Isso que estou sentindo, essa agitação interna sem qualquer precedente, como se estivesse no meio de um fogo cruzado, aguardando um grande acontecimento... O que me causa isso? Nunca antes tive tal sensação de ansiedade e, ao mesmo tempo, desamparo. Simplesmente parece que estou perdido, à mercê de uma gama de sensações consternantes, as quais meu corpo responde contra minha vontade: as palmas das mãos suam, apesar de estar tão frio quanto o pior inverno; meu peito lateja, mas não é dor, pelo contrário, dele emana uma sensação quente que não sei explicar; focar minha mente parece ser uma tarefa demasiadamente complicada agora, pois nenhum pensamento é forte o suficiente para me ocupar.
Não quando ele está por perto.
Parece estupidez minha não conseguir agir como sempre na frente de uma pessoa que conheço a tanto tempo. Isso começou recentemente, na verdade, ao menos pude notar só recentemente. Da última vez em que nos encontramos, com sua chegada a minha cidade, vê-lo me causou uma bagunça de sentimentos estranhos. Olhar sua figura surgir no meio das esquinas que eu conhecia tão bem, com os cabelos loiros brilhando tanto quanto o Sol e seu sorriso alvejando a luz mais intensa... Meu coração pareceu bater forte dentro do peito, quase custando minha respiração.
Durante aquele dia, só ele ocupou minha mente, mas não necessariamente o que dizia sobre sua estadia ali e sim a forma como parecia mais velho, mais amável, mais atraente. Tornara-se um moço de aparência simpática em qualquer ângulo, estoico, mas com um olhar leve e arteiro, igual a uma criança. E seu sorriso... alvo, caloroso, amigável, protetor... Leonardo...
Que maldição ele jogou em mim?
Agora, em sua presença, encontro-me estranho. Sou estranho para mim mesmo. De repente não tenho mais resposta para perguntas simples, meu olhar não pode encontrar com as íris azuis dele e seu nome, na minha boca, é como um punhado de açúcar. Quando Leonardo está por perto, meu corpo parece querer flutuar para longe e, mesmo de noite, posso sentir o calor do Sol sobre minha carne.
Eu estou doente? Sinto-me doente. Sempre que ele me olha ou chama meu nome, o sangue corre mais rápido por minhas veias. Minha face está quente, será febre? Meus lábios estão secos, será sede? Meu coração está agitado, será...?
Não ouso dizer.
Pior ainda, perto dele, perco minha concentração, então emudeço, paraliso, torno-me pequeno, mesmo ostentando um cargo tão importante na nossa empresa. E é aí que tudo piora, pois, para essa pessoa exageradamente simpática e enxerida, ninguém pode parecer minimamente distante em sua presença.
— Tudo bem, Enzo?
Ele surge abruptamente no meu campo de visão, olhos brilhantes, azuis e curiosos; uma criança que cresceu demais. Para mim, estranhamente, Leonardo ainda era o mesmo que me acompanhava na hora do almoço para pegarmos um lanche na esquina, mas também era aquele que me estendeu a mão quando eu estava perdido no meio das minhas inseguranças...
— Sim, está tudo bem... — digo-lhe e ele encolhe os ombros, continuando a andar em minha frente.
Hoje, para celebrar sua visita na minha cidade, estamos indo a um café bem popular para Leonardo espairecer um pouco de sua rotina difícil. Desde que se demitiu e passou a trabalhar em outra cidade, nós começamos a nos ver menos e eu acabei ficando sozinho. Está tudo bem, de certa forma, ficar sozinho, para mim, é um costume desde pequeno.
Acordar sozinho, almoçar sozinho, caminhar sozinho, brincar sozinho, chorar sozinho; enfim, eu não poderia não me acostumar, certo? É apenas natural da minha parte não ver problema na solidão. Para mim, sempre estive numa espécie de deserto, provavelmente perdido em alguma duna longe demais para alguém se preocupar em verificar. Toda a imensidão a minha volta me provou o quão pequeno um ser humano pode ser e o quão silencioso é um choro se não há quem o escute. Da mesma forma, também aprendi o quão desastrosa é uma tempestade no meio da areia. Afinal, eu fui essa tempestade.
