Capítulo 5

Capítulo 5

Naquela sexta-feira, após o expediente de trabalho Daniela chegou à pensão, exausta. Assim que entrou na cozinha encontrou dona Marina com uma travessa de macarrão e sentiu fome.

Na pensão de dona Marina a mesa grande de madeira ficava no quintal, debaixo de uma árvore. Geralmente as refeições eram momentos descontraídos acompanhados por cantorias e muitas conversas dos hóspedes.

Assim que acabou de sentar, Valentina, a neta de dona Marina, veio e sentou ao seu lado, com os cabelos loiros cacheados, soltos ao vento. As duas tinham a mesma idade e se entenderam desde o primeiro dia que Daniela chegou à pensão.

Dona Marina, uma senhora de estatura mediana e muito corpulenta com fartos seios, andava da cozinha para o quintal e após colocar a travessa de macarrão fumegante sobre a mesa, foi pondo também pratos e talheres.

Naquele momento se aproximou da mesa um senhor de setenta e cinco anos, magro, alto e sisudo, com cara fechada e expressão de poucos amigos. Klaus Stein era alemão, mas morava na Itália há mais de trinta anos. Assim que ele se aproximou da mesa, Valentina se levantou, esticou o braço direito no ar com a palma estendida para baixo e disse:

— Heil Hitler.

Todos caíram na gargalhada com a brincadeira, inclusive Daniela. Valentina sempre agia assim quando Klaus Stein se aproximava dela. E ele continuava sério, sentava-se e comia calado.

Depois do jantar Daniela foi para o seu quarto e Valentina a seguiu. As duas sentaram na cama e Valentina disse:

— Você sabe que aqui na cidade está acontecendo o carnaval, não é?

— Sei.

— Não deve ser estranho pra você porque no Brasil também tem. Mas eu te garanto que o carnaval da Itália é muito melhor! — Valentina falou toda empolgada.

— Dizem que é muito bonito mesmo.

— Sairei daqui a pouco. Você quer vir comigo?

Daniela começou a escovar o cabelo e respondeu:

— Estou cansada. Vou dormir.

— Dormir tão cedo numa sexta-feira? De que planeta você é?

Ela parou a escovação, encarou Valentina e disse:

— Há muito tempo que não vou a festas.

Daniela lembrou-se dos anos que passou levando a mãe para a hemodiálise e fazendo-lhe companhia nas noites em que ela se sentia mal por causa do tratamento. Sua mãe insistia para que saísse com as amigas, mas ela preferiu se isolar.

— Se você não for, minha avó não vai me deixar sair. — Valentina falou chantageando-a.

Daniela pensou um pouco. Estava ficando antissocial e sua mãe não iria querer vê-la daquele jeito.

— Tudo bem, eu vou.

— Legal! — Valentina lhe deu um beijo molhado na testa. — Vou pegar as roupas para a gente usar.

As duas chegaram ao local do evento por volta das dez da noite, vestidas a rigor representando as mulheres dos séculos passados. Estavam usando vestidos longos, com mangas bufantes e a tradicional máscara cobrindo o rosto todo, deixando à mostra apenas os olhos e a boca.

Enquanto estavam na fila para entrar Daniela ouviu de Valentina a história do carnaval italiano. Segundo ela, em fins do século XI o Carnaval na Itália durava seis meses. O uso de máscaras havia se tornado tão habitual que foi preciso criar leis para regular sua frequente utilização. Muitos contraventores e assassinos se ocultavam por trás delas e várias pessoas cometiam adultério ou praticavam atos de sedução, protegidas pelo anonimato.

Ao mesmo tempo em que ouvia a amiga, Daniela observava ao redor. O local era muito bonito e quem entrava eram pessoas extremamente ricas e elegantes.

— Valentina, como vamos pagar os ingressos? Aqui só tem gente rica!

— Não se preocupe. O meu namorado trabalha na portaria. Não iremos pagar um centavo.

Quando chegaram na portaria, o rapaz dos ingressos, um moreno bonito de cabelos negros cacheados, sorriu para Valentina e liberou a entrada das duas.

Uma vez lá dentro, Daniela não se conteve diante de tanto luxo e ostentação. Tocava em tudo, alisava os objetos de decoração e se enrolava nas cortinas de seda. O salão era muito espaçoso e havia uma enorme escadaria que dava acesso ao andar superior, por onde homens e mulheres elegantes passavam aos pares ou sozinhos.

— Vou falar com o Pietro. Volto já. — Valentina sussurrou no seu ouvido e se afastou.

