|Oimiakon, Leste da Sibéria (Rússia):
Seriel não pode conter-se e riu da cara emburrada de Uriel. Ele estava de mau humor por estar em um dos lugares mais frios do mundo, onde não havia nada que pudesse entretê-lo como em Paris ou em Tóquio, quando os dois estiveram em missões especiais como aquela. Uriel adorava ir às compras depois de cumprir seu trabalho, mas, seria impossível naquele lugar. Não, que não houvesse lojas, mas, elas, com certeza, não venderiam nada que o agradasse.— Por que não a Romênia ou o Egito? — Uriel disse. — Não entendo porque esses caídos amam tanto os lugares mais remotos. Aposto que os que estão presos na Antártica estão felizes.— Soube que Amitiel mantinha uma base no Japão. — Seriel disse.— Sim, e o sortudo do Jofiel foi para lá. — Uriel vUriel suspeitou que Seriel estava tramando algo contra ele porque já fazia algumas semanas que os dois estavam seguindo os rastros dos Caídos, mas nunca chegavam a base principal onde encontrariam Azazel, e sempre que Uriel procurava um tempo para ficar a sós e contatar Kayla, Seriel dava um jeito de interrompê-lo. Cansado, Uriel decidiu confrontá-la.— Eu não sei se você se lembra, mas tenho que proteger a Kayla, portanto, não posso demorar a voltar para o deserto.— Não se preocupe com a humana, ela está em segurança.— Falou Seriel.— Lisariel não é forte o bastante para protegê-la, caso o deserto sofra uma invasão. — Uriel disse.— Eu sei. Por isso, pedi a Metatron que enviasse Salatiel para tomar conta dela. — Falou Seriel.— Ele não estava protegendo outra humana? — Uriel disse.— S
Lucrezia abriu os olhos, sobressaltada, e encarou o homem que a segurava, levando algum tempo para reconhecê-lo. Ele esperou que ela se acalmasse para dizer-lhe:— Você não precisa ter pressa para ler todos os livros da biblio-teca, tem uma vida toda para isso. Sabia?— Sinto muito, Miguel. — Ela encostou a cabeça no peito dele e fechou os olhos, suspirando. — Acho que tive um daqueles pesadelos, mas não me lembro. Estou com medo. — Ela agarrou o ombro dele e chorou.— Estou aqui. — Miguel beijou a cabeça dela. •─────✧─────•Alguns meses se passaram e Gabriel se tornou ainda mais zeloso com Beverly já que o momento dela dar à luz se aproximava e ela parecia cada vez mais exausta, passando boa parte do tempo, dormindo.— O que ela tem, Rafaela? N&atil
||Convento Irmãs Carmelitas – Milwaukee, Wisconsin||Quando encontrou sua sobrinha caminhando pelo jardim de mãos dadas com outra noviça, o padre Thiago se aproximou, nervoso.— Padre? Bom-dia. — Disse a bela noviça, de longos cabelos louros, olhos azuis, e um sorriso cativante. Seu nome era Gabriela. Era muito amiga da sobrinha do padre.— Bom-dia. Como está? — O padre sorriu, tentando ser amável.— Bem, graças a Deus por isso. — Respondeu Gabriela e olhou para sua amiga e então para o padre, antes de dizer — Vou deixá-los a sós para que conversem à vontade. Nos vemos. Com licença.O padre assentiu com a cabeça.Beverly Harvey, a sobrinha do padre, soltou a mão de Gabriela com certa relutância. Não sabia explicar, mas não gostava de se afastar de Gabriela por muito tempo. Sentia-se em paz, segura e compreendida perto da amiga que era como uma irmã mais velha para ela.Como se soubesse o quanto Beverly era carente, Gabriela sorriu de forma meiga e disse-l
Quando Thiago soube que Sonya mandou Beverly para um hospital psiquiátrico, não gostou nenhum pouco, e tentou convencê-la a trazer Beverly de volta para a casa. Sonya disse que enquanto Beverly não melhorasse, seria melhor que continuasse sob os cuidados de especialistas, para o seu próprio bem.Thiago foi até o hospital visitar sua sobrinha.— Veio me tirar daqui? — Beverly perguntou.— Era o que mais queria, mas não posso. Só sua mãe, e ela não está disposta a fazer isso. Lamento. — Disse Thiago, sinceramente.— Então é isso? Passarei assim o resto de meus dias? Se Gabriel tivesse me dito isso, acho que… — Ela suspirou, absorta. Diria mesmo “não” ao arcanjo que tinha seu coração? Se quando ela olhava em seus olhos sentia que os dois eram um só? Se quando ele sorria, tudo a sua volta se iluminava? Mas que preço alto ela pagou por amá-lo tanto. E no fim, valeu a pena? Nunca seus lábios sentiram os dele, nunca seus corpos se fundiram. E ainda assim, ela sentia que pertenc
