PREDESTINADA AO ALFA
PREDESTINADA AO ALFA
Por: Deby21
Sombra na floresta

O vento uivava como um lobo faminto, chicoteando as folhas secas contra as janelas da casa antiga. Apertei o cobertor ao redor do corpo, tentando ignorar o frio que se infiltrava pelas frestas da madeira. Era a primeira noite em Willow Creek, e a solidão da casa vazia pesava sobre mim como uma névoa densa.

A morte do meu pai, repentina e inesperada, havia me arrancado de minha vida movimentada em Nova York e me jogado nesse vilarejo isolado,longe de tudo. A casa, herdada do meu avô, era um relicário de memórias, com móveis de madeira escura e um cheiro de poeira e pinho. Me sentia um fantasma nesse lugar, uma sombra perdida em meio a lembranças alheias.

Mudei para Willow Creek buscando paz, um refúgio da frenética Nova York. A morte recente do meu pai me deixara fragilizada, e a pequena cidade, com seu ritmo lento e moradores acolhedores, parecia o lugar ideal para recomeçar. Mas a tranquilidade era enganosa. Um véu de mistério pairava sobre Willow Creek, um segredo sussurrado ao vento.

Na manhã seguinte conheci a loja de antiguidades de Sarah, uma moradora local , de olhos amendoados e cabelos castanhos, ela cheirava a biscoitos de mel que aliás ela me deu alguns acompanhado de chá. Conversamos por horas, e ela me contou sobre a rica história de Willow Creek, repleta de lendas e segredos. Ela me disse que Willow Creek era um lugar especial, cheio de beleza e magia. E eu, cética inicialmente, comecei a acreditar nela.

Cansada de minha costumeira rotina decidi explorar a cidade. O ar fresco da montanha picou minhas narinas, e o sol da manhã banhava as casas de madeira em uma luz dourada. A única rua principal era um labirinto de lojas e cafés, com um ritmo lento e calmo que me deixava inquieta, mudei de direção me dirigindo a floresta , com a expectativa que um pouco de verde mudasse meu humor.

Enquanto caminhava pela floresta próxima, sentir um olhar penetrante em minhas costas. Parei respirando fundo, mas não vi ninguém. O cheiro de pinho e terra úmida era forte, mas algo mais intenso pairava no ar, um cheiro selvagem e inebriante.

De repente, um galho se quebrou atrás de mim , me virei , o coração batendo forte no peito. Um homem moreno alto e musculoso surgiu entre as árvores, com olhos escuros e penetrantes que pareciam ler meus pensamentos. Ele usava uma jaqueta de couro surrada e botas pesadas, e um sorriso misterioso se formou em seus lábios.

__"Perdida, moça?" A voz dele era rouca e profunda, como um trovão distante.

Sentir um arrepio percorrer minha espinha.

__ "Não, apenas explorando." falei tentando parecer confiante, mas a minha voz saiu tremida.

___"Esta floresta tem muitos segredos," ele disse, aproximando-se de mim . "Mas cuidado com o que você encontra."

Sentir um calafrio percorrer meu corpo. O olhar dele era intenso, como se ele pudesse ver através de mim. Me sentir presa, incapaz de me mover, era como se eu fosse uma gazela e aquele homen uma onça,se preparando para o ataque.

__"Eu... eu preciso ir." gaguejei , dando um passo para trás.

__"Não tenha medo," ele disse, com um sorriso que não chegava aos seus olhos. "Eu estou aqui para te proteger."

Não conseguia entender o que sentia. Medo? Atração? Aquele homem misterioso me fascinava e me assustava ao mesmo tempo.

_"Quem é você?" perguntei, minha voz quase inaudível.

Ele se inclinou para perto, seu hálito quente em meu rosto.

__Chame-me de Ethan."

E com um último olhar penetrante, ele se virou e desapareceu entre as árvores, me deixando sozinha com o cheiro de pinho e o eco de seu sorriso misterioso.

Fiquei parada por um instante, observando o ponto onde ele havia sumido. O sol da tarde começava a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados e roxos, mas a floresta permanecia escura e ameaçadora. Sentia um frio estranho percorrer meu corpo, um misto de medo e excitação. Ethan era um enigma, um homem que me fascinava e me assustava ao mesmo tempo.

Voltei para a casa, meus passos pesados e hesitantes. A solidão da casa antiga parecia mais opressiva do que antes. Acendi a lareira, tentando espantar o frio que se instalara em meus ossos. Mas o cheiro de pinho e terra úmida ainda pairava no ar, e a imagem de Ethan, com seus olhos escuros e penetrantes, não saía de minha mente.

Nos dias seguintes, tentei me concentrar em minha nova vida em Willow Creek. Explorei a cidade, conheci os moradores locais e até mesmo me matriculei em um curso de cerâmica na única escola da região. Mas a lembrança de Ethan me perseguia como um fantasma. Me vi procurando ele na floresta, esperando encontrá-lo novamente, mas ele parecia ter evaporado.

Uma noite, enquanto caminhava pela rua principal, vi Ethan sentado em um bar, com um grupo de homens que pareciam tão sombrios quanto ele. Hesitei por um instante, pensando em me aproximar, mas a timidez me venceu. Me virei e voltei para casa, com o coração batendo forte no peito.

A partir daquele dia, passei a observar Ethan de longe. Eu via ele no bar, na floresta, e até mesmo na igreja, onde ele parecia tão estranho quanto um lobo em um rebanho de ovelhas. Tentava decifrar seus mistérios, mas ele permanecia um enigma, um homem que parecia pertencer a outro mundo.

Não sabia se devia me aproximar dele, se devia confiar nele. Mas uma coisa era certa: não conseguia tirar Ethan de minha mente. Ele me fascinava como um fogo que me atraía e me amedrontava ao mesmo tempo.

Uma noite, enquanto a lua cheia iluminava a floresta com uma luz prateada, decidi que não podia mais viver na incerteza. Eu precisava confrontar Ethan, descobrir quem ele realmente era e por que exercia tanto poder sobre meus pensamentos.

Vesti um casaco grosso e saí de casa, determinada. Caminhei até o bar onde sabia que ele costumava estar. Ao entrar, meus olhos rapidamente encontraram Ethan, sentado sozinho em um canto, com um copo de uísque na mão.

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