— NÃAAAOO..! — Minha voz saiu mais alta do que eu esperava, um grito que ecoou pelo quarto. Antes mesmo que eu pudesse pensar, minhas mãos o empurraram para trás, com uma força. Meu coração batia descompassado, a vergonha subindo como um calor insuportável pelo meu corpo. Eu estava nua. O cheiro da bebida ainda estava em mim. O nojo me dominou, e eu me encolhi, puxando o lençol para cobrir meu corpo. — Saia daqui! — A ordem saiu trêmula. Meu peito subia e descia enquanto a raiva lutava contra a confusão. Ele ficou parado, confuso, o olhar preso em mim como se esperasse que eu explicar se o que está acontecendo. Mas eu não podia. — Por que você tá agindo assim? Dá pra me explicar o que tá acontecendo? — Ele falou, quase como se não acreditasse no que estava acontecendo, com uma voz que tremia de incompreensão. — ou você só tá decidindo enlouquecer agora, na minha frente? — É sempre assim com você! — Eu gritei. — você olha, mas nunca me vê de verdade! Nunca viu! Eu não podia
Quando eu pisquei, quatro anos tinham passado.Quatro malditos anos foram os mais pesados da minha vida.Eu deveria estar feliz, certo? Deveria estar pulando de alegria, com aquele sorriso idiota no rosto e o peito estufado de orgulho. Mas não consigo sentir porra nenhuma.— Motorista do veículo à frente. Pare o carro agora no nome da lei…— Merda! Logo hoje… — grunhi entre dentes, os olhos fixos na estrada à frente, mas com a mente vagando.— Acabei de me formar... Quando olhei pelo retrovisor, vi a viatura da polícia colando em mim, suas luzes vermelhas piscando.— Último aviso! Pare o carro, ou usaremos força!Revirei os olhos e soltei um suspiro impaciente.“ Sonha, seus babacas — sorri, o canto dos meus lábios curvando-se. ignorei totalmente os sons da sirene atrás de mim. Eles não passavam de um incômodo agora.Mas eu não ia facilitar para eles.A noite não ia terminar assim…Com a janela do carro entreaberta, estendi o braço e mostrei o dedo do meio, desafiador: — Vão se fo
— Como se eu quisesse estar lá, é você, German. Você nunca teve coragem de sair daquele lugar... gosta de ficar preso no mesmo canto, sufocado.— Isabela, não é sobre mim! A questão agora é a nossa filha! Estamos perdendo ela, e você parece cega para isso! Cada dia ela se afunda mais. Você ao menos tem ideia do que ela anda fazendo? Porque eu cansei de ficar parado, vendo você desculpar cada erro dela, como se tudo fosse normal!— Ela vai mudar, German. Ela só precisa de mais um tempo... mais um pouco. A gente não pode desistir dela tão fácil.— Mais tempo? — Ele bufou, impaciente. — Você acha que mais tempo vai resolver tudo? Quando a Ayla melhorar, eu vou levar ela de volta comigo, goste você ou não. Ela vai voltar para casa. Eu tô perdendo minha filha, e você... só parece para apontar o dedo.Isabela ficou em silêncio por um segundo, com o rosto endurecido.— Se é assim que você pensa, German, então talvez nunca vá entender o que é melhor pra ela.Minha garganta estava seca, mas
Ela se aproximou, puxando a cadeira ao lado da cama, e se sentou de frente pra mim. Então, segurou minha mão com firmeza, entrelaçando seus dedos nos meus. — Ayla, escuta. — O tom dela mudou, ficando mais sério. — Combinei com seu pai que vou para o interior com você. Vou ficar lá, cuidar de você. É o mínimo que eu posso fazer. Minha garganta apertou. — Angel, não. Não faz isso. Você tem sua vida, seus planos… Não pode largar tudo assim. Ela soltou um suspiro pesado, como se eu estivesse perdendo o ponto. — Eu não tô largando nada. — Ela olhou nos meus olhos, sem desviar. — Você é minha melhor amiga. Se eu tivesse feito mais antes… Se eu tivesse percebido o que tava acontecendo, talvez… talvez nada disso tivesse chegado a esse ponto. Senti um nó se formar no meu peito. — Não é sua culpa. — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro. — Mas eu me sinto assim. — Angel apertou minha mão com mais força. — E eu não vou me perdoar se não fizer o máximo por você agora. — Angel… —
