O GLOBO DA MORTE.O ar ao meu redor pareceu ficar mais pesado, como se o próprio universo estivesse me alertando sobre aquilo.Eu já tinha ouvido falar sobre aquele evento, mas nunca imaginei que um dia estaria prestes a ver com meus próprios olhos. A ideia de estar ali, ao vivo, sentindo a adrenalina no ar, o risco, a loucura... era de deixar qualquer um sem fôlego. Aquelas coisas só faziam sentido se você estivesse ali, com o coração na garganta, percebendo que não tinha volta.E para minha surpresa, seria hoje.— Olha isso — eu disse, os olhos ainda grudados no cartaz, como se ele tivesse me hipnotizado. — Esse é o tipo de coisa que toda garota sonha em ver antes de morrer. Sempre quis sentir isso na pele, sabe? A adrenalina, o perigo, a loucura...Ela cruzou os braços, o olhar pesado de ceticismo. — É sério que você quer ver isso? — A voz dela veio firme. — Só pra assistir uns idiotas quase se matando pra entreter uma plateia? Isso não é adrenalina, Ayla, é insanidade. Pura e simp
— Relaxa, Ângela. É só uma cerveja — eu disse, dando um gole enquanto os motociclistas continuavam sua dança mortal lá em cima. A bebida era gelada e refrescante, e por um momento, tudo parecia perfeito.Mas então, algo mudou. O locutor anunciou a entrada de mais um piloto, e a multidão explodiu em gritos ainda mais altos. — E agora, o momento que todos estavam esperando! — Com vocês. O CACHORRO LOUCO! — A voz do cara ressoou no microfone e a multidão respondeu como um eco, uma onda de excitação percorrendo a todos.O cara no palco não parava, incitando ainda mais o caos. O som das motos e os gritos se misturavam como uma onda de energia, algo pesado no ar. Ao mesmo tempo que o chão estava tremendo, quase como se o mundo inteiro estivesse ali, se movendo com a gente.De repente, o som dos motores mudou. Um ronco mais profundo, mais selvagem, ecoou pelo estádio, fazendo o ar vibrar e a multidão silenciar por um instante. Todos os olhos se voltaram para a entrada, onde uma figura
— Então, Ayla…de Skin lendária — Ele fez uma pausa dramática, olhando para a plateia, e um coro de assobios ecoou. Eu revirei os olhos. — Parece coisa rara por aqui, hein? — Ele riu, me analisando de cima a baixo com aquele olhar de quem adorava um espetáculo. — Diz aí, sorteada, além de ser linda, o que mais temos de interessante?O microfone se aproximou de mim de novo. Meu estômago revirou. Não tinha paciência para esse tipo de jogo.— Ahm… eu respiro? — soltei, e a plateia explodiu em risadas.O locutor sorriu, levantando as mãos em rendição.— E ainda tem personalidade… O sorriso dele aumentou. — Alguém aqui já se apaixonou?O barulho da multidão era ensurdecedor, mas, no meio disso, escutei um cara gritar:— EU!Minha cabeça virou na direção do som, e vi um cara pulando, balançando os braços como se estivesse tentando me chamar atenção a qualquer custo. Revirei os olhos.O locutor riu, aproveitando a deixa.— Olha aí, já temos um candidato! E então, Ayla, ele faz o seu tipo?A
— Espera... — minha voz saiu hesitante, mas ele já tinha virado de costas, ajustando as luvas com a mesma calma irritante de antes. — Eu não sei se...— Se soltar, você morre. — Ele me cortou sem paciência, a voz grave, seca, sem espaço para discussão. — E eu não freio por ninguém.Eu dei um passo para trás, sentindo o estômago revirar só de olhar para aquela moto. Acelerar por aí em um círculo de metal, desafiando a gravidade?Tudo bem, eu só queria olhar. Só queria sentir a adrenalina no ar, ver de perto esse mundo insano que nunca foi meu. Mas subir nessa moto?Quer dizer… às vezes eu tomo umas decisões questionáveis, daquelas que fariam qualquer um se perguntar se eu tenho um parafuso a menos. Mas perder completamente o juízo? Isso ainda não aconteceu.Eu acho.— Eu não vou subir nisso. — Cruzei os braços, firme, ignorando o frio que subiu pela minha espinha.Ele soltou um suspiro pesado, como se estivesse perdendo a paciência. Como se eu fosse um incômodo.— Você veio pra cá porq