Eu era o deserto e a tempestade, a solidão e a calamidade. Pelo menos quando ele não estava por perto...
— Você está muito quieto — Leonardo resmungou, falsamente irritado — Vamos conversar um pouco, senhor empresário de sucesso.
Eu gosto desse sorriso bagunceiro dele e da sua voz irritante e alegre. Todavia, não gosto de quando ele usa um termo formal para se dirigir a mim, afinal somos iguais.
Somos iguais?
— Tudo bem, então eu começarei um assunto! — ele recomeça, apesar do meu silêncio constrangedor — É verdade que sua irmã vai se casar com o Pedro?
Que assunto aleatório, não? Perfeito para esquecer meu torpor.
— Sim, isso já parece totalmente decidido — respondo, posso encará-lo normalmente agora — Julia está passando um tempo na cidade dele agora, provavelmente está conhecendo a família do Pedro.
— Ela vai morar em lá?
— Sim, afinal, Pedro já tem uma casa própria e tem um bom emprego.
— Bem, mas e você? Como se sente sobre isso?
Eu não compreendo o que Leandro realmente quis dizer com aquela indagação. Apesar de parecer tão simples, raramente, essa pessoa consegue ter seus mistérios ou dizer frases de grande impacto.
Reconhecendo meu silêncio, ele prossegue com um sorrisinho:
— Estou falando sobre a Julia. Ela é sua irmã, você não vai sentir falta dela?
— Ah... Bem, é a vontade dela e eu sei que será bem tratada. Seria egoísmo meu tentar impedir a união deles, já que estão felizes juntos.
Leonardo simula uma pose pensativa por alguns segundos até acenar várias vezes.
— Você está certo. E também, caso você queira visitá-la, sempre será bem-vindo em a cidade. — Ele termina a frase piscando o olho direito de forma brincalhona.
Entretanto a ação inicia um formigar dentro do meu peito. É como sentir cócegas no alto do estômago, minhas mãos começam a suar novamente e eu desvio o olhar da figura ao meu lado, que, a propósito, continua falando.
Por que me sinto assim? O que estou sentindo? E, mais importante, quando irá parar?
Eu estava bem ontem, meu dia foi pacato, rotineiro, não esbocei nenhuma sensação como hoje. Porém bastou esse homem aparecer na porta do meu escritório, sorrindo, chamando-me, para que eu paralisasse. Agora, entrando e saindo desse torpor emocional estranho sem saber ao certo o que significa, cada vez mais me sinto perdido, totalmente sem chão.
Eu sempre estive perdido, mas, desta vez, é pior. Agora não tenho a raiva para me apoiar, estou entre a areia e o Sol, caminhando com essas emoções e sensações desgastantes. Se eu me compreender, terei um rumo? Do contrário, vagarei eternamente?
E Leonardo... Onde Leonardo se encaixa nisso? Por que ele é sempre o incitador desse meu caos particular? Nunca me fez nada de errado, mas bagunça todo o meu ser apenas com sua presença...
O que é esse sentimento que floresce no meu peito sempre que olho para ele?
— Eu também vou me casar, sabe?
Meus pés se detêm sobre no meio da calçada; eu pisco uma, duas, três vezes e continuo a sentir como se uma pressão gigantesca estivesse apertando o meu peito. Essa angústia excruciante está pontilhada por confusão, por desamparo, por receio. E por quê? O que tem demais na frase de Leonardo para me causar tanta dor?
Essa dor... É um tipo muito específico de dor, sei disso: é meu coração que está sentindo dor, não eu.
— É a Mariane, você deve se lembrar dela, né? Baixa, cabelos escuros, peitos... Digo, você se lembra, tenho certeza!
Sim, eu me lembro.