||Augusta, Maine:Kayla Edwards tinha dezesseis anos. Os cabelos tingidos de azul quebravam um pouco o seu ar angelical, e sua forma despojada de se vestir, lhe fazia ser encarada pelos adultos como se fosse uma marginal, mas aquela forma de se vestir, não passava de um disfarce para esconder a garota frágil. Ela aprendeu ainda pequena, que se quisesse sobreviver ao mundo, teria de fingir ser forte. Nunca chorar em público, e de maneira alguma, se vestir como uma garotinha ingênua, senão, os outros tentariam tirar vantagem disso.Kayla conheceu Auriel na biblioteca. Se conheceram por acaso, quando suas mãos se tocaram enquanto buscavam o mesmo livro. Riram. Auriel se apresentou e deixou que ela ficasse com o livro. As duas continuaram a se encontrar no mesmo lugar, e sempre conversavam sobre um livro ou outro.Auriel era como ela. Apesar de seu ar de rebelde destemida, era só uma garota doce, que adorava poesia e literatura gótica. Não demor
Kayla não deixou o quarto desde que chegou, e aquilo deveria ter incomodado Uriel, no entanto, ele sabia que a garota precisava de um tempo para absorver as coisas. Tudo ainda era recente, e por isso, assustador, a gravidez, a mudança, etc. Ele sabia que deveria esclarecer as coisas, porque ela estava assustada por acreditar que agora se tornara algum tipo de escrava sexual, mas ele precisava ir com calma, ou ferraria com a sanidade mental dela.Kayla se acalmaria quando fosse levada ao deserto porque lá estaria em boas mãos, e em contato com outras jovens como ela, bem… Isso se ela não pensasse que terminara como vítima de um esquema sombrio. Mas não era isso mesmo? Um esquema sombrio? Sim, era isso mesmo.Uriel jantava, quando Lisariel veio, nervosa e disse que Kayla não estava no quarto e em nenhum outro lugar da casa.— Tem certeza? Ela não pode ter fugido! — Uriel se levantou e procurou a garota por toda a casa. Lisariel o ajudou, ainda que tivesse certeza de que só pe
||Nápoles, Itália:Lucrezia Lovato apressou os passos e se xingou mentalmente por usar justamente aquele par de escarpins que apertavam seus dedos sem piedade, mas, ainda que fossem desconfortáveis, eram lindos. Vermelho, sua cor favorita. Combinavam com seu terninho preto. Ela chegou atrasada à aula e pediu licença ao professor, antes de entrar e se sentar ao lado de sua melhor amiga.— Se atrasou novamente. — Sua amiga disse.— Eu sei, Michele. — Lucrezia disse, abrindo sua apostila.— Foi o despertador? — Michele perguntou.Lucrezia riu, balançando a cabeça.— Não. Adalio.— Oh. — Michele ficou vermelha, e Lucrezia achou engraçado.— Desculpe? É que me esqueço que você é… Virgem. — Lucrezia disse. — Como você consegue, sendo tão gata?— É uma escolha. — Michele apertou o crucifixo que trazia em seu pescoço.— Eu tentei ao máximo me manter como você, mas… Acho que fiz por amor. — Lucrezia disse.Ela era uma mo
||Avignon, França:Laure Lavigne tinha vinte e sete anos, a pele branca, olhos azuis, e cabelos louros e longos. Fisicamente, era a imagem idealizada da mulher francesa, mas ela era mais que um rostinho bonito.Se casara aos dezoito, com seu primeiro amor, mas o casamento não durou mais que quatro anos, quando ela descobriu que não poderia ter filhos, por ser estéril. Seu marido não lidou bem com isso, e pediu o divórcio. Ela não tentou convencê-lo a mudar de ideia, nem propôs qualquer tratamento alternativo ou adoção.Se dedicou por completo a sua carreira como enfermeira. Já que nunca teria um filho, seria como uma mãe para todas as crianças que tivesse de cuidar. Infelizmente, nem todas resistiam ao câncer e faleciam. Algumas, abandonadas pela própria família, outras, eram órfãs. Laure sempre sofria quando uma delas perdia para a doença, assim, como sorria quando uma delas conseguia se recuperar.A doutora Rafaela Arcangeli presenciou