Gostosa
Cheiro de suor, vomito, desodorante barato e gel de cabelo. Andar de ônibus é ter que aguentar esse pacote de odores por exatamente quarenta minutos.
O dia estava aparentemente lindo, com várias nuvens e um clima chuvoso. Na visão de Liz, esse era um dia perfeito. Porém, isso não inibia o fato de algumas pessoas parecerem não tomar banho à dias.
E estar em um cubículo cheio de outras pessoas, fazia o cheiro de alastrar ainda mais. O único jeito era tentar prestar atenção nas ruas, pela janela:
- Rum-Rum - picarriou uma pessoa - Com licença, esse lugar está vago? - Perguntou um rapaz, de pele bronzeada e lindos olhos azuis escuros.
- Ah.. Sim.. Está vago!
- Será que posso me sentar? - Perguntou o garoto, sorrindo.
- Claro! Fique a vontade! -Respondeu Liz, retirando sua mochila do banco ao lado.
- Obrigado! - Disse o garoto, se sentando. - Você estuda na Albizu?
- Sim e você?
- Hoje é meu primeiro dia lá! -Respondeu o garoto - Era para eu ter ido ontem, porém eu tive algumas coisas para resolver.
-.. Entendo! -Respondeu Liz, rispida.
- Prazer, meu nome é Kai! Kai Willians. - Disse o rapaz de olhos azuis, estendendo a mão para Liz.
- Eu sou Liz! - Respondeu a mesma, restribuindo o aperto de mão.
No momento em que os dois se conheciam, o ônibus fez uma parada e um grupo de seis pessoas entraram no ônibus. A movimentação fez Liz e Kai olharem para frente, e o coração de Liz bateu mais forte quando ela notou Ana entrando pela porta : - Droga - Ela disse, baixo.
- Você gosta dela? - Perguntou Kai, encarando Liz.
- Que? Não! Eu.. Eu..
- Qual é! A gente se conhece a cinco segundos e eu já notei isso. - disse Kai, sorrindo. - Relaxa, eu não vou contar pra ninguém.
- Não tem nada o que contar! Eu nem conheço ela..
- E por que não passa a conhecer? - Perguntou Kai. - HEY HEY! - gritou ele, enquanto se levantava e olhava em direção de Ana. - Tem um lugar vago aqui!
- Kai, o que você está fazendo? - Perguntou Liz, espantada.
- Eu sei o que eu tô fazendo! - respondeu ele. Ana sorriu e caminhou até os bancos no fundo do ônibus. Kai sorriu ao vê-la e se sentou no banco a frente, deixando o lugar vago ao lado de Liz. Ana se sentou e Kai foi logo se apresentando :
- Oi! Eu sou Kai, e essa aí do seu lado é a Liz!
- É.. Eu acho que já tinha visto ela nos corredores da universidade. - Respondeu Ana, enquanto olhava para Liz. - Você não foi ontem na festa.
- Han.. Ontem eu fiquei ocupada depois da aula! - Respondeu Liz, sem graça.
- Que pena! - Disse Ana - Eu tava esperando te ver lá.
- Esperando.. Sei - disse Liz, em voz baixa, ao se lembrar da cena que presenciou na madrugada anterior. Ana não conseguia tirar os olhos da loura que bufava de ciúmes por dentro. Kai virou pára frente, deixando as duas à sós.
Mesmo assim o silêncio entre Ana e Liz era gritante. Mas os olhares se conectavam e um turbilhão de sentimentos tomavam conta das duas. Liz focava nos lábios carnudos de Ana, enquanto a mesma delirava nos olhos da loura com cara de nerd. E assim ficaram por mais de quinze minutos :
- Chegamos! - Disse Kai, cortando o clima.
E então Ana se levantou para poder sair e caminhou até a porta do ônibus, saindo sem ao menos dizer tchau.
Kai e Liz saíram do ônibus juntos, e então viram Milie beijando Ana na frente de todos:
- Vem, vamos para dentro! - Disse Kai, pegando Liz pelo braço. - Você não precisa ver isso.
- Relaxa! Eu estou bem! - Disse Liz, subindo as escadas ao lado do garoto de olhos azuis.
Nos corredores, um grupo de garotos do futebol americano, riam e assobiavam para as garotas que passavam. E um deles, ao avistar Liz, começou a chama-la de gostosa.
Liz não ligou para isso e continou andando sem olhar para os lados. Porém, o mesmo garoto avançou perto dela e apertou sua bunda com força, a chamando de gostosa novamente.
