CaduDe longe, avistei Verônica andando de um lado para o outro, visivelmente preocupada. Seus passos rápidos e seu olhar ansioso para o relógio em seu pulso revelavam sua agitação. Eu me aproximei e estacionei minha moto perto da calçada.— Sobe. — Pronunciei, entregando-lhe o capacete que peguei emprestado com um colega. No entanto, ela virou o rosto para o lado, recusando minha oferta.— Eu já chamei um táxi. — Respondeu, cheia de orgulho.Olhei ao redor e depois para ela, com ironia.— Não vejo nenhum táxi te esperando!— É porque ainda não chegou. — Ela retrucou, teimosa como sempre.— Sobe logo, pørra! — Perdi a paciência, encarando-a com firmeza.Ela me olhou, claramente irritada.— Quem você pensa que é para falar comigo dessa forma? Eu não vou com você a lugar nenhum. — Disse com um olhar desafiador.Respirei fundo para controlar minha raiva, sabendo que não tínhamos tempo a perder. Usei minhas últimas cartas na manga para convencê-la.— Olha só, você tem duas opções: ou sobe
CaduCheguei na Mr Smith's, fumando meu vape e absorvendo a contagiante animação ao meu redor. A música alta e as luzes coloridas criaram uma sensação de empolgação instantânea.Enquanto aproveitava o ambiente com alguns amigos, meus olhos foram atraídos por uma ruiva muito gata, que parecia estar interessada em mim. Logo nos encontramos envolvidos em uma troca de olhares e sorrisos provocantes. Eu me aproximei dela e iniciamos uma conversa descontraída.Enquanto desfrutávamos da companhia um do outro, meu olhar acidentalmente encontrou Verônica no meio da multidão. Suas curvas se realçaram no vestido justo que ela usava. Ela estava acompanhada de uma amiga igualmente bonita, com cabelos longos e ondulados, com mechas em um tom achocolatado. Meu irmão, percebendo a presença delas, se aproximou e as cumprimentou com beijos no rosto, então eles seguiram para a pista de dança.Fiquei surpreso ao ver Verônica dançando com tanta energia e entrega. Ela se movia no ritmo da música de forma c
CaduQuando chegamos na moto, notei que sua pele estava arrepiada e emprestei minha jaqueta a ela.— Toma, coloca isso. — Eu a ajudei a colocar e fechei o zíper. — Espera só um minuto, preciso fazer uma coisa antes de irmos.Como meu irmão estava dançando com a amiga dela, enviei uma mensagem a ele, avisando que iria levá-la para casa. Mas não entrei em detalhes. A mensagem foi entregue, mas não foi lida. Ao menos quando ele pegasse o celular, saberia que eu a tinha levado de volta.— Pronto! Já podemos ir.Desta vez ela se segurou em mim sem que eu precisasse pedir, e algum tempo depois, chegamos no edifício.Até uma hora atrás, eu pensava que ela tinha um namorado ciumento, que deixava chupões no pescoço dela para marcar território. Mas vê-la conversando com Logan e permitindo uma certa aproximação dele no bar, me fez pensar que talvez ela possa estar envolvida em um relacionamento aberto.Eu não sabia exatamente o que iria encontrar lá em cima, mas o fato é que não podia deixá-la s
Verônica Acordei com uma dor latejante na cabeça, como se um martelo estivesse batendo repetidamente contra uma bigorna dentro do meu crânio. Tentei abrir os olhos, mas a luz do sol que entrava pela janela era tão forte que parecia que alguém estava me esfaqueando nos olhos.— Finalmente acordou, hein?!A voz vinha de muito perto. Eu sabia quem era antes mesmo de abrir os olhos. Era a única pessoa que poderia ter aquela voz suave e sarcástica ao mesmo tempo. Minha prima.Forcei-me a abrir os olhos apenas para encontrá-la sentada na beirada da minha cama, olhando para mim com uma expressão preocupada. Ela parecia ter envelhecido dez anos da noite para o dia. Ou talvez fosse apenas a luz do sol que fazia suas feições parecerem tão duras.— Cadu sofreu um acidente de moto ontem, e está internado. — Ela disse de uma vez.Fiquei impactada com a notícia. Me sentei na cama com um pouco de dificuldade. Minha cabeça doía muito.— Ele está bem?— Parece que já está fora de perigo. Mas quebrou
