Voltei para casa com um peso nos ombros. A conversa com a mãe de Hana ainda ressoava na minha cabeça, cada palavra cheia de veneno e falsas intenções. No caminho, pensamentos ruins me tomaram. Imaginei a presença da mãe de Hana se infiltrando aos poucos, criando rachaduras nas bases sólidas que estávamos tentando construir. Eu não tinha dúvidas de que essa mulher não sentia remorso nem arrependimento. Uma mãe que não se importou em jogar a filha para fora de casa, seria capaz de fazer qualquer coisa para se manter confortável, mesmo que isso significasse trazer sofrimento para Hana e para nossa família. Era como se uma tempestade estivesse se formando no horizonte, e minha única vontade era barrá-la antes que nos alcançasse.Ao abrir a porta de casa, fui recebido pelo silêncio acolhedor do lar, e aquilo me fez perceber o quanto eu queria proteger esse espaço, proteger Hana e nosso filho de qualquer coisa ou pessoa que pudesse ameaçar nossa paz.Eu vi a Hana no sofá, os olhos brilha
Já passava das oito da noite quando o telefone tocou. O número era desconhecido, mas decidi atender mesmo assim. A voz do outro lado estava embargada, cansada. Levei alguns segundos para processar a quem pertencia, até que ela se identificou.— John, sou eu… a mãe da Hana.Um frio correu pela minha espinha, mas mantive o controle. Havia algo naquele tom de voz que já me preparava para o teatro que viria a seguir.— Ah, é você.Respondi, fingindo despreocupação. — Eu havia esquecido que tinha dado o meu número pra você.Ela ignorou a pergunta, indo direto ao ponto. O que veio depois foi uma sequência ensaiada, com uma falsa humildade que quase me fez rir.— John, eu só queria te pedir… uma ajuda. Sabe, dois milhões seriam o suficiente para eu recomeçar minha vida. Desde que a Hana foi embora, a minha situação não tem sido nada fácil.Soltei uma risada curta, não acreditando na audácia.— Dois milhões? É isso mesmo? Perguntei, com uma ironia afiada. — Achei que você fosse um pouco mai
HANA*Eu passei pelo inferno, conheci todas as faces da dor de ser despejada por alguém que deveria me proteger, não tive bons direcionamentos sobre relacionamentos saudáveis, e minha única conselheira se prostituía pra manter a vida de alto padrão que tinha, porém, ela foi a única que nunca soltou a minha mão.A conclusão que tiro é que existem realidades paralelas que podem ser erradas pra algumas pessoas, mas que pra outras pode ser a melhor coisa da vida.Era errado se prostituir? Minha resposta é: DEPENDE.Talvez olhando por outro ângulo, o John seria o tipo de homem que eu jamais iria querer voltar a olhar pra cara dele, mas pessoas feridas ferem outras pessoas, e eu escolhi olhar pra ele como vítima, quando ele expôs suas dores pra mim.Mas a minha dor diante do que a minha mãe me fez, não se comparava com nada no mundo, não havia justificativas pra todo o trauma psicológico e afetivo que ela causou em mim.Deixar Jonh tomar a frente das minhas batalhas não era sinal de fraque
Era inacreditável que eu tivesse tendo que encarar alguém que eu estava disposta a esquecer. Aquela figura a poucos metros de distância de mim era a última pessoa que eu esperava ver ali.Ela andava como se buscasse algo, ou alguém, e o coração deu um salto de inquietação. Não poderia ser coincidência, poderia? Tentei me esquivar do seu olhar, puxando John para mais perto, mas não demorou muito para que ela nos visse.Ela parou de andar, o rosto congelando numa expressão de surpresa ao ver Jonathan nos braços de John. Olhou fixamente para ele e depois para mim, como se precisasse confirmar o que seus olhos estavam vendo.— Esse… esse é o seu filho? Perguntou ela, a voz um tanto rouca.Senti o peso de seu olhar, mas mantive minha expressão firme.Antes que eu pudesse responder, John entrou no meio da situação, a voz dele firme como uma muralha.— Isso não é da sua conta.Ele respondeu, o tom frio e direto.Ela levantou o queixo, soltando uma risada seca, quase debochada.— Eu estou fal
