Quando um dia logo se transformou em uma semana sem qualquer notícia, percebi que não podia esperar mais. A angústia de não saber onde Anne estava se tornou insuportável, e cada segundo que passava sem respostas só aumentava minha determinação. Todos na cidade comentavam sobre o desaparecimento dela, mas o medo de Gustavo os mantinha em silêncio. Ninguém tinha coragem de enfrentá-lo, mas eu decidi que não podia mais esperar.
Naquela manhã, saí de casa com um propósito claro. Dirigi até o sobrado de Gustavo, com o coração batendo forte no peito. Estacionei em frente ao portão, ignorando o peso do que estava prestes a fazer. A situação exigia uma atitude drástica, e eu estava disposto a tomar todos os riscos.
Saí do carro, sentindo o ar frio da manhã batendo no meu rosto, mas nada disso importava. Minha men
Queria que aquilo fosse um pesadelo maluco, mas comecei a aceitar que era minha dura realidade quando os dias foram passando e eu não acordava. Cada manhã, quando abria os olhos e me via naquele quarto pequeno e abafado, a esperança de que tudo não passasse de um sonho ruim desaparecia um pouco mais.Já estava com calos nas mãos, resultado do trabalho duro na fazenda da minha tia. Alimentar os animais, limpar o quintal, preparar refeições — tudo isso fazia parte da minha nova rotina. A princípio, tentei resistir, me recusando a aceitar que aquela era minha vida agora. Mas, à medida que os dias se transformavam em semanas, fui forçada a ceder. Não havia para onde correr, nem como escapar daquele lugar isolado.Minha tia era rígida, não mostrava um pingo de compaixão. Eu sabia que ela estava apenas seguindo as ordens de meu pai, e isso tornava tudo ainda mais in
Eu fui esquecida naquele maldito fim de mundo. Nem minha mãe, nem meu irmão se importaram em me procurar. Até minha melhor amiga, Clara, que sempre esteve ao meu lado, parecia ter desaparecido da minha vida. O tempo passava de forma dolorosamente lenta, e cada dia se arrastava como uma eternidade. A única coisa que me indicava que o tempo estava avançando era a minha barriga, que crescia a cada semana.Eu estava grávida, e isso deveria ser um momento de alegria, mas naquele lugar isolado, a realidade era muito diferente. Minha tia ignorava completamente a minha condição. Era como se a gravidez não existisse, como se eu fosse apenas mais uma boca para alimentar e mais um par de mãos para trabalhar na fazenda. À medida que minha barriga crescia, minhas roupas se tornavam apertadas, desconfortáveis, mas ela não demonstrava nenhuma preocupação ou compaixão. Logo, eu fic
— Gabriel! — A voz de Anne do outro lado da linha me fez paralisar— Onde você está? — perguntei, com a voz trêmula, quando finalmente consegui projetar as palavras.— Por favor! Você tem que me tirar daqui, tem que me salvar — a voz dela estava carregada de desespero, o que fez meu coração disparar ainda mais.— Onde? — repeti, tentando manter a calma, mas a ansiedade me corroía por dentro.— Socorro! — Ela estava em pânico, e isso me deixou à beira do colapso.— Calma, me fala onde você está? — insisti, tentando soar firme, mas sentindo a angústia em cada palavra.— No meio do nada. Presa. — A resposta dela foi vaga, e isso só aumentava minha agonia. Precisava de algo mais concreto para poder agir.— Precisa ser mais específica — pedi, tentando controlar o pânico crescente.O silêncio do outro lado da linha foi torturante. Ouvi sua respiração ofegante, e a sensação de impotência era esmagadora. Tinha que conseguir mais informações, mas ela parecia tão assustada que mal conseguia fal