— Eu não deveria deixar vocês irem sozinha — disse meu pai, enquanto seus olhos corriam pelo meu rosto. Antes o papai havia explicado que não poderia me levar para a fazenda, porque surgiu um assunto na última hora e era "extremamente importante". E ele tinha que resolver querendo ou não. — Prometi que ia cuidar de você, Ayla. Promessas? Ele falava como se essas palavras fossem inquebráveis. Fala sério. Quem ainda acredita nessa porcaria em pleno século 21? São só desculpas esfarrapadas para ver se alguém morde. Eu não mordo. Não mais. Hipocrisia, não? — pensei, mas me limitei a manter o rosto neutro. Meu pai sempre foi assim: O que ele falava nunca combinava com o que fazia de verdade mesmo. E, para ser sincera, eu não queria voltar. Nem fodendo! Eu saí daquele lugar praticamente fugida, largando tudo — Só a ideia de pisar de novo naquele interior de quinta categoria fazia minha pele formigar de irritação, como se o próprio ar desse lugar quisesse me engoli
Parte 1 Começo um tropeço, e não há perdão✿ Nunca me importei com ninguém, até o ver escorrer pelos meus dedos, quente e pesado, uma sensação que nunca esquecerei. É estranho, quase irônico, como tudo começou. Talvez nunca tenha sido sobre amor. Mais , olhando para trás, não consigo evitar a sensação de que fui eu quem puxou o gatilho, e a partir daquele momento minha a vida mudou drasticamente. (❛❛❛) Já passava das seis da tarde, mas o céu ainda exibia aquele tom alaranjado famoso clichê do interior, como se quisesse fingir que aquele lugar era bonito. Foi quando decidi dar uma volta pela fazenda Torres… Estava a poucos passos de deixar para trás essa cidade, minha casa. Odiava esse lugar. Tudo nele. monotonia tranquila. Desde o dia em que meu pai decidiu que comprar uma fazenda no interior seria "boa ideia. Era a terra natal dele, um lugar pequeno e abafado chamado San Ignacio, a umas 1 horas de carro da capital do México. Eu tinha sete anos quando nos mudamos. A
Por anos, nossas famílias viveram em constante conflito. Era como se a rivalidade fosse gravada em nossos DNAs. Os pais de Davi sempre estiveram na linha de frente, enfrentando eleição após eleição, determinados a tirar do poder aquela maldita família. Porém, tudo mudou quando a família Galisteu perdeu o cargo. Descobriu-se que ele estava envolvido em um caso amoroso com o padre da cidade. Esse foi o maior escândalo da década—todo mundo comentava ao mesmo tempo, e, embora a internet tentasse evitar que fosse o assunto mais falado, não teve sucesso.Foi então que a eles começou a agir, tentando desesperadamente reverter a situação e limpar a imagem de "boas pessoas" que tanto se esforçaram para manter. Como eram próximos de várias figuras influentes, qualquer escândalo poderia manchar a reputação que construíram ao longo dos anos.A estratégia deles se estendeu por um longo tempo, incluindo até mesmo a indicação de outras pessoas para disputar o cargo de prefeito. Mas, no final, não d
Ele avançou, e foi como se a própria sala encolhesse à sua volta. Era impossível ignorar sua presença; com quase dois metros de altura, ele parecia dominar todo o espaço. Eu, com meu mísero metro e cinquenta e nove, me sentia ainda menor diante dele, uma presa encurralada.— Qual é o seu maldito problema?! — gritei, meus punhos cerrados, meu corpo tremendo entre o medo e a raiva. — Se o objetivo era me matar de susto, parabéns, você conseguiu, idiota!Ele parou, ficando tão perto que eu quase podia sentir o calor que emanava de seu corpo. olhos castanhos tão profundos e escuros que parecia impossível encontrar o fundo. As mãos grandes, envoltas em luvas de couro preto, estavam tensas ao lado do corpo, como se ele lutasse para se controlar. O contraste com o roupa de cowboy impecável que usava só tornava sua aparência mais intimidante.— Isso não foi minha primeira opção, Ayla — ele disse, a voz baixa e arrastada, quase hipnotizante, como um veneno que se espalhava lentamente. Seus ol