Kai ao ver aquela cena, empurrou o garoto com toda a força para trás :- Aí seu babaca, é melhor tratar as pessoas com respeito! - disse Kai, para o garoto que já estava ao chão.
- Você não devia ter feito isso, seu otário! - Disse o garoto. Ele se levantou e preparou um soco que acertaria o nariz de Kai em cheio, mas o mesmo desvio e acertou o olho do jogador com golpe de kung fu.
Todos que estavam em volta ficaram impressionados, pois aqueles movimentos era no mínimo de alguém que treinava artes marciais a vida toda.
Kai pegou suas coisas que estavam no chão e foi para perto de Liz, que aparentemente estava assustada com o que acabará de ver :
- Você está bem? - Perguntou Kai a ela.
- S-sim! - Respondeu Liz, gaguejando.
- Vem! Vamos para a aula! - Disse Kai, guiando Liz para saírem dali.
- Obrigada! - Disse ela, enquanto subia ás escadas para o segundo andar.
- Eu acho que minha primeira impressão já era, não é? - Perguntou Kai, sorrindo - Mas eu não ligo pra isso. Prefiro um amigo verdadeiro do que mil amigos babacas.
- Um amigo, é? - Perguntou Liz, sorrindo.
- Ué.. Somos amigos agora, não somos?
- Eu acho que sim!
- Que ótimo! - Disse Kai, abraçando Liz - Seremos eu e você contra o mundo, agora.
- Você é meio doido! - disse Liz, rindo - Mas é bom finalmente ter um amigo.
- Hey Liz! - gritou Milie, enquanto subia as escadas. Liz e Kai se olharam como se os dois já soubessem o que aquela garota iria dizer com aquele sorriso falso que estampava o seu rosto. - Você não foi a minha festa ontem!
- Pois é, eu fiquei ocupada ontem.- respondeu Liz, sem graça.
- Você não sabe o que você perdeu, garota. Aconteceu umas coisas muito loucas.
- Como você beijar a Ana no meio da rua, de madrugada? - perguntou Liz, enquanto encarava a Milie.
- É.. Então, eu queria conversar com você sobre isso...
- Liz.. Eu acho que vou pra aula, a gente se vê mais tarde. Certo? - Disse Kai, se despedindo de sua amiga nova.
- Certo! Até mais tarde! - Respondeu a loura - E o que você quer falar, Milie?
- Eu sei que você me disse que não era gay e que não tava afim da garota nova mas.. Mesmo assim, eu vim falar com você.
- E por que?
- Porque eu e a Ana estamos ficando.
Ouvir aquelas palavras foi como receber uma facada nas costas. Doia muito. Como se o coração de Liz estivesse se estilhaçado dentro de seu corpo :
- Vocês o que? - Perguntou Liz, se certificando do que tinha ouvido.
- Eu e ela estamos ficando.. Ela é.. Ela é demais, sabe? E eu acho que eu realmente estou afim dela.
- Bom... Felicidades, então. - disse Liz, enquanto entrava na sala de aula.
- Espera! - disse Milie, segurando Liz pelo braço. - Eu espero que sejamos amigas, ainda.
- É claro.
Dias iam se passando, como o vento passava dentre as palmeiras em Miami. E o destino, cada vez mais, ia fazendo com que encontros-não-planejados acontecesse entre Ana e Liz.Cada olhar profundo trocado, meias palavras e sorrisos de canto iam aproximando um sentimento mútuo entre as duas. Era uma incontrolável conexão existente entre dois seres que não conseguiam nem mesmo disfarçar.Estava na cara! Estampado para quem quisesse ver. Mas todos eles ignoravam, inclusive Liz.Naquela noite fria de sábado, a loura já tinha planos . O que não era nem um pouco normal. Mas não podia ignorar que desde que Kai apareceu. Sair começou a ser uma prática meio comum. Mesmo que fosse para ir à uma lanchonete na
Não olhe para trásApós a morte de Oliver Bucker, muito de seus patrimônios foram destruídos. Mas ainda havia um de seus escritórios em Miami, onde Olivia ia com frequência para conversar com Bryan. Mesmo que fosse através de um computador, os dois sempre acharam arriscado se comunicarem em aparelhos particulares.O escritório localizado na Flórida era em um prédio antigo, uma espécie de QG que só foi descoberto à alguns anos atrás pelo Agente Jayden Ross, quando vasculhava os assuntos do pai de Olivia e Bryan.Ainda era sete e meia da noite quando Olivia entrou dentro do prédio e subiu até o último andar - vigésimo sexto - ela apertou no elevador.
