||Convento Irmãs Carmelitas – Milwaukee, Wisconsin||
Quando encontrou sua sobrinha caminhando pelo jardim de mãos dadas com outra noviça, o padre Thiago se aproximou, nervoso.— Padre? Bom-dia. — Disse a bela noviça, de longos cabelos louros, olhos azuis, e um sorriso cativante. Seu nome era Gabriela. Era muito amiga da sobrinha do padre.— Bom-dia. Como está? — O padre sorriu, tentando ser amável.— Bem, graças a Deus por isso. — Respondeu Gabriela e olhou para sua amiga e então para o padre, antes de dizer — Vou deixá-los a sós para que conversem à vontade. Nos vemos. Com licença.O padre assentiu com a cabeça.Beverly Harvey, a sobrinha do padre, soltou a mão de Gabriela com certa relutância. Não sabia explicar, mas não gostava de se afastar de Gabriela por muito tempo. Sentia-se em paz, segura e compreendida perto da amiga que era como uma irmã mais velha para ela.Como se soubesse o quanto Beverly era carente, Gabriela sorriu de forma meiga e disse-lhe:— Estarei esperando-a na biblioteca.Beverly assentiu com a cabeça e suspirou, antes de se voltar a seu tio. Gabriela se afastou. O padre pousou suas mãos sobre os ombros de sua sobrinha e a encarou nos olhos, antes de dizer-lhe que precisava conversar com ela. Os dois foram para uma sala vazia e se sentaram, um de frente para o outro.— Estou preocupado com você, querida. — O padre apertou a mão dela. Desde que o marido de sua irmã morrera há cinco anos, Thiago era a única figura masculina influente na vida de Beverly, quase como um segundo pai.— Por que, tio? Como vê… Estou bem. — Mas o quão falsas soaram aquelas palavras! Beverly não estava nada bem. Guardava um grande segredo e não confiava em ninguém para confiá-lo.— Não. Não está. Não minta para mim. Conheço-a como a palma de minha mão. Tem algo perturbando-a. O que é? Vamos, diga-me! Sabe que pode confiar em mim… Que nunca trairia sua confiança.Beverly virou o rosto e lembrou-se das palavras de Gabriela: “Sei que é difícil, mas precisa guardar segredo sobre isso, pois, as pessoas certas não acreditariam em você, mas as pessoas erradas, sim, e tentariam machucá-la”.— Estou bem! — Beverly encarou seu tio, tentando soar convincente o bastante.“Mas mentir é errado”, Beverly dissera a Gabriela quando esta lhe pedira para guardar o segredo.“Não estou pedindo para mentir, mas omitir… É para seu bem, não sei se sempre estarei aqui para protegê-la” , respondeu Gabriela.“Não pode me deixar”, dissera Beverly, a beira das lágrimas. Amava demais Gabriela. Oh, como a amava! Às vezes, mais que ao próprio Deus.“Isso é errado!”,Gabriela a repreendera, zangada.“JAMAIS ouse colocar algo acima de Deus! Permito que me ame, mas não permito que me ame mais que a Deus!”.“Está bem. Me perdoe?”,Dissera Beverly, já com as lágrimas escorrendo por suas faces delicadas.“Ainda está em tempo de desistir, é só me dizer”, falou Gabriela com pena dela.“Se eu desistisse… Você iria embora para sempre, não iria?”,Beverly perguntou.Gabriela não respondeu. Não precisou.“Não desistirei!”, Beverly disse, deliberada. Gabriela engoliu em seco e desviou o olhar, chateada.— Sua mãe é uma boa pessoa, uma boa irmã e, também, uma boa mãe, imagino… Mas… Não deixe que ela te empurre para algo que não seja verdadeiramente sua vocação. — O padre disse a Beverly.— Eu nasci para isso, tio! É minha missão! — Falou Beverly.O padre suspirou, frustrado.Viera de uma família extremamente religiosa – quase fanática –, e, bem… Se tornar padre não fora a grande ambição dele, mas para não desapontar os pais, seguira aquele caminho. Não fora fácil, mas se adaptara aquela vida e, agora até gostava dela. No entanto, se pudesse voltar no tempo, teria escolhido outro caminho.Thiago temia que sua irmã estivesse fazendo o mesmo com Beverly, forçando-a viver da forma que, talvez, ela não desejasse. Thiago não tivera coragem para enfrentar os pais, mas teria para enfrentar a irmã, caso confirmasse que ela estava obrigando a doce Beverly a seguir um caminho que não quisesse.— Bobagem! — O padre disse a Beverly. — Você é livre e pode fazer o que quiser, qualquer coisa… Não gostaria de viajar? Conhecer novos lugares? Novas pessoas? Talvez se apaixonar?Beverly abaixou a cabeça, levemente corada. Nunca passara por sua cabeça se apaixonar, embora o que sentisse por Gabriela, lhe confundisse um pouco. Para ser amor de verdade precisava ter um pouco de paixão? Beverly não sentia paixão por Gabriela. Não mesmo. Certa vez, sentira-se tentada para beijá-la, mas resistira com todas as suas forças e, se afastara de Gabriela, rapidinho, com uma desculpa qualquer.— Eu fui fraco e deixei que escolhessem por mim, mas você não deve cometer o mesmo erro. Só se torne uma freira se seu coração realmente desejar isso. Não tenha medo da sua mãe. Estou do seu lado. Sempre. — Falou o padre.Beverly encarou-o e disse-lhe:— É… Talvez eu saia daqui, mas saiba que isso não me deixa muito feliz, porque era essa a vida que eu queria para mim, reclusão e devoção.— Não entendo… — Disse o padre, confuso. — Se está segura que é esse o seu caminho, por que desistir, então? Me preocupava que não fosse sua escolha, mas já que o é… O que a impediria de ir adiante?— Espero que… Não me abandone quando mais precisar de você, tio. Tempos difíceis virão. Temo que mamãe, talvez, não compreenda o que fiz, mas… Foi por um bem maior. O mundo está cheio de trevas. Precisamos de luz para iluminar a escuridão. Eu trarei um pouco de luz, em breve. — Beverly beijou o rosto do tio antes de se levantar e ir, deixando-o absorto com o que lhe dissera.•─────✧─────•
Beverly encontrou Gabriela na biblioteca, folheando um livro. Se aproximou e sentou-se ao lado dela, escondendo as mãos que tremiam. Gabriela a encarou e Beverly desviou o olhar, nervosa.— Não contou a ele, contou? Ainda é cedo para isso. — Disse Gabriela.Beverly deu de ombros e disse:— Por que me pergunta se sabe tudo o que acontece.Gabriela riu e balançou a cabeça.— Nem sempre minha onisciência está ligada. Por isso, eu pergunto o que não sei.— E também o que sabe! — Beverly arqueou uma sobrancelha.— Sim, às vezes. — Gabriela riu sem graça por ter sido pega.— Não gosto quando faz isso. Parece que está me testando. Não gosto de ser posta à prova. — Falou Beverly.— O que você teme, afinal? Tudo bem errar, contanto que reconheça isso. Sabe? Erramos para nos lembrarmos que não somos perfeitos. — Disse Gabriela.— Não pensei nisso antes, mas… O que farei se minha mãe me expulsar de casa? Para onde irei no estado em que me encontro? Não tenho dinheiro e… Sou só uma garota. — Falou Beverly.Gabriela a encarou longamente antes de responder-lhe:— Confie em Deus. Ele não desampara seus filhos.Beverly suspirou.Talvez fosse fácil falar para um ser celestial como ela, que não entendia o quanto era difícil encarar esse mundo. Poderia passar mil anos ou mais observando os humanos e, mesmo interagindo com os mesmos em algumas ocasiões especiais como aquela, mas, jamais compreenderia como era ser um humano até sentir na própria pele.— Eu sei o que está pensando… Que alguém como eu não pode compreender como é ser humano, e está certa. Mas eu vejo além e, por isso mesmo, afirmo que seus temores são pequenos. Prometo-lhe que nada de ruim lhe acontecerá. Estarei sempre ao seu lado, mesmo quando não me ver.Tais palavras soariam assustadoras se Beverly não estivesse tão desesperada. Saber que alguém estaria ao seu lado, que a apoiaria incondicionalmente lhe tranquilizava e muito.||Três meses depois…Sem poder esconder mais o que já era aparente, e incentivada por Gabriela, Beverly procurou a diretora do convento e conversou com ela. Arrumou suas coisas. E foi o padre Thiago quem a levou para a casa. Durante o caminho, ele tentou entender como as coisas aconteceram, mas Beverly insistiu em permanecer calada.