O chão parecia ter desaparecido debaixo dos meus pés. Meu filho, meu bebê… ele estava ali, a poucos passos de distância, e num piscar de olhos, tudo virou um pesadelo. Meu coração batia tão forte que sentia o gosto de metal na boca, como se estivesse engolindo a própria dor. Minha respiração vinha curta e rápida, quase sem oxigênio. Olhei pro John, vendo o mesmo desespero que sentia. Ele começou a chamar por Jonathan, a voz carregada de uma angústia que jamais ouvi antes.Sem pensar, comecei a vasculhar o saguão, o olhar frenético passando por cada rosto, cada canto, cada sombra. Eu chamava pelo meu filho, a voz embargada e, ainda assim, alta o suficiente para chamar a atenção das pessoas ao redor. Meu corpo tremia, mas não podia me dar ao luxo de parar.— John… ele estava aqui… Ele estava aqui agora! Minha voz saiu fraca, mas cheia de um terror que eu mal conseguia controlar.Foi então que, em meio ao tumulto e ao pânico, meus olhos buscaram a última figura que eu jamais queria ver
JONH . . Depois de uma lua de mel incrível, e do estresse envolvendo a cara de pau da mãe da Hana, tudo o que eu queria era levar a Hana e o nosso filho pra Las Vegas, e mostrar pra todos a , minha família. A Hana estava feliz e animada e tudo parecia perfeito, nós achávamos que nada poderia atrapalhar nossa felicidade, isso até o nosso filho ser sequestrado por quem deveria protegê-lo. Afinal, não é isso que se espera de uma avó? O ar parecia um veneno. Era como se cada respiração que eu tomava me sufocasse ainda mais, me afundando num desespero do qual eu não conseguia escapar. A imagem do rosto daquele homem, o namorado da minha mãe, segurando o meu filho... Era como um pesadelo. Aquele homem abusador e nojento, que já tinha invadido minha vida antes, agora tinha levado o meu bebê. Minhas pernas pareciam de cera. Eu mal conseguia me sustentar de pé enquanto os policiais se movimentavam ao nosso redor, falando sobre investigações, estratégias, passos a serem tomados. Mas tu
JONH*Quando eu era pequeno, eu sonhava em ser médico, cresci fazendo planos que nunca aconteceriam, pois a vida tinha outro destino pra mim.Cansado de estar sempre no vermelho, e sempre precisando pedir dinheiro ao meu pai, eu decidi vender minha casa e tudo o que eu tinha, e saí do país, a minha intenção era ir atrás de oportunidades que me tirassem da vida miserável que eu levava.Eu saí do Brasil e fui pra Las Vegas, onde consegui um emprego como dançarino em uma boate, e foi lá que eu conheci o mundo da prostituição.As mulheres com quem eu me envolvia me abriram portas, eu fiz contatos importantes, ganhei muito dinheiro saindo com mulheres ricas e famosas, e logo veio a oportunidade de ser modelo, pois eu tinha o padrão perfeito das agências, eu só não sabia que a prostituição também existia lá, camuflada de desfiles e eventos, a diferença era que eu passei a ganhar o triplo do que eu ganhava na boate.Eu abracei aquela oportunidade, prestei atenção em como tudo aquilo funcion
Quando eu cheguei na agência, eu encontrei uma das modelos discutindo com a Flávia, naquele momento eu já sabia o motivo da discussão, mas como todo chefe, eu tinha o dever de perguntar. — O que está havendo aqui? Já imaginaram se algum cliente entra aqui e encontra essa baderna?Flávia: Desculpa Sr. Carter, mas a Ingrid está se recusando a fazer book vermelho Ingrid: Eu já fiz book vermelho essa semana, o cliente quase me estrangulou com aquela gravata no meu pescoço, eu ainda estou dolorida das chicotadas que ele me deu, eu só quero um descanso pra que eu me recupere. — Tudo bem, você pode ir pra casa e a Flávia irá encontrar uma substituta pra você.Ingrid: Eu não vou participar do desfile?— Você sabe como as coisas funcionam por aqui Ingrid, a passarela é como se fosse uma vitrine pros nossos clientes, eu não posso dar um "Não" pros clientes caso eles queiram sair com você. Ingrid: Eu preciso da grana Jonh.— E eu preciso dos clientes, agora você pode ir.Eu vi ela se retirar