Verônica Minha voz saiu firme, mas minhas pernas vacilaram em cima do salto quando Cadu guardou o cigarro eletrônico no bolso e se aproximou de mim. Seus olhos sérios me fitaram com intensidade, e de forma provocante, ele umedeceu os lábios, antes de diminuir a distância entre nós, enquanto dizia:— Estou ouvindo, pode falar.Sua voz rouca e decidida, aliada à proximidade repentina, fez com que as palavras que eu planejava dizer se dissipassem da minha mente. Respirei fundo, tentando conter a ansiedade que me dominava, e decidi que era hora de ser honesta. Não havia mais como escapar daquela conversa.— Cadu, o que você quer de mim? O que pretende com tudo isso? Acha que pode brincar comigo? Que vai conseguir me iludir?Ele segurou minhas mãos suavemente e, com sinceridade em seu olhar, respondeu:— Não estou brincando, Verônica. Desde o momento que nos esbarramos pela primeira vez, algo mudou dentro de mim. E eu tentei. Juro que tentei de todas as maneiras possíveis, mas não posso m
CaduA festa terminou, e graças à insistência de Vinícius, que estava ansioso para ver Isabella, Verônica permitiu que a levassemos embora. Felizmente ele persistiu, pois quando ofereci carona, ela recusou, e optei por respeitar sua decisão. Após a conversa que tivemos, eu não queria pressioná-la.Meu irmão subiu pra ver sua namorada ou ficante, ou sei lá o que, enquanto Verônica e eu nos despedimos no elevador do saguão.— Verônica, queria te agradecer pela noite maravilhosa que tivemos a oportunidade de curtir juntos. Adorei sua companhia, e espero que essa tenha sido apenas a primeira de muitas.Ela sorriu, seus olhos brilhando com uma mistura de emoções.— Também gostei muito da noite, Cadu. Foi incrível. Você não quer subir?A proposta era tentadora, mas eu prometi a ela que iria com calma, e se eu for até aquele apartamento, não serei capaz de cumprir minha promessa. Verônica me deixou excitado durante toda a festa.— Eu adoraria, mas acho melhor não. Se eu subir, não posso gara
Cadu Ao despertar no dia seguinte, fui atraído pelo irresistível aroma do café fresco e do pão recém-assado que se espalhava pela casa. Desci as escadas em direção à mesa, onde meus pais já se encontravam presentes, desfrutando da serenidade de um domingo em família.— Bom dia, pai! Bom dia, mãe! — Cumprimentei, dando um beijo carinhoso em minha mãe, antes de me sentar ao seu lado.— Bom dia, filhão. — Meu pai respondeu, seguido pelo comprimento afetuoso de minha mãe.— Bom dia, filho! Como foi a festa ontem? Você parece mais animado.— Foi boa, mãe. Digamos que não posso reclamar. — Respondi, servindo-me de uma xícara de café puro e um pedaço de bolo, enquanto meu irmão se juntava a nós com um sorriso no rosto.— Bom dia, família! — Cumprimentou, ocupando o lugar à direita de nosso pai.Trocamos saudações animadas e então começamos a desfrutar da refeição juntos. Enquanto saboreávamos o café da manhã, meu pai quebrou o silêncio com uma pergunta direta: — Cadu, e aquela moça… a Verô
Cadu— Cadu, você me assustou. O que está fazendo aqui?— Eu vim te buscar. — Afirmei, de forma direta e sem rodeios.Ela, confusa, perguntou:— Me buscar? Para quê?Com um sorriso confiante nos lábios, confirmei assentindo e respondi vagamente:— Para almoçar.Era visível que ela estava indignada com minha autoconfiança. Ela levantou uma sobrancelha e questionou:— Você veio me buscar para almoçar sem ao menos perguntar se eu queria?Suspirei, coloquei as mãos nos bolsos da calça, e expliquei:— Eu sabia que você não aceitaria se eu convidasse, por isso achei melhor vir de uma vez. É muita petulância, eu sei. Mas pensei que se eu já estivesse aqui, talvez conseguisse te convencer.Mas Verônica não é uma pessoa fácil de lidar.— E o que te faz pensar que eu vou almoçar com você? — Ela insistiu.— Bom, você disse que eu precisava provar meus sentimentos com atitudes e não com palavras. Para isso você precisa permitir que eu me aproxime. — Respondi com sinceridade. — Almoça comigo. Como
