Dias iam se passando, como o vento passava dentre as palmeiras em Miami. E o destino, cada vez mais, ia fazendo com que encontros-não-planejados acontecesse entre Ana e Liz.
Cada olhar profundo trocado, meias palavras e sorrisos de canto iam aproximando um sentimento mútuo entre as duas. Era uma incontrolável conexão existente entre dois seres que não conseguiam nem mesmo disfarçar.
Estava na cara! Estampado para quem quisesse ver. Mas todos eles ignoravam, inclusive Liz.
Naquela noite fria de sábado, a loura já tinha planos . O que não era nem um pouco normal. Mas não podia ignorar que desde que Kai apareceu. Sair começou a ser uma prática meio comum. Mesmo que fosse para ir à uma lanchonete na esquina.
Mesmo assim, aquilo era um sopro de alívio para Olivia. Ver sua filha antisocial ter um amigo, era como se ela tivesse ganhado na mega-sena, de novo.
Era simplesmente maravilhoso.E Kai, por sua vez, ficava fascinado em estar proporcionando a sua nova melhor amiga, experiências que ela nunca teve. Mas que para ele era algo normal. Como beber água :
- Você nunca foi em um Luau? Tá de brincadeira. - Perguntou Kai, abismado, enquanto sentava na cama de Liz.
- Não, eu nunca fui. Por que? É algum tipo de "ritual satânico" entre os adolescentes? - Respondeu Liz, rindo.
- Claro que não! Quer dizer...
- O QUE?
- Tô brincando, calma! - Disse Kai, enquanto jogava um travesseiro nas costas de Liz. A loura estava procurando uma roupa já fazia quase duas horas. E ainda sim, não conseguiu encontrar nada que não fosse nerd. Nenhuma calça mais despojada, ou blusa que a fizesse parecer descolada.
- Eu não consigo achar nada...
- Cara, sua mãe é super estilosa. Por que você não pede alguma roupa pra ela? - Perguntou Kai.
- Eu não estou falando com ela.
- Ainda não estão se falando por causa do carro?
- É... -Respondeu Liz, de cabeça baixa. - A única que me entende aqui, e ainda mais ou menos, é a Alice.
- Então pede para ela!
- Não.. Eu.. Acho que vou ficar em casa, Kai.
- O que? Não! Nem a pau!
- Eu nem tenho uma roupa para ir!
- Calma.. A gente dá um jeito. Deixa eu ver o seu closet. - Disse Kai, entrando dentro de um pequeno armário. O moreno, olhava dentre as pratileiras onde ficavam as calças jeans de Liz - Me arrume uma tesoura e uma gilete.
- Pra que? - Perguntou a loura, sem saber o que seu amigo estava aprontando.
- Liz..
- Aí ta bom!
Kai havia encontrado uma calça jeans escura, bem justa e com um aspecto envelhecido. Daquelas que pareciam ter sido muito usada no passado mas que agora, fica esquecido dentro do closet :- Essa vai servir! - Exclamou ele, indo em direção à cama, com a peça de roupa na mão.
- O que você vai fazer? - Perguntou Liz, curiosa.
- Na minha casa.. Quando não tínhamos dinheiro para uma roupa nova, e já estávamos cansados da roupa antiga. A gente customizava. - Respondeu o moreno, enquanto cortava um pedaço da calça de Liz, onde ficava os joelhos.
- Sério?
- Me passa a gilete, agora!
- Ok! - respondeu Liz, fazendo o que seu amigo tinha pedido. Com a gilete, Kai desfiava o buraco que tinha feito. Fazendo parecer que a calça já tivesse vindo assim da loja. Ele o fez dos dois lados.
- Agora... Um toque especial! - disse Kai, tirando sua blusa jeans, que estava por cima de uma blusa toda preta. Ele pediu para que Liz, tirasse a blusa que ela estava vestindo e então, ela botou a jeans no lugar. - Depois vá vestir a calça.
- Tudo bem...
- Eu vou esperar lá em baixo. - Disse Kai, fechando a porta do quarto de Liz e descendo as escadas. Na sala, estavam Rebeca e Alice. Alice tocando piano e Rebeca lendo uma revista. - Com licença! - Disse Kai.
- Sente-se aqui, querido. - Disse Rebeca, sugerindo um lugar no sofá.
- Liz já está descendo? - Perguntou Alice.
- Sim senhora! Ela está se trocando e já deve descer. - Respondeu Kai - Ah.. A senhora está tocando Ludwig Van Beethoven?
- Olha.. Estou... - Respondeu Alice, impressionada. - Você é fã de música música clássica?
- Se eu responder que sim.. Estarei mentindo - Respondeu Kai, rindo - Mas meu pai me ensinou a tocar quando eu era pequeno. E ele me ensinou com músicas clássicas.
