No dia seguinte, Daniela desceu para o café da manhã e sentou à mesa para comer sozinha, como sempre, porque Antonino já havia saído. Estava olhando os espaços sobrando naquela mesa tão grande, quando um dos empregados veio avisá-la de que um advogado queria falar com ela ao telefone.Naquele momento Daniela lembrou que havia deixado o celular no quarto, carregando. Se dirigiu para o telefone da residência, próximo à mesa de jantar e atendeu:— Alô?Ouviu uma voz grave masculina do outro lado da linha:— Meu nome é Cláudio Rossi e sou advogado. Estou falando com a senhorita Daniela Rivera?— Sim. Esse é o meu nome de solteira.— Senhorita Daniela, poderia vir ao meu escritório hoje à tarde? Tenho para lhe falar um assunto do seu interesse.— Do que se trata?— Quero informar que a senhora Paulina Cociani faleceu há três dias.Daniela refletiu por alguns instantes e lembrou-se da senhora do asilo.— Sinto muito.— Poderia vir ao meu escritório para conversarmos?— Conversarmos sobre o
Os passeios diários pelas terras da mansão contemplando os campos verdejantes, não diminuíam o tédio que Daniela sentia. Ficava procurando algo para fazer dentro daquela casa que mais parecia uma prisão. Os empregados pareciam vigiá-la e os seguranças eram carcereiros sempre em posição de sentido, fazendo-a lembrar-se a todo instante de que não poderia sair até que Antonino ordenasse.Naquele momento, final de tarde, debruçada na varanda do seu quarto, observando os empregados passando lá embaixo, pensava em alguém caindo daquela altura e se espatifando no chão.Que loucura estava pensando! Depois que perdeu a mãe tinha pensamentos tão fúnebres que chegava a se assustar pela maneira como seu cérebro trabalhava negativamente.Afastou-se da varanda bem devagar, se jogou na cama e ligou a televisão. Começou a ver um filme de terror e seus olhos ficaram pesados.Paralisou-se de repente quando viu sua mãe surgir na porta do quarto e vir na sua direção. Se encolheu na cama enquanto a mulher
Chegou um momento em que a tensão nos consumia. Vincenzo se coçava e eu roía as unhas. Comecei a sentir fome, então fomos até a lanchonete que ficava na frente do hospital. Procurei por João, mas ele não estava em nenhum lugar por ali.Enquanto comíamos nosso lanche, eu perguntei para Vincenzo:— Devemos avisar os pais dela?— Vamos esperar mais um pouco.— Não era para ter sido assim.— Calma Adriana, a culpa não é sua, aliás, se formos pesar as responsabilidades, você é quem tem menos culpa.— Por quê? — Somos três maiores de idade, só você ainda é de menor.— Verdade. A Carol fez dezoito a semana passada. Mas estamos todos juntos, então eu também tenho culpa.Terminamos nosso lanche e retornamos para a sala de espera do hospital. Os minutos passavam, a madrugada avançava e eu e Vincenzo decidimos juntos, avisar os pais da Carol.Quando eles chegaram, a mãe da Carol se dirigiu a uma enfermeira e eu fui até ela:— Dona Gertrudes...— Por favor, não me dirija palavra. Você é culpada
Na manhã seguinte Daniela tinha uma ultrassonografia marcada. Giorgio a deixou no estacionamento da clínica, ela entrou e a recepcionista avisou que o médico havia se atrasado. Sentou na recepção numa sala cheia de mulheres grávidas. Algumas estavam sozinhas, outras acompanhadas por mãe e uma minoria estava acompanhada por seus maridos ou namorados. Para qualquer lado que olhasse só via barrigas enormes; algumas mulheres tinham dificuldades para sentar e precisavam da ajuda dos seus acompanhantes.Daniela ficou imaginando que em pouco tempo sua barriga também estaria assim, grande, redonda, bonita.Uma moça muito jovem que estava sentada ao seu lado puxou conversa com ela. Era recém-casada e estava grávida de quatro meses. A conversa entre elas durou até a recepcionista chamar o seu nome e levá-la por um corredor longo, cheio de lâmpadas. Ela entrou numa sala escura e foi orientada para que tirasse a roupa, vestisse um roupão aberto na frente e deitasse na maca. Alguns minutos depoi