VerônicaMeu coração acelerou. Cadu estava falando sério? Ele queria que eu fosse sua namorada? Aquele garoto que eu conhecia pouco, mas que demonstrava ser totalmente desapegado, agora estava ali, vulnerável, me pedindo para ser sua? A confusão se misturou com a surpresa, e um turbilhão de emoções me invadiu.Aquele Cadu, o que me pediu em namoro há poucos instantes, me levando para um encontro com seus pais, era diferente do garoto mimado e com ego inflado que eu conhecia. Ele parecia genuinamente apaixonado, e a vulnerabilidade que ele demonstrava, me deixou insegura.Minhas palavras pedindo para ele ir com calma ecoaram na minha cabeça, e eu me senti um tanto hipócrita. Afinal, eu também não estava sendo exatamente paciente. Eu havia correspondido quando ele me beijou, e quase me entreguei a ele. E, eu estava na garagem de sua casa, prestes a almoçar com seus pais.A situação era inusitada, e eu me sentia dividida entre a vontade de me entregar à paixão que ele despertava em mim,
Verônica Ele guardou o celular de volta no bolso, soltando um suspiro pesado que soou quase como uma lamentação. Mas havia algo no seu olhar, um brilho quase irônico, que me deixou intrigada. Cadu me encarou, e naquele instante senti um arrepio percorrer meu corpo. Era como se ele estivesse me desafiando, me convidando a decifrar o enigma que se escondia através daquela mensagem.— Vinícius não vem para o almoço. Ele me enviou uma mensagem. — Cadu anunciou, a voz carregada de um tom que me deixou ainda mais confusa.— Ao menos desta vez ele teve o cuidado de avisar. — Maurício comentou com ironia. Laura o repreendeu apenas com um olhar.— Já que somos só nós quatro, então vamos para a mesa? Estou faminta. — Ela sugeriu, ganhando a aprovação instantânea do marido.— Boa ideia, querida. Vamos almoçar.Maurício cultivava uma aura de impenetrabilidade, de homem de ferro, mas eu sabia que era Laura quem regia a orquestra. Aquele gigante de músculos e voz grave, em casa, se transformava nu
Verônica Meu coração acelerou em meu peito. Que merda havia acontecido comigo? Porque eu estava dizendo aquelas coisas? O sorriso de Cadu se ampliou, seus olhos brilhando de um jeito que me fez corar. Ele se aproximou, e o cheiro de seu perfume, amadeirado e quente, me envolveu como um abraço. Seus dedos deslizaram pela minha bochecha, tirando uma mecha de cabelo que caía sobre meu rosto. A ponta do meu queixo ficou presa entre seu polegar e indicador e a sensação de seu toque me arrepiou.O ar ficou denso, a respiração de Cadu se tornou audível, e eu senti meu corpo inteiro se aquecer. Seus olhos âmbar e penetrantes me encaravam, deixando-me sem fôlego. Ele se inclinou, a distância entre nossos rostos diminuindo a cada segundo. Fechei os olhos, esperando o contato de seus lábios com os meus, mas, a poucos centímetros de distância, um estrondo abafado interrompeu o momento. Um husky siberiano, todo empolgado, se esfregou nas nossas pernas, lambendo a minha mão com entusiasmo. Sua p
Verônica Sentada numa poltrona macia, em um apartamento gelado pelo frio de fevereiro e perdida em pensamentos, eu observava os flocos de neve que caíam do lado de fora da janela, enquanto desenhava nossas iniciais no vidro embaçado por minha respiração, e pelo vapor quente, que saia da xícara de café fresco que eu segurava em uma das mãos, recordando-me dos bons momentos que vivi ao lado de meu namorado, Miguel.Senti um aperto no peito ao lembrar-me de sua insistência para que eu ficasse no Brasil e me peguei imaginando como teria sido se eu tivesse atendido a seu pedido… será que ele estaria vivo? Eu poderia ter evitado aquela tragédia? É… eu acho que não. Afinal, implorei inúmeras vezes para que ele deixasse as corridas clandestinas, mas ele nunca me ouviu. Os rachas eram sua vida, até que eles a tiraram.— Outra vez pensando no mesmo assunto, Vê? Não gosto de te ver deprimida! — Minha prima anunciou sua presença, enquanto caminhava até mim.Eu umedeci as mangas do moletom, ao enx