||Nápoles, Itália:
Lucrezia Lovato apressou os passos e se xingou mentalmente por usar justamente aquele par de escarpins que apertavam seus dedos sem piedade, mas, ainda que fossem desconfortáveis, eram lindos. Vermelho, sua cor favorita. Combinavam com seu terninho preto. Ela chegou atrasada à aula e pediu licença ao professor, antes de entrar e se sentar ao lado de sua melhor amiga.
— Se atrasou novamente. — Sua amiga disse.— Eu sei, Michele. — Lucrezia disse, abrindo sua apostila.— Foi o despertador? — Michele perguntou.Lucrezia riu, balançando a cabeça.— Não. Adalio.— Oh. — Michele ficou vermelha, e Lucrezia achou engraçado.— Desculpe? É que me esqueço que você é… Virgem. — Lucrezia disse. — Como você consegue, sendo tão gata?— É uma escolha. — Michele apertou o crucifixo que trazia em seu pescoço.— Eu tentei ao máximo me manter como você, mas… Acho que fiz por amor. — Lucrezia disse. Ela era uma mo||Avignon, França:Laure Lavigne tinha vinte e sete anos, a pele branca, olhos azuis, e cabelos louros e longos. Fisicamente, era a imagem idealizada da mulher francesa, mas ela era mais que um rostinho bonito.Se casara aos dezoito, com seu primeiro amor, mas o casamento não durou mais que quatro anos, quando ela descobriu que não poderia ter filhos, por ser estéril. Seu marido não lidou bem com isso, e pediu o divórcio. Ela não tentou convencê-lo a mudar de ideia, nem propôs qualquer tratamento alternativo ou adoção.Se dedicou por completo a sua carreira como enfermeira. Já que nunca teria um filho, seria como uma mãe para todas as crianças que tivesse de cuidar. Infelizmente, nem todas resistiam ao câncer e faleciam. Algumas, abandonadas pela própria família, outras, eram órfãs. Laure sempre sofria quando uma delas perdia para a doença, assim, como sorria quando uma delas conseguia se recuperar.A doutora Rafaela Arcangeli presenciou
||Japão:Imada Keiko empurrou Amitiel, mas não conseguiu afastá-la. Tentou arranhar o rosto dela, mas o arcanjo agarrou seus pulsos e, facilmente, a imobilizou. Keiko gritou, mesmo tendo consciência de que era inútil. Foi quando se lembrou de Jofiel, e fechou os olhos com força, concentrando-se no Serafim."Eu aceito", sussurrou a garota.Amitiel a encarou, confusa. Mas, antes que pudesse perguntar ao que a garota se referia, ouviu um bater de asas atrás de si, e só teve tempo de se levantar e se virar, antes que Jofiel – Agora, numa versão mais velha de Okakura Miyoko – lhe atacasse. Keiko se levantou, rapidamente e deixou a cama, indo para um canto, onde se encolheu, ainda assustada.— Ah, Jofiel! Estava ansiosa em revê-lo, maninho. — Amitiel disse, sorrindo, e apanhou um vaso de violetas, que estava em cima do criado-mudo e o atirou em Jofiel. O vaso quebrou-se, mas, nenhum caco feriu Jofiel. As violetas espalharam-se pelo chão, e um p
||Ilha de Skye (Highlands) – EscóciaO deserto não era como Kayla imaginara, mas sim, um castelo escocês nas highlands.— Isso é o mais próximo do paraíso que teremos. — Auriel disse, antes de soltar um suspiro.— Não é um pouco grande só para nós três? — Disse Kayla.— Sinto te desapontar, mas teremos companhia. — Auriel disse.— Sim. — Falou Lisariel. — Há outras garotas como você, aqui, e também, outros anjos.— Só espero que eles sejam bem humorados. — Kayla disse, olhando de soslaio para Auriel.Auriel revirou os olhos, e balançou a cabeça, irritada.— Você testa minha paciência só porque não sabe do que sou capaz. — Auriel disse.— Depois que você tentou me comprar, nada mais me surpreenderá, se vindo de você. Garanto. — Kayla disse.— Eu não me arrependo de nada. — Auriel disse. — E aposto que só está brava porque acha que sabe quem sou por trás dessa forma, mas não sou assim como pensa. Eu não sou um homem! Sou u
