Capítulo 4
Antonino Goldacci estava no campo de pouso, aguardando. Assim que seu primo desceu do avião os dois se abraçaram e foram em direção à limousine. Franco era muito parecido com Antonino; tinha os mesmos olhos escuros e cabelos castanhos ondulados. Era um pouco mais jovem, mas a idade nunca foi um empecilho para a amizade dos dois primos. Franco sempre foi o seu braço direito na empresa, mas há dois anos se afastou para apoiar o pai nos negócios. Porém, desde que começou a desconfiar da conduta de Luciano, Antonino planejava trazer o primo de volta.Naquela noite, Antonino e Franco foram para uma boate, acompanhados por duas modelos escolhidas em catálogos e depois passaram a noite num motel de luxo cada um com a sua acompanhante e viveram momentos de sexo e luxúria.Na manhã seguinte, Antonino levou Franco para a empresa e fez uma reunião convocando Francesco, Luciano e os demais diretores apresentando a todos o novo vice-presidente da empresa. A função de Franco seria de monitorar a empresa com uma visão de trezentos e sessenta graus e cuidar da equipe.Na sala havia uma grande mesa retangular com tampo de vidro, onde todos estavam sentados. Depois da primeira apresentação o silêncio reinou e Antonino continuou o discurso:— Então, todos entenderam que o Franco está de volta? Na minha ausência ele responderá por tudo. Alguém tem alguma coisa contra?Luciano tomou a palavra:— Não é que eu tenha algo contra, mas você não acha que deveria pensar mais um pouco sobre isso?Antonino estava de ressaca, por isso o seu humor estava em zero. Irritou-se com a pergunta de Luciano e sentiu vontade de esbofeteá-lo por cima da mesa. Só o tolerava na empresa porque queria um dia pegá-lo no flagra e se o demitisse perderia essa oportunidade.E naquele momento olhou para Luciano demoradamente, depois analisou cada rosto que estava ali presente. Houve um momento de silêncio petrificado e quando parecia que não ia mais responder ele disse:— Então você acha que sabe mais do que eu como administrar a minha empresa.— Eu não disse isso! — Luciano se defendeu. — Mas você não precisa ser um ditador.— Então é isso o que você pensa? O que mais pensa de mim? Vamos lá, vamos tirar o momento para lavar a roupa suja. Alguém mais está insatisfeito e quer se manifestar?Francesco que estava ao lado de Antonino, tocou no seu braço pedindo calma e como ninguém mais abriu a boca, Antonino levantou e disse:— A reunião está encerrada. Resolvam com Franco as pendências que depois ele passa para mim.Antonino saiu pela porta sem olhar para trás. Francesco foi atrás dele, passou à sua frente e o fez parar no corredor.— Antonino, vê se fica calmo. O que deu em você?— Olha aqui, Francesco, não estou a fim de discutir as minhas decisões.— Não estou falando das suas decisões, mas do seu humor, ou melhor, mau-humor.— Não vou falar sobre isso agora.Francesco levantou as duas mãos em sinal de rendição e disse:— Tudo bem, tudo bem. A gente conversa depois.De volta à sua sala, Antonino sentou na cadeira giratória e ficou pensando na nova filial que já estava sendo construída. Por isso ele trouxe Franco para ajudá-lo. Desde que colocou Luciano responsável pela obra, estava havendo um gasto de dinheiro muito grande e a obra não deslanchava, não saía do lugar.Pegou o telefone e ligou para Anna, a sua secretária, mas ela não atendeu. Precisava de um café com urgência para acalmar os nervos. Levantou e foi até a porta, mas quando a abriu, deu de cara com uma cena inesperada.Uma mulher estava ajoelhada, procurando algo debaixo da mesa. Ela estava tão esticada para frente que a blusa saiu de dentro da calça e ficou no meio das costas, enquanto a cintura da calça desceu, mostrando os contornos de uma calcinha branca. Pelos cabelos escuros ondulados ele percebeu que se tratava da nova funcionária, a assistente de Francesco. Ficou parado na porta, observando a cena e achando a coisa mais sexy que já tinha visto na vida.Cada vez que a via era uma surpresa diferente. Primeiro ela lhe deu um banho de suco, depois falou quase sem respirar na apresentação do lançamento e agora estava ali, com a bunda erguida e toda exposta para ele.Se tinha uma coisa que Antonino entendia era de mulher. E aquela ali diante dele era muito bonita. Ele não se referia à beleza artificial tratada nos salões de beleza. Aquela moça tinha uma beleza natural, exótica e agreste, que formava um conjunto harmonioso com sua boca sexy de lábios carnudos e apetitosos.Antonino pigarreou e Daniela olhou para trás. Em seguida ergueu-se rapidamente, ajeitando os cabelos que estavam desarrumados.— Quer ajuda? — ele perguntou com um sorriso de canto de boca.—Não, obrigada — ela respondeu sem ri. — Foi só um broche que caiu.