Daniela subiu a escadaria de mármore, esbarrando em mulheres que passavam apressados dando gargalhadas altas, usando perfumes embriagadores com cheiro de fortuna. Por causa das máscaras ninguém sabia quem era quem. E ninguém descobriria que ela não fazia parte daquele evento luxuoso.

Pelos cantos havia casais se beijando sofregamente colados à parede; mulheres sentadas no colo de homens com as saias levantadas e o sexo exposto; outras com os seios na boca dos parceiros. Gritos e gemidos se espalhavam pelo ar e o clima era de muita sensualidade.

Passando pela frente de um dos quartos viu a porta entreaberta e um casal se beijando. Os dois estavam nus, deitados de lado. Daniela aproximou o rosto da porta e ficou olhando. No mesmo instante a mulher ficou de quatro e o homem se posicionou atrás dela com o membro ereto. Depois ele a penetrou com uma estocada violenta. A mulher gritava alto enquanto o homem entrava e saia dela com ferocidade.

Daniela começou a suar, continuou caminhando, entrou no próximo quarto que estava vazio e deitou de costas com os braços acima da cabeça. Fechou os olhos sentindo-se molhada no meio das pernas, pensando na cena que acabara de ver no quarto ao lado. Estava sensível em todas as partes do corpo. Ela nunca fez sexo com ninguém. Ainda era virgem.

De repente aspirou um perfume amadeirado no ar e abriu os olhos, erguendo-se bruscamente da cama. Na porta estava um homem mascarado. Ele era alto, forte, com traços corporais atraentes. Daniela caminhou apressada e ao passar por ele ouviu a seguinte frase sussurrada:

— Não vá!

Ela levantou o rosto para encará-lo e sentiu o seu perfume ainda mais forte.

— Por quê? — ela perguntou.

— Por que eu estou te seguindo desde que você chegou aqui na festa.

Ela virou-se para ir embora, mas foi puxada pelo braço e inesperadamente recebeu um beijo de língua. A boca do homem era quente e molhada e ele tinha o hálito de menta. Ela quis se desvencilhar, mas não conseguiu. Ele a apertava com força. Havia uma atração forte entre os dois e ela retribuiu o beijo do desconhecido com ardor, gemendo baixinho quando ele enfiou a mão dentro do seu vestido e apertou o seu seio com força.

Naquele momento ele empurrou a porta, fechando-a com o pé e a levou até a cama. E novamente suas bocas se colaram em beijo eletrizante causando nela choques elétricos no meio das pernas.

Mas ela não podia ceder àquele desejo feroz, não com um desconhecido. E quando tentou se levantar ele arrancou a máscara dela de uma puxada só. Daniela sentiu-se exposta, nua. Deu alguns passos para trás, colando-se à parede, o encarando, tentando ver além da máscara que ele usava.

E então, inesperadamente o homem também tirou a sua própria máscara, revelando-se a ela. Daniela não acreditou no que viu. O coração parecia que ia saltar pela boca. Por alguns instantes achou que os seus olhos a estavam enganando.

— Eu sabia que era você, desde o início. — Antonino falou com um sorriso de canto de boca.

Daniela continuou parada, muda, com o coração pulando no peito. Então ele se aproximou dela, segurando-a pelos ombros e a jogou delicadamente sobre a cama. Ela sentia cada toque das suas mãos e seu corpo estava pegando fogo.

Sentiu seu vestido sendo levantado e sua calcinha sendo rasgada com um puxão. Em seguida a língua quente dele acariciou o seu sexo, subindo, descendo e a enlouquecendo de prazer. E naquele momento a moça recatada e bem comportada perdeu a noção das coisas quando o êxtase veio forte e ela gritou de prazer.

Continuou deitada na mesma posição com as pernas abertas, vendo Antonino colocar a camisinha e se posicionar entre suas coxas. O membro duro e ereto a penetrou de vez, mas foi apenas um incômodo passageiro, porque logo em seguida o desejo a invadiu de uma maneira feroz. Sentia a respiração ofegante dele no seu ouvido e sua barba roçando o seu rosto. E novamente o orgasmo veio e lhe sacudiu com tremores incontroláveis. No mesmo instante sentiu Antonino urrar e desabar ao seu lado na cama, mas levantou rápido e descartou o preservativo, depois suspendeu a calça e disse:

— Vou descer!

Em seguida colocou a máscara no rosto e saiu do quarto.

Daniela sentou na beirada da cama e passou o dedo sobre uma mancha rubra que estava sobre o lençol. Era o seu sangue, o sangue da sua virgindade que estava ali. De repente recebeu um choque de realidade e ficou confusa sem saber se foi certo o que havia feito.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo