CaduQuando chegamos na moto, notei que sua pele estava arrepiada e emprestei minha jaqueta a ela.— Toma, coloca isso. — Eu a ajudei a colocar e fechei o zíper. — Espera só um minuto, preciso fazer uma coisa antes de irmos.Como meu irmão estava dançando com a amiga dela, enviei uma mensagem a ele, avisando que iria levá-la para casa. Mas não entrei em detalhes. A mensagem foi entregue, mas não foi lida. Ao menos quando ele pegasse o celular, saberia que eu a tinha levado de volta.— Pronto! Já podemos ir.Desta vez ela se segurou em mim sem que eu precisasse pedir, e algum tempo depois, chegamos no edifício.Até uma hora atrás, eu pensava que ela tinha um namorado ciumento, que deixava chupões no pescoço dela para marcar território. Mas vê-la conversando com Logan e permitindo uma certa aproximação dele no bar, me fez pensar que talvez ela possa estar envolvida em um relacionamento aberto.Eu não sabia exatamente o que iria encontrar lá em cima, mas o fato é que não podia deixá-la s
Verônica Acordei com uma dor latejante na cabeça, como se um martelo estivesse batendo repetidamente contra uma bigorna dentro do meu crânio. Tentei abrir os olhos, mas a luz do sol que entrava pela janela era tão forte que parecia que alguém estava me esfaqueando nos olhos.— Finalmente acordou, hein?!A voz vinha de muito perto. Eu sabia quem era antes mesmo de abrir os olhos. Era a única pessoa que poderia ter aquela voz suave e sarcástica ao mesmo tempo. Minha prima.Forcei-me a abrir os olhos apenas para encontrá-la sentada na beirada da minha cama, olhando para mim com uma expressão preocupada. Ela parecia ter envelhecido dez anos da noite para o dia. Ou talvez fosse apenas a luz do sol que fazia suas feições parecerem tão duras.— Cadu sofreu um acidente de moto ontem, e está internado. — Ela disse de uma vez.Fiquei impactada com a notícia. Me sentei na cama com um pouco de dificuldade. Minha cabeça doía muito.— Ele está bem?— Parece que já está fora de perigo. Mas quebrou
CaduMinha voz saiu fraca e mais rouca do que de costume, mas eu consegui chamá-la, mesmo com uma certa dificuldade. Quando Verônica virou para trás, seu rosto estava levemente corado. Fiquei curioso para saber o que ela tinha dito que a deixou constrangida. Eu havia ouvido algumas palavras, mas não consegui entender quase nada. Sua voz era baixa, quase um sussurro.— Você poderia, por favor, me dar um copo d’água? Estou com sede. — Pedi, sentindo minha garganta seca.Ela, que permanecia no mesmo lugar desde que virou para me encontrar, rapidamente deu alguns passos em direção a mesinha onde tinha uma jarra com água, e trouxe um copo cheio até mim.— Aqui está!Tentei me sentar na cama para segurar o copo, mas uma dor aguda percorreu minha costela, fazendo-me soltar um gemido involuntário de dor.— Ai! — Reclamei sentindo as intensas pontadas me incomodarem.Verônica ficou desesperada e imediatamente tentou chamar o médico.— Não se esforce. Eu vou chamar o doutor.Mas antes que ela p
Verônica— Eu estou dizendo, você tinha que ter visto o jeito que o pai dele me olhou. Com certeza estava me culpando mentalmente pelo acidente do filho. — Eu disse, enquanto servia meu almoço.— Se assim fosse, então porque ele não falou nada?— Por educação. É claro. — Respondi convicta.— Eu acho é que você está paranóica, Vê! De acordo com o que me contou quando saímos do hospital, ele ficou surpreso ao te ver, mas porque Cadu já tinha falado sobre você para ele.— Você diz isso porque não viu o jeito como aquele homem me olhava.Quando saímos do hospital, eu contei à minha prima o que havia acontecido, resumidamente. Eu ainda estava constrangida com aquela situação, e com pressa para chegar à aula a tempo.— Verônica, desencana. Isso não tem absolutamente nada a ver com o acidente. Cadu deve ter conversado com o pai de homem para homem. — Ela pegou uma coca-cola na geladeira.“Ah, então essa é a moça bonita de quem você falou, Cadu?”As palavras do Senhor Maurício ainda ecoavam e