— Ao menos me diga o nome dele! — Exigiu o padre.— Gabriel. — E Beverly não disse mais nada.Se padre Thiago até então fora complacente com Beverly, Sonya Harvey não o seria. Quando Thiago e Beverly entraram em casa, Sonya veio ao encontro da filha e a recebeu com uma bofetada.— Sonya! — Thiago repreendeu sua irmã.— Isso ainda é pouco! — Disse Sonya alterada. — Não sabe o quanto estou desapontada com você, Bev. Como teve coragem de me aprontar uma dessas, faltando tão pouco para você se tornar uma freira? Meu Deus! Onde foi que errei com você? Por que fez isso comigo? Eu não merecia isso.Beverly abaixou a cabeça, chorando. Não sabia o que dizer ou o que fazer. Queria que Gabriela estivesse ali com ela, segurando sua mão e lhe dizendo suavemente que tudo ficaria bem.— Isso é sua culpa, irmã! — Falou Thiago.— O quê?! — Disse Sonya, incrédula.— Foi você quem a pressionou para que seguisse um caminho o qual ela não queria! Fez com ela o mesmo que os nossos pais fizeram comigo! — Falou Thiago.— Oh! Eu sabia! Foi você quem encheu a cabeça dela com suas besteiras. É culpado por essa vergonha. — Falou Sonya.— Desde quando uma criança é uma vergonha?! Ao contrário, deveria ser motivo de alegria e riso. — Disse Thiago.— Seria se não se tratasse de um bastardo! — Falou Sonya e se voltou a Beverly. — Mas, talvez, possamos consertar isso… Diga-me quem é o pai do filho que está esperando?Beverly tremeu. Jurara que não diria mais que o nome. No entanto, sua mãe não se contentaria com apenas um nome.— Gabriel. — Disse Thiago por Beverly.— Gabriel de quê? Quem é ele? O que faz da vida? — Perguntou Sonya estalando os dedos, brava.Thiago tocou o ombro de Beverly e tentou incentivá-la a falar:— Vamos, querida? Diga a sua mãe quem é esse rapaz. Como o conheceu?Havia algo estranho em toda aquela história: Como Beverly se relacionara com alguém se não saíra do convento um só momento? Para dizer que ela fugira, soaria absurdo porque os muros eram altos demais e todas as entradas e saídas eram muito bem vigiadas pelas freiras mais velhas. Também não viera nenhum estranho, ainda mais do sexo masculino naquele lugar. Só se Beverly tivesse engravidado antes, mas não. Posteriormente, um exame confirmaria que a última hipótese era impossível.— Diga alguma coisa, Beverly! Por que não diz nada? — Falou Sonya perdendo a paciência, ao mesmo tempo, em que em seu íntimo, começava a desconfiar que, talvez Beverly não tivesse procurado por aquilo, mas tivesse sido forçada. O desespero a tomou. Segurou a garota pelos ombros e a sacudiu, insistindo em saber a verdade. — Isso não foi sua culpa, não é? Não faria isso. Não é assim. Me diga? Quem foi o monstro que fez isso a você, filhinha? Não o proteja mais. Não o proteja.— O que está insinuando, Sonya? Isso é horrível demais… Isso não… Não pode ser. — Disse Thiago perturbado. Quem poderia fazer aquilo? Por mais que tentasse, não conseguia pensar em ninguém. Bem, houvera um estranho que tratara de Beverly quando ela ficara com febre. Um homem alto, na casa dos trinta, porte atlético, com olhos verdes e penetrantes. Doutor Rafael Cowdea. Foi o único estranho por ali.— Ele não é um monstro, mãe. É um anjo. Um anjo de verdade. — Beverly confessou sem aguentar mais guardar aquele segredo.