Antonino estava fechado em uma sala de reunião discutindo vendas com a sua equipe. Foi uma manhã cansativa, mas ele como presidente da empresa precisava estar presente para discutir algumas questões pendentes.Às dez da manhã ele já estava entediado. Olhou o relógio de pulso e ficou batendo com a caneta sobre a mesa de forma disfarçada enquanto cada homem na sala aproveitava os seus minutos para mostrar suas vendas e as estratégias usadas. Sempre um querendo ser melhor do que o outro. Essa era a ideia das vendas: que o melhor vencesse.Assim que a reunião acabou Antonino saiu para almoçar e ligou para Daniela, mas caiu na caixa de mensagem. Tentou mais três vezes e nada conseguiu. Com certeza Daniela não queria atender porque ainda estava com raiva dele. Ultimamente eles não estavam conseguindo se entender de jeito nenhum.Chegou em casa por volta das cinco da tarde, estacionou o carro na frente do casarão e encontrou Rosa na sala de estar dando ordem a alguns empregados. Quando ela o
Na manhã em que desapareceu, Daniela acordou decidida. Estava cansada de passear pelo jardim da mansão. Até as flores que existiam nos canteiros ela já conhecia de cor. Estava sufocada ali dentro e precisava com urgência ver gente. Mas não queria sair vigiada com um motorista em seu encalço.Depois da refeição matinal foi para a varanda e chamou um carro de aplicativo. Sempre se escondendo de Giorgio e também de Rosa foi para frente da mansão e ficou ao lado dos seguranças aguardando. O motorista do aplicativo assim que chegou foi revistado e só depois ela entrou no carro.Saltou no centro comercial e se sentiu viva novamente olhando as vitrines e vendo gente passando ao seu redor. Fez algumas compras, almoçou em um restaurante popular e seguiu por uma rua estreita e comprida.Foi naquele momento que um furgão preto veio na sua direção. A porta foi aberta, e dois homens encapuzados pularam sobre ela e a arrastaram para dentro do veículo, depois colocaram um pano com um liquido gelado
Vincenzo Romano era filho de Michael Romano e Paulina Cociani, um casal de agricultores italianos que tinham uma vida simples e modesta. Mas o seu pai também tinha negócios com o mafioso Genaro Goldacci, o avô de Antonino Goldacci.Genaro Goldacci na época era dono de uma rede de farmácias e comprava do seu pai plantas aromáticas e medicinais para transformá-las em medicamentos fitoterápicos, vendendo clandestinamente as mesmas.A primeira vez que Vincenzo entrou na mansão dos Goldacci ele tinha dez anos de idade. Estava acontecendo uma festa beneficente e estavam presentes pessoas ilustres como governadores, prefeitos, deputados e juízes. O seu pai só estava ali porque trabalhava secretamente para Genaro Goldacci. Na verdade ele era um dos seus capangas. Vincenzo não sabia se o seu pai fazia aquilo de livre e espontânea vontade ou se sofria algum tipo de chantagem, mas a verdade é que sempre que Genaro Goldacci queria dar uma surra em alguém ele chamava Michael Romano. Uma coisa que
Antonino estava sentado à mesa tomando o terceiro copo de whisky e naquele momento pensava em Daniela. Desde que ela voltou daquele sequestro mal explicado andava estranha, cabisbaixa e não o encarava quando falavam sobre o assunto.Quando ela desapareceu ele ficou louco, mas o alivio veio no momento em que recebeu aquele telefonema e atendeu ao número estranho, coisa que não costumava fazer. Naquele momento, com o telefone no ouvido, ouviu a voz chorosa de Daniela dizendo que estava em um posto de gasolina que ficava na beira da estrada. Ela lhe passou o endereço e ele partiu imediatamente com os seus homens e a encontrou sentada em um banco, toda despenteada como alguém que correu muito para encontrar um lugar seguro.Ele não lhe fez muitas perguntas, bastava saber que ela estava bem. Queria ter acertado tudo durante a noite, com um jantar à luz de velas, mas Daniela desde então tem se mostrado indisposta e fria.Olhou mais uma vez para o relógio de pulso e analisou o ambiente. O ba