançar de cabeça. – Segundo, não irá, nem voltará fardado, andará a paisana! Gabriel concordou novamente, e emendou: – Mãe, me arruma o dinheiro para a taxa de inscrição! Agora foi Mara quem balançou a cabeça afirmativamente, e se retirou para a cozinha para preparar o jantar.Os dias passaram-se rápido. Mara chegava à casa depois do
Quando Gabriel passou pelo mural de anúncios no batalhão e percebeu um aviso recente se aproximou para ler, o anúncio convocava todos os militares para uma reunião urgente com o comandante do batalhão.A sala estava lotada, alguns militares estavam de pé encostado às paredes, porque todos os assentos estavam tomados. O comandante entrou na sala no horário exato em que estava marcado no aviso do mural, cumprimentou a todos com um bom dia, prosseguiu o discurso agradecendo ao empenho de todos em manter a ordem, e então passou a relatar o momento crítico que a PM estava vivendo. Citou alguns casos de policiais amigos que foram executados porque foram identificados; não entrou em detalhes, porém passou a relatar que todos deveriam tomar medidas provisórias para sua própria segurança, uma delas se-ria e
Ao saírem para o pátio, havia aquele tumulto de soldados conversando e o barulho choco dos coturnos em atrito com o ladrilho se movimentando em direção ao vestiário, para um banho rápido e depois o jantar no refeitório. Gabriel parou encostando um dos ombros em uma das pilastras que suportava o telhado, o observando o entardecer rápido, o sol se escondendo timidamente por trás das colinas, deixando escapar os últimos raios vermelho-alaranjado, deixando em Gabriel a sensação de ter vencido mais um dia. – Vai acabar se atrasando para a janta! Gabriel olhou rápido na direção em que ouviu a voz, e deparou-se com o cabo Bruno, de seu batalhão; ele estava vestindo camiseta branca um pouco apertada salientando os músculos do tórax, calça cinza, coturno preto, além do boné cinza, assim c