— Não. — Sonya recuou, chorando. Quanto mais Beverly falava, mais ela se convencia da insanidade da garota. Foi o trauma, com certeza.Beverly contou que conheceu Gabriel na forma de Gabriela e ele lhe propusera que ela trouxesse ao mundo um ser celestial para trazer luz a escuridão.Segundo Gabriel, ela não era a única – havia outras – a receber essa proposta, mas os anjos precisavam ser exigentes e, por conta disso, estava difícil encontrar possíveis “candidatas” que se encaixassem nos padrões exigidos para gerar uma criança celestial. Beverly compreendera a causa de Gabriel e aceitara colaborar com o mesmo.— Você me prometeu que cuidaria dela e eu confiei em você, irmão. — Sonya disse indo para o sofá, sem saber o que fazer.— Eu… Sinto muito. — Disse Thiago.— Não. Acreditem em mim! Juro por Deus que estou dizendo a verdade! Se não acreditam em mim, perguntem a ele! Gabriel pode confirmar minhas palavras! — Falou Beverly.Ninguém a ouviu.Padre Thiago voltou ao convento para conversar com Gabriela e tentar entender o que aconteceu. Tinha esperança de que talvez, ela pudesse ajudar Beverly, nem que fosse, indo visitá-la e consolando-a, mas não a encontrou e quando perguntou por ela, nenhuma das freiras a conhecia, nem mesmo a madre. Nunca tinham visto alguém com a descrição que o padre deu.Aturdido, o padre procurou pelo tal doutor Rafael, e para seu espanto, ninguém também o conhecia do hospital que ele supostamente viera.Sonya não esperou até que seu irmão concluísse sua investigação a respeito do tal médico, o suposto estuprador, e internou a filha em um hospital psiquiátrico, temendo por seu bem-estar.— Não, mãe. Não me deixa aqui. Por favor? — Implorou Beverly chorando. — Eu não estou louca! Você tem de acreditar em mim. Não foi você mesma quem sempre me disse que anjos existem? Por que não acredita em mim agora?— Eu sinto muito, Bev. Sinto tanto. — Falou Sonya chorando também, e foi embora.Trancada em seu quarto, Beverly implorou que Gabriel aparecesse e que a tirasse dali, ou, que, pelo menos, convencesse sua mãe de que ela não estava louca, mas Gabriel nem apareceu nem lhe respondeu. Beverly começou a se convencer de que estava mesmo maluca, ainda que, lá no fundo, tivesse certeza do contrário.Quando Thiago soube que Sonya mandou Beverly para um hospital psiquiátrico, não gostou nenhum pouco, e tentou convencê-la a trazer Beverly de volta para a casa. Sonya disse que enquanto Beverly não melhorasse, seria melhor que continuasse sob os cuidados de especialistas, para o seu próprio bem.Thiago foi até o hospital visitar sua sobrinha.— Veio me tirar daqui? — Beverly perguntou.— Era o que mais queria, mas não posso. Só sua mãe, e ela não está disposta a fazer isso. Lamento. — Disse Thiago, sinceramente.— Então é isso? Passarei assim o resto de meus dias? Se Gabriel tivesse me dito isso, acho que… — Ela suspirou, absorta. Diria mesmo “não” ao arcanjo que tinha seu coração? Se quando ela olhava em seus olhos sentia que os dois eram um só? Se quando ele sorria, tudo a sua volta se iluminava? Mas que preço alto ela pagou por amá-lo tanto. E no fim, valeu a pena? Nunca seus lábios sentiram os dele, nunca seus corpos se fundiram. E ainda assim, ela sentia que pertenc