Desliguei o telefone tremendo, com o coração quase saindo pela boca e um gosto amargo na língua.Estava desesperada.O som de alguém entrando no posto fez meu coração disparar novamente. Quando avistei o marido da minha tia entrando, quase congelei de medo. Sem pensar, corri rapidamente para trás de algumas gôndolas, colocando o dedo sobre a boca, implorando em silêncio para que o atendente não revelasse minha presença.— Preciso de dez litros de gasolina para a minha roçadeira — disse o marido da minha tia, sem perceber que eu estava ali, tão perto, mas, ao mesmo tempo, desesperadamente escondida.Eu vivi minutos de puro pânico enquanto ele era atendido. Meu corpo inteiro tremia, e eu sentia que, a qualquer momento, ele poderia descobrir meu esconderijo. O som de cada palavra que ele pronunciava ecoava na minha mente como uma sentença de morte. Mas, felizmente, ele parecia alheio à minha presença.Depois do que pareceu uma eternidade, ele saiu da loja. O alívio foi tão grande que sen
Dirigia o mais rápido possível, com o coração disparado e a mente a mil. A voz dela ainda ecoava em minha cabeça. Cada palavra, cada tremor em sua voz, me empurrava a pisar ainda mais fundo no acelerador. A estrada à minha frente parecia se estender infinitamente, e a urgência de chegar até Anne só aumentava a cada quilômetro.Os últimos meses foram terríveis, um pesadelo constante do qual eu não conseguia acordar. E agora, aquelas horas que nos separavam pareciam ainda mais cruéis. A distância, antes física, agora se tornava um tormento psicológico. A ideia de que ela estava tão perto, mas ainda fora do meu alcance, era insuportável.A estrada estava quase deserta, apenas alguns poucos carros passavam ao longe. O sol brilhava no céu, mas a claridade não fazia nada para aliviar a angústia que crescia dentro de mim. Cada segundo que passava, cada quilômetro percorrido, parecia insuficiente. Eu precisava estar com ela, protegê-la, e a demora me consumia.As palavras dela continuavam a r
Mesmo com a mão dele sobre minha coxa, levou um tempo para que eu processasse que Gabriel realmente estava ali, ao meu lado, e que eu estava finalmente livre daquele pesadelo e da prisão que meu pai havia me sentenciado. Cada quilômetro que deixávamos para trás parecia um passo mais distante daquela tortura, entretanto, ainda havia um resquício de medo me segurando.— Para onde estamos indo? — perguntei, tentando entender o que viria a seguir.— Para minha casa — Gabriel respondeu, com uma firmeza que me trouxe algum alívio, mas não o suficiente para acalmar totalmente a tempestade dentro de mim.— Tem certeza? — A dúvida escapou antes que eu pudesse evitar.Só de pensar em voltar para a mesma cidade onde meu pai vivia, o pânico começou a crescer novamente, como uma sombra escura que eu não conseguia afastar.— Voc&ecir
Voltamos a nos beijar. Minhas mãos deslizavam pelo corpo dele, tirando cada peça de roupa, sentindo o calor da sua pele contra a minha. A sensação era eletrizante, e cada toque parecia acender algo dentro de mim que eu pensei ter perdido.Ele me deitou na cama com cuidado, sempre atento à minha barriga. A gentileza em seus gestos contrastava com o desejo que ardia entre nós. Me acomodei em seus braços, de conchinha, sentindo o calor do seu corpo me envolver. Esfreguei minha bunda contra o seu pênis, provocando-o, e um arrepio percorreu minha espinha.Dessa vez, prometi a mim mesma que não iria acordar desse sonho antes de sentir o prazer completo que só ele sabia me proporcionar.— Gabriel… — gemi seu nome, meu corpo inteiro vibrando de antecipação.— Vamos com calma — ele murmurou, mas eu não queria calma. Ficara longe dele por tempo d
Beijei-a com carinho e devoção, tentando recuperar cada segundo que passamos longe um do outro. Depositei pequenos beijos por todo o seu corpo, como se quisesse memorizar cada centímetro dela. Ainda estávamos ofegantes, o sexo havia sido frenético, como se estivéssemos famintos, desesperados por essa conexão.— Você está se sentindo bem? — perguntei, ainda muito preocupado.— Finalmente — ela soltou em um suspiro, fechando os olhos por um instante, como se estivesse se permitindo relaxar completamente pela primeira vez em meses. — Senti tanto a sua falta.Olhei para ela, nua, estirada na cama, com a barriga grande e redonda. Ainda mal podia acreditar que ela estava ali, ao meu lado, depois de tudo o que passamos. E caralho… grávida!A realidade da situação me atingiu novamente. Ela estava carregando nosso filho, e a responsabilidade e o