Era como se eu pudesse sentir o passado, a energia de cada peça, e isso me ajudava a esquecer o medo que Ethan me causava. Mas, por mais que tentasse, a imagem dele, o toque dele, o olhar dele, me perseguiam. Era como se ele tivesse me marcado, e eu não conseguia me livrar da sensação de que ele estava sempre presente, mesmo quando não estava. Sarah, por sua vez, se sentia aliviada por ter minha companhia. A presença dela me tranquilizava, e me ajudava a lidar com o medo que ainda sentia por Ethan.
___"Você está fazendo um ótimo trabalho, Clara," Sarah disse, com um sorriso. "A loja está parecendo nova." Sorri de volta. ___"Estou feliz em ajudar," eu disse. "É bom ter algo para fazer. " No fim de semana, Sarah decidiu aceitar o convite de um amigo, um rapaz chamado Daniel, que trabalhava com ela na loja de antiguidades. Ele convidou Sarah para levá-la para um barzinho, e ele, gentilmente, sugeriu levar seu amigo, um rapaz chamado Lucas, para fazer companhia a mim. __"Lucas é um cara legal," Sarah disse a mim. "Você vai gostar de conversar com ele." Sarah concordou, e combinaram de se encontrar no barzinho naquela noite. Apesar de não estar muito animada com a ideia de sair, acabei concordando em ir. Eu precisava de uma distração, e a companhia de Lucas, um rapaz alto, com cabelos castanhos e olhos azuis penetrantes, parecia ser uma boa opção. Quando chegamos ao barzinho, me senti um pouco mais relaxada. Lucas era divertido e gentil, e me diverti conversando com ele. Estávamos sentados em uma mesa perto da janela, quando vi Ethan entrando no bar. Ethan estava sentado em um canto, com um copo de whisky na mão, me observando de longe. Seus olhos escuros e penetrantes estavam fixos em mim, e um olhar de ciúme visível em seu rosto. Senti um arrepio percorrer minha espinha. Era um misto de medo e atração. Eu não conseguia entender por que Ethan me causava essa reação tão confusa. Ele não tinha o direito de se intrometer na minha vida. Mas, por mais que tentasse, não conseguia negar a fascinação que ele exercia sobre mim. Tentei ignorar Ethan, mas era impossível não sentir seu olhar intenso sobre mim. Me senti desconfortável, mas também... excitada. Era como se ele tivesse um poder sobre mim que eu não conseguia controlar. Lucas, percebendo que eu estava inquieta, perguntou: __ "O que foi, Clara? Você está bem?" Tentei sorrir. __ "Estou bem," eu disse. "Só estou um pouco cansada." Lucas assentiu, sem desconfiar de nada. Ele continuou a conversar comigo, fazendo piadas e contando histórias engraçadas. Tentei me concentrar na conversa, mas eu não conseguia tirar Ethan de minha mente. Ethan continuou a observar de longe, seus olhos escuros e penetrantes fixos em mim. Ele não conseguia acreditar que eu estava com outro homem. Ele não conseguia acreditar que eu estava me divertindo. Ele se levantou de sua mesa e se aproximou de mim e Lucas, com um sorriso frio e malicioso . __"Clara, que bom te ver," ele disse, com um tom de voz rouco e sedutor. "Você está linda." __"Ethan," eu disse, com um tom de voz tremendo. "O que você quer?" __"Só vim dar um oi," ele disse, com um sorriso malicioso. "E te dizer que você está linda com essa roupa. Ela realça suas curvas." Senti um arrepio percorrer minha espinha. Ele estava sendo perverso, jogando com as palavras, com um olhar que me deixava desconfortável. __"Ethan, por favor," eu disse, tentando manter a calma. "Eu não quero ter nada a ver com você. " __"Ah, Clara," ele disse, com um sorriso malicioso. "Você sabe que não pode resistir a mim." Ele se aproximou de mim, seus olhos escuros e penetrantes . ___ E você sabe disso não é mesmo querida ? ele sussurrou, sua voz carregada de uma confiança irritante que me deixou sem palavras. O olhar dele era como uma correnteza, puxando-me para um lugar que eu não queria ir. O meu coração disparou, e a adrenalina tomou conta de mim. Eu não conseguia ficar ali, sob o feitiço dele, com a sensação de que estava sendo observada como uma presa. Sem pensar duas vezes, me levantei abruptamente. __"Eu preciso ir," murmurei para Lucas, que parecia confuso e um tanto surpreso com a minha reação repentina. Antes que ele pudesse responder, eu já estava me afastando, correndo em direção à saída do barzinho. A porta se fechou atrás de mim com um baque alto. O ar fresco da noite me atingiu como um soco no estômago, e eu respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. Mas a sensação de estar sendo seguida não me deixou. Olhei para trás e vi Ethan saindo do bar, sua silhueta se destacando sob a luz amarelada da rua. Ele não hesitou e