Cadu Ao despertar no dia seguinte, fui atraído pelo irresistível aroma do café fresco e do pão recém-assado que se espalhava pela casa. Desci as escadas em direção à mesa, onde meus pais já se encontravam presentes, desfrutando da serenidade de um domingo em família.— Bom dia, pai! Bom dia, mãe! — Cumprimentei, dando um beijo carinhoso em minha mãe, antes de me sentar ao seu lado.— Bom dia, filhão. — Meu pai respondeu, seguido pelo comprimento afetuoso de minha mãe.— Bom dia, filho! Como foi a festa ontem? Você parece mais animado.— Foi boa, mãe. Digamos que não posso reclamar. — Respondi, servindo-me de uma xícara de café puro e um pedaço de bolo, enquanto meu irmão se juntava a nós com um sorriso no rosto.— Bom dia, família! — Cumprimentou, ocupando o lugar à direita de nosso pai.Trocamos saudações animadas e então começamos a desfrutar da refeição juntos. Enquanto saboreávamos o café da manhã, meu pai quebrou o silêncio com uma pergunta direta: — Cadu, e aquela moça… a Verô
Cadu— Cadu, você me assustou. O que está fazendo aqui?— Eu vim te buscar. — Afirmei, de forma direta e sem rodeios.Ela, confusa, perguntou:— Me buscar? Para quê?Com um sorriso confiante nos lábios, confirmei assentindo e respondi vagamente:— Para almoçar.Era visível que ela estava indignada com minha autoconfiança. Ela levantou uma sobrancelha e questionou:— Você veio me buscar para almoçar sem ao menos perguntar se eu queria?Suspirei, coloquei as mãos nos bolsos da calça, e expliquei:— Eu sabia que você não aceitaria se eu convidasse, por isso achei melhor vir de uma vez. É muita petulância, eu sei. Mas pensei que se eu já estivesse aqui, talvez conseguisse te convencer.Mas Verônica não é uma pessoa fácil de lidar.— E o que te faz pensar que eu vou almoçar com você? — Ela insistiu.— Bom, você disse que eu precisava provar meus sentimentos com atitudes e não com palavras. Para isso você precisa permitir que eu me aproxime. — Respondi com sinceridade. — Almoça comigo. Como
VerônicaMeu coração acelerou. Cadu estava falando sério? Ele queria que eu fosse sua namorada? Aquele garoto que eu conhecia pouco, mas que demonstrava ser totalmente desapegado, agora estava ali, vulnerável, me pedindo para ser sua? A confusão se misturou com a surpresa, e um turbilhão de emoções me invadiu.Aquele Cadu, o que me pediu em namoro há poucos instantes, me levando para um encontro com seus pais, era diferente do garoto mimado e com ego inflado que eu conhecia. Ele parecia genuinamente apaixonado, e a vulnerabilidade que ele demonstrava, me deixou insegura.Minhas palavras pedindo para ele ir com calma ecoaram na minha cabeça, e eu me senti um tanto hipócrita. Afinal, eu também não estava sendo exatamente paciente. Eu havia correspondido quando ele me beijou, e quase me entreguei a ele. E, eu estava na garagem de sua casa, prestes a almoçar com seus pais.A situação era inusitada, e eu me sentia dividida entre a vontade de me entregar à paixão que ele despertava em mim,
Verônica Ele guardou o celular de volta no bolso, soltando um suspiro pesado que soou quase como uma lamentação. Mas havia algo no seu olhar, um brilho quase irônico, que me deixou intrigada. Cadu me encarou, e naquele instante senti um arrepio percorrer meu corpo. Era como se ele estivesse me desafiando, me convidando a decifrar o enigma que se escondia através daquela mensagem.— Vinícius não vem para o almoço. Ele me enviou uma mensagem. — Cadu anunciou, a voz carregada de um tom que me deixou ainda mais confusa.— Ao menos desta vez ele teve o cuidado de avisar. — Maurício comentou com ironia. Laura o repreendeu apenas com um olhar.— Já que somos só nós quatro, então vamos para a mesa? Estou faminta. — Ela sugeriu, ganhando a aprovação instantânea do marido.— Boa ideia, querida. Vamos almoçar.Maurício cultivava uma aura de impenetrabilidade, de homem de ferro, mas eu sabia que era Laura quem regia a orquestra. Aquele gigante de músculos e voz grave, em casa, se transformava nu