CaduUma semana após o acidente, finalmente recebi alta do hospital. O médico me passou uma longa lista de remédios, que me deixavam sonolento a maior parte do tempo. Eu estava entediado, preso no meu quarto, sem poder me movimentar muito, devido às graves fraturas que sofri.Quanto a Verônica, eu não tinha muitas informações. Por mais chata e implicante que ela fosse, sentia falta dela. Tentei descobrir algo com meu irmão, mas ele não disse muito, e era óbvio que eu não ia persistir no assunto. Ela não tinha voltado ao hospital, o que já era esperado, mas sua ausência era notada. Eu me perguntava se ela estava bem, se estava pensando em mim tanto quanto eu pensava nela.Eu estava deitado na cama, olhando para o teto, quando meu pai entrou no quarto.— Como você está se sentindo, filho? — Ele perguntou, sentando-se na beirada da cama.— Estou bem, só um pouco entediado. — Respondi, tentando parecer mais animado do que realmente estava.— Eu imagin
Cadu Acordei de manhã, com os raios de sol invadindo meu quarto e iluminando suavemente o ambiente. Ao abrir os olhos, percebi que a bandeja do café estava posicionada ao lado da cama. O aroma do café fresco e dos pãezinhos recém-assados despertou meu apetite, e me senti grato pela atenção da equipe de funcionários que cuidavam de mim.Após terminar de me alimentar, chegou a hora de fazer minha higiene matinal. Devido à minha perna engessada, precisei da ajuda da enfermeira para tomar banho. Confesso que senti um mix de emoções, incluindo vergonha. A ideia de depender da ajuda de outra pessoa, especialmente em um momento tão íntimo como o banho, mexeu com meu orgulho. Eu me sentia vulnerável e exposto, como se estivesse perdendo parte da minha autonomia. E, mesmo que a enfermeira agisse com muita naturalidade e profissionalismo, eu não conseguia me sentir menos incomodado.Depois do banho me senti revigorado, apesar das circunstâncias. Vesti apenas uma cueca e um roupão, então a enfer
CaduSenti um frio percorrer minha espinha quando Verônica entrou no quarto. Eu imediatamente me dei conta que ela poderia ter ouvido nossa conversa sobre a “gata” que eu estava interessado. Um misto de pânico e constrangimento tomou conta de mim, enquanto eu tentava encontrar uma maneira de me explicar, caso ela tivesse ouvido.— Desculpe a surpresa, Cadu. — Disse ela, olhando de mim para Lorenzo. — Estava aqui perto e decidi te visitar, mas pelo visto, interrompi algo, não é?— Não, não, imagina. — Respondi rapidamente, tentando parecer tranquilo. — Estávamos apenas conversando sobre… futebol. E, ah, deixa eu te apresentar. Verônica, este é o Lorenzo, um dos meus melhores amigos. Lorenzo, esta é a Verônica, uma colega de classe.Verônica estendeu a mão para cumprimentar Lorenzo, mas ele, surpreendentemente, a puxou para um beijo no rosto.— Prazer, Verônica. — Ele disse, mantendo os olhos fixos nela.Notei que Lorenzo parecia um pouco surpreso, mas era óbvio que ele também estava fas
Verônica Abri os olhos e olhei para o relógio, já eram sete da manhã. Me levantei para fazer minha rotina matinal e preparar meu café. Cheguei na cozinha e me deparei com minha prima sentada em uma cadeira, com o celular em uma mão e uma xícara de café na outra. Seu rosto estava iluminado por um sorriso que eu não via há muito tempo.— Posso saber qual é o nome do motivo de toda essa alegria? — Eu disse, anunciando minha presença.— Hmm? — Ela olhou para cima, o sorriso vacilando um pouco. — Ah, é só um amigo.Ela bebeu um pouco do café, tentando disfarçar o entusiasmo de suas feições, como se não tivesse sido pega no flagra.— Um amigo, é? — Eu perguntei, pegando a minha xícara de café e me sentando do outro lado da mesa. — E por acaso o nome desse amigo é Vinícius?Ela não negou. Em vez disso, deu de ombros e voltou a olhar para o celular. O sorriso voltou para seu rosto.— Quem sabe? Talvez seja ele.Sorri para ela, feliz por ver minha prima tão contente. Eu tinha certeza que era