— Eu realmente amo ela. É engraçado falar em voz alta, mas é verdade. Demorei um pouco para entender, mas sei que amo ela.
Sim, eu já entendi.
— Iremos nos casar daqui um ano, mesmo o pai dela, uma pessoa definitivamente assustadora, aceitou. Legal, né?
Sim, sim, fantástico...
— Então, se você puder, eu gostaria que viesse ao meu casamento, pode ser? Sei que é ocupado, mas ficaria feliz de ter você lá, somos amigos, afinal!
Sim, apenas cale a maldita boca, por favor...!
— Enzo? O que aconteceu? Está tudo bem? Por que está chorando?
Isso dói, isso dói muito...
— Não é... nada. — Eu cubro meu rosto pateticamente para que a pessoa em minha frente não veja o rastro de lágrimas que queimam ao rolarem por minhas bochechas.
Eu entendi, entendi o que são esses sentimentos reprimidos que tanto me asfixiaram por longos dias. Era óbvio desde o começo, mas, provavelmente por falta de experiência no assunto, não pude compreender os sinais que meu corpo me deu. Talvez, se tivesse feito algo sobre esses sentimentos antes, agora, eu não estaria chorando tanto que mal posso organizar meus pensamentos...
Eu amo o Leonardo, essa é a verdade.
— Nós podemos voltar para sua casa, se você quiser, Enzo. — Sua mão pousa no meu ombro, ela me queima dolorosamente até a alma.
— Está tudo bem. — Também repito isso dez vezes para mim mesmo, mas acabo ignorando as dez tentativas sucessivamente. — Vamos continuar...
— Não, você claramente não está bem. Eu não vou dar um passo a mais até você se acalmar e me dizer o que houve!
Tão infantil, tão egoísta, um garoto crescido e com uma capa vermelha de herói. Sempre agindo como se pudesse ajudar a todos, salvar a todos; intrometendo-se nos assuntos que não são seus, repetindo, com fôlego e orgulho, palavras bonitas para quaisquer almas vagantes, sorrindo mesmo para seus piores inimigos... Esse é Leonardo, o mesmo garoto irritante que conheci em meio a minha tempestade, que estendeu sua mão para mim e me puxou à força do vendaval de ódio tristeza e desespero eu escolhera mergulhar. Não era da conta dele, mas ele me salvou, e só por isso o amo?
Não, não é tão simples...
— Eu disse algo errado? — Seus olhos me encaram, confusos, preocupados, buscando de todas as formas encontrar minha dor. — Não chore, por favor, Enzo...
Não quero que Leonardo fique triste por minha causa, não quero vê-lo com um semblante que não seja de felicidade, não quero magoá-lo... Eu amo o sorriso dele, amo a sua determinação, a sua força de espírito, os seus bordões de herói de cinema, amo suas piadas infantis, os seus cabelos brilhosos, seus olhos tão puros quanto o céu inalcançável...
Simplesmente inalcançável.
— Já está tudo bem, Leo... — Eu limpo meu rosto, tenho ciência de que está amassado e vermelho, porém tento o meu melhor para forçar um sorriso nos lábios enquanto empurro garganta acima uma frase mentirosa: — Eu fiquei feliz por você... Desculpe se te preocupei...
Dói, meu peito dói. Esse sorriso é amargo. Minhas palavras parecem ter sido ditas por outra pessoa. Mas ele acredita. Leonardo sorri aliviado para mim, gargalha e me dá um toque rápido no ombro.
Sim, eu o amo e repetiria isso quantas vezes fossem necessárias, porém nunca em voz alta, nunca para outro senão para meu próprio coração. A alegria da pessoa que amo é mais importante. Se ele puder sorrir todos os dias ao lado de outro ser humano que não seja eu, então, que assim seja.
O deserto é vasto, é vazio, é solitário. Com dunas e cactos, ele estende suas areias escaldantes pela Terra, mas somente na Terra, pois, acima, bem, bem acima, só há lugar para outro ser de fogo brilhando ignorantemente, para poder ser observado por toda a galáxia; este é o Sol e seu calor, sua luz.