Verônica Meu coração acelerou em meu peito. Que merda havia acontecido comigo? Porque eu estava dizendo aquelas coisas? O sorriso de Cadu se ampliou, seus olhos brilhando de um jeito que me fez corar. Ele se aproximou, e o cheiro de seu perfume, amadeirado e quente, me envolveu como um abraço. Seus dedos deslizaram pela minha bochecha, tirando uma mecha de cabelo que caía sobre meu rosto. A ponta do meu queixo ficou presa entre seu polegar e indicador e a sensação de seu toque me arrepiou.O ar ficou denso, a respiração de Cadu se tornou audível, e eu senti meu corpo inteiro se aquecer. Seus olhos âmbar e penetrantes me encaravam, deixando-me sem fôlego. Ele se inclinou, a distância entre nossos rostos diminuindo a cada segundo. Fechei os olhos, esperando o contato de seus lábios com os meus, mas, a poucos centímetros de distância, um estrondo abafado interrompeu o momento. Um husky siberiano, todo empolgado, se esfregou nas nossas pernas, lambendo a minha mão com entusiasmo. Sua p
Verônica Sentada numa poltrona macia, em um apartamento gelado pelo frio de fevereiro e perdida em pensamentos, eu observava os flocos de neve que caíam do lado de fora da janela, enquanto desenhava nossas iniciais no vidro embaçado por minha respiração, e pelo vapor quente, que saia da xícara de café fresco que eu segurava em uma das mãos, recordando-me dos bons momentos que vivi ao lado de meu namorado, Miguel.Senti um aperto no peito ao lembrar-me de sua insistência para que eu ficasse no Brasil e me peguei imaginando como teria sido se eu tivesse atendido a seu pedido… será que ele estaria vivo? Eu poderia ter evitado aquela tragédia? É… eu acho que não. Afinal, implorei inúmeras vezes para que ele deixasse as corridas clandestinas, mas ele nunca me ouviu. Os rachas eram sua vida, até que eles a tiraram.— Outra vez pensando no mesmo assunto, Vê? Não gosto de te ver deprimida! — Minha prima anunciou sua presença, enquanto caminhava até mim.Eu umedeci as mangas do moletom, ao enx
CaduMeu nome é Carlos Eduardo Viturino, mais conhecido como Cadu. Tenho dezenove anos e moro em São Francisco, Califórnia. Sou brasileiro de nacionalidade, mas nos mudamos para os Estados Unidos quando eu tinha apenas seis meses de vida e como não adquiri nenhum costume de meu país de origem, me considero americano. Cresci aprendendo os dois idiomas e ao longo dos anos, fiz aulas particulares de Língua Portuguesa a mando de meu pai, mas nunca tive a intenção de voltar ao Brasil. Minha vida é, e sempre será aqui.Como sempre estudei com os mesmos colegas de turma e a maioria escolheu cursar arquitetura por vontade própria — que não é o meu caso — novamente vamos estar juntos durante mais quatro anos. E como todos já sabem, o título de popular continua sendo meu.A verdade é que eu não sou nada modesto e adoro ver as garotas se jogando aos meus pés. Não tenho problema algum em admitir que pego várias ao mesmo tempo, mas todas sabem e se elas não se importam, eu menos ainda.A loira qu
VerônicaEu quase infartei quando vi quem sorteou meu nome! Por que tinha que ser ele? Por que justo ele? Eu não queria acreditar que seria obrigada a formar dupla com aquele garoto insuportável e teria que conviver com ele por seis meses. Mas Elliot já havia deixado claro que não permitiria manipulações. Eu não tinha nada a fazer.Minha insatisfação com certeza estava nítida em meu rosto, e enquanto ele seguia com o tal sorteio, eu só conseguia pensar na minha falta de sorte. Uma sala com mais de vinte alunos e justo eu sou contemplada para estudar com aquele garoto mimado. Drøga!Emilly pareceu ter gostado de sua dupla. Ela tinha um semblante satisfeito e estava animada. Fiquei feliz por ela, afinal, ao menos uma de nós precisava ter sorte, não é mesmo?!Com as duplas já formadas, Elliot deu sequência e já no final do segundo horário, passou um trabalho para ser entregue na próxima aula.— Pessoal, quero que se reúnam com suas duplas e me entreguem na próxima aula, uma pesquisa mais