começou a me seguir. ___ "Clara, espera!" Ele gritou, sua voz ecoando na noite vazia. O tom de sua voz era insistente, um misto de preocupação e determinação, mas eu não queria ouvir. Meu corpo agia por instinto, e eu corri mais rápido. As ruas estavam desertas, e eu não sabia exatamente para onde estava indo. Meus pés batiam no chão em um ritmo frenético, e a única coisa que eu conseguia pensar era em me afastar dele. A imagem de Ethan, com seu olhar intenso e provocador, ainda estava gravada em minha mente, e eu não queria vê-lo novamente. __ "Clara!" Ele chamou, mais perto agora. O som dos seus passos atrás de mim se aproximava, e meu coração estava prestes a explodir. Eu não podia deixá-lo me alcançar. Virei à esquerda em uma rua estreita, tentando perder Ethan entre as sombras. As luzes dos postes piscavam enquanto eu corria, e a tensão em meu corpo aumentava a cada passo. Ele estava determinado; eu podia ouvir sua respiração pesada, o eco de seus passos firmes cada vez mais próximo. __"Clara, por favor, pare!" Ele pediu, sua voz agora mais suave, quase desesperada. "Não precisa assim!" Mas eu não poderia parar. O medo e a confusão eram mais fortes que qualquer apelo que ele pudesse fazer.Ethan era uma presença opressora em minha vida, e eu não sabia como lidar com isso. Desviei novamente, buscando abrigo em um beco mais escuro, esperando que ele não me visse. Meus pulmões queimavam e meu corpo tremia, mas eu precisava encontrar uma saída. O beco era estreito e pouco iluminado, e eu me encostei na parede fria, tentando fazer o menor ruído possível. __"Clara!" Ele chamou novamente, a frustração agora evidente em sua voz. "Só quero conversar!" Não respondi. Eu apenas permaneci ali, paralisada, ouvindo o som da sua busca. A adrenalina corria em minhas veias como um veneno e, ao mesmo tempo, havia uma parte de mim que queria acreditar que ele se preocupava de verdade. O silêncio se instalou por um momento, e eu me perguntei se ele tinha desistido. Mas então ouvi passos se aproximando. Meu coração disparou novamente, e eu me preparei para correr. __"Clara, não se esconda," ele disse, sua voz mais suave agora, quase como um sussurro. "Eu não vou te machucar." A dúvida
E, enquanto o sol subia no céu, decidi que não iria me deixar levar apenas pela desconfiança. Era hora de descobrir a verdadeira essência de Ethan, mesmo que isso significasse enfrentar meus próprios medos.A conversa fluiu entre nós, mas a atmosfera estava carregada de uma tensão sutil. Eu tentava me concentrar nas palavras de Ethan, mas minha mente não conseguia ignorar os sinais de que havia algo mais por trás daquela fachada amigável. - Você mencionou que a arte é uma forma de libertação - eu disse, buscando um caminho para aprofundar a conversa. - Você tem alguma obra favorita? Algo que realmente te impactou? Ethan hesitou, seus olhos desviando por um instante, como se estivesse revivendo uma memória dolorosa. - Na verdade, eu... - ele começou, mas a voz falhou. - Eu gosto de um pintor chamado Edvard Munch. A forma como ele captura a angústia humana é algo que me fascina e, ao mesmo tempo, me assusta. Senti um aperto no coração. O nome de Munch ressoava com a própria luta que
Eu sabia que estava sendo levada por uma força muito intensa, mas também sabia que queria explorar isso, mesmo sem saber até onde iria. Fixei meu olhar nos fios de cabelo que começavam a crescer em sua cabeça raspada. Um arrepio percorreu meu corpo, e uma vontade incontrolável de passar minhas mãos ali me invadiu. A textura, a promessa do que estava por vir... era excitante.— Por que você raspa a cabeça assim? — perguntei, minha voz um pouco mais rouca do que o normal.Ele sorriu, um sorriso selvagem que mostrava dentes brancos e brilhantes. Algo em seu olhar me fez estremecer de antecipação.— Sou muito peludo, menina. Meu cabelo cresce absurdamente, então sempre corto para não ficar parecendo um lobisomem — disse ele, a última palavra sussurrada com uma intensidade que me deixou arrepiada, mas de um jeito bom.Desci meu olhar para seu corpo, e a verdade da sua afirmação me atingiu em cheio. Ele era realmente muito peludo, com pelos escuros e grossos no peito e nos braços. A visã