São semelhantes, mas estão distantes demais...
Tudo bem, o deserto já se habituou à solidão.
Estavam sozinhos, mesmo com tantos transeuntes ao redor deles. Naquela mesa, só os dois conseguiam se ouvir e não existiam barreiras, como títulos ou conquistas, eram iguais, pois compartilhavam de um passado em conjunto. Afinal, quantas vezes já não estiveram naquela situação? Mesa de madeira, cerveja espumando — lacrimejando de tanta tentação —, um de cada lado e ambos tentando fugir da realidade. Assim eram aqueles dois, Alessandra e Richard. Alessandra, a diretora de uma grande empresa de marketing, era companheira de longa data de Richard, um escritor freelancer que ganhava a vida com histórias de romance apesar de que, em suas próprias palavras, ele nunca tivera um romance marcante em sua vida. Aqueles dois se conheciam desde a infância e sempre andaram juntos até que a idade adulta teve que separá-los, agora, tudo o que lhes resta é desfrutar de momentos de embriaguez como aquele para afogar as magoas.
Eu não sabia por quanto tempo estive observando aquela cena que já conhecia tão bem; horas lânguidas vendo os movimentos quase coreografados dele se reverberando contra o vento, jogando para cima apenas poeira e folhas enquanto a bola de vôlei quicava de um lado para o outro da quadra. A grama alta ricocheteava para lá e para cá e as mínimas gotículas de suor que escorriam por sua pele eram arremessadas ao ar, irradiando os raios fortes do Sol. Tornou-se parte da minha rotina olhar para Nathan imerso em seu treinamento exaustivo quase todas as manhãs. Eu apenas me sentava próxima — mas em uma distância segura, claro — e, com os cotovelos apoiados nos joelhos e queixo sobre as palmas das mãos, deixava-me perder totalmente em seus movimentos. Uma gama de devaneios remexia minha mente nesses momentos, mas nenhum fazia realmente sentido ou era marcante o suficiente para eu me devotar a ele. Não, o único que realmente prendia minha atenção er
Foi apenas uma vez, nada mais que isso. A culpa foi minha, certamente, estava sensível e queria esquecer das preocupações o quão rápido possível. Só isso... Nada mais aconteceu entre nós, a prova disso é que me sinto mal agora, após minha mente se ajeitar de qualquer jeito e a consciência recair numa cama que eu não deveria estar dividindo com outro homem. Leandro não está aqui — não estava e temo que também não estará aqui amanhã —, sua última mensagem de texto chegou dias atrás e o desconforto e a ansiedade se aglomeravam cada vez mais no meu peito. Ontem, tudo explodiu na minha cara, isso porque, após tanto tempo sozinha, alguém me estendeu palavras afáveis demais para resistir. A culpa não é dele, seu jeito é este afinal. Sempre tratando todos de forma tão simpática que chega a coagir, dono de um positivismo inumano e de tão grande gentileza que não poderia simplesmente me ignorar e ir em
A ponta de seu dedo trilhou lentamente a borda do copo, a unha de cor vermelha se refletia no líquido dourado do recipiente. Com o cotovelo apoiado no balcão e o punho ancorando o queixo, Milena deixou seus olhos vagarem perante os rostos felizes em plena agitação dos amigos que ainda estavam extasiados devido a comemoração recente; pudera, o casamento de Gabriel e Valentina foi uma data memorável, dois lindos jovens apaixonados prontos para iniciar suas vidas como uma família. Valentina estava deslumbrante e exalando doçura em seu formoso vestido de noiva, tanto que o noivo quase caiu boquiaberto no meio do altar quando ela entrou. Todavia Gabriel não cometeria esse erro; não, aguentar uma avalanche emocional não era nada para alguém notavelmente emocionado por natureza, certo? Todos pareciam tão felizes naquele dia, tal como agora, na festa noturna feita só para os amigos mais íntimos do casal. “Todos” dito de uma forma generosa, pois,