— Nós nunca nos encontramos em situação normal, não é?Ela não respondeu. Desviou os olhos dele e os fixou no chão. Ele continuou encarando-a e se divertindo com a timidez dela. Depois para quebrar o gelo, falou:— Você pode me trazer um café?Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça e caminhou em direção à cantina. Antonino fechou a porta e voltou a sentar na sua cadeira giratória. Minutos depois alguém bateu à porta. Esperou entrar a moça de cabelos escuros e ondulados, mas quem entrou foi a ruiva de cabelos lisos. Anna estava de volta, trazendo o seu café. Ele não fez nenhuma observação a respeito. Agiu naturalmente, mas ficou um pouco decepcionado. Não sabia o motivo, mas queria ter tido a oportunidade de conversar mais um pouco com aquela moça de beleza campestre e bucólica.A secretária deixou a bandeja sobre a mesa e quando estava saindo ele disse:— Anna!Ela voltou-se.— Mais alguma coisa, Antonino?— Diga para a assistente de Francesco, a Daniela, que traga para mim o relatório das vendas deste mês.— Está bem. Vou falar.Anna saiu, ele tomou o café e olhou sua agenda anotando e confirmando os compromissos para o dia seguinte. Pressentia que algo muito ruim estava para acontecer dentro da empresa. As coisas não eram mais como antes. A Goldacci Indústria Farmacêutica cresceu muito e ele acabou perdendo o controle de algumas situações. E isso era muito preocupante.Novamente alguém bateu à porta. Ele esperou Daniela entrar, mas foi Anna outra vez quem apareceu e se aproximou da mesa com uma pasta nas mãos.— Antonino, eu trouxe os relatórios porque a Daniela foi fazer outra coisa que o Francesco havia pedido.Assim que Anna saiu, ele guardou a pasta na gaveta.Capítulo 5Naquela sexta-feira, após o expediente de trabalho Daniela chegou à pensão, exausta. Assim que entrou na cozinha encontrou dona Marina com uma travessa de macarrão e sentiu fome.Na pensão de dona Marina a mesa grande de madeira ficava no quintal, debaixo de uma árvore. Geralmente as refeições eram momentos descontraídos acompanhados por cantorias e muitas conversas dos hóspedes.Assim que acabou de sentar, Valentina, a neta de dona Marina, veio e sentou ao seu lado, com os cabelos loiros cacheados, soltos ao vento. As duas tinham a mesma idade e se entenderam desde o primeiro dia que Daniela chegou à pensão.Dona Marina, uma senhora de estatura mediana e muito corpulenta com fartos seios, andava da cozinha para o quintal e após colocar a travessa de macarrão fumegante sobre a mesa, foi pondo também pratos e talheres.Naquele momento se aproximou da mesa um senhor de setenta e cinco anos, magro, alto e sisudo, com cara fechada e expressão de poucos amigos. Klaus Stein era a
Capítulo 6Mais tarde, ao chegar à pensão, Daniela subiu correndo para o quarto, arrancou a fantasia do corpo e jogou longe. Foi para o banheiro e abriu o registro do chuveiro, depois sentou no chão encolhida, abraçando os joelhos e deixou que a água quente jorrasse sobre a sua cabeça. Daniela chorou; chorou de soluçar. Pensou na sua vida e na maneira como foi criada pela mãe. As duas sempre foram sozinhas porque o pai as abandonou quando Daniela ainda era muito pequena. Não lembrava quantos anos tinha; talvez cinco anos, talvez menos. Mas as imagens do dia em que ele foi embora ainda estavam muito nítidas na sua memória. Ela estava sentada no tapete da sala com os brinquedos espalhados pelo chão. Penteava a sua boneca Barbie quando sentiu a presença de alguém ao seu lado. Olhou para cima e viu o pai de pé com uma mala na mão. Nunca conseguiu esquecer aquele olhar, porque ela buscou algum vestígio de sentimento e não viu nenhum. Observou com tristeza o pai lhe dar as costas e seguir
Capítulo 7Desde a noite do baile de máscaras que Daniela não via Antonino. Ele estava viajando a negócios.No sábado, os diretores e suas secretárias foram convocados para uma reunião no laboratório da Goldacci Indústria Farmacêutica. Daniela se vestiu de uma maneira descontraída. Usou calça jeans, blusa leve de seda sem mangas, e sapatilhas. E no cabelo fez um rabo de cavalo.Havia uma Van com a marca da empresa esperando no estacionamento da mesma. Quando Daniela chegou, encontrou Francesco e Anna. Todos entraram e o motorista seguiu viagem.Daniela sentou no canto e ficou olhando a paisagem. O centro da cidade como sempre, estava congestionado. Quando os carros paravam no sinal, as pessoas atravessavam a faixa de pedestres com tanta pressa como se aquele fosse o último dia de suas vidas.Mas aos poucos toda aquela agitação foi ficando para trás e o veículo se movimentava normalmente sem tantas paradas, pois o tráfego foi ficando livre, permitindo o seu deslocamento na rodovia em u