||Augusta, Maine:Kayla Edwards tinha dezesseis anos. Os cabelos tingidos de azul quebravam um pouco o seu ar angelical, e sua forma despojada de se vestir, lhe fazia ser encarada pelos adultos como se fosse uma marginal, mas aquela forma de se vestir, não passava de um disfarce para esconder a garota frágil. Ela aprendeu ainda pequena, que se quisesse sobreviver ao mundo, teria de fingir ser forte. Nunca chorar em público, e de maneira alguma, se vestir como uma garotinha ingênua, senão, os outros tentariam tirar vantagem disso.Kayla conheceu Auriel na biblioteca. Se conheceram por acaso, quando suas mãos se tocaram enquanto buscavam o mesmo livro. Riram. Auriel se apresentou e deixou que ela ficasse com o livro. As duas continuaram a se encontrar no mesmo lugar, e sempre conversavam sobre um livro ou outro.Auriel era como ela. Apesar de seu ar de rebelde destemida, era só uma garota doce, que adorava poesia e literatura gótica. Não demor
Kayla não deixou o quarto desde que chegou, e aquilo deveria ter incomodado Uriel, no entanto, ele sabia que a garota precisava de um tempo para absorver as coisas. Tudo ainda era recente, e por isso, assustador, a gravidez, a mudança, etc. Ele sabia que deveria esclarecer as coisas, porque ela estava assustada por acreditar que agora se tornara algum tipo de escrava sexual, mas ele precisava ir com calma, ou ferraria com a sanidade mental dela.Kayla se acalmaria quando fosse levada ao deserto porque lá estaria em boas mãos, e em contato com outras jovens como ela, bem… Isso se ela não pensasse que terminara como vítima de um esquema sombrio. Mas não era isso mesmo? Um esquema sombrio? Sim, era isso mesmo.Uriel jantava, quando Lisariel veio, nervosa e disse que Kayla não estava no quarto e em nenhum outro lugar da casa.— Tem certeza? Ela não pode ter fugido! — Uriel se levantou e procurou a garota por toda a casa. Lisariel o ajudou, ainda que tivesse certeza de que só pe
||Nápoles, Itália:Lucrezia Lovato apressou os passos e se xingou mentalmente por usar justamente aquele par de escarpins que apertavam seus dedos sem piedade, mas, ainda que fossem desconfortáveis, eram lindos. Vermelho, sua cor favorita. Combinavam com seu terninho preto. Ela chegou atrasada à aula e pediu licença ao professor, antes de entrar e se sentar ao lado de sua melhor amiga.— Se atrasou novamente. — Sua amiga disse.— Eu sei, Michele. — Lucrezia disse, abrindo sua apostila.— Foi o despertador? — Michele perguntou.Lucrezia riu, balançando a cabeça.— Não. Adalio.— Oh. — Michele ficou vermelha, e Lucrezia achou engraçado.— Desculpe? É que me esqueço que você é… Virgem. — Lucrezia disse. — Como você consegue, sendo tão gata?— É uma escolha. — Michele apertou o crucifixo que trazia em seu pescoço.— Eu tentei ao máximo me manter como você, mas… Acho que fiz por amor. — Lucrezia disse.Ela era uma mo
||Avignon, França:Laure Lavigne tinha vinte e sete anos, a pele branca, olhos azuis, e cabelos louros e longos. Fisicamente, era a imagem idealizada da mulher francesa, mas ela era mais que um rostinho bonito.Se casara aos dezoito, com seu primeiro amor, mas o casamento não durou mais que quatro anos, quando ela descobriu que não poderia ter filhos, por ser estéril. Seu marido não lidou bem com isso, e pediu o divórcio. Ela não tentou convencê-lo a mudar de ideia, nem propôs qualquer tratamento alternativo ou adoção.Se dedicou por completo a sua carreira como enfermeira. Já que nunca teria um filho, seria como uma mãe para todas as crianças que tivesse de cuidar. Infelizmente, nem todas resistiam ao câncer e faleciam. Algumas, abandonadas pela própria família, outras, eram órfãs. Laure sempre sofria quando uma delas perdia para a doença, assim, como sorria quando uma delas conseguia se recuperar.A doutora Rafaela Arcangeli presenciou