A despedida de um heróiFlash's, vozes embargadas, visão turva e uma sensação estranha de hiperatividade.. Liz sentia todas essas coisas de uma só vez.Tentava controlar aquilo mas seus movimentos pareciam incontrolaveis. Não conseguia pensar em nada além de achar que, talvez, algo estivesse errado.Um apagão se fez e a garota loira desmaiou após horas de festa. Ela caiu em meio a várias palmeiras, poucos metros longe do mar. Um grupo de garotos viu aquela cena e foram ver o que tinha acontecido :- Olhem só aquela garota! - disse um rapaz, se aproximando do corpo de Liz ao chão. Outros três rapazes chegaram, rindo ao ver a menina.
Foi eleDe um susto, Liz acordou sem saber onde estava. De primeiro, tentou buscar algo familiar no local. Mas até aonde seus olhos alcançavam, não encontrou nada lhe trouxesse um conforto. Mas ao se levantar do sofá, Liz viu Ana e então uma dúvida se pois em sua mente "-Como é que eu vim parar aqui?"Ana dormia toda encolhida em uma poltrona bem "desconfortávelmente pequena". Em uma das mão segurava seu celular, enquanto na outra ela segurava um conjunto de chaves.Liz tentou ao máximo levantar sem fazer nenhum tipo de barulho. Tentou ao máximo não acordar, Ana. Nas pontas dos pés procurou achar a porta, para ir embora antes que a outra acorda-se. Era tudo um tanto estranho. Tinha a ligeira sensação de que t
Não conte nada a elaEm sua casa, após tomar um banho quente e relaxante, Ana decidiu olhar no celular. Pois havia lembrado de que algo tinha chegado para ela.Ao olhar, notou que um email dizia "Leia com atenção" e ao abri-lo se espantou ao ver a cara de seu tio Rayn estampado em algum tipo de arquivo : - Então, esse é o tio Rayn! - Ela disse à si mesma.Ao rolar os arquivos, Ana notou que um nome era familiar, dentre todos os outros que estavam ali "Olivia Bucker". E logo se lembrou do primeiro dia em que viu Liz pela primeira vez. Lembrou que o nome de sua mãe também era Olivia, como o seu próprio. E Ana não conseguiu conter o nervosismo e a frustração.Em seu email es
Tudo tem um porquêToda história tem um fim. Não importa quanto tempo passe ou o quanto demore. O fim é algo inevitável. É como se fosse um ciclo pela qual todos passam um dia.Muitos encaram o fim como algo doloroso, outros encaram como o começo de uma nova vida. De um recomeço. Como se fosse uma próxima página de um livro em branco. Tudo pode ser diferente.Não se pode generalizar uma palavra. E em como as pessoas interpretam ela. Cada um vai pensar de um jeito, cada um vai vê-la de uma forma diferente.Mas o caso é que ofimnão é o que define a vida de alguém. Apenas partes dela.
Uma mensagem inesperadaEm outras circunstâncias, Liz já teria surtado pela morte de alguém tão próximo à ela, porém, ter dormido na casa de Ana era algo que ela não podia ignorar por tanto tempo.Só conseguia pensar em como aquela garota mexia com os seus sentindos e em como seus olhos pareciam hipnotiza-la todas as vezes em que ela os encarava.Borboletas no estômago já não definiam mais a sensação de estar apaixonada. Apaixonada? Liz não sabia sequer nomear aquilo. Preferiu até não rotula-lo. Em sua cabeça era como se fosse único e exclusivamente seu. Um sentimento totalmente novo. Que não precisava ser chamado de nada. Apenas senti-lo era suficiente. Talvez assim seria mais f&aa
Olho por olhoTudo poderia ser diferente. O rumo das coisas poderiam ter tomado um outro caminho. Ela poderia ter sido feliz ao lado da pessoa que sempre amou.Nada à fazia mais feliz do que estar ao lado dela. Naquela praia... Praia? : - Eu só estive na praia uma vez. Não? - Ela pensou. Mas imagens continuam vir em sua mente.-"Eu sempre vou te amar" - "Você tem que ficar à salva" - "Eu não posso estar com você" - "Seja feliz" - Ela dizia, com brilho nos olhos. E daquele janela, as duas se namoravam sem parar ao som de seu violão velho.Seu coração batia mais forte do que o normal. E uma sensação de que...: - Eu me lembro de tudo. Meu deus. O que foi que eu fiz? - MEGAN!!!!Layla