Mara aprendeu o trabalho rápido, primeiro porque ela se esforçava sempre pensando em Gabriel, segundo porque ela sempre ajudou sua mãe nas tarefas diárias. Em casa ela cuidava das roupas de Gabriel e também ajudava Zilda nas tarefas da casa. Mara passou na experiência de três meses e foi contratada no lugar de Zilda quando Gabriel já estava com alguns meses.
Zilda acordou com pequenos ruídos na madrugada de domingo, levantou-se e pela fresta da porta do quarto, viu na sala Gabriel arrumado deitado em um dos sofás, Mara bem-vestida de pé inclinada fechando o zíper de uma enorme bolsa que estava sobre o sofá ao lado. Zilda sentiu seu coração apertar, depois de tudo que ela tinha feito por Mara, apesar de que sua mãe sempre lhe ensinou fazer o bem sem olhar a quem e nunca esperar recompensas, mas era muito injusto o que Mara estava faze
Depois do almoço, arrumaram a cozinha, sentaram no sofá para assistirem a tv. Juntas, a tarde chegou rápido e Mara se despediu, voltando assim para casa, pois precisava se preparar para a volta ao trabalho na segunda-feira.Os dias de Mara passavam rápidos. Na semana ela trabalhava, em casa ajudava Dona Zilda, aos sábados lavava as roupas e esperava a visita de sua mãe. As novidades eram as mesmas, seu pai continuava irredutível. Alguns domingos após os pagamentos visitava seus sogros e ajudava com algum dinheiro, e as notícias eram as mesmas, nenhum indício de que Alfredo estivesse vivo. Exceto Gabriel, que crescia assustadoramente.Quando Gabriel completou três anos, a saúde do Sr. Eupídeo que já não era das melhores e se mostrou cada vez mais debilitada. El
Mara estava perplexa olhando para aquela cena quando ouviu uma voz masculina grave ao seu lado. – Você é a Mara? Ao virar-se bruscamente ela deparou-se com um homem baixo, gordo, com uma touca t.n.t. branca na cabeça, uma máscara também t.n.t. branca solta no pescoço, vestindo uma espécie de bata, calça, e pantufas na cor azul, empulhando uma prancheta em uma das mãos e uma caneta esferográfica azul em outra. Vendo o embaraço de Mara, o homem prosseguiu:– Eu sou o doutor Rubens, fui eu que atendi sua mãe! – Como ela está, doutor? – indagou Mara em tom de voz neutro.
Já em casa, ela se jogou no sofá como um molambo, ficou por horas lembrando-se da conversa que sua mãe iniciara sobre se arrumar um companheiro. Ela nunca imaginaria que sua mãe fosse partir tão rápido, mas quanto a um novo amor ela tinha certeza que nunca conseguiria amar outro como ela amava a Alfredo, era impossível. Ela poderia até conseguir um companheiro, mas amar, isso era impossível, e como ela viveria com alguém sem amar? Então era bem melhor terminar seus dias só; quem sabe sua mãe soubesse que ela partiria em breve, pois na sepultura havia espaço, talvez fosse um prelúdio. E assim adormeceu.Mara acordou bem tarde, a noite já caíra como um manto negro, a escuridão reinava absoluta sendo confrontada apenas pelas fracas luzes nos altos dos postes na rua. Ela estendeu um dos braços, alcançando o interruptor da sala, e como um
Gabriel entendia claramente por que sua mãe estava exigindo aquilo, seria para segurança dos dois, então ele concordou com balançar de cabeça. – Segundo, não irá, nem voltará fardado, andará a paisana! Gabriel concordou novamente, e emendou: – Mãe, me arruma o dinheiro para a taxa de inscrição! Agora foi Mara quem balançou a cabeça afirmativamente, e se retirou para a cozinha para preparar o jantar.Os dias passaram-se rápido. Mara chegava à casa depois do
Quando Gabriel passou pelo mural de anúncios no batalhão e percebeu um aviso recente se aproximou para ler, o anúncio convocava todos os militares para uma reunião urgente com o comandante do batalhão.A sala estava lotada, alguns militares estavam de pé encostado às paredes, porque todos os assentos estavam tomados. O comandante entrou na sala no horário exato em que estava marcado no aviso do mural, cumprimentou a todos com um bom dia, prosseguiu o discurso agradecendo ao empenho de todos em manter a ordem, e então passou a relatar o momento crítico que a PM estava vivendo. Citou alguns casos de policiais amigos que foram executados porque foram identificados; não entrou em detalhes, porém passou a relatar que todos deveriam tomar medidas provisórias para sua própria segurança, uma delas se-ria e
Ao saírem para o pátio, havia aquele tumulto de soldados conversando e o barulho choco dos coturnos em atrito com o ladrilho se movimentando em direção ao vestiário, para um banho rápido e depois o jantar no refeitório. Gabriel parou encostando um dos ombros em uma das pilastras que suportava o telhado, o observando o entardecer rápido, o sol se escondendo timidamente por trás das colinas, deixando escapar os últimos raios vermelho-alaranjado, deixando em Gabriel a sensação de ter vencido mais um dia. – Vai acabar se atrasando para a janta! Gabriel olhou rápido na direção em que ouviu a voz, e deparou-se com o cabo Bruno, de seu batalhão; ele estava vestindo camiseta branca um pouco apertada salientando os músculos do tórax, calça cinza, coturno preto, além do boné cinza, assim c
Gabriel já estava acostumado com a rotina do curso, aulas no período da manhã, pausa para refeição, aulas no período da tarde, banho, jantar, dormir, e os dias estavam passando muito rápido.O instrutor novamente iniciou a palestra abordando a quarta reação do soldado sequestrado que seria negociar.– Bom, pessoal, na última aula falamos sobre as quatro reações do sequestrado, qual é o quarto tema? Alguém sabe? – Negociar! – Responderam. – Muito bem, eu disse que o quarto tema negociar é sem dúvida o pior de todos, primeiro porque o soldado seque
O dia prometia, o sol começou a dar as caras logo cedo, enchendo toda a região de luminosidade. Quando os soldados chegaram ao campo de futebol, depois do leve café da manhã, avistaram o instrutor com seus auxiliares caminhando lentamente em volta de tambores plásticos. Eles olhavam atentamente para dentro de cada um deles, assim que os soldados aproximaram o instrutor Alex tomou a palavra.– Bom dia, pessoal! – Bom dia! Responderam alunos.