O gosto levemente apimentado borbulhando ao longo dos lábios, a respiração quente rodopiando entre nós dois, tão penetrante quanto o nosso ritmo cardíaco, o qual se equiparava em total agitação, assim como o céu noturno de fim de ano. Eu senti seus olhos fecharem-se fortemente, os cílios acariciando minha pele corada e febril. Senti gosto de barbecue, o molho que você tanto adora, perdendo apenas para a carne mal passada e cheia de tempero. Senti calor, um calor tão gigantesco que transbordava do meu peito, era diferente de qualquer coisa que já tinha experimentado antes; quase pude afirmar que meu corpo se derreteria naquele instante, escorrendo entre seus dedos e sujando suas roupas, mas, da mesma forma, eu ficaria impregnado em você, nos seus cabelos louros, na sua pele de pêssego, nos seus olhos de safira e no seu sorriso de menino sonhador... Porém outra coisa que senti naquele momento foi medo. Hoje, muitos a
— Eu gosto de você, Vitor. Foi uma frase apenas, poucas sílabas, mas suficientes para interromper a forma como o tempo transcorria. Bem, pelo menos para mim. Eu pisco para a pessoa ao meu lado, olho para cima, para baixo, tento supor se ouvi errado, abro e fecho a boca simultaneamente, tudo isso em um instante rápido. E ele continua me olhando casualmente, seu rosto tão simplório que custo a acreditar na verdade que sua voz carregava. Não, não foi uma piada, Miguel falou sério. E eu ainda estou calado, certo? Tenho que dizer alguma coisa agora, qualquer coisa... Ei, cérebro estúpido, não consegue bolar nada para eu falar? Vamos lá, não posso só ficar quieto com cara de idiota na frente de uma declaração amorosa, posso? Posso? Meu Deus, o que eu digo? — Ehrr... Você... E se eu disser algo errado agora? É mesmo necessário dar
O que há com esse olhar distraído? Suas pálpebras pareciam tão pesadas que mal conseguiam se manter abertas, ocultando quase completamente os olhos castanhos nebulosos. Havia um tom vermelho sobre sua face, forte o suficiente para se destacar na pouca luz da sala. Seu corpo talvez lhe parecesse mais leve? Bem, é de se esperar, após ignorar meus conselhos para não beber demais, algo assim iria acontecer, não? Jovens são previsíveis e patéticos. Como podia um adolescente que perturbou todo o campus da universidade cair perante um pouco de álcool? Bom, com toda a certeza guardarei qualquer bobagem que esse pirralho fizer hoje, poderei usar contra ele depois. Mas posso compreender os sentimentos de Danilo, não era todo dia que se gabaritava uma prova dificílima. Ele conseguiu belos resultados desta vez, depois de estudar como um condenado, por isso, após ele beber tanto, o trouxe para o nosso quarto no campus. Eu não bebi nada, é claro, só d
Cretino filho da puta, você acha isso engraçado, não é? Qual diabos é o seu problema? Fingindo se importar, olhando-me como se eu fosse uma miserável desolada... Para o inferno com seu jogo ridículo de manipulação, não me considere um de seus joguetes estúpidos! Eu vejo através da sua máscara, Fabiano, não há nada além de escárnio no seu olhar e nada além de pena no seu sorriso. Você já viu esse cenário tantas vezes, não é? Observando pessoas se quebrarem diante dos seus pés, cada uma com um passado pior, desesperadas para se agarrarem a algo. É do seu feitio apreciar o desastre, assim obtém sua diversão, certo? Deve ser hilário o que vê em sua frente agora, então. Esse projeto miserável de mulher revoltada com o mundo, uma adulta que quase se matou inúmeras vezes para sanar caprichos sentimentais esdrúxulos: eu — em termos simples —, que já tive um grande nome, agora, agarro-me as suas roupas, com o rosto afogado em seu peito, tentando me fazer entender no me