Peguei o aparelho e disquei o número do delegado da cidade, a única pessoa em quem eu podia confiar para lidar com essa situação discretamente.— Delegado, preciso que venha ao meu gabinete agora — disse, deixando a urgência clara na minha voz.— Estarei aí em minutos, senhor prefeito — ele respondeu prontamente.Enquanto esperava, minha mente não parava de girar com as possíveis consequências do que eu estava prestes a fazer. Gustavo tinha muitos contatos, e qualquer movimento em falso poderia complicar ainda mais as coisas. Mas eu estava sem alternativas. Precisava usar todos os recursos que tinha para encontrar Anne.O delegado chegou pouco depois, carregando um semblante sério enquanto entrava no meu gabinete.— Senhor prefeito, em que posso ajudar? — perguntou, sentando-se à minha frente.Respirei fundo, sabendo que o que eu es
— Anne… — ouvi a voz rouca e grossa que sempre me arrepiava por inteiro.Abri os olhos, e lá estava Gabriel, subindo na cama dura e desconfortável onde eu estava deitada. O colchão horrível fazia parecer um milagre que ele tivesse me encontrado ali, mas tudo o que importava era que ele estava comigo.— Você me encontrou! — exclamei, o alívio tomando conta de mim, mas ele apenas colocou um dedo nos meus lábios.— Shiii — ele me silenciou, e antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, seus lábios estavam sobre os meus. O beijo começou doce, uma carícia suave que logo se transformou em algo mais intenso, mais urgente. O calor de seu toque fez minha pele arder de desejo, e todo o medo e a incerteza dos últimos dias desapareceram.As mãos de Gabriel deslizaram para dentro da minha blusa, encontrando meus seios. Ele torceu meus mamilos
Quando um dia logo se transformou em uma semana sem qualquer notícia, percebi que não podia esperar mais. A angústia de não saber onde Anne estava se tornou insuportável, e cada segundo que passava sem respostas só aumentava minha determinação. Todos na cidade comentavam sobre o desaparecimento dela, mas o medo de Gustavo os mantinha em silêncio. Ninguém tinha coragem de enfrentá-lo, mas eu decidi que não podia mais esperar.Naquela manhã, saí de casa com um propósito claro. Dirigi até o sobrado de Gustavo, com o coração batendo forte no peito. Estacionei em frente ao portão, ignorando o peso do que estava prestes a fazer. A situação exigia uma atitude drástica, e eu estava disposto a tomar todos os riscos.Saí do carro, sentindo o ar frio da manhã batendo no meu rosto, mas nada disso importava. Minha men
Queria que aquilo fosse um pesadelo maluco, mas comecei a aceitar que era minha dura realidade quando os dias foram passando e eu não acordava. Cada manhã, quando abria os olhos e me via naquele quarto pequeno e abafado, a esperança de que tudo não passasse de um sonho ruim desaparecia um pouco mais.Já estava com calos nas mãos, resultado do trabalho duro na fazenda da minha tia. Alimentar os animais, limpar o quintal, preparar refeições — tudo isso fazia parte da minha nova rotina. A princípio, tentei resistir, me recusando a aceitar que aquela era minha vida agora. Mas, à medida que os dias se transformavam em semanas, fui forçada a ceder. Não havia para onde correr, nem como escapar daquele lugar isolado.Minha tia era rígida, não mostrava um pingo de compaixão. Eu sabia que ela estava apenas seguindo as ordens de meu pai, e isso tornava tudo ainda mais in
Eu fui esquecida naquele maldito fim de mundo. Nem minha mãe, nem meu irmão se importaram em me procurar. Até minha melhor amiga, Clara, que sempre esteve ao meu lado, parecia ter desaparecido da minha vida. O tempo passava de forma dolorosamente lenta, e cada dia se arrastava como uma eternidade. A única coisa que me indicava que o tempo estava avançando era a minha barriga, que crescia a cada semana.Eu estava grávida, e isso deveria ser um momento de alegria, mas naquele lugar isolado, a realidade era muito diferente. Minha tia ignorava completamente a minha condição. Era como se a gravidez não existisse, como se eu fosse apenas mais uma boca para alimentar e mais um par de mãos para trabalhar na fazenda. À medida que minha barriga crescia, minhas roupas se tornavam apertadas, desconfortáveis, mas ela não demonstrava nenhuma preocupação ou compaixão. Logo, eu fic
— Gabriel! — A voz de Anne do outro lado da linha me fez paralisar— Onde você está? — perguntei, com a voz trêmula, quando finalmente consegui projetar as palavras.— Por favor! Você tem que me tirar daqui, tem que me salvar — a voz dela estava carregada de desespero, o que fez meu coração disparar ainda mais.— Onde? — repeti, tentando manter a calma, mas a ansiedade me corroía por dentro.— Socorro! — Ela estava em pânico, e isso me deixou à beira do colapso.— Calma, me fala onde você está? — insisti, tentando soar firme, mas sentindo a angústia em cada palavra.— No meio do nada. Presa. — A resposta dela foi vaga, e isso só aumentava minha agonia. Precisava de algo mais concreto para poder agir.— Precisa ser mais específica — pedi, tentando controlar o pânico crescente.O silêncio do outro lado da linha foi torturante. Ouvi sua respiração ofegante, e a sensação de impotência era esmagadora. Tinha que conseguir mais informações, mas ela parecia tão assustada que mal conseguia fal
Desliguei o telefone tremendo, com o coração quase saindo pela boca e um gosto amargo na língua.Estava desesperada.O som de alguém entrando no posto fez meu coração disparar novamente. Quando avistei o marido da minha tia entrando, quase congelei de medo. Sem pensar, corri rapidamente para trás de algumas gôndolas, colocando o dedo sobre a boca, implorando em silêncio para que o atendente não revelasse minha presença.— Preciso de dez litros de gasolina para a minha roçadeira — disse o marido da minha tia, sem perceber que eu estava ali, tão perto, mas, ao mesmo tempo, desesperadamente escondida.Eu vivi minutos de puro pânico enquanto ele era atendido. Meu corpo inteiro tremia, e eu sentia que, a qualquer momento, ele poderia descobrir meu esconderijo. O som de cada palavra que ele pronunciava ecoava na minha mente como uma sentença de morte. Mas, felizmente, ele parecia alheio à minha presença.Depois do que pareceu uma eternidade, ele saiu da loja. O alívio foi tão grande que sen
A festa de inauguração do novo hospital estava a todo vapor. Era um grande feito para nossa cidade, finalmente os moradores não precisariam mais viajar por duas horas para receber atendimento médico de qualidade. Eu estava orgulhoso, e isso se refletia no meu sorriso confiante enquanto subia ao palco.As luzes dos flashes me cegavam momentaneamente, mas eu já estava acostumado com a atenção.— Boa noite a todos — comecei, ajustando o microfone. — Hoje é um dia histórico para nossa cidade. A inauguração deste hospital é um marco que nos permitirá oferecer cuidados de saúde de qualidade, sem que precisemos nos deslocar por horas. Este hospital representa nosso compromisso com a saúde e o bem-estar de nossa comunidade.Os aplausos ecoaram pelo salão, mas, ao olhar para o fundo, vi Gustavo Trancoso com os braços cruzados e uma expressão de descontentamento. Ele nunca apoiou a ideia do hospital, sempre acreditando que os recursos poderiam ser melhor utilizados de outras formas. Seu olhar e