Verônica Sentada numa poltrona macia, em um apartamento gelado pelo frio de fevereiro e perdida em pensamentos, eu observava os flocos de neve que caíam do lado de fora da janela, enquanto desenhava nossas iniciais no vidro embaçado por minha respiração, e pelo vapor quente, que saia da xícara de café fresco que eu segurava em uma das mãos, recordando-me dos bons momentos que vivi ao lado de meu namorado, Miguel.Senti um aperto no peito ao lembrar-me de sua insistência para que eu ficasse no Brasil e me peguei imaginando como teria sido se eu tivesse atendido a seu pedido… será que ele estaria vivo? Eu poderia ter evitado aquela tragédia? É… eu acho que não. Afinal, implorei inúmeras vezes para que ele deixasse as corridas clandestinas, mas ele nunca me ouviu. Os rachas eram sua vida, até que eles a tiraram.— Outra vez pensando no mesmo assunto, Vê? Não gosto de te ver deprimida! — Minha prima anunciou sua presença, enquanto caminhava até mim.Eu umedeci as mangas do moletom, ao enx
CaduMeu nome é Carlos Eduardo Viturino, mais conhecido como Cadu. Tenho dezenove anos e moro em São Francisco, Califórnia. Sou brasileiro de nacionalidade, mas nos mudamos para os Estados Unidos quando eu tinha apenas seis meses de vida e como não adquiri nenhum costume de meu país de origem, me considero americano. Cresci aprendendo os dois idiomas e ao longo dos anos, fiz aulas particulares de Língua Portuguesa a mando de meu pai, mas nunca tive a intenção de voltar ao Brasil. Minha vida é, e sempre será aqui.Como sempre estudei com os mesmos colegas de turma e a maioria escolheu cursar arquitetura por vontade própria — que não é o meu caso — novamente vamos estar juntos durante mais quatro anos. E como todos já sabem, o título de popular continua sendo meu.A verdade é que eu não sou nada modesto e adoro ver as garotas se jogando aos meus pés. Não tenho problema algum em admitir que pego várias ao mesmo tempo, mas todas sabem e se elas não se importam, eu menos ainda.A loira qu
VerônicaEu quase infartei quando vi quem sorteou meu nome! Por que tinha que ser ele? Por que justo ele? Eu não queria acreditar que seria obrigada a formar dupla com aquele garoto insuportável e teria que conviver com ele por seis meses. Mas Elliot já havia deixado claro que não permitiria manipulações. Eu não tinha nada a fazer.Minha insatisfação com certeza estava nítida em meu rosto, e enquanto ele seguia com o tal sorteio, eu só conseguia pensar na minha falta de sorte. Uma sala com mais de vinte alunos e justo eu sou contemplada para estudar com aquele garoto mimado. Drøga!Emilly pareceu ter gostado de sua dupla. Ela tinha um semblante satisfeito e estava animada. Fiquei feliz por ela, afinal, ao menos uma de nós precisava ter sorte, não é mesmo?!Com as duplas já formadas, Elliot deu sequência e já no final do segundo horário, passou um trabalho para ser entregue na próxima aula.— Pessoal, quero que se reúnam com suas duplas e me entreguem na próxima aula, uma pesquisa mais
CaduAo saber que minha parceira seria a princesa estressadinha, um sorriso automático surgiu em meu rosto. Não posso negar que senti uma atração por ela desde o momento que a vi, e quanto mais tempo passarmos juntos, maiores serão as chances de conseguir o que me interessa.Não entendo porque estou tão focado nisso, ela não é a única garota bonita da universidade e já mostrou que não vai facilitar minha vida. Mas, como diz a minha certidão de nascimento, eu sou brasileiro e não desisto fácil.Quanto mais ela me evita, mais me atrai. É isso que não compreendo. Eu até gosto de desafios, mas nunca tive que correr atrás de ninguém e com ela não será diferente. Tenho certeza que ela está apenas se fazendo de difícil, mas no final, logo vai ceder, como todas as outras.Durante o intervalo, vi o "certinho", também conhecido como meu irmão, se aproximando dela e de Emilly. Eles pareciam estar se divertindo, rindo sem parar. Por alguma razão, isso me incomodou.Várias vezes notei que ela també