CaduMinha voz saiu fraca e mais rouca do que de costume, mas eu consegui chamá-la, mesmo com uma certa dificuldade. Quando Verônica virou para trás, seu rosto estava levemente corado. Fiquei curioso para saber o que ela tinha dito que a deixou constrangida. Eu havia ouvido algumas palavras, mas não consegui entender quase nada. Sua voz era baixa, quase um sussurro.— Você poderia, por favor, me dar um copo d’água? Estou com sede. — Pedi, sentindo minha garganta seca.Ela, que permanecia no mesmo lugar desde que virou para me encontrar, rapidamente deu alguns passos em direção a mesinha onde tinha uma jarra com água, e trouxe um copo cheio até mim.— Aqui está!Tentei me sentar na cama para segurar o copo, mas uma dor aguda percorreu minha costela, fazendo-me soltar um gemido involuntário de dor.— Ai! — Reclamei sentindo as intensas pontadas me incomodarem.Verônica ficou desesperada e imediatamente tentou chamar o médico.— Não se esforce. Eu vou chamar o doutor.Mas antes que ela p
Verônica— Eu estou dizendo, você tinha que ter visto o jeito que o pai dele me olhou. Com certeza estava me culpando mentalmente pelo acidente do filho. — Eu disse, enquanto servia meu almoço.— Se assim fosse, então porque ele não falou nada?— Por educação. É claro. — Respondi convicta.— Eu acho é que você está paranóica, Vê! De acordo com o que me contou quando saímos do hospital, ele ficou surpreso ao te ver, mas porque Cadu já tinha falado sobre você para ele.— Você diz isso porque não viu o jeito como aquele homem me olhava.Quando saímos do hospital, eu contei à minha prima o que havia acontecido, resumidamente. Eu ainda estava constrangida com aquela situação, e com pressa para chegar à aula a tempo.— Verônica, desencana. Isso não tem absolutamente nada a ver com o acidente. Cadu deve ter conversado com o pai de homem para homem. — Ela pegou uma coca-cola na geladeira.“Ah, então essa é a moça bonita de quem você falou, Cadu?”As palavras do Senhor Maurício ainda ecoavam e
CaduUma semana após o acidente, finalmente recebi alta do hospital. O médico me passou uma longa lista de remédios, que me deixavam sonolento a maior parte do tempo. Eu estava entediado, preso no meu quarto, sem poder me movimentar muito, devido às graves fraturas que sofri.Quanto a Verônica, eu não tinha muitas informações. Por mais chata e implicante que ela fosse, sentia falta dela. Tentei descobrir algo com meu irmão, mas ele não disse muito, e era óbvio que eu não ia persistir no assunto. Ela não tinha voltado ao hospital, o que já era esperado, mas sua ausência era notada. Eu me perguntava se ela estava bem, se estava pensando em mim tanto quanto eu pensava nela.Eu estava deitado na cama, olhando para o teto, quando meu pai entrou no quarto.— Como você está se sentindo, filho? — Ele perguntou, sentando-se na beirada da cama.— Estou bem, só um pouco entediado. — Respondi, tentando parecer mais animado do que realmente estava.— Eu imagin
Cadu Acordei de manhã, com os raios de sol invadindo meu quarto e iluminando suavemente o ambiente. Ao abrir os olhos, percebi que a bandeja do café estava posicionada ao lado da cama. O aroma do café fresco e dos pãezinhos recém-assados despertou meu apetite, e me senti grato pela atenção da equipe de funcionários que cuidavam de mim.Após terminar de me alimentar, chegou a hora de fazer minha higiene matinal. Devido à minha perna engessada, precisei da ajuda da enfermeira para tomar banho. Confesso que senti um mix de emoções, incluindo vergonha. A ideia de depender da ajuda de outra pessoa, especialmente em um momento tão íntimo como o banho, mexeu com meu orgulho. Eu me sentia vulnerável e exposto, como se estivesse perdendo parte da minha autonomia. E, mesmo que a enfermeira agisse com muita naturalidade e profissionalismo, eu não conseguia me sentir menos incomodado.Depois do banho me senti revigorado, apesar das circunstâncias. Vesti apenas uma cueca e um roupão, então a enfer