- Então vai ser uma honra lhe ouvir tocando um pouco - Disse Alice, se levantando do piano. - Venha!
- A senhora não vai se importar?
- Primeiro : Não me chame de senhora.. Eu só tenho 34 anos. E segundo : Não vou me importar.
- Me desculpe.. Alice! - Disse Kai, sorrindo - Eu toco, sim.
O rapaz se sentou naquele branco e bem cuidado piano. Olhou com atenção todas as teclas e posicionou suas mãos e com uma maestria, Kai tocou Piano Sonata N 07. Uma modalidade avançada dentre umas das composições de Beethoven.
Alice ficou impressionada em ver a agilidade a qual Kai tocava, era perfeito a passagem de uma nota para outra. Como se o próprio compositor estivesse o tocando.
Após terminar, Alice e Rebeca aplaudiram o garoto que sorria satisfeito :
- Você tem talento, Kai! - Disse Alice.
- Muito obrigado, senho.. Alice. - Respondeu Kai.
- Engraçado... Parece que eu te conheço de algum lugar.. - Disse Rebeca.
- Ah.. As pessoas costumam dizer que eu tenho um rosto bem comum.
- Garotos bonitos como você, não são comuns, não - Brincou Alice.
- Seus olhos.. Parecem um tanto familiar! - insistiu Rebeca - Tem certeza que nunca nos vimos antes?
- Certeza absoluta.. Eu acabei de me mudar para cá.
- Ah.. Se mudou com os seus pais? - Perguntou Alice, interessada na história.
- Não.. Não.. Só com a minha mãe. Meu pai faleceu já tem um tempo.
- Sinto muito por isso... - Lamentou Rebeca.
- Não tem problema... Fazem quase doze anos.
- Então, vamos! - Disse uma voz vinda de trás de Kai.
- UAU!! - Exclamou Alice - Filha você está linda!
- Obrigada mãe! - Respondeu Liz, um pouco envergonhada. - Vamos Kai!
- Vamos, sim! - Disse Kai, se levantando e indo para perto de Liz - Foi um prazer Alice e Rebeca!
- O prazer foi nosso, Kai. Tomara que você venha aqui mais vezes. Adorei você. - Respondeu Alice, enquanto apertava a mão de Kai.
- Onde está a minha mãe? - Perguntou Liz.
- Ela ainda está resolvendo uns assuntos com o seu tio Bryan! Deve chegar só mais tarde. - Disse Rebeca, do sofá.
- Ótimo! Avisem a ela que eu saí com o Kai!
- Pode deixar! - Respondeu Alice. - Vá se divertir.
- Nós vamos! - Kai disse, sorrindo. - Agora temos que ir. Até.
- Tchau! - Disse Liz
- Tchau, querida!- Disse Rebeca e Alice ao mesmo tempo.
As duas esperaram Kai e Liz saírem e então, Alice se sentou ao lado de Rebeca, a abraçando :- Você acha que os dois estão...?
- Eu não sei.. Mas se tiverem, pelo menos a Liz tem bom gosto. - Rebeca respondeu.
- Pior que é! O garoto é um gato.
- Então.. - Disse Rebeca, encarando Alice, enquanto a carinhava no rosto. - Que tal, enquanto a Hope está na casa da amiguinha dela e a metade do trio não chega , a gente ir lá para cima?
- Hm.. Faz tempo que não fazemos nada sem Olivia. - Respondeu Alice, beijando o pescoço de Rebeca.
- Pois é...
- Mas eu quero um banho de banheira antes.
- Vem loirinha, vamos esquentar a banheira. - Disse Rebeca, se levantando e puxando Alice do sofá.
As duas subiram as escadas se beijando loucamente.
Não olhe para trásApós a morte de Oliver Bucker, muito de seus patrimônios foram destruídos. Mas ainda havia um de seus escritórios em Miami, onde Olivia ia com frequência para conversar com Bryan. Mesmo que fosse através de um computador, os dois sempre acharam arriscado se comunicarem em aparelhos particulares.O escritório localizado na Flórida era em um prédio antigo, uma espécie de QG que só foi descoberto à alguns anos atrás pelo Agente Jayden Ross, quando vasculhava os assuntos do pai de Olivia e Bryan.Ainda era sete e meia da noite quando Olivia entrou dentro do prédio e subiu até o último andar - vigésimo sexto - ela apertou no elevador.
A despedida de um heróiFlash's, vozes embargadas, visão turva e uma sensação estranha de hiperatividade.. Liz sentia todas essas coisas de uma só vez.Tentava controlar aquilo mas seus movimentos pareciam incontrolaveis. Não conseguia pensar em nada além de achar que, talvez, algo estivesse errado.Um apagão se fez e a garota loira desmaiou após horas de festa. Ela caiu em meio a várias palmeiras, poucos metros longe do mar. Um grupo de garotos viu aquela cena e foram ver o que tinha acontecido :- Olhem só aquela garota! - disse um rapaz, se aproximando do corpo de Liz ao chão. Outros três rapazes chegaram, rindo ao ver a menina.