Verônica Após a abordagem daquele garoto, continuei em direção aos portões da universidade, onde o ônibus — que é disponibilizado para a locomoção dos alunos bolsistas — já estava nos esperando. Sentei em um dos bancos e assim que todos embarcaram, o motorista seguiu viagem.Mais ou menos quinze minutos depois, cheguei no apartamento. Tirei a blusa de frio e guardei no quarto junto com minha mochila, então fui preparar algo para comer. Decide fazer tacos, pois o preparo da massa é rápido. Além disso, já tinha frango com legumes pronto na geladeira. Apesar de ser uma comida mexicana, também é muito consumida nos Estados Unidos. Eu, particularmente adoro.Coloquei o recheio para esquentar e quando terminei de fritar as massas, montei um taco, peguei um refrigerante e sentei para comer. Ao terminar de me alimentar, lavei a louça e fui até o banheiro escovar os dentes. Como ainda tinha alguns minutinhos antes de sair para o trabalho, deitei no sofá. Logo a porta se abriu e minha prima e
Cadu — Onde você conseguiu meu número? — Ela perguntou, um pouco alterada.Mesmo que isso fosse custar a vida do meu irmão, ele estava merecendo, depois de ter me feito passar tanta raiva, então eu falei a verdade.— Meu irmão me passou.Ouvi uma respiração pesada do outro lado da linha.— Ah, claro… eu devia ter imaginado!Pude sentir a raiva no timbre de sua voz. Naquele momento, ela com certeza estava pensando em como iria esconder o corpo do Vini, depois de matá-lo. Apesar de tudo, ele me ajudou. Então, tentando livrar a barra dele, eu expliquei:— Eu sei que você está brava, mas não desconta nele. Eu pedi porque era necessário. Esqueci de anotar seu endereço e quando fui tomar banho, apaguei sem perceber.Não sei se ela acreditou, mas pelo menos parou de reclamar.— Tá! Vou enviar a localização. — Ela disse.Nos segundos seguintes meu celular vibrou, indicando uma mensagem. — Pronto! Vê se não demora, já está atrasado.— Ok! Chego em cinco minutos.Encerrei a ligação e abri o
Verônica Entrei no apartamento, tentando fazer o menor barulho possível, mas não teve jeito, minha prima apareceu do nada.— E aí, me conta como foi! — Ela disse, cheia de curiosidade.Eu sabia que ela não ia sossegar até obter uma resposta.— Bem! Agora é só torcer para que agrade o professor Elliot. — Eu fingi demência e fui para meu quarto.Ela me seguiu, determinada a saber o que havia acontecido.— Não se faça de boba! Você sabe muito bem do que estou falando. Vi vocês conversando lá embaixo.— Isabella, por favor, não enche!— Ah não… você não pode fazer isso comigo! Me conta, por favor! — Ela pulou na minha cama. Eu sabia que ela não ia me deixar em paz. Mas que merda!— Ele me convidou para comer, mas eu não aceitei. — Falei e seus olhos fixaram em mim.— Você está louca? Por que não aceitou?A indignação estava estampada em seu rosto.— Porque não! Eu sei muito bem quais são as intenções dele. Só está querendo me levar para a cama. — Respondi, enquanto guardava minha mochil
CaduDe longe, avistei Verônica andando de um lado para o outro, visivelmente preocupada. Seus passos rápidos e seu olhar ansioso para o relógio em seu pulso revelavam sua agitação. Eu me aproximei e estacionei minha moto perto da calçada.— Sobe. — Pronunciei, entregando-lhe o capacete que peguei emprestado com um colega. No entanto, ela virou o rosto para o lado, recusando minha oferta.— Eu já chamei um táxi. — Respondeu, cheia de orgulho.Olhei ao redor e depois para ela, com ironia.— Não vejo nenhum táxi te esperando!— É porque ainda não chegou. — Ela retrucou, teimosa como sempre.— Sobe logo, pørra! — Perdi a paciência, encarando-a com firmeza.Ela me olhou, claramente irritada.— Quem você pensa que é para falar comigo dessa forma? Eu não vou com você a lugar nenhum. — Disse com um olhar desafiador.Respirei fundo para controlar minha raiva, sabendo que não tínhamos tempo a perder. Usei minhas últimas cartas na manga para convencê-la.— Olha só, você tem duas opções: ou sobe