Daniela naquele momento estava de pé na frente do enorme espelho que tomava toda a parede. Podia se ver totalmente como se observa uma personagem que está numa tela de cinema. Se beliscou para ter certeza de que estava acordada. Olhou o relógio na parede, depois desviou os olhos, voltou a olhar e tentou manter-se calma e concentrada, sem pensar no que estava por vir. Sentia um enorme vazio dentro de si e a sensação de que estava prestes a cair de um despenhadeiro.Seu estômago se revirava e seus nervos se contraíam quando pensava que em alguns minutos estaria dizendo sim diante do juiz. Como se permitiu chegar até ali? Como foi parar naquela teia de aranha sem fim? Seu cérebro estava em curto-circuito ao pensar na situação em que se encontrava.Inspirou fundo estreitando os olhos ao analisar cada detalhe da roupa que estava usando para casar. O vestido era bege, mas seria mais adequado se fosse preto, pois o sentimento que estava dentro dela era de que iria para um velório. A imagem r
Quando a boca de Antonino cobriu a dela tudo o que Daniela conseguiu pensar foi que estava no paraíso. A pressão e o ritmo do beijo foram perfeitos. Foi feroz e terno ao mesmo tempo. Foi deliberado e exploratório com a mão de Antonino dentro do cabelo dela exalando controle e paixão.Por um momento os lábios ficaram imóveis e unidos, um respirando na boca do outro. O corpo de Daniela respondeu, acumulando desejo nos pontos eróticos, atraindo-a na direção de Antonino, e fazendo com que ela abrisse a boca assim que sentiu a pressão da língua dele na sua. E o clima ficou um misto de sensações: paixão, desejo, luxúria, tudo muito intenso e muito louco. Foi viril, delirante, arrebatador.A mão dele desceu para um dos seios dela, acariciando-o através do tecido macio do vestido enquanto a outra deslizava pelo cabelo. Daniela gemeu quando ele provocou seu mamilo apertando-o. Ela soltou a mala encarando-o firmemente e passando os dedos no peito duro e quente, de músculos tensos.Não conseguia
No dia seguinte acordou depois das oito. Procurou o telefone, estava na bolsa dentro do quarto e ela havia se esquecido de colocá-lo para despertar. Fez sua higiene matinal depois desceu as escadas e tomou um café rápido. Ia chamar um taxi, mas ao abrir a porta da frente e chegar à varanda viu Giorgio na frente da mansão. Lembrou que ele agora era o seu motorista particular e se aproximou do carro.— Bom dia, Giorgio.— Bom dia, senhora.Ela entrou no carro e Giorgio deu a partida. Em alguns minutos o carro passou pelo portão principal onde havia dois seguranças que liberaram a passagem e em seguida o automóvel seguiu calmamente pela rodovia.Assim que chegou ao prédio da empresa e enquanto esperava o elevador, lembrou-se de que não precisava mais cumprir horário, mesmo assim, ainda se sentia como empregada de Antonino.Passou pela recepção e foi recebida com respeito por todos, mesmo sabendo que pelas costas muitos estavam falando mal dela querendo saber que truque sexual ela usou p
No dia seguinte, Daniela desceu para o café da manhã e sentou à mesa para comer sozinha, como sempre, porque Antonino já havia saído. Estava olhando os espaços sobrando naquela mesa tão grande, quando um dos empregados veio avisá-la de que um advogado queria falar com ela ao telefone.Naquele momento Daniela lembrou que havia deixado o celular no quarto, carregando. Se dirigiu para o telefone da residência, próximo à mesa de jantar e atendeu:— Alô?Ouviu uma voz grave masculina do outro lado da linha:— Meu nome é Cláudio Rossi e sou advogado. Estou falando com a senhorita Daniela Rivera?— Sim. Esse é o meu nome de solteira.— Senhorita Daniela, poderia vir ao meu escritório hoje à tarde? Tenho para lhe falar um assunto do seu interesse.— Do que se trata?— Quero informar que a senhora Paulina Cociani faleceu há três dias.Daniela refletiu por alguns instantes e lembrou-se da senhora do asilo.— Sinto muito.— Poderia vir ao meu escritório para conversarmos?— Conversarmos sobre o