Então levantei as mãos para o alto e gritei nunca me senti tão feliz na minha vida. A moto fez uma curva ainda mais fechada, aqui no face agarrei mais sua cintura e eu quase perdi o fôlego. O vento cortava minha pele, e meu coração batia fora de compasso, mas o sorriso dele, eu senti ele sem nem precisar olhar, como se ele soubesse exatamente o que estava fazendo comigo. E então veio a última manobra. Ele virou a moto ao contrário. Quando ele finalmente desacelerou, trazendo a moto de volta ao chão, meu coração batia tão forte que doía. Ele olhou para mim. E viu. — Gostou, não foi? — A voz dele veio afiada. Eu engoli em seco, mas não deixei que ele percebesse. Não respondi — Tsc… Garotas como você… loirinha, riquinha… são as piores. A provocação bateu forte, mas não como um tapa. Como um soco no ego. Meus olhos se estreitaram. — Ah, é? — Minha voz saiu firme, cortante, mesmo que por dentro algo queimasse. — Acha que me conhece? — Falei entre os dentes, o desafio e
— Por favor, não — eu tentei gritar de novo, mas a voz não saiu. Era apenas um sussurro rouco, perdido no silêncio da sala.Ele não respondeu. Apenas sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos….Acordei Gritando.Minha respiração veio em soluços irregulares, e o suor escorria pelo meu rosto, gelado como se o próprio pesadelo tivesse grudado na minha pele. O quarto estava incompleta escuridão, mas o cheiro ainda estava ali. Sangue. Muito sangue. Eu estava sangrando. Escorria por entre minhas pernas, quente, denso.Meus pulmões pareciam queimar enquanto eu tentava puxar o ar, mas só conseguia sentir aquele gosto metálico na garganta, o desespero se agarrou a mim como garras invisíveis, apertando, sufocando, arrancando qualquer resquício de racionalidade.— Eu não tive culpa! — Minha própria voz soou cortante, rachada, como se estivesse saindo de um lugar muito mais profundo do que minha garganta. — Foi ela... foi ela! Ela me obrigou! Eu não quis! Eu nunca quis!Minhas mãos tremiam.
Parte 1 Começo um tropeço, e não há perdão✿ Nunca me importei com ninguém, até o ver escorrer pelos meus dedos, quente e pesado, uma sensação que nunca esquecerei. É estranho, quase irônico, como tudo começou. Talvez nunca tenha sido sobre amor. Mais , olhando para trás, não consigo evitar a sensação de que fui eu quem puxou o gatilho, e a partir daquele momento minha a vida mudou drasticamente. (❛❛❛) Já passava das seis da tarde, mas o céu ainda exibia aquele tom alaranjado famoso clichê do interior, como se quisesse fingir que aquele lugar era bonito. Foi quando decidi dar uma volta pela fazenda Torres… Estava a poucos passos de deixar para trás essa cidade, minha casa. Odiava esse lugar. Tudo nele. monotonia tranquila. Desde o dia em que meu pai decidiu que comprar uma fazenda no interior seria "boa ideia. Era a terra natal dele, um lugar pequeno e abafado chamado San Ignacio, a umas 1 horas de carro da capital do México. Eu tinha sete anos quando nos mudamos. A
Por anos, nossas famílias viveram em constante conflito. Era como se a rivalidade fosse gravada em nossos DNAs. Os pais de Davi sempre estiveram na linha de frente, enfrentando eleição após eleição, determinados a tirar do poder aquela maldita família. Porém, tudo mudou quando a família Galisteu perdeu o cargo. Descobriu-se que ele estava envolvido em um caso amoroso com o padre da cidade. Esse foi o maior escândalo da década—todo mundo comentava ao mesmo tempo, e, embora a internet tentasse evitar que fosse o assunto mais falado, não teve sucesso.Foi então que a eles começou a agir, tentando desesperadamente reverter a situação e limpar a imagem de "boas pessoas" que tanto se esforçaram para manter. Como eram próximos de várias figuras influentes, qualquer escândalo poderia manchar a reputação que construíram ao longo dos anos.A estratégia deles se estendeu por um longo tempo, incluindo até mesmo a indicação de outras pessoas para disputar o cargo de prefeito. Mas, no final, não d