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Amor, nosso egoísmo

Toda a noite ele estava ali, sentado em frente aquela branquidão, horas perdidas a esmo só observando atentamente um pedaço de linho cru. Nada, nem uma única nesga de criatividade lhe dava as boas-vindas. Por fim, seus olhos começavam a arder, pedindo descanso, mas a mente continuava tentando buscar cenas ou motivos que preenchessem aquela tela como sempre fez com naturalidade.

Seu erro era continuar no habitual? Seria bom desenhar apenas alguma banalidade? Florestas? Animais? Pôr do sol? Nada, nada lhe apetecia o paladar, deixando apenas a indigestão de um estômago vazio.

E ele vagava, em loop, do quarto à pia do banheiro, do quadro branco ao espelho, do pincel à água gelada; até que seu corpo não soubesse mais outro caminho. Movimentando-se como uma espécie de zumbi, ele só iria parar quando alguém — aquela pessoa — chegasse novamente, igual fazia todas as tardes, também tão robótica quanto o próprio rapaz.

Seus

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