Foi eleDe um susto, Liz acordou sem saber onde estava. De primeiro, tentou buscar algo familiar no local. Mas até aonde seus olhos alcançavam, não encontrou nada lhe trouxesse um conforto. Mas ao se levantar do sofá, Liz viu Ana e então uma dúvida se pois em sua mente "-Como é que eu vim parar aqui?"Ana dormia toda encolhida em uma poltrona bem "desconfortávelmente pequena". Em uma das mão segurava seu celular, enquanto na outra ela segurava um conjunto de chaves.Liz tentou ao máximo levantar sem fazer nenhum tipo de barulho. Tentou ao máximo não acordar, Ana. Nas pontas dos pés procurou achar a porta, para ir embora antes que a outra acorda-se. Era tudo um tanto estranho. Tinha a ligeira sensação de que t
Não conte nada a elaEm sua casa, após tomar um banho quente e relaxante, Ana decidiu olhar no celular. Pois havia lembrado de que algo tinha chegado para ela.Ao olhar, notou que um email dizia "Leia com atenção" e ao abri-lo se espantou ao ver a cara de seu tio Rayn estampado em algum tipo de arquivo : - Então, esse é o tio Rayn! - Ela disse à si mesma.Ao rolar os arquivos, Ana notou que um nome era familiar, dentre todos os outros que estavam ali "Olivia Bucker". E logo se lembrou do primeiro dia em que viu Liz pela primeira vez. Lembrou que o nome de sua mãe também era Olivia, como o seu próprio. E Ana não conseguiu conter o nervosismo e a frustração.Em seu email es
Tudo tem um porquêToda história tem um fim. Não importa quanto tempo passe ou o quanto demore. O fim é algo inevitável. É como se fosse um ciclo pela qual todos passam um dia.Muitos encaram o fim como algo doloroso, outros encaram como o começo de uma nova vida. De um recomeço. Como se fosse uma próxima página de um livro em branco. Tudo pode ser diferente.Não se pode generalizar uma palavra. E em como as pessoas interpretam ela. Cada um vai pensar de um jeito, cada um vai vê-la de uma forma diferente.Mas o caso é que ofimnão é o que define a vida de alguém. Apenas partes dela.
Uma mensagem inesperadaEm outras circunstâncias, Liz já teria surtado pela morte de alguém tão próximo à ela, porém, ter dormido na casa de Ana era algo que ela não podia ignorar por tanto tempo.Só conseguia pensar em como aquela garota mexia com os seus sentindos e em como seus olhos pareciam hipnotiza-la todas as vezes em que ela os encarava.Borboletas no estômago já não definiam mais a sensação de estar apaixonada. Apaixonada? Liz não sabia sequer nomear aquilo. Preferiu até não rotula-lo. Em sua cabeça era como se fosse único e exclusivamente seu. Um sentimento totalmente novo. Que não precisava ser chamado de nada. Apenas senti-lo era suficiente. Talvez assim seria mais f&aa
Olho por olhoTudo poderia ser diferente. O rumo das coisas poderiam ter tomado um outro caminho. Ela poderia ter sido feliz ao lado da pessoa que sempre amou.Nada à fazia mais feliz do que estar ao lado dela. Naquela praia... Praia? : - Eu só estive na praia uma vez. Não? - Ela pensou. Mas imagens continuam vir em sua mente.-"Eu sempre vou te amar" - "Você tem que ficar à salva" - "Eu não posso estar com você" - "Seja feliz" - Ela dizia, com brilho nos olhos. E daquele janela, as duas se namoravam sem parar ao som de seu violão velho.Seu coração batia mais forte do que o normal. E uma sensação de que...: - Eu me lembro de tudo. Meu deus. O que foi que eu fiz? - MEGAN!!!!Layla
CerejaMedo...Do que o medo é capaz de fazer com alguém ? Ele é capaz de impedir tantas coisas. De descobrir novos lugares, novos gostos. De sentir coisas novas, de se apaixonar e se entregar com todo o amor que vive dentro de cada um.O medo faz com que as se escondam dentro de um casulo. Faz com que tenham de suprimir toda aquela vontade de demonstrar a tal felicidade. O medo de ser rejeitado os coloca em uma bolha e com isso, acabam sufocados com coisas que não permitam dizer ou mostrar para ninguém.Alguém um dia disse que precisam ter, pelo menos, vinte segundos de coragem. Para fazerem o que quiserem. Terem a chance de mudarem algo. Fazerem a diferença para sí mesmos. Fazerem tudo acontecer, tudo o que for possível e impossível.