Capítulo 8Naquela manhã Daniela chegou na empresa com um ramalhete nas mãos. Entrou na sua sala e colocou as flores sobre a mesa. Havia comprado rosas brancas e amarelas a caminho do trabalho para alegrar o dia. Sua mãe cultivava um lindo canteiro e foi com ela que aprendeu a gostar de plantas.Colocou as rosas em vasos e distribuiu pela sala. Naquele momento Francesco entrou.— Bom dia! — ele falou sorrindo. — Que cheiro bom!— Bom dia! — Daniela respondeu.— Vá agora mesmo até a sala de Antonino. Ele quer falar com você.— Comigo? Por quê?— Não sei. Ele não disse. Vá logo!Daniela abriu a porta e caminhou pelo longo corredor. Não conseguia imaginar o que ele queria falar com ela, mas ficava nervosa toda vez que precisava chegar perto de Antonino Goldacci.Quando chegou à frente da porta da sala dele, bateu e entrou. Ele estava sentado na sua poltrona giratória, atrás de uma imponente mesa de vidro, impecavelmente vestido, como sempre, e com um sorriso de matar qualquer mulher despr
Capítulo 9Era uma sexta-feira. Assim que chegou à empresa, Daniela encontrou Francesco sentado na recepção tomando cafezinho. Quando ele a viu foi ao seu encontro e como sempre fazia, colocou um braço sobre o seu ombro e foram caminhando pelo corredor na direção contrária.— Onde estamos indo? — Daniela perguntou, curiosa.— Desculpe, esqueci de dizer que iremos participar de uma reunião na sala de Antonino.— Reunião? Assim, de repente?— Ele decidiu de última hora. Francesco falou já abrindo a porta da sala do chefe. Daniela entrou primeiro e ele seguiu logo atrás dela. — Bom dia! — falou com tremor na voz.Os homens que estavam na sala responderam ao cumprimento. Antonino estava sentado na sua cadeira giratória, atrás da sua mesa. As cadeiras estavam arrumadas em círculo e ele fez sinal com a mão para que ela e Francesco se sentassem no grupo. Daniela se acomodou ao lado de Francesco e observou os quatro homens ao redor. Só conhecia Franco, que era primo de Antonino. Os outros t
Capitulo 10Chegaram à boate Paradiso faltando poucos minutos para as dez da noite. A danceteria tinha letreiros coloridos em neon na parte mais alta, porém na entrada havia uma luz discreta.Dois homens altos e musculosos faziam a guarda da portaria. Logo depois havia um longo corredor com uma luz bem fraquinha, em seguida havia outra porta que Pietro empurrou e logo estavam dentro de um salão enorme, elegante e cheio de luzes. Assim que entrou Daniela ficou encantada com a beleza do lugar e o espetáculo de luzes coloridas em meio a uma escuridão azulada. Eles atravessaram a pista de dança e se dirigiram para a outra extremidade do salão, um lugar cheio de mesas e com uma luz discreta. Sentaram-se em um lugar que era ao mesmo tempo próximo do balcão de bebidas e da pista de dança. Pietro pediu as bebidas e logo após, Valentina o puxou para a pista de dança. Daniela ficou sozinha na mesa observando a boate lotada. Antes de sair de casa pensou que iria se entediar, mas estava se div
Capítulo 11Depois da bofetada que recebeu de Daniela, Antonino Goldacci ainda permaneceu na boate durante alguns minutos. Seu desejo era levar Daniela para algum lugar, fazê-la dançar sensualmente para ele e receber dela aquele mesmo sorriso que ela esbanjara há pouco na pista de dança. Já viu muitas e muitas mulheres dançando, mas não com aquela sensualidade natural e agreste. Porém, a garota era teimosa e aquele não era o momento certo. Já haviam se desentendido naquela noite, portanto era melhor que ele não buscasse mais aborrecimentos para si mesmo.De repente desejou sair dali o mais rápido possível. Era um homem que se entediava fácil e naquele momento havia perdido o interesse pela boate. Não fazia sentido ficar naquele lugar se não estava se divertindo mais.Tinha muitos problemas para resolver, coisas sérias da empresa e não podia ficar perdendo tempo com uma garota birrenta e mal-amada.Virou na boca o resto da bebida que estava no copo e puxou a morena siliconada pelo bra
Capítulo 12Na segunda-feira quando acordou, a primeira coisa que Daniela fez foi ligar para Francesco. Através dele iria saber em primeira mão se estava demitida depois da bofetada que deu no patrão.Ele atendeu no segundo toque.— Bom dia, Daniela. Está pronta para lançar a campanha de vendas?— Então, ainda vamos? Ou melhor, eu... ainda vou?— E por que não iria? A ideia foi sua, portanto, quem está na frente dessa negociação é você.— Você tem certeza, Francesco?— Daniela, pare com essa insegurança! — Francesco ordenou. — Acabei de falar com o Antonino e já está tudo confirmado.— Está mesmo?— Claro que sim. Espero você em uma hora, nem mais um minuto.***Assim que Daniela chegou à frente do edifício onde funcionava o escritório da Goldacci, Francesco estava estacionado ao longo do meio-fio e buzinou duas vezes. Ela se aproximou, entrou no carro e seguiram para cumprir a missão do dia.Quarenta minutos depois Francesco deixou o carro no estacionamento da distribuidora farmacêut