Capítulo 2

Capítulo 2

Sentado em um dos bancos traseiros da sua limousine, Antonino Goldacci interrompeu a conversa que estava tendo ao telefone, quando o automóvel parou rapidamente à frente da sua mansão, enquanto o portão alto de ferro fundido decorado se abria para dar passagem ao veículo.

Mesmo tendo dois seguranças na entrada da mansão, não conseguia relaxar sempre que chegava ali, pois o assassinato dos pais ainda estava gravado na sua mente. Ele tinha quinze anos quando aconteceu. Foi há vinte anos, mas as imagens continuavam nítidas, como em um filme.

No momento em que o motorista parou o carro na entrada da mansão, seu pai pressentiu que havia alguma coisa errada e rapidamente abriu a porta do carro e o empurrou para fora. Antonino tropeçou no cinto e foi parar debaixo do automóvel. Foi salvo por um milagre, pois foi naquele momento que ouviu os disparos e viu muito sangue escorrendo para o chão.

Além dos pais dele, morreram também o motorista da limousine e os dois seguranças que faziam a guarda do portão de entrada. Antonino não conseguiu ver nenhum dos assassinos, que logo após cometerem o crime, entraram em um carro que estava escondido atrás de uns arbustos e foram embora.

Dias depois, ajudado por seu tio Giácomo, irmão do seu pai, mandou investigar e eliminar os suspeitos. A partir daquele momento não viveu mais como um adolescente normal, passando a dedicar-se apenas a aprender as coisas relacionadas à empresa e comandar o império deixado por seu pai. E jurou que não iria cometer os mesmos erros do pai, que confiava em todo mundo.

Ele, Antonino, jamais baixava a guarda. Vivia sempre analisando e estudando as pessoas e procurando ver o pior delas. Não confiava nem esperava nada de bom de ninguém.

Depois que o automóvel passou pelo portão de entrada, seguiu por um caminho de palmeiras muito altas, até que finalmente parou à frente do casarão. O veículo foi estacionado ao lado do chafariz de três andares, cujo barulho das águas era como música para os ouvidos.

Antonino deu uma olhada panorâmica. A mansão era cercada por um mundaréu de terras ao redor, que iam muito além do que a vista podia alcançar. Seu pai sempre tentou protegê-lo dentro daquela fortaleza, porém, não conseguiu proteger a si mesmo e nem à sua mãe.

Ele desceu do automóvel e se apressou para subir os lances de escadas. Os empregados mais antigos e de confiança quase sempre o recebiam na chegada. Antonino respondeu aos cumprimentos dos criados com um aceno de cabeça e entrou. Passou pela enorme sala de visita, decorada com vidros e cristais, atravessou mais duas salas e subiu as escadas que dava acesso ao andar superior, onde ficavam os dormitórios. O seu quarto era o último e ficava em frente ao corredor, dando a ele visão ampla de todos os outros quartos que ficavam nas laterais, assim que abria a porta.

Uma vez em seus aposentos, tirou o paletó sujo com o suco de laranja que havia sido derramado por aquela garota desastrada e o jogou sobre a cama, em seguida serviu-se de uma bebida. Depois abriu a enorme porta de vidro e foi para a varanda. Sentou na poltrona com o copo na mão e ficou contemplando a vista. Sempre gostou de observar o horizonte com as cores se misturando no céu, ao cair da tarde.

De repente o celular vibrou. Ele colocou o copo com a bebida na mesinha ao lado, tirou o aparelho do bolso e atendeu com rispidez:

— Fala!

— Oi, Antonino — era a voz de Luciano Francioli, o gerente administrativo da Goldacci.

— Acabei de chegar — respondeu Antonino com acidez. — Espero que seja algo importante.

Luciano Francioli era responsável por fiscalizar as operações de poio da empresa. Sua função era colaborar com a eficácia do fluxo de informações e com a eficiência da organização geral da empresa. Mas ultimamente Antonino estava muito insatisfeito com os resultados do seu trabalho.

— Desculpa incomodar...

— Fala logo! — Antonino ordenou secamente.

— Sobre a atualização que você me pediu, já tenho todos os dados em um gráfico. Podemos marcar a reunião para amanhã?

— Não estou com minha agenda aqui, portanto não tenho como te responder isso agora. Me liga depois. — Antonino respondeu e desligou o telefone antes que Luciano pudesse falar mais alguma coisa.

Voltou a tomar a sua bebida calmamente, olhando o pôr do sol. Não confiava em Luciano. Ele era falso e dissimulado, como uma raposinha que chega de mansinho, comendo pelas beiradas e acaba destruindo toda a vinha sem que ninguém perceba. Fingia-se de prestativo, mas algo lhe dizia que aquilo tudo era uma máscara e que a sua verdadeira face estava escondida.

Ele tinha quase certeza de que Luciano lhe roubava. Mas Antonino não podia tomar decisão alguma baseada em suposições, porque Luciano estava na empresa desde o tempo em que o pai de Antonino ainda era vivo. Precisava de provas para poder expulsá-lo da empresa de maneira definitiva.

Como único herdeiro e dono absoluto da Goldacci, Antonino precisava estar sempre em alerta. Por isso não gostava de se expor em redes sociais. Em alguns lugares aonde ia, preferia usar o sobrenome de solteira da sua mãe, Vannicola.

Assim que terminou a bebida, levantou, tomou um banho, se vestiu e chamou seu motorista. Em alguns minutos estava diante do restaurante mais elegante e caro da cidade. Entrou, sentou em uma mesa reservada e aguardou. Havia um pianista tocando e uma música suave e relaxante envolvia o ambiente. O garçom serviu o vinho na taça e se afastou.

Não demorou muito e a moça loira, alta e magra, de cabelos escovados apareceu. Assim que ela se aproximou da mesa ele levantou e a cumprimentou com um beijo no rosto. Claudina Gasparri era modelo famosa e filha de um banqueiro que no passado foi um grande amigo do pai de Antonino. Ela viajava muito e sempre que estava na Itália os dois se encontravam, mas não havia nenhum laço de compromisso entre eles.

Claudina era fina, criada nos moldes de uma educação exemplar, além de ser também muito linda, mas para Antonino, ela era uma mulher comum e seu interesse nela era apenas sexual.

Aquele restaurante era frequentado pela elite italiana e por diversas vezes Antonino teve que levantar e cumprimentar os empresários que estavam chegando ou saindo do local. Alguns acompanhados de amigos, esposas e outros com suas amantes.

Depois do jantar, Antonino levou Claudina para o apartamento de luxo que ele mantinha no centro da cidade. Aquele domicílio era usado para ter noites de sexo com as mulheres que escolhia temporariamente antes de enjoar delas. Com Claudina era diferente porque ela também não queria compromisso e os dois sabiam quais eram seus limites.

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