||Japão:Imada Keiko empurrou Amitiel, mas não conseguiu afastá-la. Tentou arranhar o rosto dela, mas o arcanjo agarrou seus pulsos e, facilmente, a imobilizou. Keiko gritou, mesmo tendo consciência de que era inútil. Foi quando se lembrou de Jofiel, e fechou os olhos com força, concentrando-se no Serafim."Eu aceito", sussurrou a garota.Amitiel a encarou, confusa. Mas, antes que pudesse perguntar ao que a garota se referia, ouviu um bater de asas atrás de si, e só teve tempo de se levantar e se virar, antes que Jofiel – Agora, numa versão mais velha de Okakura Miyoko – lhe atacasse. Keiko se levantou, rapidamente e deixou a cama, indo para um canto, onde se encolheu, ainda assustada.— Ah, Jofiel! Estava ansiosa em revê-lo, maninho. — Amitiel disse, sorrindo, e apanhou um vaso de violetas, que estava em cima do criado-mudo e o atirou em Jofiel. O vaso quebrou-se, mas, nenhum caco feriu Jofiel. As violetas espalharam-se pelo chão, e um p
||Ilha de Skye (Highlands) – EscóciaO deserto não era como Kayla imaginara, mas sim, um castelo escocês nas highlands.— Isso é o mais próximo do paraíso que teremos. — Auriel disse, antes de soltar um suspiro.— Não é um pouco grande só para nós três? — Disse Kayla.— Sinto te desapontar, mas teremos companhia. — Auriel disse.— Sim. — Falou Lisariel. — Há outras garotas como você, aqui, e também, outros anjos.— Só espero que eles sejam bem humorados. — Kayla disse, olhando de soslaio para Auriel.Auriel revirou os olhos, e balançou a cabeça, irritada.— Você testa minha paciência só porque não sabe do que sou capaz. — Auriel disse.— Depois que você tentou me comprar, nada mais me surpreenderá, se vindo de você. Garanto. — Kayla disse.— Eu não me arrependo de nada. — Auriel disse. — E aposto que só está brava porque acha que sabe quem sou por trás dessa forma, mas não sou assim como pensa. Eu não sou um homem! Sou u
||FrançaKeiko permaneceu ao lado de Jofiel, desde que autorizaram a sua entrada no quarto do Serafim. Jofiel, que, ainda permanecia em sua forma feminina, seria mantida em observação por mais alguns dias, segundo recomendações médicas… Bem, era o que deveria acontecer, mas Jofiel pressentia que nem Keiko e nem ele estavam em segurança ali, que outros caídos viriam, e além de colocar a sua missão em risco, colocaria também a de Rafael, que tivera tanto trabalho para esconder a sua aura dos inimigos.— Keiko? — Jofiel disse-lhe, quando os dois ficaram a sós no quarto. — Vou levá-la até um lugar seguro, que os anjos chamam de Deserto, lá, tem outras garotas como você, estará segura.— Você ficará comigo, não ficará? Estou com medo. — Keiko disse, chorando, e apertou a mão de Jofiel.— Sempre. Eu juro. — Jofiel disse. — Prometo que nada te acontecerá.— Eu confio em você. — Keiko sorriu.Jofiel sentiu o coração se apertar. Ser responsá