Não conseguia explicar a mim mesma a decisão de ir, a sensação de que simplesmente não poderia dizer não a Ethan. O medo, é claro, estava lá, um nó frio na garganta, mas era ofuscado por uma curiosidade insaciável, uma necessidade de saber o que me esperava. O vento frio da noite soprava, carregando consigo o cheiro de rio e a promessa de algo desconhecido.Então, ele apareceu. Não apenas apareceu, mas surgiu como um espectro das sombras, montado em uma Kawasaki Ninja preta, a máquina imponente cortando a penumbra como uma lâmina afiada. O ronco profundo do motor, um rugido selvagem que ecoou pela ponte, vibrou em meu corpo, intensificando a mistura de medo e excitação que me consumia. A moto, reluzindo sob a luz fraca dos postes, parecia uma extensão de sua personalidade – poderosa, enigmática e um tanto ameaçadora. Ethan, com sua figura imponente e um sorriso que prometia tanto perigo quanto prazer, desceu da moto, a silhueta escura contra o céu noturno. Senti um arrepio percorrer m
O ronco baixo do motor era um contraponto ao zumbido que começava a tomar conta da minha cabeça o vinho já estava fazendo efeito. Saímos do pub, a risada de Ethan ainda ecoando fracamente atrás de nós, e agora a cidade se esvaía em um borrão de luzes. Eu me agarrava a ele, o cheiro de couro e gasolina misturado ao aroma doce e intenso do vinho que ainda tinha em minha taça.A ponte se erguia à nossa frente, imponente e escura contra o céu estrelado. Ethan estacionou a moto no acostamento, o motor silenciando abruptamente. O silêncio, quebrado apenas pelo som distante do tráfego, era quase opressor. Descemos, e eu me senti cambaleante, a terra parecendo se mover sob meus pés. Ethan me ajudou a manter o equilíbrio, seu braço forte e seguro em minhas costas.Enquanto ele abria outra garrafa de vinho, eu me encostei na mureta fria da ponte, observando as luzes da cidade refletidas na água escura lá embaixo. O vinho escorria pela minha garganta, quente e reconfortante, mas também me deixav
O silêncio dele era ensurdecedor. Um abismo profundo e intransponível se abriu entre nós, e eu me encontrava à beira, olhando para o vazio sem saber como atravessá-lo. Não era eu que o evitava; era ele que me ignorava completamente, como se eu fosse um fantasma, uma lembrança incômoda a ser esquecida. A cada dia que passava, a esperança diminuía, dando lugar a uma dor lancinante, uma ferida aberta que sangrava a cada notificação não recebida, a cada mensagem sem resposta.A lembrança do beijo, antes um bálsamo para a alma, agora era uma tortura. Era como se ele tivesse roubado não só um beijo, mas também um pedaço de mim, deixando um vazio imenso em seu lugar. A intensidade daquela noite, o calor dos seus abraços, tudo agora parecia um sonho distante, irreal, um conto de fadas que terminara em um pesadelo.A confusão inicial deu lugar a uma raiva crescente. A raiva pela sua indiferença, pela sua falta de respeito, pela sua incapacidade de explicar o que havia acontecido. Por que ele h
Reconheci a camisa xadrez, a mesma que usava naquela noite… a noite que mudou tudo. A visão dele, ali, me atingiu como um soco no estômago.A raiva me subiu à garganta, um nó apertado que me impedia de respirar. Mas, ao invés de gritar, eu apenas me aproximei. ___"Preciso de uma resposta", disse, minha voz baixa e rouca, quase um rosnado. Os olhos dele se encontraram com os meus, e por um instante, vi um reflexo de dor neles – uma dor que ecoava a minha própria.__"Foi um erro, Clara", ele sussurrou, a voz quase abafada pelo ruído da cidade. "Eu não sou bom para você. Eu te colocaria em perigo. De verdade. Você precisa entender isso." Ele gesticulou com a mão, como se tentasse afastar algo invisível entre nós, algo que ameaçava nos engolir. "Só… tente ser feliz sem mim." As palavras foram ditas com uma firmeza que me feriu mais do que qualquer grito. Ele se virou e se foi, deixando-me sozinha sob a luz fria do letreiro enferrujado, o cheiro da chuva e a amargura da desped
As tardes eram preenchidas com o cheiro de madeira velha, poeira e livros antigos, um ambiente familiar e reconfortante que me proporcionava uma sensação de paz. Mas as noites… as noites eram diferentes.Sob a escuridão do meu quarto, longe dos olhos curiosos, as lágrimas ainda rolavam pelo meu rosto. A imagem de Ethan, seu sorriso, seu olhar, ainda me assombravam, mesmo que eu tentasse racionalizar, mesmo que eu soubesse que ele não era bom para mim. A saudade, uma dor surda e constante, me acompanhava como uma sombra. Eu tentava me convencer de que estava seguindo em frente, de que estava superando, mas a verdade era que uma parte de mim ainda estava presa ao passado, presa a ele.Para tentar esquecer, para tentar preencher o vazio que ele havia deixado, eu continuava saindo com Lucas. Ele era gentil, atencioso, e fazia de tudo para me fazer feliz. Mas, por mais que eu tentasse, não conseguia apagar a imagem de Ethan da minha mente. Lucas era um bom homem, um porto seguro, ma