Os passeios diários pelas terras da mansão contemplando os campos verdejantes, não diminuíam o tédio que Daniela sentia. Ficava procurando algo para fazer dentro daquela casa que mais parecia uma prisão. Os empregados pareciam vigiá-la e os seguranças eram carcereiros sempre em posição de sentido, fazendo-a lembrar-se a todo instante de que não poderia sair até que Antonino ordenasse.Naquele momento, final de tarde, debruçada na varanda do seu quarto, observando os empregados passando lá embaixo, pensava em alguém caindo daquela altura e se espatifando no chão.Que loucura estava pensando! Depois que perdeu a mãe tinha pensamentos tão fúnebres que chegava a se assustar pela maneira como seu cérebro trabalhava negativamente.Afastou-se da varanda bem devagar, se jogou na cama e ligou a televisão. Começou a ver um filme de terror e seus olhos ficaram pesados.Paralisou-se de repente quando viu sua mãe surgir na porta do quarto e vir na sua direção. Se encolheu na cama enquanto a mulher
Chegou um momento em que a tensão nos consumia. Vincenzo se coçava e eu roía as unhas. Comecei a sentir fome, então fomos até a lanchonete que ficava na frente do hospital. Procurei por João, mas ele não estava em nenhum lugar por ali.Enquanto comíamos nosso lanche, eu perguntei para Vincenzo:— Devemos avisar os pais dela?— Vamos esperar mais um pouco.— Não era para ter sido assim.— Calma Adriana, a culpa não é sua, aliás, se formos pesar as responsabilidades, você é quem tem menos culpa.— Por quê? — Somos três maiores de idade, só você ainda é de menor.— Verdade. A Carol fez dezoito a semana passada. Mas estamos todos juntos, então eu também tenho culpa.Terminamos nosso lanche e retornamos para a sala de espera do hospital. Os minutos passavam, a madrugada avançava e eu e Vincenzo decidimos juntos, avisar os pais da Carol.Quando eles chegaram, a mãe da Carol se dirigiu a uma enfermeira e eu fui até ela:— Dona Gertrudes...— Por favor, não me dirija palavra. Você é culpada
Na manhã seguinte Daniela tinha uma ultrassonografia marcada. Giorgio a deixou no estacionamento da clínica, ela entrou e a recepcionista avisou que o médico havia se atrasado. Sentou na recepção numa sala cheia de mulheres grávidas. Algumas estavam sozinhas, outras acompanhadas por mãe e uma minoria estava acompanhada por seus maridos ou namorados. Para qualquer lado que olhasse só via barrigas enormes; algumas mulheres tinham dificuldades para sentar e precisavam da ajuda dos seus acompanhantes.Daniela ficou imaginando que em pouco tempo sua barriga também estaria assim, grande, redonda, bonita.Uma moça muito jovem que estava sentada ao seu lado puxou conversa com ela. Era recém-casada e estava grávida de quatro meses. A conversa entre elas durou até a recepcionista chamar o seu nome e levá-la por um corredor longo, cheio de lâmpadas. Ela entrou numa sala escura e foi orientada para que tirasse a roupa, vestisse um roupão aberto na frente e deitasse na maca. Alguns minutos depoi
Antonino estava fechado em uma sala de reunião discutindo vendas com a sua equipe. Foi uma manhã cansativa, mas ele como presidente da empresa precisava estar presente para discutir algumas questões pendentes.Às dez da manhã ele já estava entediado. Olhou o relógio de pulso e ficou batendo com a caneta sobre a mesa de forma disfarçada enquanto cada homem na sala aproveitava os seus minutos para mostrar suas vendas e as estratégias usadas. Sempre um querendo ser melhor do que o outro. Essa era a ideia das vendas: que o melhor vencesse.Assim que a reunião acabou Antonino saiu para almoçar e ligou para Daniela, mas caiu na caixa de mensagem. Tentou mais três vezes e nada conseguiu. Com certeza Daniela não queria atender porque ainda estava com raiva dele. Ultimamente eles não estavam conseguindo se entender de jeito nenhum.Chegou em casa por volta das cinco da tarde, estacionou o carro na frente do casarão e encontrou Rosa na sala de estar dando ordem a alguns empregados. Quando ela o