||FrançaKeiko permaneceu ao lado de Jofiel, desde que autorizaram a sua entrada no quarto do Serafim. Jofiel, que, ainda permanecia em sua forma feminina, seria mantida em observação por mais alguns dias, segundo recomendações médicas… Bem, era o que deveria acontecer, mas Jofiel pressentia que nem Keiko e nem ele estavam em segurança ali, que outros caídos viriam, e além de colocar a sua missão em risco, colocaria também a de Rafael, que tivera tanto trabalho para esconder a sua aura dos inimigos.— Keiko? — Jofiel disse-lhe, quando os dois ficaram a sós no quarto. — Vou levá-la até um lugar seguro, que os anjos chamam de Deserto, lá, tem outras garotas como você, estará segura.— Você ficará comigo, não ficará? Estou com medo. — Keiko disse, chorando, e apertou a mão de Jofiel.— Sempre. Eu juro. — Jofiel disse. — Prometo que nada te acontecerá.— Eu confio em você. — Keiko sorriu.Jofiel sentiu o coração se apertar. Ser responsá
||FrançaLaure Lavigne já estava se sentindo mal a algum tempo e por conta disso, foi até o hospital ser examinada. O médico, logo lhe deu o diagnóstico, a surpreendendo.— Não, doutor. Deve ser um engano. Eu não… — Ela riu, feliz. — Tem certeza?— Sim, absolutamente… Sim. — O médico disse, sem compreender porque ela estava tão surpreendida. Mal imaginava ele que ela não fora tocada por nenhum homem há muito tempo, e que aquele bebê era um verdadeiro milagre.Laure deixou o hospital, fazendo planos de como cuidaria de seu bebê, e ligou para Rafaela, dizendo que tinha uma novidade para lhe contar, e marcando de almoçar com ela no shopping. Rafaela sugeriu que Laure fosse para a sua casa, mas Laure disse que tinha coisas a fazer, por isso, teriam de se encontrar no shopping mesmo. Rafaela concordou.Laure f
|FrançaJofiel levou Keiko até a casa de Rafaela, porque o arcanjo da cura, desejava enviar algumas poções e antídotos para seus irmãos no Deserto. Era impossível prever um ataque, então, eles precisavam estar sempre preparados, especialmente, quando Azazel era cheio de truques nas mangas. Portanto, nunca seria demais ter antídotos que revertessem a ação de venenos como o que, por pouco, não matou Jofiel.Rafaela avisou que sairia para almoçar com Laure, e por isso, disse a Jofiel que ele, simplesmente, poderia ir até a sua casa e pegar a caixa em cima do balcão na cozinha.— Para que servem esses líquidos fluorescentes nesses frascos, Jofiel chan? — Perguntou Keiko, curiosa.— Ah, isso? — Jofiel sorriu, apanhando um frasco, cujo líquido era verde. — São poções e antídotos, muito úteis, tanto para anjos como para humanos. Essa, por exemplo, é perigosa, porque… Pode matar um anjo, é mais letal que aquele pó que Amitiel soprou em mim.—
|FrançaKeiko colocou o frasco que Jofiel lhe deu no armário e foi até o banheiro. Voltou pouco depois e viu um vulto no corredor ao lado.— Jofiel? — Keiko foi até o corredor, pensando que o serafim estava de volta, e encontrou uma estranha, alta, magra, loira e pálida. — Quem é você?Das costas da estranha, surgiu um par de asas negras e em sua mão direita, um punhal.— Enma Dai Oh. — Respondeu a estranha, avançando em sua direção.Keiko já ouvira falar da deusa do submundo, Enma. Havia até um anime sobre ela, o Jigoku Shoujo, mas aquela, em nada lembrava a donzela infernal, porque, na realidade, Enma era um memitim, uma classe de anjos, exclusivamente feminina, que ceifava almas humanas. Nem todas eram perversas, sendo nada mais que a personificação da morte, mas Enma estava do lado dos caídos.Um único golpe, rápido e mortal, e Keiko sequer teve chance de se defender. O anjo negro subiu em cima dela e a encarou. Keiko tentou diz
Azazel se aproximou de um espelho de corpo inteiro e tocou seu reflexo, sussurrando o nome de Malka. Aquela forma que ele assumira, era uma maneira de se sentir mais próximo dela, mas como Jofiel dissera, era patético… Sim, Azazel admitia, ao menos para si, que aquela cópia barata, pouco se parecia com a doce Malka.Ele a conheceu quando ainda era um Arcanjo a serviço dos céus. Na época, o chamavam de Natanael e ele era muito próximo de Miguel, com uma inteligência superior à dele, foi enviado à Terra para viver entre os humanos e guiá-los até os caminhos do Senhor. A princípio, ele fez o que lhe foi designado, mas, logo, foi contaminado pela vaidade e luxúria dos mortais e se entregou aos prazeres da carne. Nenhuma mulher, casada ou não, resistia a ele, exceto uma… Malka.Ele fez de tudo para conquistá-la, mas o máximo que conseguiu, foi sua amizade. Inconformado, ele insistiu e, chegou ao extremo de tentar molestá-la, mas desistiu quando percebeu o horror refletido na